sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Vingança à Sangue Frio

Nesse filme o ator Jean Reno interpreta um assassino profissional. Após mais um "serviço" bem sucedido, ele se isola em uma cabana no alto de uma montanha nevada. Esse, aliás, é um dos segredos de nunca ter sido pego pelos policiais. Depois de mais um crime, é hora de desaparecer por um tempo, sair de circulação. As coisas se complicam quando uma garota sofre um acidente em uma moto de neve perto de onde ele está. Ela bate em uma árvore e sai muito ferida. Mesmo relutante, ele resolve ajudar. Leva a jovem para casa e começa a cultivar uma certa amizade com ela. Só que nunca baixa a guarda, como convém a uma pessoa que faz o que ele faz todos os dias para ganhar a vida. Ele tem razão de se manter sempre com uma certa desconfiança. Afinal, em seu meio tudo pode acontecer.

Temos aqui um bom filme de ação. Eu costumo dizer que o ator Jean Reno é muito subestimado. Ele tentou uma carreira no cinema norte-americano há alguns anos. Conseguiu um certo destaque e até se deu muito bem. Depois retornou para seu país e continuou a fazer bons filmes. Esse aqui é apenas o mais recente de sua longa trajetória e de sua extensa filmografia. O filme fez bastante sucesso nos cinemas europeus. Como grande parte do filme é passado em uma região muito bonita, no alto das montanhas, isso gerou uma bela fotografia para o filme de uma forma em geral. Com personagens bem construídos em uma linha narrativa bem concisa, esse filme é mais uma boa surpresa do cinema europeu. 

Vingança à Sangue Frio (Cold Blood Legacy, França, 2019) Direção: Frédéric Petitjean / Roteiro: Frédéric Petitjean / Elenco: Jean Reno, Sarah Lind, Joe Anderson / Sinopse: Assassino profissional, escondido no alto de uma montanha gelada, ajuda uma jovem que sofre um acidente.  Ele a leva para casa e acaba criando uma certa aproximação com ela, apesar do perigo envolvido nessa situação.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Sorria

Esse filme de terror e suspense se revelou bem melhor do que eu esperava. Sua premissa é por demais interessante. Conta a história de uma psiquiatra que começa a tratar de uma jovem com muitos problemas mentais. Ela tem um comportamento de alguém que está sempre em pânico. Entra numa sala, fica nos cantos com medo de tudo, de todos. Afirma haver uma entidade que troca de rosto, que muda de imagem. E isso a deixa sempre com a sensação de estar sendo perseguida. A psiquiatra começa a tratar a questão como sendo de saúde mental, provavelmente esquizofrenia. Só que após o suicídio da garota, ela vê que há algo além. Ela começa a perceber que existe mesmo um tipo de entidade sobrenatural que, para seu azar, passou para a sua esfera pessoal. É claro que os demais médicos não acreditam em algo assim. Em um pensamento pautado pela ciência, não existe espaço para doenças ditas de origem espiritual. Tudo tem uma explicação no mundo racional. 

Conforme seu comportamento vai se tomando cada vez mais errático, as pessoas ao redor, inclusive sua irmã, começam a pensar que ela está tendo sinais de doença mental. Algo genético em sua família, pois sua própria mãe se matou anos antes. O estigma da doença mental ronda aquela mulher ao mesmo tempo em que ela precisa combater um ser que pode ser tanto imaginário como real em um nível absolutamente patológico. O suspense do filme se mantém bem. Há um capricho no elenco em termos de atuação. E mesmo a tal criatura não quebra o clima do filme, afinal, ela pode ser também puramente mental. É um roteiro que me surpreendeu e talvez explique por que esse filme de terror tenha sido tão relevante. Obteve boas notas da crítica e uma bilheteria muito acima da média de filmes de terror. Deixo certamente meu carimbo de filme recomendado.

Sorria (Smile, Estados Unidos, 2022) Direção: Parker Finn / Roteiro: Parker Finn / Elenco: Sosie Bacon, Jessie T. Usher, Kyle Gallner / Sinopse: Após o suicídio de uma paciente, uma psiquiatra começa a desenvolver o mesmo comportamento estranho e fora do normal. Seria algo de sua mente, uma doença mental ou um evento sobrenatural real?

