segunda-feira, 11 de março de 2024

As Três Faces de Eva

Joanne Woodward foi uma excelente atriz. Ela, em determinado momento da carreira, deixou um pouco seus filmes de lado para cuidar da família. Ela foi esposa de Paul Newman. Isso porém em nada atrapalhou seu talento, que era muito natural e espontâneo. Esse filme aqui deu a ela a consagração final que desejava. Ela foi premiada com o Oscar de melhor atriz, um prêmio que ninguém contestou na época. Seu trabalho em cena foi realmente excepcional, mostrando que ela tinha muito mais do que apenas três faces para mostrar na tela. De certa forma esse foi o filme da vida dela, aquele que a definiu como uma grande atriz até o fim de seus dias. 

O filme conta a história de uma jovem chamada Eve White (Joanne Woodward). Ela sofre de um distúrbio psiquiátrico desconcertante. Ela assume múltiplas personalidades, cada uma delas bem distinta da outra. Há uma Eve mais ousada, que logo recebe o codinome de Eve Black por ser muito extrovertida, sensual e sem amarras sociais. Uma outra personalidade apelidada de Jane surge mais como uma verdadeira dama da sociedade. O desafio passa a ser controlar todas essas personalidades e se possível encontrar uma cura para o transtorno. Assim os psiquiatras Curtis Luther (Lee J. Cobb) e Francis Day (Edwin Jerome) assumem seu tratamento.

Claro que um filme como esse exigiria uma grande atriz em cena. Joanne Woodward não apenas deu conta do recado, como também encantou o espectador. Ela estava simplesmente maravilhosa em cena, fazendo com que todos acreditassem que suas personalidades e faces eram realmente de pessoas diversas. Os diversos prêmios que recebeu pelo seu trabalho foram mais do que merecidos. Por fim um detalhe interessante: esse filme também é conhecido como "As Três Máscaras de Eva". No Brasil, nessa época, não era incomum um filme receber mais de um título nacional. Geralmente o filme recebia um nome quando era exibido nos cinemas e outro quando era exibido na televisão pela primeira vez.

As Três Faces de Eva (The Three Faces of Eve, Estados Unidos, 1957) Direção: Nunnaly Johnson / Roteiro: Nunnally Johnson baseado no livro de Corbett Thigpen / Elenco: Joanne Woodward, Lee J. Cobb, David Wayne, Vince Edwards, Nancy Kulp, Ken Scott, Edwin Jerome, Alena Murray / Sinopse: Eve (Joanne Woodward) é uma jovem que passsa a sofrer um estranho distúrbio mental que a faz desenvolver personalidades diferentes. Ela surge não apenas como Eve, mas também como uma outra mulher muito sedutora e uma dama da sociedade, bem racional. Filme vencedor do Oscar e do Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz (Joanne Woodward). Também indicado ao BAFTA Awards na mesma categoria.

Pablo Aluísio.

domingo, 10 de março de 2024

Batman: A Perdição Chegou a Gotham

Título no Brasil: Batman: A Perdição Chegou a Gotham
Título Original: Batman: The Doom That Came to Gotham
Ano de Lançamento: 2023
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Christopher Berkeley, Sam Liu
Roteiro: Jase Ricci, Mike Mignola
Elenco: David Giuntoli, Tati Gabrielle, Gideon Adlon

Sinopse:
Na década de 1920 o jovem milionário Bruce Wayne precisa enfrentar uma aterrorizante ameaça contra Gotham City, um portal ligado a um universo paralelo é aberto e de lá começam a chegar estranhas criaturas que parecem ter saído da mente do escritor H. P. Lovecraft.

Comentários:
Achei muito surreal essa animação do Batman. Não é a primeira vez que vejo esse super-herói lidando com o mundo sobrenatural, embora isso nao seja muito comum em suas histórias. A questão é que o roteiro desse filme não se contenta apenas em colocar o Batman enfrentando demônios e outros seres do além, mas o próprio desenvolvimento do enredo é completamente fora dos padrões. Basta dizer que ao enfrentar esses monstros o próprio Batman também vai se transformando em um ser estranho, híbrido, entre o nosso mundo e o bizarro universo que ele enfrenta. Nesse aspecto achei tudo muito fora da rota mesmo do que se esperaria de uma animação como essa. É a tal coisa, se tivessem feito um filme live action com essa história teríamos realmente o filme mais corajoso do Batman jamais feito em todos esses anos. 

