sexta-feira, 20 de maio de 2005

Elvis Presley - Dez Curiosidades sobre "Live a Little, Love a Little"

1. Mesmo desaconselhado pelo estúdio Elvis resolveu dirigir ele mesmo o pequeno Buggy de seu personagem. O diretor Norman Taurog disse que isso não daria certo pois queria cenas de velocidade ao que Elvis respondeu: "Você quer que eu corra? Pois então correrei na praia!".

2. Esse foi o último filme da carreira do diretor Norman Taurog, um cineasta que vinha acompanhando Elvis desde o começo de sua carreira em Hollywood. Ambos se deram muito bem nos filmes que fizeram juntos e por isso Elvis estava sempre sugerindo para a MGM e Paramount que ele fosse contratado novamente para lhe dirigir em cena. Norman Taurog morreria em 1981 aos 82 anos de idade.

3. A crítica afirmou que finalmente Elvis estava apresentando um material um pouco mais adulto, maduro, fugindo da velha fórmula de seus filmes para adolescentes. Um produtor chegou inclusive a sugerir que Elvis aparecesse na frente de um cinema onde estaria sendo exibido um filme pornográfico, mas o Coronel Parker vetou tal inclusão. Para o empresário de Elvis isso poderia lhe "manchar a imagem perante o público".

4. No roteiro Elvis teria que contracenar com um enorme cão, então ele sugeriu que levasse seu próprio cachorro de estimação para as filmagens, o corpulento Brutus. Para Elvis seria mais fácil contracenar com seu cão, pois ele já o conhecia há anos.

5. Durante as filmagens o filme recebeu o título de "Kiss My Firm, But Pliant Lips", nome do romance original escrito por Dan Greenburg que deu origem ao filme. Esse autor chegou inclusive a tentar a sorte como ator em Hollywood atuando no western "O Massacre dos Pistoleiros", mas as coisas não deram muito certo. Já como escritor ele anos depois tentaria o gênero dos filmes de terror alcançando certo sucesso com o filme "A Árvore da Maldição". Já na década de 1990 se tornaria conhecido por ter roteirizado a série de sucesso "Louco Por Você" onde ele finalmente retornou para o estilo mais romântico.

6. Vernon Presley, o pai de Elvis, fez uma pontinha no filme, como modelo numa série de fotos que são mostradas rapidamente durante uma cena. Priscilla tentou que Elvis também arranjasse uma outra participação especial para ela na produção já que ela queria começar uma carreira de atriz, mas Elvis não achou uma boa ideia. Contrariada, ela desistiu.

7. As filmagens foram feitas em locações de Los Angeles. Durante uma pausa de uma cena Elvis acabou caindo no chão quando várias fãs praticamente o atropelaram em busca de um autógrafo. Para sua sorte nada mais parecido com isso voltou a acontecer e as filmagens continuaram sem incidentes parecidos até o fim dos trabalhos.

8. Norman Taurog foi o cineasta que mais trabalhou ao lado de Elvis Presley durante sua carreira. Foram no total nove filmes juntos: Saudades de um Pracinha (1960), Feitiço Havaiano (1961), Garotas e Mais Garotas (1962), Loiras, Morenas e Ruivas (1963), Cavaleiro Romântico (1965), Minhas Três Noivas (1966), Canções e Confusões (1967), e O Bacana do Volante (1968).

9. As filmagens terminaram no dia 1 de maio de 1968, justamente no mesmo dia em que Elvis e Priscilla celebravam seu primeiro ano de casamento. Elvis a levou para jantar fora em Los Angeles, algo que ele raramente fazia. Assim houve dupla celebração, pelo aniversário de casamento e pelo fim dos trabalhos em seu novo filme que só iria estrear dentro de alguns meses.

