terça-feira, 21 de setembro de 2010

Elvis Presley - Discografia Brasileira 1957

1957 foi um ano ridículo para os fãs brasileiros de Elvis Presley. Imagine ser fã do cantor mais famoso do mundo e não ter acesso ao que ele está lançando nos EUA. É justamente isso que aconteceu aqui no Brasil no ano de 1957. A impressão que se passa é de que a filial da RCA em nosso país simplesmente não acreditava em Elvis como potencial de vendas. Só isso justifica o fato de não ter sido lançado nenhum álbum do cantor daquele ano no Brasil.

É óbvio que o Brasil era muito atrasado em tudo (continua sendo), mas é complicado entender porque os álbuns “Loving You”, “Elvis Christmas Album” e a trilha de “Jailhouse Rock” completa não chegou aos fãs da época. O único “lançamento” em álbum daquele ano foi “Elvis” que foi lançado no ano anterior nos EUA. Pelo menos a edição nacional seguiu os passos da americana. Para se ter uma idéia do atraso o “Elvis Christmas Album” só chegou no mercado nacional quatro anos depois, com outra capa.

Na realidade os fãs nacionais consumiram em 1957 o que havia sido lançado um ano antes, em 1956, nos EUA. Ao invés de colocar os últimos lançamentos nas lojas a RCA Brasil lançou vários compactos duplos do primeiro disco americano de Elvis e a trilha sonora em compacto duplo de “Love Me Tender”. Em relação a esses compactos duplos outra peculiaridade é que eles trouxeram uma seleção de músicas diferentes das edições americanas. Fora isso nada de novo. A salvação veio nos singles que foram lançados por aqui com relativa rapidez, seguindo fielmente as edições americanas – menos nas capas pois nem todos seguiram a direção de arte original.

Assim foram lançados cinco compactos, todos em 78 ou 45 RPM. A maior curiosidade nesse pacote foi o single “Don´t Leave Me Now / Baby I Don´t Care”, praticamente único no mundo, sem qualquer semelhança com a discografia norte-americana. Foi a forma encontrada pela RCA daqui de disponibilizar aos fãs o restante da trilha sonora de “Jailhouse Rock” que não foi lançada de forma completa como aconteceu nos EUA  (onde ganhou bela edição com todas as canções do filme no formato EP – Compacto Duplo).  Enfim, a discografia brasileira seguia aos trancos e barrancos, com atrasos, omissões e falhas, muitas falhas. Segue abaixo a relação de todos os itens lançados no Brasil em 1957:

Álbum:
Elvis
(Rip it Up / Love me / When my blue Moon Turns to Gold Again / Paralyzed / So Glad You're Mine / Old Sheep / Ready Teddy / Anyplace is Paradise / Long Tall Sally / First in Line / How do you Think I fell / How's The World Treating You)

Compactos Simples (Singles):
Too Much / Playing for Keeps
All Shook Up / That's When Your Heartaches Begin
Teddy Bear / Loving You
Jailhouse Rock / Treat Me Nice
Don´t Leave Me Now / Baby I Don´t Care

Compactos Duplos (EPs)
Elvis Presley
(Blue Suede Shoes / I Got a Woman / One-Sided Love Affair / I'm Counting On You)
Elvis Presley
(I Got a Woman / Tutti Frutti / One-Sided Love Affair / Trying to Get You)
Elvis
(Rip It Up / Love Me / Long Tall Sally / So Glad You-re Mine)
Love Me Tender
(Love Me Tender / Let Me / Poor Boy / We´re Gonna Move)

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Elvis Presley - A Date With Elvis - Parte 1

Esse álbum "A Date With Elvis" seguia basicamente a mesma fórmula do "For LP Fans Only". São duas faces da mesma moeda, ou melhor dizendo, discos que se espelham um no outro. O mesmo tipo de conteúdo, a mesma "filosofia" na escolha das canções. Basicamente aqui os executivos da RCA Victor pincelaram músicas avulsas gravadas por Elvis, desde os tempos em que o cantor gravava na Sun Records, para a composição de uma coletânea de, vamos colocar nesses termos, músicas "Lado B". Boas músicas, algumas excelentes faixas, mas que até aquele momento não tinham chamado maior atenção dos fãs (estou em referindo ao final dos anos 1950).

