Data: Fevereiro de 1973 / Local: Hotel Hilton, Las Vegas / Texto: Phill Moss / Photo: New York Times.
O Dia em que Elvis quis matar Mike Stone
Cantor e músico do grupo The Stamps, que começou sua carreira como intérprete de hinos religiosos, J. D. Sumner fez revelações ao repórter americano Phil Moss em 1980, sobre a época em que foi uma espécie de guru e confessor de Elvis Presley. Sumner começou a entrevista declarando: "Eu não nego que Elvis usasse as pílulas receitadas pelo Dr. George Nichopoulos, condenado na justiça por lhe ter receitado doses excessivas de drogas. Mas ele não era viciado em tóxico algum. Acontecia é que abusava da medicação. O medico legista de Memphis teve razão ao dizer que Elvis morreu de um ataque cardíaco e não de conseqüências de ingestão de uma dose excessiva de tóxicos". Ele explica: "A mãe de Elvis morreu na casa do 40 anos. Um de seus tios maternos também morreu com a mesma idade. A mãe dele tinha problemas com o fígado. Elvis, alem de ter problemas com o fígado, tinha também uma doença de cólon. Essas duas enfermidades deterioraram todo o seu organismo e provocaram o mal cardíaco. Sabendo disso, Elvis me disse: 'Eu sei que não chegarei aos 50 anos'. E, realmente, ao morrer, a 16 de agosto de 1977, tinha apenas 42".
Sumner sabe, de ciência própria, o que são problemas cardíacos, pois já se submeteu a uma cirurgia de coração, em 1978. Como ele era 10 anos mais velho do que Elvis, mereceu a confiança deste, sendo escolhido para seu confidente. O único homem que chegou a gozar do mesmo grau de intimidade com Elvis foi o professor de caratê do cantor, Ed Parker. Mas faz uma reserva: "Ele e Parker só falavam em caratê e das influencias espirituais desse exercício, enquanto comigo se abria sobre outros assuntos, que nem ao próprio pai revelava". O mais curioso de tudo é que nem Parker, nem Sumner, faziam parte da folha de pagamento permanente do cantor. Baixando o tom de voz, Sumner falou da fúria que se apoderou de Elvis Presley, quando descobriu que sua esposa, Priscilla, a quem adorava, o estava enganando com o instrutor de caratê Mike Stone. E acrescentou: "Elvis queria mandar assassinar Mike Stone. Isso aconteceu às 4h30min da madrugada, num dia de 1973, no Hotel Hilton, de Las Vegas" - relembra J.D. Sumner - "Nessa noite eu estava num quarto do 28º andar, quando, em plena madrugada, o telefone tocou. Era Joe Esposito, um dos membros da chamada Máfia de Memphis, que me pedia para subir, com urgência, à suíte de Elvis, no 30º andar. Encontrei-o na cama, furioso, com a mão direita inchada e esfolada. Estivera dando murros na parede. Acabara de saber que sua esposa era amante de outro homem". Fui logo perguntando, "Mas o que é isso, Elvis? Que diabos aconteceu?"
Ele disse: "Aquele filha de uma cadela, o Mike Stone, tomou a milha mulher...Eu tenho que matar aquele filho de uma cadela!" Sumner diz que nunca tinha visto Elvis Presley tão enfurecido e tão violento. Precisava pensar depressa. E lhe declarou: "Pois então me dê a sua pistola! Telefone ao piloto do seu avião para que ele me leve agora mesmo a Los Angeles, onde o tal Mike Stone se encontra. Eu sei onde ele vive e o encherei de balas..." Sumner diz que Elvis ficou um tanto desconcertado com a rapidez de sua decisão e disse: "Não, não quero que você faça isso..." Era evidente que J.D. Sumner não tinha a menor intenção de matar o amante de Priscilla, apenas disse que o mataria. Summer explica: "Falei isso para Elvis na intenção da fazê-lo se convencer de que eu estava solidário com ele. Achei que, na ocasião, era o que de melhor lhe poderia dizer" E continua J.D. Sumner: "Naquela madrugada, resolvemos rezar. E disse a Elvis: Ouça, quando uma pessoa está numa situação dessas só ha uma pessoa que pode lhe dar alivio e consolo. Essa pessoa é Deus. Você quer me acompanhar numa oração?" E sua resposta foi sim. "Então chamei todos, inclusive Red e Sonny West, seus primos, que acabariam escrevendo um livro devastador contra ele anos mais tarde. Segurei uma das mãos de Elvis e rezamos. Depois dessa reza, ele se acalmou e foi dormir. O mais extraordinário foi o que aconteceu depois que ele acordou. O furor homicida da véspera havia desaparecido. E Elvis, arrependido, queria mandar de presente a Mike Stone um valioso colar. Eu lhe declarei que não fizesse isso e não o transformasse num dos nossos. Tão descabida quanto a reação anterior. Mas era perfeitamente explicável. Elvis começou a se analisar e a culpar a si mesmo pelo fracasso do seu casamento. O verdadeiro culpado era ele mesmo e não Mike Stone".
O modo como Sumner reconstituiu esse episódio difere da versão dos guarda costas Red e Sonny em seu livro, "Elvis: o que aconteceu?". Segundo esse livro, só eles dois e Linda Thompson, a namorada de Elvis, estavam presentes quando o cantor pensou em matar Mike Stone. Mas ainda Sumner declara que não se tratava de simples rumores, boatos ou mexericos. "Ao contrário, fora a própria Priscilla quem, de forma leal e corajosamente, dissera ao marido que não gostava mais dele e se apaixonara por Mike. O casamento deles estava acabado. Mas é preciso que se diga, foi o próprio Elvis quem lançou Priscilla nos braços do amante, exigindo que ela tomasse lições de caratê com ele. Eu nunca deixaria minha esposa numa cidade, tomando lições de caratê com outro homem, e ir cantar num cassino de Las Vegas, durante um mês inteiro. Alguma coisa poderia acontecer. E, na verdade, aconteceu!" Por vezes, tinha ele de ouvir durante seis horas a fio as confidências do cantor, ainda confuso com o seu drama intimo. E, ao fim de tudo, Elvis perguntava: "Mas o que aconteceu com a minha vida conjugal? Que aconteceu comigo e Princilla? Não posso falar com meu pai sobre essas coisas, prefiro falar com você". E humildemente, declarara: "Não posso me conformar com o que aconteceu. Fiz tudo o que poderia fazer, mas Priscilla simplesmente não quer se reconciliar comigo!" De uma coisa J.D. Sumner teve certeza: O fim do casamento com Priscilla marcou o começo da derrocada final de Elvis Presley.
Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio.