quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Elvis Presley - All Shook Up / That's When Your Heartaches Begin

Como a RCA Victor estava sem material para lançamentos, Elvis entrou em estúdio logo em janeiro de 1957 para novas sessões. As gravações aconteceram no Radio Recorders, o preferido de Elvis na costa oeste. Desde quando começou a trabalhar na RCA, Elvis sempre escolhia o local por ter bom equipamento de gravação e acomodações acolhedoras. Dessa vez o principal objetivo era gravar novas músicas para um single a ser lançado o mais rapidamente possível. Elvis chegou com sua turma e começou a ouvir as sugestões do produtor. As músicas de demonstração eram passadas para ele escolher as que mais lhe agradava. 

Essa acabaria sendo a sua forma de trabalhar até o fim de sua carreira. As músicas eram reproduzidas para sua audição, caso Elvis gostasse de alguma, mandava separar e ao final com seis ou oito canções escolhidas ele se dirigia ao microfone e dava seu sinal de OK. Os microfones eram ligados e as sessões começavam de fato. Geralmente Elvis ouvia as demos sentado em uma confortável cadeira no centro do estúdio com um refrigerante em mãos, geralmente uma Pepsi, sua marca preferida. Nesse dia em particular Elvis resolveu tentar algo diferente. Iniciou com a canção gospel “I Believe”. Depois tentou a balada "Tell Me Why". Só no final da sessão é que se mostrou disposto a gravar a canção "All Shook Up". Era o que os produtores da RCA queriam.

A música escrita por Otis Blackwell caía como uma luva para o gosto dos jovens da época. Tinha um excelente ritmo, com muito swing, e uma letra que certamente criaria uma identificação imediata com a juventude. Era praticamente uma gíria que logo cairia na boca dos fãs de Elvis. Embora o cantor fosse creditado depois como um dos autores da música, a verdade é que novamente pouco participou da criação da canção. Apenas deu uma ideia para o que seria um bom refrão, daqueles bem pegajosos, que grudam na cabeça do ouvinte. Sugeriu a expressão “All Shook Up” se referindo obviamente a um estado de excitação, movimento, inquietação. O próprio cantor inclusive explicou depois em uma entrevista que só havia dado ideia para uma única música em toda sua vida e era justamente essa, “All Shook Up”. Ele havia tido um sonho estranho, onde não parava quieto e quando acordou imaginou que poderia sair uma música dali. Alguns historiadores porém acham que embora não estivesse mentindo a música já existia desde 1956 e tinha apenas sido retocada por Blackwell para que Elvis a gravasse depois.

Um fato curioso é que "All Shook Up" iria mudar com os anos. A versão original do compacto tem uma melodia com levada de jazz e swing, mas quando Elvis a levou para os palcos a partir de 1969 ela ganharia muito mais velocidade, se transformando em um rock vibrante, com pouca identidade com a gravação original. O lado B do single veio com a baladona “That's When Your Heartaches Begin”. A canção foi incluída praticamente como “tapa buraco” pois a RCA não tinha a menor intenção de trabalhar em cima dela. Era uma velha balada romântica, sem muito potencial comercial, que só foi gravada por Elvis porque ele a tentava gravar adequadamente desde os tempos da Sun. Como lado B de All Shook Up já estava bem posicionada. All Shook Up virou um tremendo sucesso em seu lançamento e seria o primeiro de quatro singles campeões nas paradas que Elvis iria emplacar de forma consecutiva. De fato esse foi um de seus períodos mais bem sucedidos em termos comerciais. Seus singles eram dados como certos no topo das paradas e tinham pré vendas de mais de um milhão de exemplares. Algo inédito para a RCA. All Shook Up chegou ao primeiro lugar na Billboard Top 100 em abril de 1957 tirando a canção “Round and Round” de Perry Como da primeira posição. No saldo final deu a Elvis Presley mais dois discos de platina. Um êxito comercial absoluto. Nada mal para o que era apenas um sonho agitado de fim de noite.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 27 de setembro de 2022

Rock Hudson e o Western - Parte 2

Provavelmente o melhor momento de Rock Hudson no gênero western tenha acontecido no filme O Último Por-do-Sol de 1961. O ator estava saboreando o sucesso de suas comédias românticas ao lado de Doris Day e procurava por algo um pouco diferente, para não ficar tão estigmatizado por só fazer um tipo de filme. Os dramas de Douglas Sirk tinham ficado no passado e assim Rock decidiu que seria uma boa oportunidade de atuar em mais um faroeste. Além do mais o elenco contava com Kirk Douglas, um dos astros mais populares da época. 