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Elvis Presley - Jailhouse Rock (EP)

Elvis Presley - Jailhouse Rock (EP)
Em outubro de 1957, a RCA Victor soltou no mercado o último lote de canções do filme "O Prisioneiro do Rock". Foi um lançamento no formato de EP. Esse formato de vinil era conhecido como Extended Play. Ou seja, um compacto duplo, com geralmente de 4 a 6 músicas. Foi a forma que a RCA encontrou de lançar o restante das canções do filme da MGM. Um fato curioso que sempre me chamou a atenção foi que os produtores decidiram deixar de fora a música "Treat me Nice". Justamente a segunda música mais conhecida da trilha sonora. Ela não se encontra entre as faixas, provavelmente para que o compacto duplo não fosse muito parecido com o síngle que havia feito tanto sucesso. Assim esse EP trazia no lado A as faixas "Jailhouse Rock" e "Young and Beautiful" e no lado B as canções "I Want to Be Free", "Don't Leave Me Now" e finalizando "(You're So Square) Baby I Don't Care".

Esse tipo de lançamento Extended Play ainda viria a ser usado pela RCA Victor até meados de 1966. Os filmes de Elvis que não eram tão populares tinham suas trilhas sonoras lançadas justamente neste formato de vinil. Provavelmente a RCA não colocava muita fé nessas canções. E por isso não produziu um álbum completo, o chamado LP. Sempre achei muito equivocada esse tipo de decisão, mas é algo característico do mercado de discos de vinil daqueles tempos. É complicado avaliar tudo o que aconteceu com a visão do mundo de hoje. De qualquer forma, foi um lançamento de sucesso, chegando ao primeiro lugar entre os mais vendidos.

E, como sempre acontecia em se tratando de Elvis, a RCA Victor sempre reaproveitaria alguma dessas faixas em outros discos. Nem preciso dizer que "Jailhouse Rock" foi relançada em centenas de títulos depois. Quando digo centenas, não é nenhum exagero. Outras faixas menos conhecidas ainda seriam reaproveitadas nos anos 50. Quando Elvis foi servir o exército americano na Alemanha, a RCA ficou sem material novo para compor novos álbuns. Então, algumas músicas foram pinceladas e lançadas em coletâneas, como foi o caso do conhecido"A Date with Elvis". 

É importante realçar também que Elvis nunca mais as utilizaria de maneira em geral. Uma honrosa exceção podemos encontrar na sessão de ensaios do filme "Elvis in Tour" em 1972. Nessa ocasião, durante uma sessão de preparos para a turnê, Elvis gravou uma belíssima versão de "Young and Beautiful". Ouvir essa música com acompanhamento da TCB Band é realmente uma coisa fenomenal. Que pena que Elvis nunca a utilizou no palco. Uma música bem bonita que foi deixada de lado diante de seu vasto repertório.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Respondendo à Bala

Quando o filme começa, encontramos um soldado da cavalaria dos Estados Unidos bem no meio do deserto. Ele está tentando chegar na cidade mais próxima. Só que nada é tão ruim que não possa piorar. Logo se vê cercado por um grupo de guerreiros indígenas. São nativos da nação Cheyenne. Liderados por um jovem guerreiro arrogante que deseja pegar seu cavalo e suas armas. E se o soldado reclamar muito, provavelmente morrerá. O roubo acaba sendo interrompido com a chegada de um velho cacique e líder da tribo. Ele impede o crime. Ambos vão se reencontrar mais na frente no filme, quando um tenente da cavalaria, um sujeito sem experiência e sem via diplomática, resolve combatê-los. É uma situação complicada, porque junta um tenente incompetente do exército americano, que não tem nenhum tipo de sabedoria para lidar com os índios, com um guerreiro que no fundo só pensa em matar todo homem branco que encontrar pela frente. 

Temos aqui até um bom filme de faroeste dos anos 60. As guerras indígenas estão no ar, mas ainda limitadas por um tratado entre o homem branco e o índio que vivia naquela região. O roteiro também aproveita para trazer alguns personagens históricos reais do velho Oeste. Uma delas é a famosa Calamity Jane, que ficou muito conhecida no cinema pelo filme "Ardida como Pimenta", onde era interpretada por Doris Day. Ela é apaixonada pelo soldado, mas é um romance daqueles que não vai para frente. Para quem gosta de um pouco de ação, há um bom conflito envolvendo soldados e peles vermelhas no deserto. E não faltam também alguns toques de sutileza e humor. Fazendo com que o filme muitas vezes fique bem leve para toda a família.

Respondendo à Bala (The Plainsman, Estados Unidos, 1966) Direção: David Lowell Rich / Roteiro: Michael Blankfort / Elenco: Don Murray, Guy Stockwell, Abby Dalton / Sinopse: Um militar da cavalaria dos Estados Unidos se vê envolvido em uma guerra entre o exército e os indígenas em uma região deserta daquele país. E tudo isso acontecendo no momento em que ele estava dando baixa do serviço militar.

Pablo Aluísio.

Randolph Scott e o Velho Oeste - Parte 8

Randolph Scott surgiu nos cinemas com seu novo filme intitulado "Perigo à Frente". Era um western, gênero pelo qual ele ia ficando cada vez mais afeiçoado, não apenas pelas boas bilheterias, mas também pela excelente receptividade que vinha da crítica. O ator tinha mesmo o porte e o visual perfeito para filmes do velho oeste e ele pareceu entender bem isso na época. Esse filme foi todo rodado no rancho que servia de estúdio para a Paramount Pictures. Um lugar bonito, espaçoso, onde uma equipe de cinema tinha toda a estrutura adequada para trabalhar.

O curioso é que o roteiro trazia um enredo que se passava no Alasca, envolvendo dois homens e uma mulher numa aventura que envolvia minas, bandidos e tiroteios. Mesmo não sendo o lugar perfeito para reproduzir o Alasca nevado, do frio intenso, os técnicos do filme deram um jeito para tornar tudo crível. A direção desse faroeste foi entregue pela Paramount a Arthur Jacobson, veterano do cinema mudo. O roteiro era novamente baseado em um conto escrito por Zane Grey, autor bastante popular naquela década, a ponto inclusive do poster do filme trazer seu nome em destaque.

É interessante notar que nesse ano de 1935 o ator realizou poucos filmes. Ele havia sofrido uma queda de cavalo que o deixou fora de combate por alguns meses. Quando finalmente viu que estava bem novamente escolheu um filme mais ameno para atuar. Nada de cavalos ou perseguições perigosas pelo deserto do Arizona. Assim Scott surgiu no romance dançante estilo "champagne e bolhas" intitulado "Nas Águas da Esquadra". Embora o título do filme leve muita gente a pensar que se tratava de um filme de guerra com a marinha americana, ele era na realidade um musical, com muita dança e números coreografados. Randolph Scott não era a estrela da fita, mas sim o inesquecível casal formado por Fred Astaire e Ginger Rogers.

O ator só voltaria a montar um cavalo e vestir suas roupas de cowboy no faroeste "O Inválido Poderoso" (Rocky Mountain Mystery). Mais uma adaptação de um livro de western assinado por Zane Grey. Em algumas cenas Randolph Scott surgia mancando o que levou o diretor Charles Barton a lhe perguntar se estava tudo bem, tudo OK. O ator disse que não havia problemas, que eles deveriam continuar a rodar o filme. A história girava em torno do assassinato de vários herdeiros de uma rica mina no Texas. Cabia a Scott tentar desvendar o mistério. Bom filme, valorizado por uma bonita fotografia em preto e branco. Além disso o tal mistério envolvendo os crimes mantinha o espectador interessado até o final do filme.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

Montgomery Clift - Hollywood Boulevard - Parte 2

Montgomery Clift sempre teve um relacionamento muito complicado com seu pai. Isso se referia à sua vida pessoal e profissional. O pai queria que Monty arranjasse um trabalho convencional, que estudasse para ser advogado ou médico. Monty não queria saber de passar sua vida dentro de um consultório ou escritório. Ele queria atuar. O pai achava que ser ator era algo completamente indigno, até vergonhoso. Atuação era coisa de prostitutas e vagabundos na mente dele. Monty porém via isso como uma visão grotesca e antiga, que sequer merecia comentários. Por isso resolveu ser ator em Nova Iorque. Estudar para isso.