10. Elvis alugou um cinema de Memphis para uma sessão privada com seus amigos e familiares. Ele queria conferir como o filme havia ficado. Para seu desapontamento acabou não gostando do resultado final. Achou que tudo ficou meio confuso, com um roteiro que acabou não lhe agradando. Sua má impressão fortaleceu ainda mais sua recente vontade de desistir de Hollywood para voltar aos shows ao vivo e às gravações de discos convencionais, como havia feito no começo de sua carreira nos anos 50.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis e Roy C. Bennett

Morreu no último dia 2 de julho, aos 97 anos, o compositor Roy C. Bennett. Ao lado de seu companheiro Sid Tepper escreveu dezenas de canções de sucesso para cantores e astros como Duke Ellington, Louis Armstrong, Ray Charles, Frank Sinatra, Elvis Presley e os Beatles. Em relação a Elvis foi uma parceria longa e produtiva. No total Bennett compôs 45 músicas para o Rei do Rock ao longo de sua carreira, entre elas grande parte das trilhas sonoras dos filmes “G.I. Blues” e "Blue Hawaii". Os dois álbuns venderam milhões de cópias ao redor do mundo. Outros sucessos vieram com canções como  “Puppet on a String", “New Orleans” e o dueto entre Elvis e a atriz Ann-Margret “The Lady Loves Me”. Já os Beatles gravaram a canção "Glad All Over" e a apresentaram no programa que estrelavam na rádio inglesa BBC durante a década de 1960.

Roy C. Bennett começou a escrever músicas ainda muito jovem, quando tinha apenas 11 anos de idade. Ele nasceu em uma família humilde do Brooklyn, em Nova Iorque, e desde muito jovem demonstrou sua paixão pela música. Depois que conheceu seu parceiro por décadas, Sid Tepper, na escola onde ambos estudavam, ele resolveu entrar no concorrido mercado fonográfico americano. Embora tentasse despontar como cantor de sucesso ele logo entendeu que tinha mais talento para compor para outros artistas já que sua voz não era definitivamente o seu forte. Apaixonado por canto de corais - chegou a escrever um livro sobre o assunto - ele passou então a trabalhar para grandes companhias da cidade, escrevendo temas para programas de TV, peças de teatro e finalmente filmes para o cinema.

O sucesso chegou quando ele escreveu hits para a carreira do cantor Eddie Arnold. Seu êxito chamou a atenção das estrelas do circuito country de Nashville e em meados dos anos 1950 ele começou uma intensa fase criativa escrevendo para artistas de sucesso da época como Sarah Vaughn, Guy Lombardo, Eartha Kitt, os Ink Spots, Louis Prima, Arthur Godfrey, Tommy Dorsey e Lawrence Welk. Durante uma convenção musical ele acabou conhecendo o Coronel Tom Parker, empresário de Elvis. "Gosto de suas músicas, filho. Aqui está meu cartão. Quero comprar algumas para Elvis" - teria lhe dito o velho astuto. Em pouco tempo Roy estava em negociações com o Coronel com o objetivo de vender suas músicas para as duas editoras do astro mais famoso do rock.

Curiosamente, apesar de ter escrito dezenas de músicas para Elvis por tantos anos, ele nunca chegou a conhecê-lo pessoalmente. Sobre isso disse certa vez: "Elvis era muito protegido pelo Coronel Parker. Nunca cheguei a apertar sua mão. Não o conheci, o que era estranho, pois estava durante todos aqueles anos ouvindo Elvis cantar as minhas melhores músicas. Ouvi dizer em Nashville que o Coronel não gostava que Elvis se socializasse com compositores com receios de que ele viesse a ser influenciado de alguma forma por nós. Uma pena, gostaria de agradecer a Elvis pelo que ele fez pelas minhas criações. Ele era ótimo!".

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 18 de maio de 2005

Elvis Presley - Em Cada Sonho um Amor

"Follow That Dream" (no Brasil, "Em Cada Sonho um Amor") foi o primeiro filme de Elvis Presley lançado em 1962. Qual é a história contada por essa película? Uma família de caipiras chega na Flórida e sem gasolina acaba parando em terras públicas banhadas por um belo rio pertencente ao governo. Após serem hostilizados por um representante do estado que os avisa que devem ir embora dali, pois não possuem direitos sobre aquelas terras, o patriarca "Pop" Kwimper (Arthur O'Connell) decide que eles vão ficar, para lutar pelas terras como posseiros. Para Toby Kwimper (Elvis) e sua irmã de criação, aquela parece ser uma boa ideia pois eles logo começam a ganhar algum dinheiro vendendo pontos de pesca para turistas. A boa vida porém será ameaçada por uma assistente social que irá brigar na justiça para que a família perca o direito de continuar com as crianças no local.

"Em Cada Sonho um Amor" também foi o primeiro filme de Elvis nos estúdios da United Artists. Essa companhia foi fundada por Charles Chaplin e tinha como objetivo dar maior liberdade para os artistas ao invés dos magnatas poderosos do cinema em sua época. Era literalmente uma união de artistas em prol de sua arte. Assim temos pequenos detalhes que diferenciam essa produção das demais que Elvis faria nos anos 60. Uma delas foi a escolha de filmar praticamente tudo em locações reais, ao ar livre (as cenas mais bonitas foram captadas em Crystal River, Florida) e não enfurnados em estúdios de Los Angeles. O sol forte inclusive queimou o cabelo de Elvis, o levando para seu tom mais natural, praticamente loiro.

As cenas musicais não são muito empolgantes, até porque as músicas nunca foram consideradas marcantes dentro da discografia de Elvis, mas de maneira em geral são simpáticas e alegres. Em termos de roteiro não há também muitas novidades com Elvis dividido entre uma mulher mais jovem e uma mais velha (situação recorrente em muitos de seus filmes). O que salva "Follow That Dream" de escapar da lista dos piores filmes de Elvis é seu clima agradável e relaxante, além do tom mais bem humorado. Presley também acentua seu lado mais cômico ao interpretar um personagem muito caipira, ingênuo e simplório, que não conhece nada da vida da cidade. Com sotaque muito acentuado lembrava o próprio Elvis um pouco demais. No saldo final passa longe de aborrecer alguém, embora obviamente também passe longe de ser uma obra prima ou um filme memorável de Elvis em Hollywood. Está entre os filmes medianos que Elvis rodou em sua carreira.

Em Cada Sonho um Amor (Follow That Dream, Estados Unidos, 1962) Estúdio: United Artists / Direção: Gordon Douglas / Roteiro:  Charles Lederer, Richard Powell / Elenco: Elvis Presley, Arthur O'Connell, Anne Helm / Sinopse: Uma família de caipiras do interior decide tomar posse de terras públicas, mas abandonadas, na ensolarada Flórida, dando origem a vários problemas, inclusive jurídicos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 17 de maio de 2005

Elvis Presley - 1961 / 1962

Quando Elvis voltou do exército ele tinha duas grandes pretensões. Uma era se tornar um grande ator e a outra desenvolver sua habilidade vocal. Primeiro fez "G.I. Blues" (Saudades de um Pracinha), um filme que ele não gostou de jeito algum, criticando inclusive a qualidade da trilha sonora. Porém, a ele era dito para fazer "G.I Blues" para reconquistar os fãs e depois lhe seriam oferecidos papeis mais dramáticos. "Flaming Star" (Estrela de Fogo) seu filme seguinte foi um bom início, seguido de "Wild in the Country" (Coração Rebelde) que, originalmente, tinha um ótimo roteiro, mas foi estragado pelos engravatados de Hollywood e pela raposa velha Coronel Tom Parker. A segunda pretensão, todavia foi alcançada: Elvis nunca cantou melhor e sua voz nos três primeiros anos da década de 60 estava em grande forma, excelente, com performances lindíssimas em clássicos como "Are You Lonesome Tonight?", "It´s Now Or Never" (há quem odeie essa canção hoje em dia mas não há como negar sua boa perfomance na gravação), além das bonitas e românticas "They Remind Me Too Much Of You", "There´s Always Me" e muitas outras.

O ano de 1961 chegou e definitivamente foi um ano que dividiu a carreira de Elvis. Ele começou o ano com dois shows beneficentes em Memphis em fevereiro, seus primeiros após a sua volta do exército e em março gravou o álbum "Something for Everybody", que apesar de ser muito bom e ter chegado ao primeiro lugar, perde se comparado com "Elvis is Back", um magistral álbum, muito eclético em sua diversidade de ritmos. Logo após as sessões de gravação Elvis viajou para o Havai para filmar "Blue Hawai" (Feitiço Havaiano) e fazer um show beneficente, que acabou sendo seu último até 1968. "Blue Hawai" foi a pior coisa que aconteceu na carreira de Elvis por ter sido um sucesso fora do comum, realmente espetacular. O álbum passou absurdas 20 semanas em primeiro lugar e o filme foi um estrondoso sucesso, apesar de ser muito fraco. A sua trilha é na verdade uma das piores de Elvis, se salvando apenas umas quatro músicas, incluindo o clássico absoluto "Can´t Help Falling in Love". Afinal botar o rei do rock para cantar uma dúzia de músicas havainas era o fim!!!

Em junho, antes de ir filmar "Follow that Dream" (Em Cada Sonho Um Amor) Elvis ainda entrou em estúdio e gravou entre outras, um de seus melhores singles: “His Latest Flame / Little Sister”, que injustamente não chegou ao primeiro lugar nos EUA. Na Inglaterra ambas as músicas atingiram o topo das paradas. "Surrender" foi a música de Elvis nesse ano que alcançou o número 1 nas paradas em ambos lados do Atlântico."Follow That Dream" era um comédia bem leve onde Elvis se saiu muito bem. Infelizmente, foi durante as sessões desse filme que o cantor perdeu um de seus melhores guitarristas: Hank Garland, vitimado em um acidente de carro que quase tirou sua vida e destruiu sua carreira de guitarrista. O som de Elvis perderia muito com a saída de Garland. Fora isso, o quadro profissional de Elvis era excelente. Ele ainda chegava fácil ao primeiro lugar, seus filmes ainda mantinham um certo nível, ele ainda gravava em ritmo muito bom e produtivo e a qualidade das músicas era ainda muito boa. Tudo parecia ainda caminhar relativamente bem por essa época.

Já na vida pessoal Elvis parecia determinado a se divertir o máximo possível! Por essa época ele resolveu romper com a namorada Anita Wood e como Priscilla ainda não havia chegado aos Estados Unidos para morar em Graceland, Elvis ficou completamente solto, solteirinho da silva! Se Elvis era um garoto que na década de 50 levava uma vida nada mundana, namorando firme garotas e morando com os pais, a situação se inverteu nessa fase de sua vida. Elvis agora, sem a balança moral de sua mãe, entupia sua mansão da maior quantidade de mulheres possível. Nos primeiros anos em Hollywood Elvis ficava hospedado em alguns hotéis da cidade mas suas festas com muita gente e muito barulho de música alta lhe trouxeram vários problemas. Alguns estabelecimentos o convidaram gentilmente a ir embora. Assim Elvis pensou em uma solução. Aconselhado pelo empresário Tom Parker ele acabou comprando uma casa em Bel Air. Afinal Parker queria manter as festas extravagantes de Elvis fora do radar da imprensa. Assim Elvis encontrou um lugar ideal para descansar, relaxar e se divertir, longe dos olhos da imprensa marrom da capital do cinema.

O ponto negativo é que por essa época Elvis também começou a aumentar seu consumo de drogas prescritas. Ele passou a se interessar pelo assunto e começou a ler livros de medicina onde eram explicadas as principais pílulas do mercado, seus efeitos e suas contra indicações. Elvis que odiava drogas de rua como maconha e cocaína havia encontrado um jeito seguro, limpo e longe de problemas de também ficar alto em suas festas privadas. Tudo ainda era um grande segredo guardado a sete chaves. Nem mesmo Parker tinha consciência do que acontecia nesse aspecto na vida de Elvis. Também não havia qualquer sinal em sua vida pública e profissional sobre isso. Na época ele era apenas o "Solteirão mais cobiçado da América". Sua imagem pública era impecável e Evis era considerado um dos homens mais bem sucedidos dos EUA. Tudo parecia muito bem em sua vida mas nuvens negras estavam para chegar em sua carreira.

Pablo Aluísio e Victor Alves

Elvis Presley - O Começo da Queda

Além da apresentação em Pearl Harbor, Elvis também realizou dois concertos em Memphis antes de se retirar de forma prolongada dos concertos ao vivo durante os anos 60. No dia 25 de fevereiro de 1961 Elvis subiu ao palco do Ellis Auditorium. Foi um evento de homenagem ao próprio Elvis - o governador do estado Buford Ellington declarou o dia como 'Elvis Presley Day' - e também uma forma de arrecadar fundos para a caridade - mais de 50 mil dólares foram arrecados ao fim do concerto. Antes dos shows houve um evento em honra a Elvis no Hotel Claridge. O cantor não gostava muito de jantares sociais como esse mas foi convencido por Vernon a comparecer. Distribuiu sorrisos, autógrafos e recebeu as devidas homenagens. Depois disso Elvis só voltaria a se apresentar em Pearl Harbor no Havaí e só retornaria em 1968 no especial de TV na NBC e no ano seguinte em Las Vegas para temporadas longas no International Hotel (depois Las Vegas Hilton). Mas o que levou Elvis a ficar tantos anos fora dos shows ao vivo? Logo ele que tanto gostava do calor humano proporcionado por seus fãs?

A verdade é que Elvis queria de todas as formas dar certo no mundo do cinema. Ele estava vivendo seu sonho de ser James Dean, seu grande ídolo nas telas. E o Coronel Parker resolveu adotar o lema: "Se quiser ver Elvis cantando pague uma entrada de cinema". Nada de shows, nada de aparições em programas de TV, nada de entrevistas. Parker (e Elvis concordava com isso) entendia que se Elvis começasse a fazer turnês as pessoas deixariam de assistir seus filmes. Afinal se podiam ver Elvis em carne e osso para que iriam até o cinema para vê-lo em celulóide? É incrível mas eles insistiram nisso por praticamente toda uma década!

Com Elvis fora do caminho no mundo musical os jovens acabaram adotando outros ídolos. Os Beatles chegaram nos EUA e varreram as paradas de sucesso como nunca ninguém havia visto antes. Eles chegaram a ocupar os quatro primeiros lugares da Billboard em sequência, sem ninguém por perto para ameaçá-los. Elvis? Estava praticamente fora da lista dos mais vendidos. Era considerado carta fora do baralho. E logo após outros grupos semelhantes surgiram, tanto ingleses como americanos. Tudo estava mudando, as letras, as mensagens das músicas, os figurinos dos grupos de sucesso. Era uma nova onda musical surgindo, um novo estilo que vinha para romper com o marasmo.

Enquanto o mundo musical mudava e passava por uma revolução sem precedentes, Elvis que tinha de certa forma começado tudo aquilo nos anos 50, afundava em Hollywood estrelando filmes ruins e tolos que eram ignorados pela juventude da época. Só para se ter uma idéia do tamanho do desastre para a carreira de Elvis basta citar que ele ficou de 1962 a 1969 sem conseguir emplacar nenhum sucesso musical no topo da parada de singles da Billboard! Suas novas canções não tocavam mais nas rádios e ele foi desaparecendo lentamente do meio. Afinal quem não era visto não era lembrado. 

Até no Brasil a crise foi sentida. A filial brasileira da RCA deixou até de lançar seus álbuns por aqui após um certo tempo. Elvis não vendia mais a ponto de justificar o lançamento de seus discos fora dos EUA. As fãs que gritavam pelos Beatles empunhavam cartazes onde se podia ler: "Viva os Beatles! Elvis já morreu". O pior era saber que nisso havia de fato um fundo de verdade. E pensar que tudo poderia ter sido diferente. Assim seus shows em Memphis e Pearl Harbor se tornaram significativos e simbólicos da crise que surgia no horizonte. Era o começo da queda. Foi a despedida de uma era de ouro para o artista Elvis.