Não haveria qualquer risco de insucesso com todas as peças no lugar. E tal como Rock previa o filme realmente logo se tornou um sucesso de público e crítica. Mais importante do que isso, ele se deu muito bem com o próprio Kirk no set de filmagens que logo se mostrou um excelente colega de trabalho. Um dos conselhos que Douglas deixou para Rock ele jamais esqueceu. "Não deixe de trabalhar ao lado de John Wayne" - aconselhou o astro. Rock guardou o conselho para si.

Depois do êxito do filme Rock voltou para sua velha rotina. Fez mais dois filmes ao lado de sua querida Doris Day, "Volta Meu Amor!" e "Não me Mandem Flores". Essas duas produções eram basicamente releituras muito semelhantes ao sucesso "Confidências à Meia Noite". Os roteiros eram praticamente iguais, sem inovações. A crítica percebeu isso e apesar do sucesso de público de ambos os filmes Rock entendeu que aquele tipo de comédia era uma página virada em sua filmografia. Duas outras comédias românticas mostravam bem a saturação desse tipo de personagem. "Quando Setembro Vier" ainda conseguiu uma bilheteria razoável, mas "Um Favor Muito Especial" foi um tremendo fracasso comercial.

Rock procurou por outros caminhos para reencontrar o sucesso. Fez um filme interessante sobre a Força Aérea dos Estados Unidos chamado "Águias em Alerta", cujo roteiro explorava bem as paranoias da guerra fria e uma estranha ficção chamada "O Segundo Rosto", um filme que Rock havia adorado fazer e que acreditava muito, mas que não foi bem recebido nem pelo público e nem pela crítica que o achou estranho e bizarro demais. Em busca do sucesso Rock começou a procurar novamente por roteiros de filmes de faroeste.

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 26 de setembro de 2022

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 25

Marilyn Monroe tinha realmente problemas psiquiátricos? Como se sabe havia um extenso histórico de doenças mentais na família de Marilyn. Sua própria mãe foi internada em um hospício quando Marilyn era apenas uma criança. Levada para orfanatos ela definitivamente não teve uma infância feliz. Vivendo de lar provisório em lar provisório, muitas vezes sofrendo abusos psicológicos, Marilyn acabou criando uma personalidade cheia de traumas que ao longo dos anos só foram piorando. Uma coisa parecia certa, Marilyn não era uma pessoa fácil de conviver. Ela ia da doçura à fúria em questão de segundos. Também parecia demonstrar ter duas personalidades bem diferentes que se revezavam ao longo do dia. Uma delas era a da menininha órfã, que falava com uma voz de criança, parecendo muito vulnerável e indefesa. A outra personalidade era forte, decidida, dona de si e seu destino. Quem não a conhecia ficava realmente surpresa com essas mudanças.

Dorothy Manning, uma escritora que conviveu com Marilyn nos anos 1950 escreveu bem sobre essa dualidade do modo de ser de Marilyn Monroe em seu cotidiano. Dorothy relembra: "Marilyn era estranha. Quando a encontrei pela primeira vez tive a impressão de estar conhecendo uma menina em corpo de mulher. A vozinha de criança pequena era um tanto assustador. A falta de verbalização adulta, a mentalidade de uma menininha de nove anos! Ela parecia alguém com algum tipo de problema de retardo mental. Cerca de meia hora depois Marilyn surgia totalmente diferente! Ela parecia completamente dona de si, alegre, expansiva, independente, uma mulher moderna, de seu tempo, falando bem, uma diva do cinema. Suas percepções do mundo eram até mesmo brilhantes. Ela falava sobre política, os estúdios, a falta de credibilidade de certas pessoas... Era algo impressionante! Parecia duas pessoas completamente diferentes! Eu ficava sem saber como agir em sua presença!".

