quinta-feira, 22 de julho de 2021

Um Lugar Silencioso: Parte II

Eu não gostei do primeiro filme. Escrevi que houve uma radicalização nessa coisa toda do silêncio, o que fazia dar sono no espectador. Para quem não conhece a história do filme se passa em um mundo distópico onde seres e criaturas estão basicamente exterminando a raça humana. Esses monstros são cegos, mas possuem uma audição absurda. O menor barulho os desperta e eles surgem com fúria assassina. Pois bem, nessa parte 2 esse problema que chamei a atenção em relação ao primeiro filme foi devidamente corrigido. O silêncio não impera tanto como antes. Já existe um melhor trabalho na trilha sonora incidental e nos próprios efeitos sonoros. O filme assim ficou bem melhor, mais bem resolvido. Não me deu sono, o que já foi uma melhora e tanto!

Agora o roteiro continua apostando apenas nas cenas de suspense e tensão. Não há nada de errado nisso, porém quem estiver em busca de maiores respostas sobre o que aconteceu continuará a ficar sem respostas. Há uma mera tentativa de explicação no começo do filme, mostrando o famigerado Dia 1 da invasão desses bichos, mas tudo o que se fica sabendo é que eles vieram do espaço. O resto não é explicado. O filme se apoia apenas na família tentando sobreviver nesse mundo brutal e violento. De pés descalços, eles vagam, em busca de alimentos e água potável em um mundo destruído. Enfim, minha conclusão é que apesar das perguntas ainda sem respostas, esse segundo filme se revelou bem melhor do que o primeiro. Vale a sessão de cinema.

Um Lugar Silencioso: Parte II (A Quiet Place Part II, Estados Unidos, 2021) Direção: John Krasinski / Roteiro: John Krasinski, Scott Beck, Bryan Woods / Elenco: Emily Blunt, Cillian Murphy, John Krasinski, Millicent Simmonds, Noah Jupe / Sinopse: Uma família (a mãe, dois filhos adolescentes e um bebê) tentam sobreviver em um mundo destruído após a invasão de estranhos seres vindos do espaço sideral.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 21 de julho de 2021

Estranho Passageiro - Sputnik

Uma dupla de cosmonautas é atacado por uma estranha criatura enquanto estão voltando ao Planeta Terra. Quando sua cápsula finalmente toca o solo, um dos cosmonautas russos está morto e outro muito ferido. Levado a uma base secreta do governo soviético (a história se passa nos anos 80), se descobre que ele tem um parasita desconhecido dentro de seu organismo. Um estranho ser que durante as madrugadas sai do corpo de seu hospedeiro e vai em busca de comida, de preferência seres humanos. E diante de um caso tão complexo uma especialista é chamada para ampliar as pesquisas sobre aquele alienígena desconhecido da ciência humana.

Temos aqui uma espécie de "Aliens" russo. Pois é, o filme de Ridley Scott continua gerando herdeiros - ou seriam filhos bastardos? De qualquer forma até que os russos não se saíram mal nessa produção de ficção e terror. E o mais curioso de tudo é que eles realizaram uma produção que segue bem de perto a fórmula usada em filmes produzidos nos Estados Unidos. Os efeitos especiais são bons. Não se compara a nenhum filme do mesmo estilo feito pela indústria americana, mas são bem realizados. E seu final em aberto demonstra bem que os russos já entenderam que continuações de filmes que fazem sucesso também pode ser uma boa ideia.

Estranho Passageiro - Sputnik (Sputnik, Rússia, 2020) Direção: Egor Abramenko / Roteiro: Oleg Malovichko, Andrey Zolotarev / Elenco: Oksana Akinshina, Fedor Bondarchuk, Pyotr Fyodorov / Sinopse: Dois cosmonautas russos retornam para a Terra após uma missão espacial trágica. Um deles traz dentro de seu organismo uma estranha e desconhecida criatura parasita, que logo se torna um sério problema para os soviéticos.

Pablo Aluísio.

Arquivo X: O Filme

"Arquivo X" foi a série de maior sucesso da TV americana durante os anos 90. Os roteiros exploravam dois agentes do FBI que eram encarregados de investigar casos completamente fora do normal envolvendo OVNIs, paranormalidade, monstros, etc. As primeiras temporadas foram inegavelmente brilhantes, mas conforme os anos foram passando as coisas foram desandando. O ator David Duchovny que interpretava o agente Fox Mulder foi o primeiro a cair fora. Depois, tentando manter a série no ar, o criador Chris Carter foi acrescentando novos agentes, novas tramas e novos mistérios. Até que em 2002 a série finalmente foi cancelada, terminando com um dos piores episódios finais de todos os tempos - algo que decepcionou uma legião de fãs da série.

Levar "Arquivo X" para o cinema sempre foi uma ideia que nunca havia chegado a ser concretizada. Por anos houve o projeto, mas nada foi colocado em prática. Quando a série perdeu seus dois principais membros do elenco, o filme finalmente foi produzido. Era uma tentativa de manter a saga viva e trazer os agentes originais de volta. Funcionou em termos. Na época de lançamento Chris Carter afirmou que o roteiro do filme seria independente da série e que qualquer pessoa poderia assistir ao filme, mesmo aqueles que nunca viram um episódio na vida. Era mentira. "Arquivo X: O Filme" só funcionava bem mesmo para quem acompanhava há anos a série na TV. Tanto isso é verdade que muitos críticos afirmaram (com razão) que o longa nada mais era do que um episódio alongado da série. Algo que já havia inclusive acontecido antes. O filme até que ficou muito bom, com ótimas cenas e uma trama consistente. Entretanto para gostar tem que ter um certo conhecimento da série. Caso contrário a coisa não flui, fica meio sem sentido. O filme assim fica no meio termo entre uma boa diversão e um texto mais complexo. É, enfim, uma tentativa de emplacar um produto televisivo no mundo do cinema, se criando mais uma franquia cinematográfica de sucesso.

Arquivo X: O Filme (The X Files, Estados Unidos, 1998) Direção: Rob Bowman / Roteiro: Chris Carter, Frank Spotnitz / Elenco: David Duchovny, Gillian Anderson, John Neville / Sinopse: Primeiro filme de "Arquivo X" para o cinema. Na trama os agentes do FBI Mulder e Scully devem lutar contra o governo em uma conspiração e descobrir a verdade sobre a colonização alienígena da Terra.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 20 de julho de 2021

Gloria Bell

A vida de Gloria Bell (Julianne Moore) não é das mais felizes. Ela se divorciou do marido e seus filhos, agora adultos, não dão muita bola para ela. Para aliviar um pouco essa vida de tensão que se resume em ir para o trabalho e voltar para casa, ela decide frequentar uma discoteca meio capenga e cafona, onde só tocam sucessos da era do disco, dos anos 70. E na pista de dança dessa discoteca fora de moda ela conhece Arnold (John Turturro), um homem de sua idade, que também se diz divorciado e infeliz, pai de duas jovens que parecem nunca encontrar o rumo de suas vidas. Arnold é dono de um velho parque de diversões decadente e enferrujado e logo começa um namoro com Gloria.

Bom filme, mostrando a vida de uma mulher comum, cheia de problemas pessoais, como todos nós. Depois do divórcio ela tenta reconstruir os pedaços de sua vida emocional, mas é tudo tão complicado. Para uma mulher que viveu toda a sua existência reprimida é complicado nessa altura, com essa idade, arranjar um namorado e não ser julgada pelos outros. O namorado também fica longe de ser perfeito. É um cara que parece mentir o tempo todo, fazendo com que ela desconfie que ele ainda é casado. Pior, ele está sempre sumindo dos encontros, sem nem se despedir. Um cara estranho. Enfim, apesar de uma certa melancolia, esse filme me passou algo bem verdadeiro e humano em seu roteiro. E sim, Julianne Moore continua sendo uma grande atriz.

Gloria Bell (Gloria Bell, Estados Unidos, 2018) Direção: Sebastián Lelio / Roteiro: Alice Johnson Boher, Sebastián Lelio, Gonzalo Maza / Elenco: Julianne Moore, John Turturro, Michael Cera, Brad Garrett, Rita Wilson, Caren Pistorius / Sinopse: O filme conta a história de uma mulher bem mais velha e madura que tenta reconstruir sua vida emocional e encontra muitos desafios pelo caminho.