Pablo Aluísio

domingo, 15 de maio de 2005

Elvis Presley - Biografia, 1962 - Parte 1

8 de janeiro de 1962 - Elvis completa 27 anos de idade ao lado de amigos e conhecidos em Graceland. Suas férias estão acabando e logo ele precisará voltar a gravar novas músicas para a RCA Victor, além de atuar em novos filmes em Hollywood. Elvis intensifica seus telefonemas para a Alemanha. Ele quer trazer Priscilla para passar alguns dias ao seu lado nos Estados Unidos. Os pais dela não acham uma boa ideia. Elvis também recebe uma bela homenagem nesse dia do programa American Bandstand.

Fevereiro de 1962 - A RCA Victor lança o primeiro single de Elvis no ano com as músicas "Good Luck Charm" e  "Anything that's Part of You". O compacto chega ao topo da parada Billboard e se torna um novo sucesso de vendas. A crítica se divide, alguns reclamam da falta de Rock nas gravações de Elvis. Ele parece ter se tornado um cantor pop romântico. O fato negativo é que esse seria o último single de Elvis a chegar ao topo em muitos anos. Elvis só retornaria para a primeira posição entre os mais vendidos na classificação de singles com "Suspicious Minds" em 1969. Isso iria refletir a queda de vendas do cantor no mercado de compactos. Um fato preocupante para sua gravadora.

Março de 1962 - Elvis viaja para Nashville, Tennessee. A gravadora programa uma extensa lista de músicas para gravação. A intenção é gravar material convencional, não relacionado a trilhas sonoras de Hollywood. A RCA pretende lançar um novo álbum de Elvis o mais breve possível. Assim nos dias 18 e 19 desse mês Elvis comparece nos estúdios B da gravadora para gravar as seguintes músicas: Something Blue, Gonna Get Back Home Somehow, Easy Question, Fountain of Love, Just for Old Time's Sake, Night Rider, You'll Be Gone, I Feel That I've Known You Forever, Just Tell Her Jim Said Hello, Suspicion e She's Not You. Essa sessão é toda produzida por Steve Sholes, que vinha trabalhando ao lado de Elvis desde o seu primeiro álbum na RCA em 1956.

Março de 1962 - A correria para Elvis nesse mês é intensa. Após gravar farto material para a RCA em Nashville ele é informado pela Paramount Pictures que seu novo filme será filmado novamente no Havaí, como havia acontecido com "Feitiço Havaiano". O roteiro é enviado para Elvis. O enredo conta a história de um jovem que pretende comprar um barco de pesca por dez mil dólares. Enquanto não arranja esse dinheiro ele vai ganhando a vida se apresentando em clubes noturnos. O filme também ganha título e passa a se chamar "Girls, Girls, Girls" (no Brasil "Garotas e mais Garotas"). Antes de viajar para as ilhas havaianas Elvis precisa ir para a Califórnia para gravar as músicas da trilha sonora nos estúdios Radio Recorders. A sessão é programada para ser realizada no dia 26 desse mês.

Março de 1962 - Estreia nos cinemas o filme "Follow That Dream" (Em cada sonho um Amor, no Brasil). Elvis faz o papel de um jovem caipira que luta contra o governo que quer tirar as terras de sua família na ensolarada Flórida. Com direção de Gordon Douglas e contando no elenco com Arthur O'Connel e Ann Helm, o filme recebe críticas mornas. O filme não faz muito sucesso, mas também não dá prejuízo para o estúdio. Um mês após a RCA Victor iria finalmente lançar a trilha desse filme em um EP, compacto duplo, com quatro canções: Follow That Dream, Angel, What a Wodrefull World e I'm Not the Marryng Kind. O EP chega ao 15º lugar na parada de sucessos da revista Billboard.