Uma das belas canções que foram usadas nesse álbum foi a bonita balada "Is It So Strange". Aqui eu costumo dizer que temos um arranjo bem simbólico daquela primeira fase do rock americano. Percebam bem o estilo de tocar guitarra de Scotty Moore. Esse tipo de arranjo era algo muito característico nas músicas românticas dessa época. Como diria George Harrison anos depois a guitarra"chorava" em cada nota produzida pelo músico. Algo muito bonito, bem nostálgico daqueles tempos mais românticos e mais sentimentais. Gravada em 19 de janeiro de 1957, composta por Faron Young, essa linda música nunca ganhou o espaço merecido dentro da discografia de Elvis Presley.

Arthur Neal Gunter foi um músico negro americano que desde os primeiros passos na carreira no estado da Georgia onde nasceu, tentou fazer sucesso com sua música. Porém nunca alcançou os picos da glória. Ele circulou por uma série de pequenas gravadoras do sul dos Estados Unidos até ir parar em Nashville. Só que Gunter não era um artista country, mas sim de blues e gospel. Ele inclusive vinha de um grupo vocal chamado Gunter Brothers Quartet, onde ao lado de seus irmãos e primos tentava chamar alguma atenção das gravadoras da época.

Em novembro de 1954 ele assinou com o selo fonográfico Excello para a gravação de um pequeno compacto (single). No lado A desse disquinho gravou a sua música "Baby Let's Play House". O sucesso foi mediano, mas satisfatório, chegando até mesmo a se destacar dentro da parada Billboard. E não demorou muito a chamar a atenção de um jovem chamado Elvis Presley que decidiu gravar sua versão da música. Claro, Elvis erotizou bastante a letra e o jeito de interpretar a canção, ao ponto inclusive de ser taxado de perversão pelos reacionários de plantão. Não importa, na voz de Elvis essa música realmente se tornou imortal. Curiosamente alguns meses antes de morrer em 1976 Arthur Gunter disse em uma entrevista para uma revista americana de música que "nunca teve a oportunidade de conhecer Elvis pessoalmente, nem de apertar sua mão". Infelizmente eles nunca se conheceram pessoalmente. Teria sido um encontro muito interessante, sem dúvida.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - A Date With Elvis - Parte 2

Esse álbum, como já frisei, foi lançado enquanto Elvis estava servindo o exército na Alemanha Ocidental. Era a época da guerra fria, da cortina de ferro. Os socialistas da Alemanha Oriental consideravam a presença de Elvis naquela região como uma provocação, uma propaganda política do lado capitalista decadente. Coisas da época. Pois bem, uma das músicas desse disco havia sido lançada originalmente no primeiro single de Elvis na Sun Records. Era a baladinha country "Blue Moon of Kentucky". Gravada em julho de 1954, havia sido composta por Bill Monroe.

Eu fico imaginando os fãs da época, roqueiros e tudo mais, colocando o novo disco de Elvis para tocar e se deparando com um country ingênuo desses. Afinal poucos tinham tido acesso aos compactos originais da Sun. Para a imensa maioria dos fãs aquela faixa, mesmo antiga como era, soava como novidade. E de repente o Rei do Rock surgia cantando uma balada country de montanha. Deve ter sido algo bem estranho para aqueles jovens roqueiros, cheios de brilhantina no cabelo, posando de Teddy boys. Não era o tipo de som que essa juventude estava acostumada a ouvir. Não era mesmo.

E mais estranho ainda deve ter sido ouvir a canção "Milkcow Blues Boogie". Essa aqui ainda era mais provinciana e radical do que "Blue Moon of Kentucky". Também havia sido gravada por Elvis na Sun Records para um público muito específico do sul. Era um tipo de som para fazendeiros, pessoas que viviam no meio rural. Uma sonoridade de nicho. Imaginem novamente esse tipo de country de raiz surgindo aos ouvidos de quem morava nos grandes centros urbanos, como Nova Iorque ou Los Angeles. Mais esquisita ainda deve ter soada para o público internacional. No Brasil, por exemplo. Pouca gente por aqui tinha familiaridade com o Boogie rural do sul dos Estados Unidos. A gravação também era abafada, causando mais estranheza ainda aos ouvidos de quem não era daquelas bandas. Era a música da vaca leiteira, enfim.

Mais familair para a moçada de lambreta era "(You're So Square) Baby I Don't Care". Essa havia sido tirada da trilha sonora do filme "Jailhouse Rock". Já era o Elvis roqueiro que todo mundo conhecia. O astro jovem de Hollywood, o ícone do rock em seus primórdios. Mais uma pequena obra-prima composta pela dupla Jerry Leiber e Mike Stoller. Dessa faixa sempre é lembrado o fato de que Elvis tocou baixo nela. Bill Black se enrolou no solo da canção, se aborreceu e saiu do estúdio. Ele era assim, temperamental e cabeça quente. Elvis então viu ali uma oportunidade de mostrar seus dotes de instrumentista. Ele estudou baixo por anos e anos. E se saiu muito bem. Como raramente Elvis tocava em suas gravações, a música trazendo o "Elvis baixista" ficou marcada para sempre. Uma curiosidade para os fãs do cantor.

Pablo Aluísio.

domingo, 19 de setembro de 2010

Elvis Presley - A Date With Elvis - Parte 3

A música"Young And Beautiful" foi escrita pela dupla de compositores Aaron Schroeder e Abner Silver. Gravada por Elvis em 30 de abril de 1957, fez parte da trilha sonora do filme "Jailhouse Rock". Sempre foi uma bela balada subestimada, nunca usada adequadamente fora do contexto do filme. Curiosamente durante a década de 1970, em ensaios, Elvis esboçou uma tentativa de levar a música para os palcos, porém só ficou na intenção mesmo. Há uma boa versão dessa época, lá por volta de 1972, onde Elvis ensaia a canção com seu grupo em estúdio. Ficou bonita, apesar de ser uma versão bem despretensiosa.

E a RCA Victor encaixou outras faixas de filmes de Elvis nessa coletânea. Uma delas foi "We're Gonna Move". Oficialmente ela veio creditada como sendo composta por Vera Matson e Elvis Presley. Na verdade hoje sabemos que todo o material do filme "Love Me Tender" foi composto pelo maestro da Fox Ken Darby. Ele apenas não quis assinar essas criações, por motivos diversos, colocando as músicas como sendo feitas por sua esposa Vera e por Elvis, para agradar ao Coronel Parker que estava de olho nos direitos autorais das músicas gravadas por Elvis. Nada pessoal, uma questão puramente de negócios.

Eu adoro a dupla Jerry Leiber e Mike Stoller. Em minha opinião as melhores músicas gravadas por Elvis nessa fase roqueira dos anos 1950 foram compostas por eles. Só que, apesar dessa admiração, devo dizer que "I Want To Be Free" se torna bem enjoativa depois de algumas audições. Gravada em abril de 1957, dentro do pacote de "Jailhouse Rock", essa música é certamente uma das mais fracas dessa celebrada trilha sonora. O que poderia ser pior do que isso? Basicamente temos alguns grandes clássicos nesse filme, mas essa aqui pode ser chamada de "musiquinha" sem medo de soar como uma injustiça. Enjoativa e banal, nem parece uma música com a assinatura dos geniais Leiber e Stoller.

Um fato curioso sobre esse álbum é que em sua edição original norte-americana, havia uma bonita direção de arte. Dentro de uma capa que abria - tal como se fosse um álbum duplo - havia muitas fotos de Elvis no exército, além de um enorme calendário do ano de 1960, que seria aquele em que Elvis retornaria aos Estados Unidos após cumprir serviço militar. Na década de 1980, para ser mais específico, em 1982, saiu a última edição desse disco em vinil no Brasil. Fazia parte da série "Pure Gold". Pena que toda a bonita direção de arte da edição original foi deixada de lado. Em uma edição pobre trazia capa e contracapa iguais, sem nenhum luxo. Uma versão bem decepcionante para os colecionadores da época.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - A Date With Elvis - Parte 4

Em setembro de 1954 Elvis participou de uma das sessões mais produtivas em seus anos na Sun Records. Em apenas um dia ele gravou seis músicas! Ora, isso era mais da metade de um disco de vinil da época, algo que Sam Phillips poderia pensar em fazer, caso sua gravadora não fosse tão modesta. As sessões começaram com "I'll Never Let You Go", cujos primeiros takes nunca foram lançados e se perderam para sempre. Outra que se perdeu e nunca foi lançada foi "Satisfied". Essa gravação foi realmente uma perda e tanto pois Elvis nunca mais gravaria a música em sua carreira. As baladas "I Don't Care if the Sun Don't Shine" e "Just Because" também foram gravadas. Como se pode perceber Elvis estava com bastante energia e vontade de mostrar seu talento nessa ocasião.