Em relação à vida amorosa também havia muitos conflitos. O pai queria que ele se casasse, que formasse uma família. Monty detestava essa ideia. Na verdade ele não queria ser como seu pai, tendo uma vida completamente enfadonha, vivendo de migalhas em um casamento infeliz. Tão ruim era a ideia do casamento que Monty jamais se casaria. Ele adorava ser solteiro, explorar outras possibilidades. Além disso o que ele menos desejava era uma esposa mandona, que o controlasse. A vida de casado era completamente fora de seus planos. E obviamente isso o levou a ter brigas e mais brigas com o pai, até o dia em que o ator viu que era hora de morar sozinho. Ele alugou um apartamento em Nova Iorque foi à luta.

Depois de passar por um exame extremamente concorrido finalmente foi aceito no Actors Studio. Essa foi uma escola lendária de arte dramática, fundada por Elia Kazan e outros grandes professores e diretores, tanto de teatro como de cinema. Estudando e trabalhando em peças pela cidade, Monty foi firmando sua reputação como ator talentoso e profissional. Sempre era pontual nos ensaios e nunca esquecia suas falas. No Actors Studio conheceu Marlon Brando. O colega estava indo para Hollywood, após se consagrar nos palcos de teatro de Nova Iorque. Monty não tinha, pelo menos naquele momento, esse tipo de ambição. Ele queria antes se tornar um grande ator de teatro, para só depois, quem sabe, virar um ator de cinema.

Isso duraria pouco. Monty era um ator profissional e vivia de seu trabalho. Sempre que surgia uma boa proposta de trabalho ele tinha que levar em consideração. Em 1948 um produtor de Hollywood chamado Lazar Wechsler entrou em contato com a agente de Monty em Nova Iorque. Ele queria contratar o ator para atuar no filme "Perdidos na Tormenta" que seria dirigido por Fred Zinnemann. O cachê era excepcionalmente bom, o equivalente a quatro meses de trabalho duro como ator de teatro em Nova Iorque. Monty engoliu todas as reservas que tinha contra os filmes e pegou o primeiro avião para a costa oeste. Ele estava prestes a fazer seu primeiro filme na cidade, algo que definitivamente mudaria sua vida dali em diante. 

Pablo Aluísio.  

MacArthur

É tradicional no cinema americano a produção de filmes enfocando os grandes líderes militares do país nos conflitos em que os Estados Unidos se envolveram ao longo da história. Foi assim com o clássico “Patton” e é assim também com esse “MacArthur”. O tom do filme é quase documental, privilegiando o lado mais histórico dos acontecimentos, tentando reproduzir com fidelidade os principais momentos da carreira de Douglas MacArthur (1880 – 1964). Esse general ficou muito famoso durante a II Guerra Mundial por causa de seus feitos marcantes durante o maior conflito da história da humanidade. O filme começa enfocando a queda das Filipinas durante o ano de 1942. MacArthur era o comandante militar americano na região e não conseguiu manter a presença do exército ianque no país. Diante das circunstâncias recebeu ordens de se retirar. Ele não queria retroceder e ficou possesso com a ordem vinda do Presidente. 

Ficou famosa na época sua declaração de que “iria voltar” para expulsar as forças japonesas de lá. E tal como prometeu cumpriu sua promessa alguns anos depois. Mas isso foi apenas uma pequena parte da trajetória do general durante a chamada Guerra do Pacifico. MacArthur ainda participaria da rendição incondicional do Império Japonês e por fim cairia em desgraça por causa de seu desastrado envolvimento na Guerra da Coreia quando foi finalmente deposto de seu comando após sugerir ao presidente Truman que invadisse a China e a Coreia do Norte, varrendo o perigo comunista do oriente! De fato ele não era um homem de deixar alguma missão pela metade!

Não há outra conclusão a se chegar: MacArthur é realmente um excelente filme para quem quer saber mais sobre a história da II Guerra Mundial. Gregory Peck, como sempre, está fenomenal, interpretando um personagem que por si só já era muito carismático e polêmico. Douglas MacArthur tinha uma personalidade forte e marcante o que acabou lhe valendo a posição de ser um dos comandantes que venceram a guerra contra o Japão no Pacifico. Era um grande estrategista, um militar talentoso, mas também um excêntrico no modo de ser e agir. O sujeito por si só já era uma figura pois usava um cachimbo feito de espiga de milho e detestava todos os políticos de Washington, especialmente o presidente Truman. Ambos eram pessoas bem diferentes e geralmente entravam em atritos. Na verdade mais de uma vez MacArthur se referiu ao presidente como um “caipira”! Enfim, temos aqui uma excelente aula de história, filmado com muita classe e bom gosto. Se tiverem oportunidade de assistir, não percam.
 
MacArthur (MacArthur, Estados Unidos, 1977) Direção: Joseph Sargent / Roteiro: Hal Barwood, Matthew Robbins / Elenco: Gregory Peck, Ivan Bonar, Ward Costello / Sinopse: Cinebiografia do general Douglas MacArthur, comandante das forças americanas durante a chamada Guerra do Pacífico, palco de conflito entre Estados Unidos e Japão durante a II Guerra Mundial. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator - Drama (Gregory Peck).

Pablo Aluísio.

domingo, 15 de janeiro de 2023

O Pálido Olho Azul

Esse filme é um lançamento recente da Netflix e um dos mais assistidos dos últimos dias. Conta a história da morte de um jovem cadete, em uma academia militar tradicional. Seu corpo foi encontrado enforcado em uma árvore próxima onde estudava. Tudo é um mistério. Foi um suicídio ou ele foi assassinado? Assim, o diretor decide contratar um investigador para descobrir o que aconteceu. Interpretado pelo ator Christian Bale, esse detetive precisa descobrir os lances e as minúcias dessa morte misteriosa. Nesse processo, acaba sendo ajudado por um jovem cadete que iria se tornar um escritor famoso no futuro. Basta ouvir nome que você vai saber de quem estou falando. Nada mais, nada menos do que o gótico Edgar Allan Poe. E conforme as investigações vão se sucedendo, descobre-se que há algo a mais do que inicialmente poderia se supor. 

Gostei do filme de um modo em geral, mas tenho algumas críticas a fazer ao seu roteiro. Todos os elementos da narrativa estavam bem delimitados e tinha tudo para funcionar muito bem. Só que existe uma mania atual em certos roteiristas que me irrita muito! Sempre querem colocar um plot twist na história ou como se pode dizer, em nossa língua nativa, um tipo de reviravolta surpreendente. Isso é particularmente irritante quando você chega em uma determinada cena e pensa que o filme vai terminar, pois o mistério foi solucionado e não há mais nada de muito importante a se desenvolver. Então, lá vem o roteiro com mais uma reviravolta caprichosa, tentando unir todos as pontas da história. Nem tudo precisa ser explicado em minúcias. Na vida real também existe o acaso. Não precisa estar tudo interligado. Mesmo assim, com essa pequena ressalva do filme ter na realidade dois finais, eu ainda o recomendo. Com boa produção e uma história que mantém o interesse, esse é um dos filmes para se assistir nesse início de ano.

O Pálido Olho Azul (The Pale Blue Eye, Estados Unidos, 2022) Direção: Scott Cooper / Roteiro: Scott Cooper / Elenco: Christian Bale, Harry Melling, Simon McBurney / Sinopse: Academia Militar em West Point, Estados Unidos. Ano de 1830. Um detetive experiente é contratado para investigar a morte misteriosa de um jovem cadete. 

Pablo Aluísio.