Pablo Aluísio.

Oceanos

Eu até demorei algum tempo para assistir a esse premiado documentário. Eu já sabia que era um filme de extrema qualidade porque foi muito elogiado pela crítica em seu lançamento. Trata-se de uma produção entre França e Estados Unidos, sendo que o investimento americano partiu da Disney Nature, braço do império Disney para documentários sobre o mundo natural. E como o próprio título já deixa antever, esse filme tem como protagonista os oceanos ao redor do planeta, com toda a sua exuberância e força que só a natureza possuem. As imagens são lindas, pois os produtores só escolheram o melhor do que foi filmado para fazer parte do documentário.

O texto narrado pelo ator Pierce Brosnan também é excelente. Ele mostra como a vida na Terra surgiu nos oceanos, pois há bilhões de anos foi justamente no meio aquático que surgiram as primeiras e rudimentares formas de vida. Depois com o passar do tempo alguns animais se aventuraram na Terra, dando origem a toda a fauna que conhecemos. O lado ecológico também se faz presente, como não poderia deixar de ser. Mostra através de imagens capturadas do espaço os estragos causados pelos esgotos despejados no mar. Uma lástima. Enfim, grande documentário. Maravilhoso de se assistir e uma grande lição sobre o mundo que nos cerca.

Oceanos (Océans, Estados Unidos, França, 2009) Direção: Jacques Perrin, Jacques Cluzaud / Roteiro: Christophe Cheysson, Jacques Cluzaud, Laurent Debas / Elenco: Pierce Brosnan, Pedro Armendáriz Jr, )Jacques Perrin / Sinopse: Documentário premiado que explora e mostra a grandiosidade e a importância dos grandes oceanos do planeta Terra, únicos no universo. Filme vencedor do César Awards, na categoria de melhor documentário.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 19 de julho de 2021

Vicky Cristina Barcelona

Esse filme é uma espécie de "novela latina" dentro da filmografia de Woody Allen. Duvida dessa percepção? Então basta dar uma olhada rápida na história. Duas amigas americanas, Vicky (Rebecca Hall) e Cristina (Scarlett Johansson) vão passar férias em Barcelona, na Espanha. Durante um jantar elas conhecem o pintor espanhol Juan Antonio (Javier Bardem), um autêntico "Latin Lover" que as convida para fazer uma viagem a três em Oviedo, uma pequena e bucólica cidade do interior. E deixa claro para as duas que tem intenção de levá-las para a cama! Vicky, a mais certinha, noiva, prestes a se casar, acha um absurdo o convite. Vicky, liberal e sem compromissos, acha tudo normal. Ela gosta do convite. E elas acabam viajando com o galanteador latino, cheio de sensualidade.

Para completar o quadro de puro folhetim, Vicky acaba ficando apaixonada por Juan Antonio, apesar do noivo que passa a levar chifres em série. Cristina nem pensa duas vezes, se atira na cama do conquistador. Só que há mais um elemento envolvido nesse triângulo amoroso, a ex-esposa do pintor, uma mulher escandalosa, dada a gritos e gestos extremos, Maria Elena (Penélope Cruz) que não consegue esquecer o ex-marido! Lendo esse resumo da história não lhe pareceu tudo uma grande novela? Pois é isso mesmo. Woody Allen aqui deixou de lado seus papos intelectuais de lado e partiu para algo bem de acordo com a tradição do folhetim, que tanto agrada aos latinos em geral. Eu também gostei do filme, apesar de sua proposta mais modesta de apenas contar uma boa história. Algumas vezes isso já basta.

Vicky Cristina Barcelona (Estados Unidos, Espanha, 2008) Direção: Woody Allen / Roteiro: Woody Allen / Elenco: Rebecca Hall, Scarlett Johansson, Javier Bardem, Penélope Cruz / Sinopse: Duas amigas americanas, uma delas noiva e prestes a se casar, sucumbem aos galanteios de um amante latino durante suas férias em Barcelona. O problema vai ser superar a ex-esposa do sujeito, uma espanhola com um gênio forte e acostumada a fazer muitos escândalos.