Para finalizar essa sessão de gravação mais do que produtiva Elvis encerrou os trabalhos com chave de ouro ao gravar o clássico "Good Rockin' Tonight" de Roy Brown. Para o dono da Sun Records, o produtor Sam Phillips, esse foi certamente um dos pontos altos de Elvis na gravadora de Memphis. Havia apenas três músicos dentro do estúdio naquele dia. Elvis cantando e fazendo acompanhamento em seu violão. Scotty Moore na guitarra e Bill black em seu enorme contrabaixo. Não houve baterista. Não havia mais ninguém. É de se impressionar ao ouvir a faixa nos dias de hoje e perceber que apenas três músicos conseguiram um efeito tão bom. Naquele mesmo mês de setembro a gravadora se apressou para lançar o single Sun 210, o segundo de Elvis pelo pequeno selo de Memphis. Não havia tempo a perder.

Outra música dos tempos da Sun Records que a RCA Victor aproveitou para eolocar nesse álbum "A Date With Elvis" foi "I Forgot to Remember to Forget". Escrita pela dupla Stan Kesler e Charlie Feathers. É uma baladinha country que tem um título curioso, que em português significaria algo como "Eu esqueci de lembrar de me esquecer". Um trocadilho até divertido de palavras. Os Beatles, que eram grandes fãs de Elvis nesse período da Sun Records, gravariam a música em seu programa na BBC de Londres. O registro sobreviveu ao tempo e foi lançado anos depois no excelente box "The Beatles - Live at the BBC".

Finalizando essa análise do álbum "The Date With Elvis" aqui vão algumas informações adicionais. O disco foi lançado no mercado americano em agosto de 1959 com o código fonográfico LPM 2011. Foi o oitavo LP de Elvis a chegar ao mercado pela RCA Victor. Não foi um grande sucesso de vendas, chegando apenas ao trigésimo segundo lugar entre os mais vendidos. Curiosamente o disco foi lançado um mês antes na Inglaterra, onde vendeu muito bem, chegando ao quarto lugar das paradas inglesas. Elvis era adorado pelos fãs das ilhas britânicas. No Brasil o disco só chegaria ao mercado quase um ano depois, numa edição bem simples, sem todo o capricho gráfico da edição americana.

Pablo Aluísio.

sábado, 18 de setembro de 2010

Elvis Presley - Discografia - Parte 8

 



Elvis Presley - Jailhouse Rock - Vince Everett

 

Foto promocional de Elvis para o filme O Prisioneiro do Rock de 1957. Nesse filme Elvis interpretou um sujeito chamado Vince Everett que ia em cana após ser acusado de um crime. E na prisão ele acabaaria encontrando a música, dando uma nova razão de viver. 

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Esse tal de Elvis Presley

Ato I: da miséria à riqueza em típica saga americana
A história de Elvis Presley, que morreu há quase um quarto de século -- em 16 de agosto de 1977 -- é a típica saga norte-americana do garoto pobre que acabou por tornar-se multimilionário. Aquele que chegaria a ser o "Rei do Rock'n'roll" nasceu em 8 de janeiro de 1935 numa humilde casa de madeira na periferia de Tupelo, Mississipi.

Sua mãe, Gladys, casada com Vernon Presley, deu à luz gêmeos, mas apenas um deles sobreviveu: Elvis Aron. O casal se esforçou para dar a melhor vida possível a seu único filho, mas os empregos esporádicos que Vernon conseguia não lhe permitiam oferecer luxo à família. Entretanto, mesmo na pobreza, Vernon foi economizando dinheiro, centavo por centavo, até juntar os 12,95 dólares necessários para dar uma guitarra a seu filho quando este completou 10 anos.

Seria o melhor investimento de sua vida, pois Elvis sonhava em ser cantor e o instrumento abriu seu caminho para o sucesso, do qual seus pais também se beneficiaram. O garoto passava horas a fio em frente ao rádio, tentando aprender as canções que estavam na moda no sul dos Estados Unidos nessa época. Seu ídolo era Roy Orbison, o mesmo de "Pretty Woman". Três anos mais tarde os três se mudaram para Memphis em busca de oportunidades melhores, mas a situação não mudou muito. Eles foram viver num conjunto habitacional subsidiado pelo governo para famílias de baixa renda.

