segunda-feira, 30 de setembro de 2024

Os Viciados

Título no Brasil: Os Viciados
Título Original: The Panic in Needle Park
Ano de Lançamento: 1971
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Jerry Schatzberg
Roteiro: James Mills, Joan Didion
Elenco: Al Pacino, Kitty Winn, Raul Julia, Alan Vint, Richard Bright, Kiel Martin, Michael McClanathan

Sinopse:
Nesse filme o ator Al Pacino interpreta um viciado em heroína que vive em Needle Park, conhecida região de Nova Iorque onde os junkies da época se encontravam. Lá ele conhece uma jovem mulher, também com problemas de vício. Juntos eles vão tentar sobreviver nas ruas da grande cidade, ora dando pequenos golpes, ora partindo para roubos, tudo com o objetivo de conseguir o dinheiro da próxima dose de heroína. 

Comentários:
Esse filme chocou o público na época de seu lançamento. Assistindo depois de tantas décadas posso entender a razão de toda essa reação e polêmica. É um filme forte, com cenas que até hoje causam desconforto. O filme não poupa ninguém, muito menos o espectador. O vício é mostrado em todos os detalhes. A agulha com heroína é mostrada em close up entrando nas veias dos drogados. Não é fácil, mostrando toda a sordidez desse grave problema social e de saúde pública. O diretor inclusive usou viciados reais nessas tomadas de cena, algo que escondeu do estúdio e que só foi descoberto depois, quando o filme chegou nos cinemas. O casal protagonista da história está perdido na vida. O personagem de Pacino tem um irmão, ladrão profissional. Ele o coloca em planos de roubos que nem sempre dão muito certos. A namorada dele é dada a prostituição. Enquanto o personagem de Pacino está cumprindo pena, ela para sobreviver acaba se prostituindo pelas ruas. Enfim, bom filme, mas bem barra pesada. Um filme desses lançado no começo dos anos 70 representava bem a chegada do realismo mais forte no cinema norte-americano. Os tempos de inocência tinham ficado definitivamente no passado. 

Pablo Aluísio.

domingo, 29 de setembro de 2024

Sonhos de um Sedutor

Título no Brasil: Sonhos de um Sedutor
Título Original: Play It Again, Sam
Ano de Lançamento: 1972
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Herbert Ross
Roteiro: Woody Allen
Elenco: Woody Allen, Diane Keaton, Tony Roberts, Jerry Lacy, Susan Anspach, Jennifer Salt

Sinopse:
Um crítico de cinema de Nova Iorque é abandonado pela esposa que lhe comunica que deseja o divórcio. Agora ele precisa arranjar uma nova namorada e isso definitivamente não vai ser algo fácil de arranjar, mesmo com a ajuda providencial de um casal de amigos e do próprio Humphrey Bogart que sai das telas de cinema para lhe dar uma ajudinha. 

Comentários:
Eu dei boas risadas com esse filme! Para um roteiro que tinha como objetivo justamente esse, não poderia haver elogio maior. Inclusive é um dos filmes preferidos do próprio Allen. Ele recentemente o colocou numa exclusiva lista de seus 10 melhores filmes, assim não há mesmo muito o que discutir. Woody Allen brinca com sua imagem pública e nunca se deu tão bem. O roteiro desse filme foi baseado numa peça escrita para o teatro. Provavelmente por essa razão seja tão divertida já que Allen antes do cinema ganhava a vida se apresentando em pequenos teatros de Nova Iorque. Nessas apresentações ele tinha mesmo que fazer rir seu público ou então era vaiado, colocado pra fora do palco. Inclusive a cena que mais me divertiu foi justamente a que ele recebe uma nova garota em seu apartamento. Essa cena foi tirada diretamente da peça teatral, de forma literal. Ele está totalmente nervoso com a situação, mas tenta disfarçar, o que dá origens a momentos de puro humor físico, o que nem sempre foi do feitio de Allen, que sempre preferiu um tipo de humor mais intelectual. Enfim, se tiver que assistir a apenas um filme dele, escolha esse. A diversão estará garantida. 