Pablo Aluísio.

sábado, 9 de março de 2024

Elvis Presley - That's the Way It Is - Parte 1

Elvis Presley - That's the Way It Is - Parte 1
Esse foi o disco lançado pela RCA Victor trazendo a trilha sonora do filme "Elvis é Assim". O curioso é que as faixas, em sua maioria, não eram as mesmas mostradas no filme. Esse material foi gravado em Nashville, em estúdio, e não em Las Vegas, durante as apresentações do cantor na sua nova temporada na cidade. E nem todas as músicas apresentadas nesse álbum foram mostradas no filme. Assim o fã de certo modo se surpreendeu quando comprou o disco original na época. Tempos depois várias edições especiais tentariam compensar esse aspecto, colocando todas as músicas dos shows, mais vasto material extra. 

Sem dúvida esses CDs especiais eram bem mais completos, porém do ponto de vista histórico, dentro da discografia oficial de Elvis Presley, o disco que conta foi justamente essa primeira edição do ano de 1970. É um bom álbum, trazendo canções que iriam marcar a carreira de Elvis pelo resto de sua vida. Além disso era mais um a seguir nesse novo caminho de sua carreira, o mostrando como um artista diferente, cantando músicas mais maduras, falando de relacionamentos adultos. Os anos de juventude, da adolescência dos filmes dos anos 60, havia ficado definitivamente no passado. A seguir comento faixa a faixa desse disco importante dentro da discografia do cantor.  

A primeira faixa do álbum era a bela "I Just Can't Help Believin". Esse álbum "That's the Way It Is" sempre foi um dos mais queridos dos fãs de Elvis em sua fase anos 70. O disco original era basicamente a trilha sonora do novo filme de Elvis pelo estúdio MGM. Ao contrário das inúmeras trilhas do passado essa aqui não era a de uma comédia romântica musical, mas sim a de um documentário musical que trazia para as telas de cinema parte das apresentações de Elvis em Las Vegas durante o ano de 1970 (em sua terceira temporada na cidade). A canção que abriu o LP foi essa bela balada "I Just Can't Help Believing", sucesso na voz do cantor B.J. Thomas na época. É interessante notarmos que Elvis começava a flertar com uma outra geração de interpretes americanos. Cantores como B.J. Thomas e Neil Diamond nunca foram roqueiros em suas carreiras. Eram vocalistas que apostavam tudo em repertórios bem românticos - para alguns tangenciando até mesmo para o sentimentalismo mais meloso. Elvis porém não parecia se importar muito com isso. Ele estava certo nesse ponto de vista. O importante era interpretar boas músicas e sempre que encontrava uma bela composição no repertório dos colegas cantores não demorava muito para fazer a sua versão. 

Pois bem, quando "That's the Way It Is" foi anunciado pela RCA Victor muitos pensaram na época que o álbum seria mais um no estilo "Ao Vivo" em Las Vegas. O produtor Felton Jarvis porém não queria saturar o mercado com três discos consecutivos de Elvis gravados ao vivo em Vegas. Assim o cantor foi até Nashville para participar de uma verdadeira maratona de gravações, gravando dezenas de novas canções em estúdio. A intenção era gravar bastante material para ser lançado aos poucos, nos meses e anos seguintes. A primeira leva de canções dessa maratona surgiu justamente nesse álbum. Curiosamente a RCA acabou utilizando quase nenhuma gravação ao vivo da temporada que aparecia no filme. Uma exceção acabou sendo exatamente essa versão "Live" de "I Just Can't Help Believing". A letra é um dos pontos altos da música, retratando o sentimento de ternura e paixão que existe nos pequenos detalhes de um relacionamento amoroso, como as mãos dadas, os sorrisos e os aromas da amada. Praticamente apenas três estrofes, mas tudo muito bem escrito. A melodia também é excelente, calma, ponderada, completamente adequada para a mensagem de sua letra. Enfim, uma grande performance de Elvis que esteve bem à altura desse verdadeiro clássico da discografia do cantor. Simplesmente essencial.

Pablo Aluísio.

