sábado, 18 de fevereiro de 2023

Carrington

Título no Brasil: Carrington, Dias de Paixão
Título Original: Carrington
Ano de Lançamento: 1995
País: Reino Unido
Estúdio: PolyGram Filmed Entertainment
Direção: Christopher Hampton
Roteiro: Christopher Hampton
Elenco: Emma Thompson, Jonathan Pryce, Steven Waddington, Samuel West, Rufus Sewell, Penelope Wilton

Sinopse:
Poucos dias antes do começo da primeira guerra mundial, uma pintora chamada Dora Carrington (Emma Thompson) se apaixona pelo escritor Lytton Strachey (Jonathan Pryce). O grande problema é que é um amor que vai ter que superar várias barreiras. Entre elas, o fato dele ser homossexual. Filme com história baseada em fatos históricos reais.

Comentários:
Mais um excelente filme inglês. Baseado em uma história real. O tema é delicado e polêmico e coloca a questão sobre um relacionamento envolvendo uma mulher e um homem homossexual. Poderia haver possibilidade de uma paixão assim dar certo, ou seguir em frente? Ou ficaria tudo no plano do puro platonismo? O filme foi extremamente elogiado em seu lançamento original. A grande interpretação do ator Jonathan Pryce lhe valeu um prêmio especial no prestigiado festival de Cannes. E por falar em talento, coube a Emma Thompson colocar tudo em frente. Ela leu o roteiro original e ficou decidida a levar essa história para o cinema. Se tornou produtora executiva do filme e acabou escalando o seu amigo, o roteirista Christopher Hampton, para a direção. O resultado é excelente, um claro exemplar da elegância e da finesse cultural do cinema britânico de uma forma em geral. É, sem sombra de dúvidas, um dos melhores filmes ingleses produzidos na década de 1990. Especialmente recomendado para cinéfilos de bom e refinado gosto cinematográfico.

Pablo Aluísio.

O Padre

Título no Brasil: O Padre
Título Original: Priest
Ano de Lançamento: 1994
País: Reino Unido
Estúdio: BBC Films
Direção: Antonia Bird
Roteiro: Jimmy McGovern
Elenco: Linus Roache, Tom Wilkinson, Robert Carlyle, Cathy Tyson, Lesley Sharp, Christine Tremarco

Sinopse:
Um padre católico homossexual descobre durante o confessionário que uma jovem está sendo abusada sexualmente pelo pai e precisa decidir como lidar com esse segredo e com os seus próprios segredos pessoais.

Comentários:
Ao longo dos anos, vários filmes receberam o título de "O Padre". Por isso é fácil confundir os filmes entre si. Esse aqui é um filme inglês lançado na década de 1990 e que chegou a ser lançado igualmente nas locadoras brasileiras. É uma produção em parceria entre a BBC inglesa e a Miramax norte-americana. O personagem principal é um padre que tenta esconder sua homossexualidade ao mesmo tempo em que precisa ajudar uma fiel que lhe contou em segredo um crime. Tudo lhe foi passado em confissão. Foram relatados abusos sexuais envolvendo uma jovem de sua paróquia. E aí entra diversos aspectos delicados nessa equação. Como denunciar algo da confissão? Ele não pode abertamente denunciar para as autoridades policiais o que ouviu. E como também tem seus próprios segredos, precisa agir com a devida cautela. E nesse processo, acaba sofrendo uma crise ética pessoal muito acentuada. Um filme muito bom, muito bem dirigido e com excelente elenco. O cinema inglês nunca decepciona na elegância e sofisticação ao tratar mesmo dos temas mais complicados.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Alerta Máximo

Alerta Máximo
Nesse filme o ator Gerard Butler interpreta um comandante de avião comercial que vai fazer um voo entre Cingapura e Tóquio, no Japão. A viagem conta com poucos passageiros, pois será realizada na noite de ano novo. Realmente ninguém quer passar o réveillon dentro de um avião. Entre os passageiros se encontra um criminoso condenado, acompanhado de escolta policial. Mas os problemas não param por aí. Na rota do avião está uma grande tempestade tropical. E atravessá-la vai ser um desafio. Um raio acaba atingindo o sistema de energia do avião, que sofre uma pane geral. Voando manualmente, ele precisa chegar em um lugar seguro para pousar. Acaba encontrando uma velha pista em uma ilha remota e distante das Filipinas. O problema é que a região é conhecida por ser um local de atividade de guerrilhas criminosas. Esses bandidos são acostumados a sequestraram estrangeiros e pedirem resgate por suas vidas. Não vai ser fácil sobreviver a tantos desafios. 