Pablo Aluísio.

sábado, 28 de setembro de 2024

Quando os Jovens se Tornam Adultos

Quando os Jovens se Tornam Adultos
Resolvi rever Diner, um dos filmes da minha juventude. Eu sempre gostei desse filme e de tempos em tempos decido rever. A cada nova exibição vou descobrindo coisas novas. O filme é na realidade uma crônica na vida de um grupo de amigos que vivem em Baltimore na década de 1950. Eles estão justamente naquela fase em que a juventude vai chegando ao final e eles precisam tomar as responsabilidades de uma vida adulta em suas mãos. Não que todos eles queiram isso, mas é algo inevitável. O diretor Barry Levinson escreveu esse roteiro baseado em suas próprias lembranças, nos amigos de sua juventude. Então desde o começo é um filme sobre amizade e nostalgia. E isso se confirma em cada cena. 

O elenco é ótimo, formado por jovens atores que iriam se destacar no cinema nos anos que viriam. Cada um deles teria seu momento de sucesso, confirmando que era mesmo um grupo de atores diferenciado. O próprio Mickey Rourke teria nos anos 80 a sua década de ouro, onde iria atuar em excelentes filmes. Ele chegaria inclusive a ser comparado com Marlon Brando! Só para ter uma ideia do prestígio que ele alcançou naqueles anos. 

E Rourke interpreta o personagem mais interessante do filme, um jovem chamado Boogie. É um cara legal, mas tem seus problemas. Embora seja estudante de Direito e trabalhe em um Salão de Beleza para pagar seus estudos, ele tem o péssimo hábito de apostar em tudo, o que lhe coloca em situações perigosas, como dever grana de apostas para um tipo mafioso. Pior do que isso é dar em cima da esposa de um de seus amigos. Aí sim ele cruzou uma linha vermelha bem perigosa. 

O resto do elenco não é menos interessante. Steve Guttenberg interpreta o jovem que encontrou a garota ideal, aquela que ele deveria se casar. O problema é que no fundo ele tem medo de dar esse passo em direção à vida adulta. Casar significaria deixar os anos de juventude para trás de uma vez por todas. Para adiar seu casamento ele inventa coisas absurdas como fazer um quiz com a própria noiva sobre esportes. Se ela não obter uma boa pontuação, o casamento ficaria adiado de uma vez por todas! Kevin Bacon também está no filme. Antes do sucesso de Footloose ele interpreta esse jovem que não trabalha e nem estuda e tem problemas com bebidas. Definitivamente ele não é o orgulho da família!

Um filme muito bom, que só tem um deslize. Acontece na cena do cinema com o saco de pipocas. Achei aquela situação um pouco vulgar para um filme tão elegante. Ficaria legal e adequado para comédias picantes dos anos 80 como Porky's, mas para Diner, achei uma cena mal colocada, mal encaixada em um filme tão bom. Então é isso. Um filme que nasceu da nostalgia de seu diretor e que hoje em dia soa como pura nostalgia também em meu caso pessoal, pois foi um dos filmes que mais gostei quando era jovem, como os próprios personagens dessa preciosa película dos anos 80.

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Tempos de Violência

Título no Brasil: Tempos de Violência
Título Original: Harsh Times
Ano de Lançamento: 2005
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: David Ayer
Roteiro: David Ayer
Elenco: Christian Bale, Freddy Rodríguez, Eva Longoria, J.K. Simmons, Samantha Esteban, Tammy Trull

Sinopse:
Após deixar o exército, onde serviu no campo de batalha do Afeganistão, Jim Luther (Bale) decide procurar por um novo rumo na vida. Ele pretende se tornar policial em Los Angeles, mas acaba não sendo bem sucedido. Ao lado do amigo (que também foi veterano da guerra) ele parte em buscas de festas, mulheres e quem sabe... um novo emprego na cidade! Só que nessa noite em particular tudo pode terminar em tragédia. 