Teria Marilyn traços de esquizofrenia? Ou tinha um problema relacionado ao transtorno de personalidade esquizóide? Ninguém até hoje sabe ao certo qual era o problema de Marilyn. Ao longo da vida ela colecionou analistas. Em determinado momento Marilyn se convenceu que seus supostos problemas psiquiátricos poderiam ser curados com análise. Então ela virou uma cliente de inúmeros deles na Califórnia, não raro fazendo duas ou três sessões em um único dia! Nem todos esses analistas tiveram uma boa impressão sobre Marilyn. Como diria Dorothy Manning, Marilyn tinha mesmo problemas: "Todos que conheciam Marilyn tinham a sensação de que havia algo errado com ela. Havia uma sensação no ar de que Marilyn estava obviamente perturbada. Ela tinha ataques de ansiedade e insegurança. Lembrando do passado tenho a clara certeza de que Marilyn era uma pessoa bem estranha e confusa, cuja fraqueza psicológica nos atingia no coração."

O Dr. Milton Gottleb, que atendeu Marilyn, tinha opinião muito semelhante. Ele disse: "Marilyn era muito insegura, uma insegurança patológica. Era uma jovem mulher bem perturbada que tinha acima de tudo medo da vida. Não é errado dizer que tinha uma personalidade esquizóide. Muitos atores e atrizes acabam desenvolvendo algum tipo de neurose em algum momento de suas vidas.". Outro médico, o Dr. Elliot Corday, foi mais sombrio sobre sua avaliação sobre Marilyn: "Eu deixei de atender Marilyn porque ela não conseguia obter melhores resultados. As pessoas entenderiam melhor sobre sua morte se tivessem conhecimento das coisas que soube sobre Marilyn quando ela foi minha cliente. Marilyn havia tentado se matar inúmeras vezes, mais do que muitos pensam. Ela também começou a usar drogas pesadas e eu lhe disse que não seguiria sendo seu médico se aquilo continuasse. Marilyn também tinha ataques recorrentes de melancolia. Ela podia passar a tarde inteira, olhando pela janela, fitando o horizonte, sem falar nada ou pensar nada. Era um tipo de melancolia patológica que poderia levá-la a cometer atos insanos, como o suicídio, por exemplo",

Marilyn tinha muito medo de ficar louca como a mãe. Aliás a loucura não havia apenas atingido a mãe de Marilyn, mas também sua avó, suas tias, primas, etc. Estudos modernos já conseguiram provar que a depressão, por exemplo, pode por via genética, ser passada de mãe para filha. Então essa era uma possibilidade real. Por falar em depressão, Marilyn também sofria bastante com ataques dessa doença. Ela passava semanas trancada em seu quarto completamente escuro, com as portas fechadas, sem ver praticamente ninguém. Os inúmeros abortos a destruíam psicologicamente. Hoje em dia estima-se que Marilyn tenha feito ao longo da vida quatorze abortos. Em uma época em que a pílula anticoncepcional ainda não existia, o risco de surgir uma gravidez indesejada era algo constante na vida da atriz. Contraditoriamente o maior sonho de Marilyn era se tornar mãe. E isso foi apenas mais um fator para deixá-la ainda mais abalada do ponto de vista psicológico.

Pablo Aluísio.

Crônicas de Marlon Brando - Parte 25

Quando Brando foi expulso da escola militar por indisciplina, ele resolveu voltar para a casa dos pais. Não demorou muito para que o tempo fechasse sobre ele, até porque seu pai era muito rígido e ver o filho fracassar assim nos estudos era demais para o velho. Por essa época a irmã de Marlon, Jocelyn Brando, tentava vencer como atriz em Nova Iorque. Não era fácil. Havia muitos atores e atrizes desempregadas e os papéis, quando surgiam, eram muito disputados. Ela era uma jovem bem talentosa e até bonita, algo que sempre era levado em conta na época, porém os trabalhos eram escassos. Não era um futuro promissor, como ela bem deixou claro para uma carta enviada ao irmão que estava morando com seus pais em Omaha.