Anjos e Insetos

Título no Brasil: Anjos e Insetos
Título Original: Angels and Insects
Ano de Lançamento: 1995
País: Reino Unido
Estúdio: Playhouse International Pictures
Direção: Philip Haas
Roteiro: A.S. Byatt, Belinda Haas
Elenco: Mark Rylance, Kristin Scott Thomas, Patsy Kensit

Sinopse:
O filme é um estudo de uma família da pequena nobreza rural da Inglaterra vitoriana. William Adamson (Mark Rylance), um jovem cientista, é apresentado à família Alabaster por Sir Harald Alabaster (Jeremy Kemp), que também é fascinado por insetos. William se casa com a filha mais velha da família e estuda a quantidade de insetos no jardim da vila. Seus comportamentos estranhos - para a pequena nobreza - revelam ao mesmo tempo seus próprios fracassos e paixões.

Comentários:
Eu já escrevi aqui no blog, mais de uma vez, que aprecio bastante esses filmes ingleses ambientados na Inglaterra rural do século XIX, em pleno auge da Era Vitoriana. Aqui conhecemos verdadeiras sociedades conservadoras, não esses picaretas que existem na política brasileira que se dizem conservadores. Os verdadeiros seguidores dessa linha pensamento prezam pela estabilidade da sociedade, pelo respeito às instituições e tradições. Aqui temos um microcosmo dessa sociedade, onde todos vivem suas vidas sem importunar o próximo. Um destaque desse filme vem também de uma certa dose de erotismo, algo nem sempre presente nesse tipo de produção, mas que aqui se encaixou perfeitamente na proposta do roteiro. E antes que me esqueça, o filme também foi indicado ao Oscar na categoria de Melhor Figurino. Apenas um detalhe a mais de sua requintada boa produção. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 8 de março de 2024

Einstein e a Bomba

Título no Brasil: Einstein e a Bomba
Título Original: Einstein and the Bomb
Ano de Lançamento: 2024
País: Reino Unido
Estúdio: BBC Films
Direção: Anthony Philipson
Roteiro: Anthony Philipson
Elenco: Aidan McArdle, Jay Lewis Mitchell, Albert Einstein, Adolf Hitler, Franklin Delano Roosevelt (em imagens de arquivo). 

Sinopse:
Documentário em exibição na Netflix que conta a histórica e conturbada relação do cientista Albert Einstein com a fabricação da primeira bomba atômica da história pelos Estados Unidos. Através de textos, cartas e discursos, somos apresentados ao pensamento do gênio sobre o surgimento desse arma de destruição em massa e seus efeitos no futuro da humanidade. 

Comentários:
Albert Einstein não trabalhou diretamente na construção da primeira bomba atômica. Só que seus estudos e teorias podem ser considerados o marco zero no surgimento da tecnologia nuclear. Assim quando os Estados Unidos construiu e usou a primeira bomba nuclear o cientista deu sua opinião. Esse documentário resgata seu pensamento através de imagens históricas da época, opiniões de historiadores e também recriações de momentos importantes através do uso de elenco, de atores. O resultado é dos melhores. No começo Einstein até mesmo incentivou o presidente americano a tocar o projeto para a construção da bomba atômica pois tinha medo que os nazistas construíssem a primeira arma nuclear, mas depois que ela foi usada em duas cidades japonesas, ele mudou de opinião. Algo esperado de um homem que além de gênio da ciência era também um grande humanista. 

Pablo Aluísio.

Energia Pura

Título no Brasil: Energia Pura
Título Original: Powder
Ano de Lançamento: 1995
País: Estados Unidos
Estúdio: Hollywood Pictures
Direção: Victor Salva
Roteiro: Victor Salva
Elenco: Sean Patrick Flanery, Mary Steenburgen, Lance Henriksen, Jeff Goldblum, Brandon Smith, Bradford Tatum

Sinopse:
Quando o xerife de uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos investiga a morte de um idoso residente no meio rural, ele acaba descobrindo que seu neto adolescente mora no porão da fazenda. Criado pelos avós, conheceu o mundo apenas através dos livros, nunca saindo de lá. Ele é resgatado, mas tem dificuldades de se enquadrar socialmente. Sua aparência estranha e habilidades incomuns faz com que o temam e o ridicularizem. Porém alguns começam a ver seu potencial e seus dons com admiração.

Comentários:
Esse é um daqueles filmes dos anos 90 que até hoje ficam na minha memória, não por ser uma grande obra cinematográfica, nada disso, mas por trazer uma história tão original e diferente, com um protagonista tão fora dos padrões, que simplesmente não consegui mais esquecer. E é um daqueles filmes raros de se encontrar hoje em dia. Eu me recordo que até causou uma certa repercussão quando chegou nas locadoras brasileiras da época. Acredito inclusive que nunca foi lançado em nossos cinemas. O personagem Jeremy 'Powder' Reed (Sean Patrick Flannery) é um achado dentro desse roteiro bem estruturado e criativo. Ele é mais do que diferente, muito pouco usual. E dentro de suas peculiaridades acaba abrindo caminho, mesmo com tantas barreiras sociais. Os efeitos visuais também são bem colocados dentro da trama, usando a mesma tecnologia que foi usada no filme Cocoon. E tal como aquele filme Sci-fi também marcou bastante em termos de filmes imaginativos. Pelo menos no meu caso pessoal. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 7 de março de 2024

Dedé Mamata

Título no Brasil: Dedé Mamata
Título Original: Dedé Mamata
Ano de Lançamento: 1988
País: Brasil
Estúdio: Embrafilme
Direção: Rodolfo Brandão, Tereza Gonzalez
Roteiro: Antônio Calmon, Vinícius Vianna
Elenco: Guilherme Fontes, Malu Mader, Marcos Palmeira, 
Luiz Fernando Guimarães, Nathália Timberg

Sinopse:
André (Fontes) é um jovem comum, vivendo no final dos anos 70 a começo dos anos 80. Seu pai foi morto pela ditadura militar. Sua família sempre foi formada por anarquistas e comunistas. Só que Dedé não está muito aí por essas questões. Ele prefere passar seus dias fumando um baseado ao lado do amigo e da nova namorada. A coisa só complica mesmo quando ele se envolve com um traficante de drogas. 

Comentários:
Filme até bem legal, com ótima trilha sonora assinada pelo Caetano Veloso. É um retrato de um jovem ali pelo começo dos anos 80. Embora seja de uma família de comunistas militantes, ele não dá muita bola para esse fato. Sente falta do pai, morto pelos militares, mas fora isso, passa o dia na dele. Gosta de um baseado de vez em quando, um cigarro de maconha e só se enrola mesmo quando vai parar nas atividades criminosas de "Cumpadi", um traficante de apartamento interpretado pelo sempre bom Luiz Fernando Guimarães. O elenco jovem de apoio é bom, passando pela beleza jovial da Malu Mader (sim, em belas cenas de nudez) e Marcos Palmeira como o amigo "brother" do Dedé Mamata. Enfim, um retrato daquela juventude dos anos 80, que viveu o fim da ditadura militar e a volta da democracia em nosso país. Não que isso importasse muito para eles. 

Pablo Aluísio.

Eu Matei Lúcio Flávio

Título no Brasil: Eu Matei Lúcio Flávio 
Título Original: Eu Matei Lúcio Flávio
Ano de Lançamento: 1979
País: Brasil
Estúdio: Magnus Filmes
Direção: Antônio Calmon
Roteiro: Alberto Magno, Leopoldo Serran
Elenco: Jece Valadão, Monique Lafond, Anselmo Vasconcelos

Sinopse:
Homem violento e metido a entrar em brigas de bar e boates decide entrar na polícia. Dentro da corporação logo se torna conhecido pela violência exagerada. Seu principal objetivo passa a ser prender Lúcio Flávio, bandido famoso na época. Só que ele acaba se envolvendo com o Esquadrão da Morte. 

Comentários:
Esse filme foi produzido como uma espécie de resposta ao sucesso "Lúcio Flávio - O Passageiro da Agonia", um grande êxito de bilheteria do cinema nacional. Mostrava o lado da polícia, evitando entrar em maiores detalhes sobre o bandido. O problema, ao meu ver, foi que escolheram um protagonista bem errado. Foi inspirado em um policial de verdade. Uma escolha muito equivocada porque esse policial esteve envolvido nos anos 70 com o Esquadrão da Morte, um grupo criminoso, formado principalmente por policiais corruptos que mataram inúmeras pessoas naquela época. O sujeito não era nenhum herói, pelo contrário, era um criminoso igual aos que dizia combater. Aí fica complicado apreciar um filme assim. E a produção também não é boa, mostrando sua falta de recursos desde o começo. Enfim, não recomendo esse filme brasileiro. Ele é um erro mesmo, de concepção e de realização. 

Pablo Aluísio.