Pablo Aluísio.

A Nação do Medo

Veja que argumento interessante: o que teria acontecido ao mundo se os nazistas tivessem vencido a Segunda Guerra Mundial? Imagine todas as nações conquistadas vivendo sob o regime alemão, onde a figura mais idolatrada passaria a ser a de Adolf Hitler, considerado um herói e um exemplo para toda a humanidade! Chocante, não é verdade? Pois é basicamente nesse mundo ficcional que esse estranho e perturbador enredo se passa. O curioso é que o espectador fica bem incomodado com as cenas iniciais, mas conforme o filme avança a ideia central começa a parecer absurdamente normal e aceitável. E não foi por outra razão que "Fatherland" acabou sendo recebido com polêmica. Afinal de contas muitos poderiam vir a entender que a produção seria na verdade uma tremenda propaganda neonazista. Ledo engano.

O filme é inteligente o suficiente para escapar desse tipo de armadilha. Feito para a TV, "A Nação do Medo" acabou sendo reconhecido por seus próprios méritos, a ponto de ganhar indicações importantes no Globo de Ouro onde foi indicado ao prêmio de Melhor Minissérie ou Filme realizado especialmente para a TV. Melhor se saiu a atriz Miranda Richardson que acabou levando o Globo de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante na mesma premiação. Plenamente merecido, pois ela está ótima em seu papel. Já no "Oscar da TV", o Emmy Awards, a produção acabou sendo premiada por sua bela direção de arte, afinal de contas recriar um mundo nazista nos dias de hoje realmente exigiu muito talento e imaginação. Então é isso, meio esquecido atualmente "A Nação do Mundo" é um filme bem interessante e instigante. Uma obra que merece ser redescoberta.

A Nação do Medo (Fatherland, Estados Unidos, 1994) Direção: Christopher Menaul / Roteiro: Robert Harris, Stanley Weiser/ Elenco: Rutger Hauer, Miranda Richardson, Peter Vaughan / Sinospe: Em um mundo distópico e estranho, os nazistas venceram a II Guerra Mundial, impondo sua ideologia para toda a humanidade. Filme premiado pelo Globo de Ouro e Emmy Awards.

Pablo Aluísio.

domingo, 18 de julho de 2021

Caninos Brancos

Essa animação francesa é de encher os olhos. Uma adaptação excelente do clássico livro de Jack London, material de origem de primeira linha. Já havia sido adaptado antes, com sucesso, pelos estúdios Walt Disney. Agora virou essa caprichada animação a cargo do talentoso diretor Alexandre Espigares. A história é bem conhecida, mostrando o lobo Caninos Brancos desde seu nascimento no meio da floresta, até a separação de sua mãe e seu contato com os seres humanos. Ele inicialmente passa a puxar o trenô de um nativo, depois é vendido, indo parar nas mãos de um criminoso que organiza rinhas de lutas de cães.

Sua sorte muda quando finalmente passa a ser criado por um xerife e sua bondosa esposa, mas o chamado da vida selvagem mais uma vez se mostra forte e irresistível, sendo que ele decide voltar para a mesma floresta de picos montanhosos gelados onde nasceu. Uma história maravilhosa, que em certos momentos apresenta sinais de uma rudeza e crueldade que cheguei até mesmo a duvidar se esse tipo de material seria mesmo indicado para as crianças. Um aspecto interessante é que os animais são retratados com realismo, enquanto os seres humanos surgem em traços de caricatura. Boa decisão que reforça o lado mais sórdido de certos personagens. Em suma, animação classe A. Simplesmente perfeita. Nota 10.

Caninos Brancos (Croc-Blanc, França, 2018) Direção: Alexandre Espigares / Roteiro: Philippe Lioret, Serge Frydman, baseados na obra escrita por Jack London / Elenco: Raphaël Personnaz, Virginie Efira, Dominique Pinon / Sinopse: Caninos Brancos é um Lobo. Nascido na floresta, ele acaba tendo contato com o ser humano, conhecendo o lado mais sórdido e malvado do homem. Filme pemiado pelo Annecy International Animated Film Festival.

Pablo Aluísio.