Marlon Brando logo pressentiu que não havia nenhum futuro para ele em sua cidade no meio oeste, já que os empregos que existiam para jovens de sua idade eram horríveis, duros e mal remunerados. Assim ele tomou sua decisão. Entre ser desempregado ou subempregado no Nebraska ou ser desempregado em Nova Iorque, tentando uma carreira como ator, a melhor opção era seguramente a segunda. Informou aos seus desiludidos pais que iria para Nova York atrás de sua querida irmã e que uma vez lá tentaria arranjar algum meio de vida. Na época havia um preconceito contra homens atuando, pois isso era considerado um meio de vida em que apenas homossexuais trabalhavam. Para Marlon Brando essa era uma visão preconceituosa e babaca e ele não daria atenção a essas pessoas que pensavam desse jeito. Ele achava sinceramente que tinha algum talento para ser ator. Já havia se dado bem em peças escolares antes. Como não tinha nada a perder, só a ganhar, pegou o primeiro trem para Nova Iorque no dia seguinte.  

Os primeiros dias de Brando foram lembrados por ele em sua autobiografia. Marlon, que era um garoto do meio oeste dos Estados Unidos, obviamente ficou fascinado pela grande metrópole com seus prédios enormes e o grande movimento de pessoas por todos os lados. No começo Brando ficou um pouco inibido pelo gigantismo daquele lugar, mas não tardou muito a começar a amar aquela cidade de amplas possibilidades. Começou trabalhando em empregos eventuais e ao mesmo tempo deu início aos seus estudos de arte dramática. Nesse meio tempo seu pai lhe escreveu para avisar que ele poderia voltar para casa, pois a academia militar de Shattuck havia reconsiderado sua expulsão e o aceitaria de volta aos bancos escolares. Brando disse "não"! Ele jamais tencionaria retornar para aquele lugar, afinal ele odiava disciplina militar e estava amando a liberdade que agora desfrutava em Nova Iorque. Entre ser um oficial do exército e ser um ator ele preferia muito mais a segunda escolha.

Assim que arranjou algum dinheiro, trabalhando como mensageiro de hotel e garçom, Brando comprou uma moto de segunda mão. Com ela poderia ir aos testes de peças de teatro, às aulas de arte dramática ou simplesmente sair pelas ruas e bairros da "big apple" para passear. Brando adorava a noite e por essa época, não raras vezes, resolvia dormir em qualquer parque bonito que encontrasse pela frente. Como ele bem relembrou em seu livro, naqueles tempos não havia violência urbana e ninguém o incomodaria se resolvesse dormir debaixo de uma árvore e tampouco alguém iria tentar roubar sua moto enquanto estava tirando uma soneca. Para aguentar o frio Brando comprou uma jaqueta negra do mesmo tipo que pilotos de avião usavam. Também começou a colocar jornais dentro do casaco para espantar o frio - um velho truque que aprendera com vagabundos quando certa ocasião se aventurou a atravessar os Estados Unidos em vagões de trem de carga.

Assim a vida lhe parecia sorrir. Ao contrário de sua irmã, Brando não fazia de seu sucesso na carreira de ator uma obsessão. Ele queria vencer, é claro, mas caso nada disso desse certo, ele poderia viver com qualquer outro trabalho que estivesse à disposição na cidade. Sua sorte porém mudou rapidamente e Brando começou a ganhar alguns pequenos papéis em peças de teatro off-broadway. O cachê era fraco, mas só o fato dele ganhar dinheiro atuando já era uma conquista e tanto. E as coisas melhoraram ainda mais quando soube que havia passado no teste para entrar na prestigiada escola de atores do Actors Studio. Ele não sabia, mas sua vida estava prestes a mudar para sempre.

Pablo Aluísio.

domingo, 25 de setembro de 2022

Downton Abbey II: Uma Nova Era

Downton Abbey fez uma excelente transição do mundo das séries para o cinema. Esse segundo filme vem justamente para confirmar isso. É um filme muito bom, diria até excelente mesmo. Toda a tradição de qualidade e excelência desse produto e dessa franquia se mantém em alto nível. A história também é particularmente saborosa para quem gosta de cinema. Com problemas financeiros, Robert Grantham aceita receber uma equipe de filmagem em sua casa. Estão filmando um filme em locação e precisam de um belo cenário para as cenas. E a vitoriana mansão cai justamente como uma luva para o diretor do filme. Assim, uma equipe de filmagem vai para sua tradicional casa e começam os trabalhos. E tudo soa muito inspirador e autorreferencial. Um belo exercício de metalinguagem cinematográfica. 