Pablo Aluísio.

sábado, 14 de maio de 2005

Elvis Presley - Feitiço Havaiano

Título no Brasil: Feitiço Havaiano
Título Original: Blue Hawaii
Ano de Produção: 1961
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Norman Taurog
Roteiro: Allan Weiss, Hal Kanter
Elenco: Elvis Presley, Joan Blackman, Angela Lansbury, Nancy Walters, Roland Winters, John Archer

Sinopse:
Ao sair do exército o jovem Chad Gates (Elvis Presley) decide seguir seu próprio caminho. Filho de uma família rica, dona de vastas plantações de abacaxi no Havaí, ele resolve abrir sua própria agência de turismo, onde canta e encanta todos os turistas que visitam as belas ilhas havaianas da região.

Comentários:
O maior sucesso cinematográfico de Elvis Presley em 1961 foi sem dúvida "Feitiço Havaiano". Aliás o sucesso de bilheteria foi tão grande que esse musical romântico se tornaria a sua segunda maior bilheteria nos anos 60 (só perdendo para "Viva Las Vegas" de 1964). A trilha sonora também teve números expressivos, se tornando o disco de Elvis mais vendido da década. Com um sucesso comercial tão considerável o Coronel Parker expressou sua opinião, chamando "Blue Hawaii" de "O Produto Perfeito", aquilo que ele sempre havia procurado desde que começou a empresariar Elvis. Um filme visto por todos os públicos (jovens, velhos e crianças), com músicas leves, românticas, que não levantassem qualquer tipo de polêmica, com um filme bonito de se assistir, com as maravilhosas tomadas de cenas filmadas na exuberância da natureza das ilhas havaianas. Na visão do Coronel Parker não poderia haver nada melhor do que isso para Elvis. E por essa razão Elvis iria passar o resto da década de 60 fazendo filmes que de uma maneira ou outra seguiam essa fórmula comercialmente vitoriosa.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Coração Rebelde

Título no Brasil: Coração Rebelde
Título Original: Wild in the Country
Ano de Produção: 1961
País: Estados Unidos
Estúdio: 20th Century Fox
Direção: Philip Dunne
Roteiro: Clifford Odets
Elenco: Elvis Presley, Hope Lange, Tuesday Weld, Millie Perkins, Gary Lockwood, Christina Crawford

Sinopse:
O cantor Elvis Presley interpreta um jovem com problemas legais. Ele precisa fazer uma série de sessões com uma psicóloga após ter se envolvido com brigas e confusões. Ele arruma um emprego e incentivado pensa em retornar os estudos, para dar um rumo novo em sua vida, mas isso, como ele verá depois, não será muito fácil.

Comentários:
Com roteiro inspirado no romance "The Lost Country" de J.R. Salamanca, o filme "Coração Rebelde" era um drama, o que de certa maneira surpreendeu os fãs de Elvis na época de seu lançamento original. Todos esperavam por algo mais parecido com "Saudades de um Pracinha", seu maior sucesso nos cinemas depois que voltou da Alemanha, onde havia cumprido serviço militar. Porém ao contrário disso encontraram um filme mais pesado, mais dramático. Algumas concessões foram feitas, com Elvis cantando 3 músicas, mas todas elas mais intimistas, mais melancólicas. Por isso o filme foi taxado como triste e até mesmo tedioso. Realmente era um roteiro mais dramático, o que nem sempre agradava a quem queria ver Elvis apenas cantando e namorando as atrizes bonitas em seus filmes. Com isso o filme não fez sucesso de bilheteria. E o resultado comercial ruim foi usado pelo Coronel Parker como um argumento para que Elvis se concentrasse mesmo nas comédias musicais românticas pois esse era definitivamente o estilo de filme que suas fãs queriam assistir nos cinemas. Dramas ao estilo Marlon Brando não fazia o gosto delas, definitivamente.

Pablo Aluísio.