Esse é um bom filme, tem seus clichês e em alguns momentos você sabe com antecedência o que vai acontecer, mas ainda assim se mantém interessante do começo ao fim. Gerard Butler realmente se especializou em fitas de ação, como se tem visto em seus últimos lançamentos. São filmes com boa produção e que se tornam eficazes na tela. De certa maneira, ele tem acertado em suas escolhas, e esse filme é mais um uma boa opção para quem gosta desse tipo de produção. Há três atos distintos e bem localizados na narrativa. A crise em pleno voo, as situações de perigo em pouso e por final, a tentativa de sair daquela ilha de qualquer forma. Coloque aí um grupo mercenário de resgate, e você terá um bom filme no final de tudo.

Alerta Máximo (Plane, Estados Unidos, 2023) Direção: Jean-François Richet / Roteiro: Charles Cumming, J.P. Davis / Elenco: Gerard Butler, Mike Colter, Tony Goldwyn / Sinopse: Gerard Butler interpreta um comandante de avião comercial que vai fazer um voo entre Cingapura e Tóquio, no Japão. Uma viagem mais do que perigosa. Não vai ser nada fácil sobreviver a tantos desafios. 
Pablo Aluísio.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

O Meme do Mal

O Meme do Mal
Pelo visto, Hollywood está sempre antenada com os acontecimentos. Recentemente surgiu uma espécie de desafio para crianças e adolescentes na internet. São situações que preocupam pais e professores, pois colocam em risco a própria integridade física das crianças. Basta lembrar do desafio da baleia azul e da momo. Essa última parece ser a grande motriz incentivadora do roteiro desse fraco filme de terror. Na história, uma garota adolescente acaba se envolvendo em situações perigosas na net. E ela passa a ver uma criatura estranha que surge nas sombras. Parece existir uma ligação psicológica com os pais, mas esqueça isso. O roteiro até que começa essa discussão, mas não leva em frente. Ao invés disso, tudo se resume a partir de certo momento, em mostrar os ataques dessa criatura estranha. 

E aí está o grande problema do filme como um todo. A tal criatura é muito mal feita. Em determinadas cenas, lembra até mesmo um daqueles bonecos de Carnaval de Olinda. Os roteiristas também não se preocuparam em nada em criar uma certa estrutura fixa para o monstro. Todo momento ele aparece com tamanhos diferentes. Surge com 4 metros de altura para depois ser do tamanho de uma pessoa normal entrando em uma casa. Isso é desleixo de um roteiro realmente muito mal feito, de um filme que não assusta. E também demonstra um certo oportunismo barato em aproveitar esses desafios da internet para escrever um roteiro feito às pressas. E fechando tudo com mais uma patifaria, temos esse péssimo título nacional que se torna até mesmo um caso de humor involuntário. Assim, não há filme que sustente em pé diante de tantos aspectos negativos.

O Meme do Mal (Grimcutty, Estados Unidos, 2022) Direção: John Ross / Roteiro: John Ross / Elenco: Shannyn Sossamon, Sara Wolfkind, Usman Ally / Sinopse: Uma garota adolescente acaba se envolvendo em situações perigosas na net. E ela passa a ver uma criatura estranha que surge nas sombras. 

Pablo Aluísio.

The Requin - À Deriva

The Requin - À Deriva
Para que você venha a gostar desse filme, você tem que ter ainda paciência para filmes de tubarão. Esse tipo de filme virou um nicho cinematográfico tão explorado nos anos recentes, que virou até deboche em uma série de filmes ruins. Esse aqui tenta partir de pelo menos uma premissa um pouco diferente. Um casal de norte-americanos se hospeda em uma espécie de bangalô flutuante em um resort turístico no Vietnã. Quando chega uma grande tempestade tropical, esse bangalô se desloca do hotel e vai parar em alto mar. O marido está ferido, sangrando muito. Isso significa que em alto mar, se você sangra, você atrai um monte de tubarões brancos. Então fica assim estabelecida a situação limite central colocada pelo roteiro, com esse casal em alto mar, em um bangalô flutuante e cercado de tubarões por todos os lados. 

Eles tentam fazer uma fogueira para que a fumaça chame a atenção. Só que o tiro sai pela culatra e o próprio bangalô pega fogo, pois era de madeira. A burrice dos personagens é grande, como se pode perceber. Depois disso, não há muito o que se falar. O filme se resume a uma série de ataques sangrentos envolvendo o casal. O filme até que sustenta, porque não cai no deboche e nem na galhofa. É um filme que se leva a sério. Tem algumas boas cenas que realmente mantém o interesse, mas no geral não escapa muito da saturação que esses filmes estão sofrendo há anos. Para falar a verdade, apenas o primeiro Tubarão de Spielberg, lançado nos anos 70, tem um certo status cinematográfico. Todo o resto soa como imitação barata daquele filme original.