Para quem aprecia história do cinema, há aspectos muito interessantes. O filme está sendo filmado bem na época em que o cinema mudo está morrendo e o cinema falado começa a dominar o mercado. A atriz principal do filme é uma mulher extremamente bonita e glamorosa, mas com péssima dicção. Como ela vai sobreviver nesta transição? O galã, cobiçado por todas as mulheres, esconde um segredo pois na verdade é homossexual. Outro aspecto curioso acontece quando Violet Grantham herda uma bela propriedade no sul da França. Um amor do passado dela que se revela em um testamento. Isso esconde uma história que perturba o seu filho. E coloca em dúvida inclusive sua verdadeira ascendência. Como eu escrevi, Downton Abbey segue excelente. Já se tornou uma marca de elegância e sofisticação. Que venham novos filmes. 

Downton Abbey II: Uma Nova Era (Downton Abbey: A New Era, Estados Unidos, 2022) Direção: Simon Curtis / Roteiro: Julian Fellowes / Elenco: Hugh Bonneville, Maggie Smith, Jim Carter, Elizabeth McGovern, Michelle Dockery / Sinopse: Uma equipe de cinema chega para trabalhar na mansão de Downton Abbey, rompendo com os costumes e o modo de vida da elegante e tradicional aristocracia inglesa. E um velho amor do passado ressuscita em um testamento, para surpresa de todos.

Pablo Aluísio.

Invasão ao Serviço Secreto

Nesse bom filme de ação, o ator Gerard Butler interpreta Mike Banning, um veterano do serviço secreto dos Estados Unidos. Há muitos anos ele é o encarregado da segurança pessoal do próprio presidente, aqui interpretado pelo sempre ótimo Morgan Freeman. Ele passa, inclusive, a ser cogitado para se tornar o chefe do departamento em que trabalha, mas isso fica em modo de espera. Banning passa por uma situação complicada, pois ele está passando por problemas na vida pessoal. Está sofrendo de uma doença grave, mas esconde isso de todos, dos amigos, dos seus superiores e até mesmo de sua esposa. E sua vida vira de cabeça para baixo quando o presidente sofre um atentado terrorista com drones de alta tecnologia. Depois que vários agentes morrem e o presidente entra em coma, ele passa a ser o principal suspeito, pois sobreviveu sem grandes danos físicos. O FBI também descobre que ele recebeu 10 milhões de dólares em sua conta. O cerco se fecha sobre ele. Assim, fica numa situação limite. Precisando, ao mesmo tempo, salvar sua vida, provar sua inocência e manter protegido o presidente, pois ele é alvo de inimigos internos. 

Esse é um filme de ação a se recomentar. No começo, pensei que seria apenas mais um filme genérico nesse estilo, mas, para minha surpresa, me enganei. O filme tem bom roteiro e ótimas cenas de ação. Existe toda uma conspiração sendo traçada dentro dos prédios da burocracia de Washington. O presidente é, obviamente, o alvo principal. Tudo resultando em um filme coeso e bem realizado, bem-produzido, com ótimas cenas nas quais se destaca o ataque dos drones sobre uma enseada. E o tiroteio final com opositores armados com rifles de alta potência fecha muito bem o filme. Um thriller eficiente que realmente não vai decepcionar quem aprecia esse gênero cinematográfico.

Invasão ao Serviço Secreto (Angel Has Fallen, Estados Unidos, 2019) Direção: Ric Roman Waugh / Roteiro: Ric Roman Waugh / Elenco: Gerard Butler, Morgan Freeman, Frederick Schmidt, Danny Huston, / Sinopse: Após um grave atentado terrorista, um veterano agente do serviço secreto, responsável pela segurança do presidente, precisa provar sua Inocência. Ao mesmo tempo em que investiga uma grande conspiração dentro do próprio governo.

Pablo Aluísio.

sábado, 24 de setembro de 2022

Alguém Avisa?