Como Elvis gostava de música e roupas chamativas, aos 16 anos ele começou a combinar os estudos na escola de segundo grau com diversos empregos avulsos, tais como lanterninha num cinema, para ajudar seus pais e ter dinheiro para satisfazer algumas de suas próprias vontades. Depois de formar-se no colégio, Elvis foi trabalhar como motorista de caminhão, fazendo entregas de alimentos na região de Memphis. Mas isso não significava que tivesse renunciado a seus sonhos de possuir carros de luxo, roupas finas e casas elegantes. Aos 19 anos, quis fazer uma surpresa para sua mãe no aniversário dela e pagou 4 dólares para gravar um disco com duas canções que cantou especialmente para ela nos estúdios da gravadora Sun: "My Happiness" e "That's When Your Heartaches Begin", chamando a atenção do dono do lugar, Sam Phillips.

Três meses depois, Phillips localizou o jovem e o convidou a gravar um disco de verdade, escolhendo para ele as faixas "Blue Moon of Kentucky" e "That's All Right Mama", que começaram a ser ouvidas nas rádios de Memphis. O coronel Tom Parker entrou em cena nessa fase, e, ao final de 1955, fez com que o selo RCA comprasse o contrato de Elvis com a Phillips por 35 mil dólares, uma quantia enorme para um cantor novo de música country, como o astro era classificado na época. Com o novo selo, os horizontes do cantor se ampliaram. Depois de participar de diversos programas de TV no início de 1956 e gravar sucessos como "Heartbreak Hotel", "Don't be Cruel" e "Hound Dog", ele se transformou em ídolo nacional e, pouco depois, internacional. O sucesso do disco foi acompanhado de ofertas para fazer cinema, e, no final de 1956, Elvis apareceu em seu primeiro filme, "Love Me Tender", que teve a maior bilheteria do ano, ao lado de "Assim Caminha a Humanidade", estrelada por seu ídolo, James Dean.

Em 1958 ele foi convocado pelo Exército para prestar serviço militar e, apesar de que teria sido fácil para esquivar-se do dever, Elvis interrompeu sua carreira de sucesso e foi enviado para trabalhar numa base militar norte-americana na Alemanha. Lá ele conheceu Priscilla Beaulieu, filha de um oficial, que tinha apenas 14 anos na época, e eles se casaram em 1967, em Las Vegas. A única filha do casal, Lisa Marie, nasceu em 1o de janeiro de 1968. Cinco anos depois, Elvis e Priscilla se divorciaram. O surgimento dos Beatles, em 1963, levou a juventude a mudar seus gostos musicais, prejudicando a popularidade da Elvis. Apesar disso, ele se mantinha, fazendo apresentações por toda parte nos Estados Unidos.

Mas na década de 1970 Elvis foi para Las Vegas, voltou à estrada, retornou às paradas do sucesso (Burning Love, My Way, Way Down, Bridge Over Troubled Water, Always On My Mind, entre outras) e gravou vários discos ao vivo. Ele morreu sozinho, no banheiro de sua mansão, às 14h30 do dia 16 de agosto de 1977. Inicialmente foi dito que ele morrera de problemas respiratórios; mais tarde, falou-se em uma arritmia cardíaca, mas, com o tempo, foi determinado que Elvis foi vítima do consumo excessivo de medicamentos receitados por seus médicos.

Ato II: Elvis em 2002 e a nova geração de fãs

Hoje Elvis Presley volta ao sucesso mundial com um single campeão de vendas, "A Little Less Conversation". Assim o cantor tirou os Beatles do trono na terra da rainha e hoje Presley é o artista mais consagrado na Inglaterra. Para se ter uma idéia, Elvis vendeu mais discos na Grã Bretanha que Beatles e Rolling Stones juntos.

Os Jovens o descobrem agora e se entusiasmam com seu visual atemporal, sua história, seu sucesso e claro seu talento. Uma das coisas que mais chamam atenção da nova geração de fãs é o singular modo de Elvis se vestir. Assim como chocou nos anos 50, com seu visual único, agora as meninas comentam o estilo Elvis de ser: "Acho suas roupas muito loucas, adoro, gosto mesmo" diz samantha Andrews, uma inglesinha de 16 anos, moradora de Londres. "Eu gosto mesmo é das golas dele, lá em cima, que legal. Não gosto muito das costeletas, por isso eu prefiro as fotos dele novinho", completa Marie Smith, 17 anos.

"Acho legal porque ele nunca imitou ninguém, assim como os Beatles, Elvis era o primeiro a se vestir do jeito dele, o resto é tudo imitação", explica Jefrey McPherson. O que um jovem mais deseja é ser singular, sem seguir modas, ele quer reafirmar sua identidade. Michele Stewart dá sua opinião sobre o Rei do Rock: "Gente, Elvis era lindo demais, nossa! Eu não canso de ver as fotos dele". "Bem, eu gosto dos Sex Pistols, dos Punks e eles sempre admiraram os rockabillys" analisa Mick Nisson, 19 anos. "Minha banda faz uma versão de 'Jailhouse Rock' que Elvis iria gostar de ouvir"

"Eu gosto de Elvis nos anos 70, com aquelas roupas 'reais', gosto de exagero, acho que tem que ser assim mesmo, eu não quero ser igual aos outros, Elvis não queria ser igual a ninguém, ele queria ser ele mesmo, por isso as pessoas gostam dele", é a opinião de Jim Starks, colegial de segundo grau em Londres. Michael Suliivan, 17 anos vai mais longe: "Eu não gosto dos Beatles, cresci ouvindo que eles eram o tal e etc, mas para ser sincero acho seus discos do começo da carreira bem ridículos, com aqueles vocalzinhos de m*" e os terninhos? dá vontade de rir, parece um bando de advogados e não uma banda de rock, fala sério, cara!", "Elvis sempre foi mais legal, mesmo no inicio, com aqueles ternos folgadões".

"Meu irmão mais velho é louco pelos Beatles, e eu para encher o saco dele sempre digo que Elvis é o maior, e é mesmo, agora com esse single ele não tem mais o que dizer", afirma Jessica Roustin. Não são poucos os jovens ingleses que aproveitam para contestar os Beatles, numa típica atitude de destruir os ídolos de seus pais: "Enchi, não aguento mais ouvir os Beatles, agora quero Elvis na veia", brinca Stuart Anderson, 17 anos. "Meu pai sempre quis que eu gostasse dos Beatles, eu não quero gostar deles, acho um pé no saco", brinca Matt Stanley. "John Lennon era legal, porque era doido demais, os outros Beatles são chatos. Eu gosto de Elvis, que era mais rebelde", essa é a opinião de Sergey Polwski, 18 anos. "Comprei o Remix dele, por causa do English Team e adorei. Prefiro Elvis, quero que os Beatles vá a m*" exagera Austin Sherman, um 'cluber' de 17 anos, estudante de uma das mais tradicionais escolas inglesas.

No corredor da Oxford School, durante o intervalo, vários jovens se reúnem e passam a sua opinião para a nossa reportagem: "Eu conheço Elvis há tempos, tenho uns singles dele, como o 'Hound Dog", esnoba Marlon Groos para os colegas. "Eu quero comprar outro remix de Elvis, vamos ver se eles lançam", "Eu coloquei um poster dele no meu quarto, ao lado dos Backstreet Boys", "Vamos fazer uma festa dos anos 60 só com músicas de Elvis, já chamei a turma" vai logo avisando Jimmy Sharks (tubarão) que usa um topetinho que definitivamente não combina com seu uniforme escolar. Outro aluno, conhecido pelos amigos como 'Worm' (o verme), nos diz que curte bandas de Trash Metal e Elvis, "Tem tudo a ver" afirma mostrando seu caderno cheio de fotos de bandas que eu nunca ouvi falar.

De repente, surgindo no meio do nada aparece uma das garotas que se aproxima e mostra sua agenda pessoal com fotos de Elvis, "Ei deixa eu passar, olha minhas fotos de Elvis", grita Stephaine McCrouth de 16 anos. Anneth, amiga de Stephie frisa para nós: "Esta foto é de um filme que ele faz um cara preso". Para surpresa nossa, Elvis parecia um ídolo dos tempos de hoje para os jovens da High School. Quando percebemos havia pelo menos uns 50 garotos e garotas ao nosso redor, fazendo o maior barulho e essas foram as impressões que conseguimos gravar no meio da confusão. O papo terminou logo porque os sinos tocaram para os colegiais voltarem às salas de aula, não sem antes Sharks pedir para que nós divulgassemos o nome de sua banda: "Elvis Death". Mas com a chegada do inspetor de corredor a festa acabou e todos foram para as salas de aula. E isso na Inglaterra é bem sério, bem ao estilo britânico de ensino, tudo feito de forma pontual.

Elvis está aí, mais vivo do que nunca, os jovens o conhecem e gostam dele porque ele é "cool". Quem diria que na terra dos Beatles ele seria tão querido assim pela juventude inglesa.

Artigo publicado no jornal London Observer - Tradução de Pablo Aluísio.

Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio.