segunda-feira, 8 de maio de 2006

Pistoleiro do Destino

Clássico western trazendo o ator Gary Cooper como astro principal de seu elenco. Também conhecido como "Tudo por Uma Mulher" esse faroeste conta uma história interessante. Ao chegar numa pequena cidade do velho oeste, o cowboy Melody Jones (Gary Cooper) é confundido com o famoso pistoleiro Monte Jarrad (Dan Duryea), bandido procurado e com a cabeça à prêmio. Todos na cidadezinha temem a presença de Melody, apesar dele ser na verdade apenas um cowboy, um trabalhador rural, que nunca se envolveu com o mundo do crime. Para piorar a namorada do verdadeiro Jarrad começa a fazer de tudo para que todos continuem acreditando que Melody é de fato o fora-da-lei, isso porque ela quer mesmo desviar a atenção do xerife enquanto o verdadeiro bandido planeja uma forma de escapar da região sem ser enforcado por seus crimes.

Embora à primeira vista pareça um faroeste convencional, o que temos aqui é um filme que foge um pouco dos padrões da época, inclusive apostando em um pouco de humor e romance, onde o roteiro não explorava apenas os tiroteios ou os duelos, mas também os problemas criados após o personagem de Cooper ser confundido com um bandido rápido no gatilho. O Melody Jones de Cooper é na verdade um sujeito bem pacato, tímido e introvertido. Esse jeito caladão caía muito bem no tipo de personagem que o ator Gary Cooper costumava interpretar em seus filmes.

Dessa forma o roteiro de Nunnally Johnson tem um jeito diferenciado em relação ao típico roteiro de filmes de faroeste daqueles tempos. Também desenvolve melhor a principal personagem feminina, a destemida Cherry de Longpre (Loretta Young). Esse diferencial foi proposital pois o estúdio estava tentando também atrair o público feminino para assistir ao filme. Uma leve mudança para aumentar as bilheterias. E a presença de Gary Cooper acentuava ainda mais esse apelo junto às mulheres, já que ele era considerado um dos maiores galãs do cinema americano. Alto, boa pinta, com jeito de pioneiro do volho oeste, honesto e confiável, ele fazia suas fãs suspirarem quando iam ao cinema.

Pistoleiro do Destino / Tudo por Uma Mulher (Along Came Jones, Estados Unidos, 1945) Estúdio: MGM / Direção: Stuart Heisler / Roteiro: Nunnally Johnson, Alan Le May / Elenco: Gary Cooper, Loretta Young, William Demarest, Dan Duryea, Frank Sully, Don Costello / Sinopse: Melody Jones (Cooper) é um cowboy íntegro e honesto que passa a ser confundido com um perigoso pistoleiro e criminoso na pequena cidade do velho oeste onde chega após uma longa viagem pelo deserto.

Pablo Aluísio.

domingo, 7 de maio de 2006

Reduto de Assassinos

Esse foi um dos últimos filmes de Roy Rogers para o cinema. Em pouco mais de um mês depois de sua estreia nas salas de cinema, ele estrelaria na TV um programa que se tornaria campeão de audiência na década de 1950, o "Roy Rogers Show". As novas gerações certamente não lembrarão de Rogers. Ele foi um dos maiores ídolos do western americano em seu tempo. Ao lado de seu famoso cavalo Trigger, ele encantou uma geração de jovens que vibravam com seus filmes simples, de enredos onde o mocinho, sempre virtuoso, enfrentava os mais desalmados vilões. Tudo para salvar a mocinha do perigo. Roy Rogers ao contrário de um John Ford ou John Wayne, não procurava realizar obras-primas do cinema, pelo contrário, ele procurava agradar a uma plateia bem mais jovem que só queria diversão. Assim Rogers se especializou nas matinês, onde crianças a adolescente iam para se divertir. Seu público era formado basicamente por garotos até 12 anos ou um pouquinho mais velhos do que isso. Por isso não se espante ao assistir a um filme de Roy Rogers e achar tudo meio juvenil. A ideia era essa mesma.

Também foi um homem de negócios astuto que soube muito bem explorar e vender sua própria imagem. Assim foi um dos primeiros astros do cinema a licenciar a própria marca Roy Rogers para brinquedos, revistas em quadrinhos, chicletes e roupas. Essa jogada de marketing o transformou em um homem extremamente rico. Rogers via a oportunidade de um bom negócio em qualquer situação. Quando seu cavalo Trigger morreu, ele mandou empalhar o fiel companheiro das telas e o enviou para excursões pelo país, onde milhares pagaram ingressos apenas para ver de perto o famoso Trigger. O sucesso obviamente foi enorme.

Nesse "Reduto de Assassinos" o que temos é mais uma variação de sua eterna persona nas telas. Seu nome era tão popular que Roy Rogers parou de usar nomes diferentes para seus personagens. Não importava o papel, ele quase sempre aparecia como Roy Rogers, simplesmente assim. No enredo desse filme um dos companheiros de Roy Rogers, um patrulheiro da fronteira entre México e Estados Unidos, é morto, e assim ele parte em busca dos assassinos. Todos os ingredientes que fizeram a fama de Roy Rogers estão presentes. Suas pistolas prateadas com finos adornos, suas roupas chamativas, que inclusive faziam parte de sua linha de cowboy que era vendida nas lojas da época e seu bom mocismo à prova de falhas. Um faroeste muito nostálgico para os que foram fãs de Roy Rogers em sua infância.

Reduto de Assassinos (Pals of the Golden West, Estados Unidos, 1951) Direção: William Witney / Roteiro: Albert DeMond, Sloan Nibley / Elenco: Roy Rogers, Trigger, Dale Evans / Sinopse: Após ver seu amigo e colega ser morto por bandidos, o destemido patrulheiro da fronteira, Roy Rogers parte em busca de justiça.

Pablo Aluísio.

Django Atira Primeiro

Esse foi o segundo filme com o personagem Django. É mais do que curioso pois foi rodado poucos meses depois do famoso filme estrelado por Franco Nero chegar nas telas de cinema. Outro ponto que chama a atenção é o fato de que o Django que vemos aqui se assemelha muito pouco ao filme anterior. Ele é jovem, loiro, com pinta de galã de cinema americano. O ator que interpreta Django, Glenn Saxson (mais um nome americanizado, pois seu nome real era Roel Bos nascido na Holanda e com poucos filmes em sua carreira) em nada lembra o sujeito mal encarado do primeiro Django. Aqui ele está mais parecido com Trinity (outro personagem famoso do cinema italiano) do que com o pistoleiro errante que arrasta um caixão pelo deserto empoeirado como vimos na caracterização de Franco Nero. Logo na primeira cena percebemos isso. Django está em uma colina do deserto, fazendo sua refeição quando um estranho chega. É Ringo, um caçador de recompensas. Ele traz um homem morto sob a cela de seu cavalo. Para surpresa geral Django reconhece o bandido morto. É o seu próprio pai que não vê há anos, desde que abandonou a família para sair pelo mundo. Obviamente que isso coloca Django em confronto direto com Ringo pela posse do corpo de seu pai.

Depois desse duelo inicial Django resolve ele mesmo cobrar a recompensa por seu pai (um bandido foragido procurado vivo ou morto). Afinal ele não pode recusar cinco mil dólares por questões puramente sentimentais. Ao chegar na cidadezinha ele acaba descobrindo que seu pai se tornou um homem próspero, dono de saloons, hotéis e até mesmo de parte do banco da cidade. Rico, mas também traído pelo seu antigo parceiro de negócios. O problema é que seu sócio é um rico comerciante bastante corrupto que deseja se livrar o mais rapidamente possível de Django, pois não está disposto a compartilhar de sua fortuna com ninguém. Assim fica consolidado o duelo que irá permear todo o filme.

"Django Atira Primeiro" tem boa produção pois o uso do nome Django ainda não havia se banalizado como iria acontecer nos anos seguintes. Por isso temos um roteiro até bem feito, com boas cenas de ação e tiroteios. Uma delas ocorre no cemitério da cidade o que se torna claramente uma referência ao filme original com Franco Nero. As semelhanças porém param por aqui já que esse Django é bem mais soft, leve, até com pitadas de humor mais escrachado (como vemos na cena final no saloon com uma briga generalizada). Para quem curte Western Spaghetti é certamente uma boa pedida pois diverte e entretém com boa produção e roteiro bem mais trabalhado do que o habitual.

Django Atira Primeiro (Django Spara Per Primo, Itália, 1966) Direção: Alberto De Martino / Roteiro: Sandro Continenza, Massimiliano Capriccioli / Elenco: Glenn Saxson, Fernando Sancho, Ida Galli / Sinopse: Segundo filme com Django. Aqui ele é um sujeito errante que chega numa cidadezinha para reclamar por sua herança. Seu pai havia sido morto por um caçador de recompensas, deixando várias propriedades para seu filho. Tomar posse desses bens porém não será nada fácil.

Pablo Aluísio.

sábado, 6 de maio de 2006

Festim da Morte

Um pelotão do exército americano sai de um forte no velho oeste em direção a um grupamento mais próximo. Geralmente a distância entre dois fortes do exército dos Estados Unidos naquela época era percorrida em cinco dias de viagem a cavalo. No meio do caminho, durante uma emboscada dos apaches selvagens, todos os cavalos da tropa são mortos! Desolados, tendo de vencer a longa distância entre os fortes a tropa segue a pé no meio do deserto, enfrentando além do clima hostil, todo tipo de perigo, inclusive com a sombra sempre presente dos Apaches esperando pelo melhor momento para um novo ataque. O tenente do grupo acaba enlouquecendo diante da situação extrema, perdendo o controle da tropa, assumindo dessa forma o segundo na linha de comando, o sargento da cavalaria Wade McCoy (Chuck Connors). Após uma longa caminhada, os soldados finalmente chegam em seu destino, mas para surpresa de todos o forte para onde se dirigiram também foi atacado, só sobrando uma pilha de corpos de soldados americanos. O único trunfo dos militares é uma garota índia, filha de um grande chefe, que acaba servindo de garantia de vida para todos.

Começa assim esse interessante western "Festim da Morte", uma produção dos anos 1950, ainda em preto e branco, que conseguiu alcançar uma bela bilheteria em seu lançamento, apesar do filme não contar com nenhum grande nome em seu elenco. Um dos aspectos que mais chamam a atenção nesse filme é o retrato que é mostrado da vida de um militar americano durante as chamadas guerras indígenas. Uma vida de privação e sofrimento, geralmente viajando longas distâncias a cavalo, debaixo de um sol escaldante, tendo que viver sem nenhum tipo de conforto pessoal.

Os fortes militares do exército americano eram rústicos, feitos de madeira, austeros, sem nenhum tipo de luxo para os homens. Além disso sempre havia o perigo de se verem sitiados por nações indígenas inimigas, como o filme muito bem explora em seu segundo ato. Sem água e nem comida suficientes eles tentam de todas as formas sobreviver ao cerco. Muitas vezes os soldados acabavam comendo seus próprios cavalos para não morrer de fome durante esses cercos de nativos guerreiros. Recomendo o filme especialmente para quem gosta dos chamados "filmes de cavalaria" que exploram as guerras travadas entre o exército americano e as nações nativas durante a chamada conquista do oeste. Nesse estilo, certamente é um dos filmes de faroeste que mais apreciei.

Festim da Morte (Tomahawk Trail, Estados Unidos,1957) Direção: Lesley Selander / Roteiro: Gerald Drayson Adams, David Chandler / Elenco: Chuck Connors, John Smith, Susan Cummings / Sinopse: Com roteiro baseado em fatos históricos reais, o filme conta a história de um grupo de soldados americanos da cavalaria que enfrentam um violento grupo de guerreiros Apaches no meio do deserto.

Pablo Aluísio.

Jornada Sangrenta

Na véspera do começo da guerra civil americana o tenente Jed Sayre (Audie Murphy) é enviado para um distante forte da cavalaria, nos confins da fronteira. A região é pacificada, pois vigora há muitos anos um tratado de paz entre o governo americano e a nação Navajo. O novo comandante da guarnição também é um novato, o capitão Lee Whitlock (Robert Sterling), que logo demonstra pouca experiência no contato com os indígenas nativos. Após o desaparecimento de uma carroça com armamentos e munições a situação volta a ficar tensa. Acontece que logo surgem boatos de que as armas tinham sido roubadas pelos Navajos. A notícia logo chega aos ouvidos do General B.N. Stone (Ray Collins). Ele, fingindo estar surpreso, exige que a carga seja devolvida ao exército imediatamente. A situação soa estranha para o tenente Jed (Murphy), uma vez que ele acredita na inocência dos índios locais. O que os envolvidos não sabem é que tudo no fundo é uma artimanha do General Stone, um sulista que almeja abandonar o exército da União para se unir às forças da Confederação. Antes de anunciar sua traição porém ele deseja que uma nova guerra entre a cavalaria e os Navajos estoure pois assim as tropas do exército americano ficariam fragilizadas ao enfrentar uma nova guerra com os nativos.

Mais um bom western estrelado pelo ator Audie Murphy. Aqui ele interpreta um tenente com larga experiência que começa a entender que está na verdade no meio de uma grande conspiração envolvendo inclusive o seu general, alguém que deveria seguir ordens, mas que na verdade se trata de um traidor perigoso. Amigo dos Navajos, inclusive de seu chefe, ao qual conhece há muitos anos, ele terá que evitar um verdadeiro massacre gratuito pois acaba descobrindo que os roubos e mortes atribuídos aos Navajos não foram cometidos por eles, mas sim por homens cumprindo ordens do general corrupto.

"Jornada Sangrenta" além de ser um western acima da média, com muita ação e batalhas, ainda traz um belo roteiro, muito bem arquitetado que mostra uma situação que foi bem real no começo da guerra civil quando muitos oficiais de alta patente simplesmente deserdaram para as tropas rebeldes, confederadas do sul, causando um grande problema de evasão nas tropas da União, chamadas de Ianques. Audie Murphy, herói de guerra na vida real, representa toda a lealdade daqueles que lutaram ao lado dos casacos azuis. No final das contas "Jornada Sangrenta" é de fato um bom retrato de um dos momentos mais violentos da história dos Estados Unidos.

Jornada Sangrenta (Column South, Estados Unidos, 1953) Direção: Frederick De Cordova / Roteiro: William Sackheim / Elenco: Audie Murphy, Joan Evans, Robert Sterling, Ray Collins / Sinopse: Um pelotão da cavalaria americana estacionada em um forte da fronteira com a nação Navajo se torna peça de intriga de um perigoso jogo político envolvendo um general traidor que nas vésperas da guerra civil pretende aderir ao exército rebelde confederado do Sul.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 5 de maio de 2006

Sol Vermelho

Dois ladrões de trens, Link Stuart (Charles Bronson) e Gotch 'Gauche' Kink (Alain Delon), lideram um grupo de bandidos formado por mais de 30 pistoleiros que planejam roubar uma pequena fortuna de 400 mil dólares que está sendo levada para a capital dos Estados Unidos. O carregamento conta com a proteção de um pequeno grupamento do exército americano, mas esse se mostra pouco eficiente no combate à ação dos criminosos que logo conseguem parar o trem e se apoderar da preciosa carga. Na mesma locomotiva viajam o embaixador do Japão, que está sendo protegido por dois samurais tradicionais, da velha guarda.

A presença dos criminosos americanos logo se torna perigosa, pois o diplomata japonês carrega um precioso presente do imperador do Japão para o presidente dos EUA, uma espada samurai banhada em ouro. O precioso artefato logo chama a atenção de Gauche (Delon) que nem pensa duas vezes antes de se apoderar do objeto. Após matar um dos samurais. ele pega a espada de ouro para si. Afinal, ele é um ladrão! E como se isso não fosse o bastante resolve também trair seu comparsa Link (Bronson), jogando uma banana de dinamite em sua direção, tudo para ficar com todo o dinheiro e o ouro apenas para si e seus capangas. Agora, para reaver a espada e vingar a morte do samurai, uma estranha e improvável parceria é feita entre Link e o samurai Kuroda Jubie (Toshirô Mifune). Juntos eles partem em busca de Gauche e seu bando pelo oeste afora.

"Sol Vermelho" é uma produção entre França, Espanha e Itália, que novamente em clima de western spaguetti, resolveu transpor para as telas a curiosa fusão entre filmes de faroeste e de artes marciais. A premissa sem dúvida é das mais interessantes pois não é sempre que se vê em pleno velho oeste um samurai devidamente trajado, usando sua tradicional espada e seu código de honra no meio de um bando de pistoleiros e cowboys americanos.

O cineasta inglês Terence Young rodou os três primeiros filmes da franquia de James Bond e talvez por essa razão, tenha aqui em "Sol Vermelho", priorizado as cenas de ação e combate. Um roteiro que colocasse em cena um pistoleiro americano e um samurai japonês poderia render bem mais se a direção aproveitasse a inusitada situação para explorar as diferenças culturais entre eles, mas essa não pareceu ser em nenhum momento a intenção do diretor, que realmente focou sua atenção nas cenas de tiroteios e lutas corporais. No final, o que temos aqui, é um filme eficiente, bem movimentado mas também muito convencional, bem ao estilo do cinema mais comercial da época. De uma forma ou outra não há como não recomendar a produção principalmente pela presença do ótimo elenco, que repito, poderia ter sido melhor aproveitado, mas que mesmo assim não decepciona completamente.

Sol Vermelho (Red Sun, Soleil Rouge, França, Itália, Espanha, 1971) Direção: Terence Young / Roteiro: Laird Koenig, Denne Bart Petitclerc / Elenco: Charles Bronson, Toshirô Mifune, Alain Delon, Ursula Andress, Guido Lollobrigida / Sinopse: Após um assalto a um trem, um dupla formada por um pistoleiro americano (Bronson) e um samurai japonês (Mifune) sai em busca do criminoso (Delon) responsável pelo roubo.

Pablo Aluísio.

Santa Fé

Após o fim da guerra entre o exército confederado e o exército da União, durante a guerra civil americana, um grupo de irmãos, ex-soldados da confederação, vagam pelo oeste em busca de trabalho e oportunidade. O conflito acabou, mas as rivalidades ainda permanecem vivas. Chegando em um pequena cidade do interior, o grupo acaba encontrando dois soldados ianques em um saloon. Após algumas trocas de farpas entre eles, o clima fica pesado e em legítima defesa um dos irmãos mata um dos militares. Imediatamente fogem da cidade, mas são perseguidos pelo xerife local. Encurralados, não encontram outra saída a não ser entrar no primeiro trem que encontram pela frente. A locomotiva está levando homens para trabalhar na ferrovia de Santa Fé que procura ligar as costas do Atlântico ao Pacífico dos Estados Unidos. O gerente da construção é um ex-oficial ianque, o que logo desperta as antipatias dos irmãos Canfields, menos do mais velho, Britt Canfield (Randolph Scott), que decide entrar para a ferrovia, virando uma espécie de gerente de obras. Os seus irmãos porém não entram na empresa e o pior de tudo, planejam um grande assalto contra ela quando o dinheiro dos trabalhadores chegar na construção no dia de seus pagamentos. O destino, como se pode perceber, colocará irmão contra irmão numa situação mais do que delicada.

Esse é a premissa inicial desse western "Santa Fé", mais um bom momento da filmografia do ator Randolph Scott. Aqui ele surge não apenas como ator, mas também como produtor da fita que foi realizada pela Columbia Pictures. O enredo explora a expansão rumo ao velho oeste, com a construção das estradas de ferro. Essa inovação tecnológica foi a grande responsável pelo avanço da nação americana uma vez que constituiu uma grande revolução nos meios de transporte dos Estados Unidos, a um custo relativamente baixo, com ótimos resultados comerciais aliada a muita eficiência.

Quem assistiu a série da AMC "Hell on Wheels" vai notar inúmeras semelhanças entre essa película e o enredo do seriado. Basta perceber que o tema é concentrado na construção da estrada de ferro rumo ao oeste selvagem. O gerente de obras é um ex-confederado. Até mesmo o responsável pela segurança do acampamento dos trabalhadores é um sueco! Ao meu ver são semelhanças demais para ignorar. E tanto lá como aqui temos um caso amoroso envolvendo o ex-confederado e uma bonita mulher, responsável pela administração das obras. Enfim, temos roteiros quase iguais. Fica por demais óbvio que, ou o roteiro desse western clássico ou então o texto original escrito pelo autor inglês James Vance Marshall, serviram de inspiração para a nova série. De uma maneira ou outra, fica aqui mais uma dica, "Santa Fé", um faroeste com o sabor das antigas matinês. Mais um bom western estrelado por Randolph Scott.

Santa Fé (Santa Fe, Estados Unidos, 1951) Direção: Irving Pichel / Roteiro: Kenneth Gamet baseado no livro de James Vance Marshall / Elenco: Randolph Scott, Janis Carter, Jerome Courtland / Sinopse: Um ex-soldado confederado chamado Britt Canfield (Randolph Scott) vai trabalhar na ferrovia de Santa Fé ao mesmo tempo em que seus irmãos planejam um grande assalto na empresa. A situação colocará ambos em lados opostos da lei.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 4 de maio de 2006

A Morte Anda a Cavalo

Lee Van Cleef (1925–1989) era americano, mas se notabilizou mesmo quando começou a estrelar uma série de filmes do estilo Western Spaguetti na Itália. Enquanto esteve nos EUA conseguiu participar do elenco de grandes filmes, disso não resta a menor dúvida, mas só conseguiu mesmo se tornar protagonista de seus próprios filmes quando descobriu o segredo do sucesso, que nada mais era do que os filmes de faroeste rodados na Europa, principalmente Itália e Espanha. Um exemplo perfeito disso podemos encontrar aqui nesse muito interessante "A Morte Anda a Cavalo". Distribuído nos Estados Unidos pela United Artists, o filme foi todo rodado na península ibérica com dinheiro italiano que naquele período estava realmente no auge comercial de seus filmes de western spaguetti. Como cenário ideal essas produções geralmente usavam locações na Andalucía, Espanha, onde nem o mais observador dos espectadores conseguiria notar qualquer diferença entre o deserto espanhol e o americano, pois de fato eram extremamente parecidos. O filme já demonstrava ter uma boa produção, fruto é claro do desenvolvimento técnico do cinema italiano já naquela época. Por isso passa longe de decepcionar os fãs de faroestes. Afinal ele foi realizado também pensando no mercado americano, o que exigia uma certa qualidade cinematográfica.

O enredo gira em torno de uma vingança. Quando garoto o pistoleiro errante Bill Meceita (John Phillip Law) viu toda a sua família ser morta por bandoleiros liderados pelo psicótico Burt Cavanaugh (Anthony Dawson). Nesse meio tempo, um outro às do gatilho, Ryan (Lee Van Cleef), finalmente deixa a prisão após cumprir 15 anos de pena em um buraco sujo e poeirento do velho oeste. Seu caminho cruzará com Bill, uma vez que ambos tem contas a acertar com Cavanaugh e seu bando de facínoras sanguinários. A partir do momento em que se unem para dar fim aos bandidos, tudo passa a se resumir em encontrar o local e a hora certa para o acerto de contas final com todos eles.

Em termos de roteiro e argumento o filme "A Morte Anda a Cavalo" realmente não traz nada de novo. É a velha saga de justiça pelas próprias mãos, lavando a honra e o sangue da família morta pelos malfeitores. É um tema de vingança. O que de fato salva o filme é a boa participação de Lee Van Cleef que adota uma posição dúbia em relação ao seu jovem parceiro, ora o traindo, ora sentindo-se próximo a ele. No final haverá uma pequena reviravolta sobre essa amizade que dará uma pequena sobrevida ao filme, mas isso de certa forma não tem tanta importância. O que vale aqui é realmente a pura diversão, com cenas ao estilo spaguetti que certamente deixaria Tarantino louco de inveja após assistir.

A Morte Anda a Cavalo (Da uomo a uomo, Itália, Espanha, 1967) Direção: Giulio Petroni / Roteiro: Luciano Vincenzoni / Elenco: Lee Van Cleef, John Phillip Law, Mario Brega / Sinopse: Jovem pistoleiro (Law) se une a veterano (Cleef) para liquidar um bando de bandidos que matou sua família no passado. Unidos, terão que matar homem a homem, da forma mais rápida possível.

Pablo Aluísio.