O gênero comédia romântica já está saturado, e há muito tempo. Isso é bem nítido em cada novo filme que é lançado. Entretanto, esse aqui vai para um outro caminho e até que isso resultou em aspectos positivos. A história é bem interessante. A atriz Kristen Stewart interpreta uma jovem lésbica. Ela tem uma namorada que gosta muito, e elas estão se dando muito bem juntas. Elas se amam realmente. Então ela planeja pedir a namorada em casamento no dia de Natal. Só que sua garota a convida para passar o Natal na casa dos pais. Inicialmente, ela mente dizendo que os pais aceitam muito bem sua orientação sexual. Só que no caminho da viagem, tudo vem abaixo. Ela abre o jogo para a namorada e diz que o pai é um político conservador e a mãe é uma mulher que vive de aparências dentro da sociedade. Impossível que eles venham aceitar o fato da filha ser lésbica e ter uma namorada fixa. E isso embola totalmente o meio de campo. A personagem de Kristen Stewart precisa então mentir, dizer que é apenas a amiga da namorada e que vai passar o Natal com ela porque seus pais morreram. E assim está armada toda a trama deste filme. Duas garotas que são apaixonadas e que precisam fingir que são meras amiguinhas. E a tensão vai crescendo conforme o Natal vai passando. A família da namorada é bem disfuncional, esquisita para falar a verdade. Ela tem duas irmãs com problemas pessoais também. Passar o Natal naquela casa, definitivamente não vai ser nada fácil.

Eu gostei muito desse filme, sinceramente falando, ele tem um ótimo roteiro, uma excelente pegada. Só perde um pouquinho no final, quando apela para as soluções fáceis, mas aí o jogo já está ganho. É um filme que ao mesmo tempo diverte e traz temas importantes para serem discutidos. A questão da aceitação das pessoas LGBT por suas famílias é um tema central neste filme, embora ele tenha o formato de uma comédia romântica despretensiosa. Temas complexos tratados com leveza. Diverte e demole preconceitos arcaicos e obtusos. Eu gostei bastante do resultado final e recomendo. É uma das boas comédias românticas lançadas nos últimos anos.

Alguém Avisa? (Happiest Season, Estados Unidos, 2020) Direção: Clea DuVall / Roteiro: Clea DuVall / Elenco: Kristen Stewart, Mackenzie Davis, Mary Steenburgen, Victor Garber / Sinopse: No Natal, duas garotas que estão namorando e são apaixonadas, precisam fingir que são apenas amigas para a família conservadora de uma delas. E disso resulta uma série de confusões divertidas.

Pablo Aluísio.

Baywatch: S.O.S. Malibu

Essa é uma adaptação de uma famosa série dos anos 90. S.O.S. Malibu nunca foi grande coisa. Vamos ser sinceros. Fez sucesso na TV, mas pelos motivos errados. A série mostrava um grupo de salva-vidas nas praias da Califórnia. Para ganhar a audiência, colocaram garotas bonitas e com peitos de silicone balançando pelas areias escaldantes da praia. Garotas da Playboy, como Pamela Anderson. Claro que acabou fazendo sucesso, mas a série nunca me convenceu em nada. Sempre foi ruim. Então, fazer uma adaptação de um produto original que já não era bom, não poderia resultar em um bom filme. É justamente o que encontramos nesta versão cinematográfica de S.O.S. Malibu. Tudo muito ruim. O roteiro é capenga e, com uma situação básica, nada convincente. As piadas são sem graça, com linguagem chula por todos os lados. 

As cenas de ação são fracas. Até mesmo Dwayne Johnson não está nada bem no papel. Ele é um tipo truculento, brucutu e não tem o tipo físico ideal para interpretar um salva vidas, que são pessoas que precisam sim ser atléticas, mas que precisam ter agilidade. Coisa que ele não tem e deixa claro durante o filme. O mais interessante é que até mesmo no quesito beldades bonitas, o filme deixa a desejar. Ora, a série original tinha mulheres que eram símbolos sexuais da época. Já nesse filme, as atrizes são bem mais ou menos. Assim se perdeu a única coisa que prestava em S.O.S. Malibu, que era beleza estonteante das mulheres das praias da Califórnia. Cadê as loiras peitudas? Enfim, não sobrou nada que preste nesse filme mesmo.

Baywatch: S.O.S. Malibu (Baywatch, Estados Unidos, 2017) Direção: Seth Gordon / Roteiro: Damian Shannon / Elenco: Dwayne Johnson, Zac Efron, Alexandra Daddario, Pamela Anderson, David Hasselhoff / Sinopse: Um grupo de jovens tenta entrar na equipe de salvamentos de Malibu enquanto uma quadrilha de traficantes tenta dominar as praias da região.

Pablo Aluísio.