The Requin - À Deriva (The Requin, Estados Unidos, 2022) Direção: Le-Van Kiet / Roteiro: Le-Van Kiet / Elenco: Alicia Silverstone, James Tupper, Deirdre O'Connell / Sinopse: Um casal de norte-americanos se hospeda em uma espécie de bangalô flutuante em um resort turístico no Vietnã. Quando chega uma grande tempestade tropical, esse bangalô se desloca do hotel e vai parar em alto mar, cercado de tubarões por todos os lados. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Elvis Presley - King Creole - Parte 1

Falando sinceramente Elvis Presley nunca contou com a boa vontade dos críticos de cinema ao longo de sua carreira. Via de regra seus filmes e suas atuações eram criticadas severamente pelos especialistas da sétima arte. Porém como toda regra tem exceção, em "Balada Sangrenta" (King Creole, 1958) ele finalmente recebeu elogios. As razões são muitas e até bem diferentes entre si. "King Creole" era cinema puro, cinema de qualidade. O fato do protagonista ser interpretado por um rockstar era um mero detalhe. Penso que os fãs de cinema sempre rejeitaram quando ídolos da música tentaram fazer sucesso nesse campo cultural. Havia uma barreira entre as artes. Quem era do cinema estava dentro. Quem era do mundo da música teria que suar para provar seu valor.

Só que ficou mesmo complicado tecer a lenha nesse filme, principalmente quando se tinha Michael Curtiz como diretor. Ele era um símbolo da era de ouro do cinema americano. Dirigiu dezenas de grandes filmes, entre eles "Casablanca", considerada uma obra-prima absoluta das telas. Arrasar com "King Creole" significava arrasar também com Michael Curtiz e isso definitivamente estava fora de cogitação entre os críticos e entre os cinéfilos. Assim eles todos tiveram que reconhecer os méritos do filme, mesmo que para isso precisassem engolir Elvis Presley no elenco.

E a trilha sonora do filme? Outra surpresa maravilhosa. O puro Rock foi deixado um pouco de lado, ou melhor dizendo, as faixas fortes ainda estariam presentes no disco, mas com outra sonoridade. Não havia mais como a banda tradicional de Elvis dar conta dos arranjos, por isso um grupo enorme de músicos foi contratado pela RCA Victor. A maioria deles eram músicos de jazz, de New Orleans. Justamente o tipo de artista que essas músicas pediam. De fato essa sessão de gravação foi a mais peculirar e ímpar da carreira de Elvis até aquele momento. Um tipo de som que ele nunca havia feito antes em sua vida.

E apesar de ser uma espécie de novato nesse tipo de sonoridade, Elvis se deu bem. Ele apenas entendeu que deveria continuar a ser o mesmo cantor de antes. Os arranjos de metais ao seu lado seriam apenas um bônus. E não deixava de ser curioso também que não fazia muito tempo Elvis havia criticado sutilmente o jazz numa entrevista. O jornalista perguntara a ele se gostava de jazz. Elvis respondeu que não. Não iria falar mal do estilo musical, mas que na verdade não ouvia jazz, não gostava e não o entendia muito bem. É de se estranhar que de todos os ritmos musicais Elvis tenha implicado logo com o jazz. Em Memphis esse tipo de música era até bem comum. Só que Elvis parecia bem mais à vontade cantando gospel, blues ou country. O jazz definitivamente não fazia a cabeça daquele jovem de vinte e poucos anos. Porém lá estava ele nos estúdios da RCA Victor, gravando o seu disco mais jazzístico de sua carreira.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

James Stewart e o Western - Parte 3

Em 1946 James Stewart estrelou um dos filmes mais importantes de sua carreira: "A Felicidade Não Se Compra". Dirigido pelo mestre Frank Capra essa produção foi um marco no cinema americano, um dos clássicos mais amados da história de Hollywood. James Stewart foi indicado ao Oscar, assim como o próprio filme que injustamente não foi premiado naquele ano apesar de ter sido indicado aos principais prêmios da noite. Essa ainda hoje é considerada uma das maiores injustiças da academia, em todos os tempos.

Outro filme que marcou demais a carreira de James Stewart nessa mesma época foi "Festim Diabólico", de outro grande mestre e gênio da sétima arte, o diretor Alfred Hitchcock. O filme tinha uma trama absolutamente inovadora, além de uma linguagem dita por muitos como revolucionária, onde Stewart tinha que lidar com longos planos sem interrupção. Era praticamente um teatro filmado, com diálogos complexos e trama bem elaborada.  Essa parceria entre James Stewart e Alfred Hitchcock iria legar para a história do cinema alguns dos melhores filmes da era de ouro de Hollywood. O mestre do suspense achava Stewart o ator ideal para interpretar o homem comum, que se via em situações excepcionais.

Depois de tantos clássicos absolutos da sétima arte era de se supor que Stewart iria seguir em frente nesse tipo de produção, mas ele resolveu dar uma pausa para rodar dois faroestes em seguida. O primeiro foi "Winchester '73" de Anthony Mann. Trabalhar ao lado desse cineasta era ao mesmo tempo uma oportunidade de atuar em grandes filmes, mas também de ter grandes dores de cabeça. Isso porque Mann era um sujeito perfeccionista que exigia dose extra de paciência para os atores que trabalhavam ao seu lado. Juntos fizeram grandes filmes, mas também tiveram grandes brigas no set de filmagens. Era uma luta criativa, acima de tudo. Dois aspectos se destacam nesse faroeste: seu roteiro fora dos padrões, com várias histórias sendo contadas, tendo como referencial um rifle e o excelente elenco de apoio que contava com atores e futuros astros como Rock Hudson, Tony Curtis e Shelley Winters.

Depois desse faroeste que foi sucesso de público e crítica, James Stewart voltou ao velho oeste na produção seguinte. O filme se chamou "Flechas de Fogo" do especialista em filmes de western Delmer Daves. Ao lado de Jeff Chandler e Debra Paget, Stewart atuou nessa produção mais convencional, que contava uma história passada durante as chamadas guerras indígenas. Nesse roteiro James Stewart atuava como um cowboy que encontrava um índio muito ferido no meio das pradarias. Ao ajudá-lo acabava se tornando amigo dos indígenas da região. Em plena guerra entre os nativos e a cavalaria americana, ele se colocava à disposição para negociar um tratado de paz. Um bom faroeste, ainda hoje bem lembrado pelos fãs do gênero.

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Monsieur Verdoux

Título no Brasil: Monsieur Verdoux
Título Original: Monsieur Verdoux
Ano de Lançamento: 1947
País: Estados Unidos
Estúdio: Charles Chaplin Productions
Direção: Charles Chaplin
Roteiro: Charles Chaplin
Elenco: Charles Chaplin, Mady Correll, Allison Roddan, Robert Lewis, Martha Raye, Isobel Elsom

Sinopse:
Após trabalhar 30 anos como bancário, Monsieur Verdoux (Charles Chaplin) é demitido do banco onde trabalha. Desesperado e desempregado, ele passa a seduzir mulheres mais velhas, ricas e solitárias. Ele planeja ficar com suas fortunas pessoais. Assim, o bancário honesto e digno do passado logo se torna um criminoso. Um assassino de mulheres. Filme com roteiro baseado em uma história real.

Comentários:
Orson Welles deu a ideia para Chaplin dirigir e atuar nesse filme. Tudo era baseado na história de um assassino conhecido em Paris como o Barba Azul. Ele cometeu seus crimes durante a primeira guerra mundial. Não foi um bom conselho de Orson Welles para Chaplin. O público não queria ver o ator que havia atuado por tanto tempo como o adorado Carlitos na pele de um criminoso, um assassino frio. A recepção, tanto de público como de crítica, foi a pior possível. Chegou-se ao ponto do filme ser boicotado. Apesar de ter defendido seu filme com veemência na imprensa, Chaplin não conseguiu salvar Monsieur Verdoux do fracasso comercial. Ele acreditava pessoalmente que o filme seria interessante. Uma mudança de ares no tipo de personagem que encarnava no cinema. A verdade é que o público não queria essa mudança. Nessa mesma época, ele foi também acusado de patrocinar atos antiamericanos, de ser um comunista. Ele ficou tão irritado com tudo o que aconteceu, que decidiu ir embora dos Estados Unidos. Decidiu que iria passar sua velhice na distante e fria Suíça, onde não teria que responder processos que o acusavam de ser um membro do partido socialista. E assim foi feito, apesar de sua boa qualidade, esse filme é considerado um de seus grandes fracassos comerciais. Só com o passar dos anos é que ele finalmente foi sendo reconhecido por seus méritos cinematográficos. Antes tarde do que nunca.

Pablo Aluísio.