segunda-feira, 11 de abril de 2005
Elvis Presley - Kiss Me Quick / Suspicion
Em 1964 alguns compactos que seguiam essa filosofia no mercado foram lançados. "Kiss Me Quick / Suspicion", "Such A Night / Never Ending" e "Blue Christmas / Wooden Heart" tentaram a sorte no disputado mercado de singles. Nenhum desses produtos se destacaram nas paradas, sendo praticamente ignorados, virando mercadoria sem expressão nas lojas. As músicas tinham sido gravadas há anos, algumas da volta de Elvis aos Estados Unidos em 1960, sem nenhuma novidade digna de nota. As capas eram simples, os próprios disquinhos eram feitos de material sem nenhum luxo. Na realidade nada trouxeram para a carreira de Elvis e em pouco tempo estavam pegando poeira no fundo das lojas americanas. Não demorou muito e estavam na seção de "promoções", vendidos a um terço do preço normal de um single de sucesso. Se nos Estados Unidos os kamikases nada trouxeram de bom para a carreira do cantor em países de terceiro mundo (como o Brasil) alguns deles acabaram caindo no gosto do povão. Um exemplo é "Kiss Me Quick" que vendeu muito em nosso país. Em lojas populares os disquinhos eram vendidos em bacias e cestas, onde eram misturados com outros compactos populares em promoção. Elvis disputava espaço com música caipira, samba, forró ou boleros. Em valores atuais custavam uma mixaria, algo em torno de R$ 2,00 ou um pouco menos. Com esses preços irrisórios acabaram atraindo o consumidor brasileiro que os levava para casa - geralmente os singles ficavam posicionados perto dos caixas, assim eram usados como brindes ou troco para as compras do mês. Quando chegavam em casa obviamente as pessoas tocavam os disquinhos em animados churrascos com a vizinhança e assim "Kiss Me Quick" acabou virando um tremendo sucesso (mas apenas no Brasil mesmo). Afinal, se é para ser popular então que se lance produtos popularescos. Elvis nos anos 1960 provou a veracidade dessa afirmação.
Pablo Aluísio.
domingo, 10 de abril de 2005
Elvis Presley - EP Viva Las Vegas
Mas o fato é que os jovens pareciam mais interessados em outras novidades, principalmente dos grupos de rock da chamada invasão britânica. Tudo era novidade, os cabelos lisos em franjas, as canções compostas pelos próprios membros da banda, o fato de serem jovens como seu público, de terem personalidades cativantes e diferenciadas, tudo prendia a atenção da juventude, enquanto que Elvis estava mesmo virando um ator convencional de Hollywood, bem longe dos palcos e do contato direto com o público. Até seu cabelo estava numa fase ruim, engomadinho e mais parecendo um capacete cheio de laquê! Foi muito comentado que certos cinemas de grandes cidades americanas investiam mais no nome de Ann Margret nas marquises do que no de Elvis. Afinal ela era jovem, bonitona e sensual. Certamente atrairia mais um garoto de seus 15, 16 anos do que o próprio Elvis. Isso refletia diretamente um certo desinteresse das pessoas da época sobre os filmes do cantor nos cinemas. Tudo parecia meio estagnado, quadrado, antigo e até mesmo cafona! E não havia nenhuma boa novidade no ar pois Elvis havia acabado de assinar um contrato de sete anos com a MGM... Tempos negros começavam a surgir no horizonte da carreira de Elvis Presley.
Elvis Presley - EP Soundtrack Viva Las Vegas (1964)
If You Think I Don't Need You
I Need Somebody To Lean On
C'mon Everybody
Today, Tomorrow and Forever
Pablo Aluísio.
Elvis Presley - What'd I Say / Viva Las Vegas
"Viva Las Vegas", por outro lado, era considerada muito Hollywoodiana, com estilo de musical de cassino e não teria qualquer chance diante do concorrido hit parade da época. Afinal os Estados Unidos já viviam a febre da Beatlemania e da invasão britânica com tudo. Elvis cantando sobre coristas de Las Vegas não seria muito interessante para a garotada da época. Assim os críticos acharam que sim, o filme seria um sucesso no mundo do cinema (como foi realmente) mas no mundo puramente musical as coisas seriam um pouquinho diferente. A falta de sucesso acabou convencendo a RCA do não lançamento de um LP com a trilha sonora do filme, apostando apenas no lançamento de apenas mais um EP - compacto duplo. Absurdo? Claro que sim! Um dos maiores erros da discografia de Elvis que se viu privado de um álbum que seria essencial para os fãs. Mais uma burrada daqueles que comandavam a carreira do mais popular cantor de todos os tempos.