Comentários:
O personagem que Bale interpretou nesse filme não é fácil. Em um primeiro contato parece ser um cara legal, desses que você sai no fim de semana para beber e curtir. Só que na verdade ele carrega dentro de si muitos traumas da guerra, o que o torna praticamente uma bomba relógio prestes a explodir. Qualquer ameaça, qualquer que venha a se colocar em seu caminho, ele só consegue responder com violência extrema e irracional. E isso vale para tudo, para uma simples discussão no trânsito ou então em uma briga de bar. O sujeito é praticamente um fio desencapado. E as coisas ficam ainda mais perigosas quando ele sai em busca de diversão, atravessando a fronteira entre México e Estados Unidos. Também é um homem de contradições. Ao mesmo tempo em que é um veterano e tenciona entrar na polícia, ele ainda é capaz de traficar drogas do país vizinho para Los Angeles. Enfim, um sujeito muito estranho, que uma pessoa com um pingo de juízo não gostaria de estar ao lado. No saldo final é um bom filme que surpreende em vários aspectos. Eu gostei do que assisti e deixo a recomendação. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Um Lugar Silencioso: Dia Um

Título no Brasil: Um Lugar Silencioso: Dia Um
Título Original: A Quiet Place: Day One
Ano de Lançamento: 2024
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Michael Sarnoski
Roteiro: Michael Sarnoski, John Krasinski
Elenco: Lupita Nyong'o, Joseph Quinn, Alex Wolff

Sinopse:
Uma senhora negra, que está passando por um momento complicado da vida pois está com câncer terminal, aceita o convite para passar uma tarde de passeio em Nova Iorque. Ela acaba indo parar em um show de marionetes. O que parece ser algo bem trivial e bucólico, acaba se transformando numa tragédia quando a cidade é bombardeada por meteoritos. Pior do que isso, as rochas trouxeram estranhas criaturas para nosso planeta. 

Comentários:
Terceiro filme da franquia "Um Lugar Silencioso". Esse aqui é bem diferente dos dois primeiros porque a história dá um passo para o passado, mostrando como tudo começou. Conforme o próprio título explica, temos aqui o dia um da invasão desses seres vindos do espaço. São criaturas estranhas, completamente cegas e sem olfato. Encontram suas vítimas através dos sons produzidas por elas mesmas. Por essa razão é imperioso ficar em silêncio absoluto, caso contrário é morte certa. Nesse terceiro filme são dois os protagonistas. A senhora negra que sofre de câncer e um executivo que passa a segui-la pois está simplesmente apavorado pelo que está acontecendo ao seu redor. Embora sejam bons filmes, eles não fogem muito da fórmula dos filmes de monstros. Como é um filme de origens eu esperava por algo mais do roteiro. Queria saber a origem desses seres e toda a explicação envolvendo a chegada deles em nosso planeta azul. Só que esse roteiro não traz nada disso. É apenas um filme onde os dois protagonistas da história tentam sobreviver e nada mais. Com isso, fiquei com um certo ar de desapontamento. Quem sabe no próximo filme não se tenha mais informações. Só resta esperar. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Frank & Lola

Título no Brasil: Frank & Lola: Amor obsessivo 
Título Original: Frank & Lola
Ano de Lançamento: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Parts and Labor Films
Direção: Matthew Ross
Roteiro: Matthew Ross
Elenco: Michael Shannon, Imogen Poots, Rosanna Arquette, Alex Lombard, Justin Long, Carlos Moreno Jr.

Sinopse:
Um homem bem mais velho, que trabalha como chefe de cozinha, se apaixona perdidamente por uma jovem garota, que ainda está procurando por um rumo na vida. Ele só não conhece toda a sua história e nem muito menos que ela também faz serviços como garota de programa. E sem ter noção dessa situação parte para um acerto de contas violento contra um dos clientes de sua "namorada". 

Comentários:
Homem mais velho, mulher mais jovem. Ele perde a cabeça por ela que no fundo nem vale tanto a pena quanto ele pensa. Quem não já soube de uma história dessas envolvendo algum amigo, algum familiar ou pelo menos um conhecido distante? O velho Frank desse filme já é um homem maduro que perde a cabeça por essa garota, a Lola. O problema é que ele mal conhece ela ou seu passado. A garota é dada a prostituição... sai com outros homens por dinheiro e ele entra nessa pilha que querer tomar satisfações em cima dos clientes dela! Veja o absurdo... o pior é que esse tipo de história é muito, mas muito mais comum do que pensamos. Há homens que realmente perdem o juízo por esse tipo de gatinha. E elas estão aí para tudo mesmo. Como diz o ditado: Enquanto houver cavalo, São Jorge não anda a pé! Tirando a brincadeira de lado, é um bom filme. O curioso é que você fica torcendo para o Frank não se dar mal, mesmo sabendo que ele no final é o otário da história. Enfim, uma crônica do mundo em que vivemos...

