quinta-feira, 16 de julho de 2015

Bullet

O ator Mickey Rourke passou por um período muito ruim em sua carreira durante a década de 1990. Depois de um começo promissor e recheado de pequenos e grandes clássicos como "O Selvagem da Motocicleta" e "Coração Satânico", um ainda jovem Rourke começou a brigar com produtores, diretores e executivos dos grandes estúdios. O resultado dessa sua rebeldia foi o ostracismo. Ele não foi mais escalado para nenhum grande filme, nenhuma produção milionária. Os produtores não confiavam mais nele e seu histórico de confusões nos set de filmagens jogaram sua carreira no fundo do poço. Durante quase uma década Rourke teve que se contentar em aparecer em pequenas produções independentes, sendo que muitas delas mal conseguiam espaço de exibição no circuito comercial.

Esse "Bullet" é um exemplo típico do tipo de filme que Rourke teve que fazer para sobreviver. É um filme de baixo orçamento com roteiro escrito pelo próprio Mickey Rourke (que o assinou usando o estranho pseudônimo de Sir Eddie Cook!). É um daqueles policiais genéricos que não conseguem se sobressair do lugar comum do que era feito naqueles anos. Tudo bem básico e sem maiores novidades. Hoje em dia o filme ganhou um status cult impensável em seu lançamento. A razão de ser é até fácil de explicar pois o elenco traz o famoso rapper Tupac Shakur que seria assassinado naquele mesmo ano, o que contribuiria ainda mais para transformar seu nome em mito para os fãs de seu estilo musical. Shakur era amigo pessoal de Rourke e fez o filme quase como um favor pessoal para ele. Seu personagem não tem absolutamente nada demais, mas sua simples presença já vale o interesse, principalmente em relação aos seus fãs, que definitivamente não são poucos ao redor do mundo. Afinal de contas ele apareceu em apenas 10 filmes ao longo de sua vida e esse foi um dos seus últimos momentos no mundo do cinema.

Bullet (Bullet, Estados Unidos, 1996) Direção: Julien Temple / Roteiro: Mickey Rourke (como 'Sir' Eddie Cook) , Bruce Rubenstein / Elenco: Mickey Rourke, Frank Senger, Adrien Brody, Tupac Shakur / Sinopse: O submundo do crime e das drogas de uma maneira que você nunca viu. Com atuação do famoso rapper Tupac Shakur, que seria covardemente assassinado alguns anos depois.

Pablo Aluísio.

Hung

Título no Brasil: Hung
Título Original: Hung
Ano de Produção: 2009 - 2011
País: Estados Unidos
Estúdio: HBO
Direção: Colette Burson, Dmitry Lipkin
Roteiro: Colette Burson, Dmitry Lipkin
Elenco: Thomas Jane, Jane Adams e Charlie Saxton

Sinopse: 
Ray Drecker, um professor e treinador de basquetebol de uma escola secundária de classe média cuja vida está desmoronando, tenta ganhar uma renda extra de qualquer maneira. Depois de pensar em várias alternativas ele acaba descobrindo que sua única chance é virar um garoto de programa para senhoras mais velhas. Assim ele resolve então ser um gigolô nas horas vagas para pagar suas dívidas. Sua primeira cliente, uma mulher frustrada que não consegue se relacionar com os homens, acaba se tornando sua empresária no ramo, ou melhor dizendo, sua cafetina!

Comentários:
Com a crise americana o mar não está para peixe. Esse filme mostra um professor que não consegue mais viver com seu salário miserável. Para sobreviver então resolve radicalizar. A série é bem curiosa e interessante principalmente porque tem um tipo de humor que eu gosto bastante - é aquele tipo de situação engraçada que nasce do constrangimento, onde o espectador não sabe direito se ri ou chora da situação do personagem principal. No caso aqui um professor de High School completamente falido, sofrendo com o divórcio e além do mais sem casa (pois a sua pega fogo no primeiro episódio). Sem grana, corneado, falido e na rua a única coisa que lhe resta é utilizar o único talento natural que ele tem, que aliás faz muito sucesso com as mulheres! A série (que infelizmente já foi cancelada) tem certos paralelos com o sucesso "Breaking Bad". Em ambos os casos o enredo gira em torno de um professor colegial com muitos problemas financeiros. No caso de "Breaking Bad" tínhamos um professor de química que resolve entrar no tráfico de drogas pesadas. Já aqui é praticamente a mesma coisa, só que ao invés de vender drogas o professor resolve se vender, literalmente. Apesar disso o tom é bem humorado e divertido. A conclusão que chegamos ao final é a de que ser professor não é dureza apenas no Brasil mas ao que parece nos Estados Unidos também. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Terra Fria

Não adianta. Algumas atrizes são tão bonitas que nem em histórias trágicas e sofridas se consegue retirar sua beleza para fora das telas. Charlize Theron sempre foi uma das mais belas do cinema atual. Tentando fugir desse rótulo ela andou procurando por roteiros mais desafiadores, que a tirassem desse modelo de beleza vazia que andava sondando sua filmografia. Afinal esse é de certa forma um estigma que acompanha muitas atrizes e atores. Eles temem que sem o devido reconhecimento por seu trabalho dramático sejam esquecidos após os anos lhes retirarem sua estética. Afinal de contas um rosto bonito só dura mesmo alguns poucos anos.

Nesse "North Country" Charlize Theron interpreta Josey Aimes. Ela é uma mãe solteira que precisa trabalhar para criar seus dois filhos. De volta à terra natal, em Minnesota, tudo o que consegue arranjar é um emprego duro nas minas da região. O trabalho é pesado, mas o salário minguado pelo menos coloca a comida sobre a mesa e para ela isso é tudo o que importa no momento. O problema é que ela, por ser uma bela mulher ainda, acaba sendo vítima de assédio sexual de seus próprios superiores no emprego. A partir daí a coisa foge do controle e sua história acaba sendo o retrato das dificuldades que as mulheres enfrentam dentro do mercado de trabalho. Um filme muito bom em que Charlize tenta de todas as formas surgir na tela não como uma deusa do cinema, mas sim como uma mulher normal, operária, que tenta ganhar a vida de forma honesta e íntegra. Ela conseguiu. Belo roteiro social que merece passar por uma nova revisão, sempre que possível.

Terra Fria (North Country, Estados Unidos, 2005) Direção: Niki Caro / Roteiro: Michael Seitzman, Clara Bingham / Elenco: Charlize Theron, Jeremy Renner, Frances McDormand / Sinopse: O filme conta a história de uma mãe solteira em um momento particularmente complicado de sua vida. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Charlize Theron) e Melhor Atriz Coadjuvante (Frances McDormand). Também indicado ao Globo de Ouro e ao Bafta nas mesmas categorias.

Pablo Aluísio.

Vikingdom

Título no Brasil: Vikingdom
Título Original: Vikingdom
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos / Malásia
Estúdio: KRU Studios
Direção: Yusry Abd Halim
Roteiro: James Coyne
Elenco: Dominic Purcell, Natassia Malthe, Conan Stevens

Sinopse: 
Com o avanço cada vez maior do Cristianismo a antiga religião pagã Viking corre o risco de desaparecer. Para evitar que isso ocorra um dos deuses nórdicos, Thor, o Rei do Trovão (o mitológico e não o personagem Marvel) vem para a Terra com o objetivo de abrir um portão que dará acesso para o nosso mundo aos deuses pagãos sedentos de sangue. Para evitar que isso ocorra um antigo rei sem trono, Eirick (Dominic Purcell), que fora abençoada por uma deusa feminina após uma batalha insana, parte em uma jornada épica para salvar o mundo da destruição completa.

Comentários:
Muito ruim esse "Vikingdom". Em um roteiro com muito realismo fantástico pouca coisa realmente se salva. A violência é constante e gratuita. Se ao menos fosse bem feita ainda daria para aceitar com reservas, mas os efeitos são primários, muito mal realizados. Até parece que o filme foi feito no PC de algum garoto de 14 anos. O vilão Thor é simplesmente patético, levantando a todo momento seu martelo nada convincente, que mais parece ter sido feito com material vagabundo. Para piorar o filme usa de efeitos obtusos, como péssimos raios desabando sobre o nosso mundo. Chega a dar vergonha alheia. Enfim, como foi muito bem escrito por um crítico americano esse "Vikingdom" é sem dúvida um dos piores filmes feitos em nossa era. Merece o título de fato. Fuja!

Pablo Aluísio.

terça-feira, 14 de julho de 2015

O Enigma do Horizonte

Uma equipe de resgate é enviada até os confins do universo para investigar uma nave espacial que havia sido tragada por um buraco negro no passado, mas que agora ressurgia novamente, de forma inesperada, praticamente do nada, trazendo algo ou alguma coisa desconhecida pela ciência humana a bordo. O diretor Paul W.S. Anderson nunca foi de realizar filmes banais, que não tivessem algum tipo de originalidade em relação ao seu gênero cinematográfico mais tradicional. Aqui, seguindo a tradição de sua filmografia, também procurou realizar algo diferente.

Claro que em se tratando de ficção sempre teremos como referência máxima o clássico de Stanley Kubrick, "2001 - Uma Odisséia do Espaço". "Event Horizon" assim não consegue escapar dessa obra prima do gênero e traz vários elementos do famoso clássico para o roteiro dessa produção, mas claro que tudo com um pouco menos de sucesso do ponto de vista artístico. Mesmo assim é um filme bem interessante, bem escrito e com ótima direção de arte. Os efeitos especiais também estão a serviço do roteiro e não o contrário como costumeiramente acontece nesse tipo de filme. Boa diversão que consegue até resistir bravamente ao tempo, algo que também sempre atinge filmes de ficção em geral. O passar dos anos costuma ser desastroso para o estilo Sci-Fi.

O Enigma do Horizonte (Event Horizon, Estados Unidos, 1997) Direção: Paul W.S. Anderson / Roteiro: Philip Eisner / Elenco: Laurence Fishburne, Sam Neill, Kathleen Quinlan / Sinopse: Uma viagem espacial sonda os limites da mente humana.

Pablo Aluísio.

Felicity

Essa série acabou há onze anos mas só agora assisti seu episódio final. Na realidade eu comecei a acompanhar essa série na época de seu lançamento quando começou a ser exibida no SBT. Como naquela época não tinha ainda TV a cabo era uma opção de algo que se não era ótimo, pelo menos quebrava um galho no meio da horrenda programação da TV aberta. Depois disso fiquei sem assistir por anos e anos. A série acabou e como estava com a vida muito ocupada (faculdade, estágio, estudo) nem me preocupei muito em ir atrás. Depois que as coisas ficaram mais calmas uma grande amiga me deu de presente o box com as três últimas temporadas. Naquele sistema "estou sem fazer nada e isso pode ser interessante" comecei a assistir novamente. Verdade seja dita, a série tinha sim seus méritos, era bem produzida, captava bem o clima dos estudantes universitários de Nova Iorque e os romances, dramas e envolvimentos dos personagens faziam com que eu sempre fosse em frente, assistindo ao próximo episódio.

Nos Estados Unidos "Felicity" começou como um estouro. Foi um grande sucesso em sua primeira temporada mas assim que a nova temporada começou foi perdendo audiência. Para piorar a atriz Keri Russell resolveu sem consultar o estúdio cortar seus longos cabelos encaracolados (um dos fetiches de quem acompanhava os episódios). Como o público jovem sempre foi muito volátil a audiência depois disso desabou vertiginosamente! A atriz que era muito simpática com o visual antigo ficou estranha com aquele corte e os jovens que faziam parte da audiência simplesmente viraram a cara para a série. Mesmo assim "Felicity" foi em frente e conseguiu, aos trancos e barrancos, chegar na quarta temporada quando finalmente foi cancelada de forma abrupta. Diziam que a última temporada era péssima. Pois bem, como sou curioso resolvi encarar. São incríveis 22 episódios sem nada a acrescentar. J.J. Abrams já mostrava em "Felicity" que ele era muito bom em desenvolvimento de séries, mas péssimo em conclusões (algo que se repetiria em Lost). Os últimos episódios de "Felicity" são inacreditavelmente ruins - só para se ter uma ideia ela volta ao passado para consertar sua vida e tudo sai errado, inclusive com a morte de um dos personagens principais. Simplesmente horrível. Enfim, só queria mesmo deixar registrado minhas impressões sobre essa série que terminei de ver hoje. Se você assistiu à primeira temporada e gostou fica o conselho: deixe por ai mesmo, não vale a pena seguir em frente!

Felicity (Idem, Estados Unidos, 1998 - 2002) Criado por J.J. Abrams, Matt Reeves / Roteiro:  J.J. Abrams, Matt Reeves / Elenco: Keri Russell, Scott Speedman, Scott Foley / Sinopse:  Felicity Porter (Keri Russell) é uma estudante do ensino médio que passa todos os anos de seu colegial apaixonada platonicamente por Ben Covington (Scott Speedman). Quando esse termina o high school e se matricula em uma universidade de Nova Iorque, Felicity resolve ir atrás dele, em busca do grande amor de sua vida.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

A Maldição da Selva

Joseph Conrad (1857 - 1924) publicou "Heart of Darkness" em 1899. O enredo parecia ser simples, porém Conrad usou isso apenas como um mero pretexto narrativo. Na verdade seu texto mostrava os meandros de uma mente perturbada e ia fundo no lado mais sombrio da alma humana. Setenta anos depois que foi publicada pela primeira vez a obra acabou ganhando grande popularidade quando serviu de base para o roteiro do clássico "Apocalypse Now" de Francis Ford Coppola. Não foi uma adaptação fiel, já que o cineasta resolveu transpor a trama para o contexto histórico da Guerra do Vietnã. Claro que em termos de grandiosidade o filme de Coppola é irrepreensível, ainda mais por trazer um Marlon Brando sobrenatural em sua atuação.

A questão é que ficou por muitos anos a vontade de conhecer melhor a obra original, numa adaptação mais fiel do livro de Conrad. É justamente isso que esse filme se propôs a realizar. O diretor veterano Nicolas Roeg resolveu retirar todas as partes inseridas por Coppola para filmar a história tal como foi escrita no século XIX. Assim saiu o quadro do Vietnã e entra o da África selvagem. A base do enredo segue sendo a mesma, a busca por um homem que teria literalmente enlouquecido no meio da selva. O estranho personagem Kurtz agora é interpretado pelo também excelente ator John Malkovich que obviamente jamais poderia ser comparado a Brando. É um filme por demais interessante, até como forma de conhecer melhor a história como foi originalmente concebida e criada. A sensação que fica após a exibição é a de que sem dúvida o material original é muito bom e interessante, contudo a colaboração e a genialidade de Coppola realmente fez toda a diferença do mundo no clássico filme que assinou em 1979. Isso só veio mesmo a comprovar que ele sempre foi um gênio da sétima arte.  

A Maldição da Selva (Heart of Darkness, Estados Unidos, 1993) Direção: Nicolas Roeg / Roteiro: Benedict Fitzgerald / Elenco: Tim Roth, John Malkovich, Isaach De Bankolé / Sinopse: A história de um homem obcecado e enlouquecido pela selva tropical. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator (John Malkovich). Também indicado ao Screen Actors Guild Awards na mesma categoria.

Pablo Aluísio.

McMillan & Wife

Título no Brasil: McMillan & Wife
Título Original: McMillan & Wife
Ano de Produção: 1971 - 1977
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal TV
Direção: Vários
Roteiro: Série criada por Leonard Stern
Elenco: Rock Hudson, John Schuck, Susan Saint James

Sinopse:
"McMillan & Wife" mostra o cotidiano do casal Stewart 'Mac' McMillan (Rock Hudson) e Sally McMillan (Susan Saint James). Eles formariam o típico casal de San Francisco dos anos 1970 se não fosse por um detalhe mais do que importante: Ele é comissário de polícia e ela, apesar de ser apenas uma simples dona de casa, sempre acaba resolvendo os misteriosos crimes que o maridão está investigando.

Comentários:
Nunca foi exibida no Brasil em canais abertos mas nos EUA fez grande sucesso. O interesse dos cinéfilos nessa série vem do fato dela ter sido estrelada pelo ator Rock Hudson, um dos mitos do cinema clássico de Hollywood. Com a idade chegando Rock foi ficando sem trabalho, uma vez que ele era o galã típico dos anos 1950 e 1960. Galãs quando envelhecem acabam perdendo o emprego como bem se sabe. Sem grandes convites para o cinema ele acabou aceitando fazer essa série, inicialmente por pouco tempo, mas que por causa do sucesso de audiência duraria longas seis temporadas. Rock detestava TV. Não acompanhava e não gostava de estar em uma série televisiva pois a achava indigna de seu status de grande ator de cinema mas não houve outro jeito. Adotou um bigodão e procurou se divertir no novo meio. De bom havia o alto salário que recebia por episódio e a chance de trabalhar em San Francisco, uma cidade de que ele gostava muito (também conhecida como a capital gay da América). Hudson contracenou com a jovem Susan Saint James, que ele considerava uma típica hippie daqueles anos. Mesmo assim se deram bastante bem nos bastidores. Na última temporada ela deixou a série, alegando que queria construir uma carreira no cinema e o seriado passou a se chamar apenas "McMillan". Do ponto de vista de qualidade a série fica na média do que era feito na TV americana da época. Há bons episódios intercalados com bobagens. A primeira e a segunda temporada foram lançadas em DVD nos Estados Unidos e Inglaterra, o que proporcionará agora aos fãs de Rock Hudson uma ótima oportunidade de assistir à série e acompanhar o astro de "Assim Caminha a Humanidade" perseguindo bandidos pelas ladeiras de San Francisco. Um programa no mínimo bem interessante. 

Pablo Aluísio.