Pablo Aluísio.

terça-feira, 24 de setembro de 2024

À Beira do Abismo

Título no Brasil: À Beira do Abismo
Título Original: The Big Sleep
Ano de Lançamento: 1946
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Howard Hawks
Roteiro: William Faulkner, Leigh Brackett
Elenco: Humphrey Bogart, Lauren Bacall, John Ridgely, Dorothy Malone, Martha Vickers, Peggy Knudsen

Sinopse:
Philip Marlowe (Bogart) é um detetive particular de Los Angeles que é contratado por uma rica família da cidade para desvendar um caso criminal envolvendo traições, chantagens e assassinatos. E quanto mais ele se aprofunda no mistério, mais esse vai se tornando indecifrável. 

Comentários:
Certa vez um jornalista da velha Hollywood chegou para o ator Humphrey Bogart e lhe perguntou qual era o sentido da história desse filme. Bogart, com o cigarro no canto da boca, nem se abalou, virou para o repórter e respondeu com sinceridade: "Eu não tenho a menor ideia de que se trata aquele filme!". Pois é, nem Bogart, nem o resto do elenco e pasmem, nem os próprios roteiristas. Na realidade esses filmes clássicos de detetive priorizavam muito mais a estética do que a lógica. Por isso muitos deles apresentavam uma trama tão rebuscada, tão enrolada, tão assumidamente confusa, que se chegava a um ponto sem volta, onde nada fazia muito sentido mesmo. O que não significava que não era uma verdadeira aula de cinema. Esse segue nessa linha. Nem tente puxar o fio da meada da história, apenas assista e curta sua estética. E não havia mesmo nenhum ator melhor do que Humphrey Bogart para atuar nesse tipo de produção. Enfim, um dos grandes clássicos de histórias de detetive da Hollywood em sua era dourada. 

Pablo Aluísio.

O Carrasco dos Trópicos

Título no Brasil: O Carrasco dos Trópicos
Título Original: Tropic Zone
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio:  Pine-Thomas Productions
Direção: Lewis R. Foster
Roteiro: Lewis R. Foster
Elenco: Ronald Reagan, Rhonda Fleming, Estelita Rodriguez, Noah Beery Jr, Grant Withers, John Wengraf

Sinopse:

Dan McCloud (Ronald Reagan) é um aventureiro que durante uma de suas expedições encontra um grupo perdido de americanos. Ele então salva a bela Flanders White (Rhonda Fleming) da morte certa. Só que agora todos vão precisar sobreviver a um terrível vilão.

Comentários:
Não há como negar que é uma produção B, sem muitos recursos. E isso fica ainda mais evidente porque se trata de um filme de aventuras, uma espécie de derivado dos filmes de Tarzan (mas sem obviamente ter o rei das selvas na tela). Para os cinéfilos em geral o filme vale a pena simplesmente pelo fato de trazer um presidente dos Estados Unidos como o protagonista. Isso mesmo, Ronald Reagan, ainda bem moço, alguns anos antes de emplacar uma carreira política de sucesso, se tornando governador da Califórnia e depois Presidente da República. O curioso é que Reagan nunca foi um astro de primeira grandeza dentro da indústria cinematográfica durante seus anos de Hollywood, mas conseguiu fazer a transição do mundo artístico para o político de forma extremamente bem sucedida. Ele era simpático e até carismático, mas nunca o considerei um grande ator. Passava longe disso, para falar a verdade. Era mais um galã temporão, para um público um pouco mais velho do que os fãs de Tarzan, que na época eram basicamente garotos de escola. Ver ele em cena, atuando, nunca deixa de ser algo interessante. Assim o filme obviamente apresenta uma curiosidade histórica que faz valer a pena.

Pablo Aluísio.