Pablo Aluísio.
sábado, 9 de abril de 2005
Elvis Presley - Devil in Disguise / Please Don't Drag String Around
Ouvindo essas faixas hoje em dia, tanto "Devil in Disguise" como "Please Don't Drag String Around", podem ser definidas como canções pop de ótimos arranjos e melodias. A voz de Elvis estava em bom momento, onde ele conseguia imprimir numa mesma faixa grande poder vocal como suavidade extrema. "Devil" teve maior repercussão porque tinha um refrão ao estilo pegajoso que grudava na mente de ouvinte quando a ouvia na rádio e não saia mais de sua cabeça. Obviamente Elvis também estava em sua fase mais açucarada, com o repertório sendo selecionado cuidadosamente para não chocar com sua nova imagem de cantor para toda a família que havia sido cuidadosamente construída por Tom Parker após Elvis retornar do serviço militar. Assim até mesmo canções que ousavam citar "Devil" (diabo) em seus títulos eram em última análise inofensivas e nada ousadas. Rock n roll? Esqueça, por esses anos Elvis havia se transformado no "genro preferido da América". Se antes do exército ele encarnava o rebelde transgressor que aterrorizavam as mães de suas fãs, agora Elvis cantava para garotinhas chinesas em seus filmes, explorando todo o seu suposto bom mocismo. Mais cândido do que isso impossível. "Please Don't Drag String Around" vai pelo mesmo caminho, embora considero essa como uma das mais simpáticas melodias cantadas pelo cantor por essa época. Um single, como já escrevi, muito agradável, embora musicalmente sem grande impacto no mundo da música.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley - Elvis Golden Records vol 3
STUCK ON YOU
FAME AND FORTUNE
I GOTTA KNOW
SURRENDER
I FEEL SO BAD
ARE YOU LONESOME TONIGHT?
(MARIE'S THE NAME) HIS LATEST FLAME
LITTLE SISTER
GOOD LUCK CHARM
ANYTHING THAT'S PART OF YOU
SHE'S NOT YOU
Singles que deram origem a este disco:
Stuck on You / Fame and Fortune (1960)
It's Now or Never / A Mess of Blues (1960)
Are You Lonesome Tonight? / I Gotta Know (1960)
Surrender / Lonely Man (1961)
I feel So Bad / Wild in the Country (1961)
His Latest Flame / Little Sister (1961)
She's Not You / Just Tell Her Jim Said Hello (1962)
Nota: Durante muitos anos essa série "Elvis Golden Records" foi a única dedicada a compilar singles de sucesso de Elvis Presley no formato LP. Por essa razão ficavam mais tempo em catálogo nas lojas de discos do que os demais álbuns convencionais. De certa forma era uma materialização da velha tática da raposa Tom Parker em vender sempre as mesmas gravações por duas vezes pois quem era realmente fã de Elvis comprava os compactos simples (singles) para acompanhar o sucesso do momento e depois compravam também o LP álbum que reunia os principais hits. Curiosamente Elvis recebia apenas de 40 a 30% do valor que normalmente recebia por essas coletâneas pois eram reprises e contratualmente a RCA só lhe repassava essa percentagem. Como visto era um tipo de lançamento muito lucrativo para a gravadora.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 8 de abril de 2005
Elvis Presley - FTD Fun in Acapulco
Como as faixas oficiais já conhecemos vamos prestar atenção nos takes originais. O que mais chama atenção aqui nas várias tentativas de Elvis com as músicas é a sua falta de intimidade com a língua espanhola. Não raro Elvis se confunde, tem problemas de pronunciar corretamente as palavras. E isso se torna muito claro nos takes alternativos. Fico imaginando Elvis Presley tendo que lidar com todas aquelas palavras estranhas. Ele se enrola, ri bastante e muitas vezes deixa sua parte passar batida por simplesmente não saber direito como pronunciar aquele vocabulário. Em certos momentos de sinceridade apenas diz: "I Don´t Know" ("Eu não sei"), ou seja, ele definitivamente não sabia como pronunciar a palavra corretamente. Para um cara do sul dos Estados Unidos aquela língua soava mesmo de outro planeta.
Elvis também parece rir da qualidade do material, muitas vezes não conseguindo segurar o riso com as letras imbecis que tinha que cantar. Basta prestar atenção até mesmo na versão oficial de "No Room To Rhumba In A Sports Car" onde ele passa a impressão que vai cair na gargalhada a qualquer momento! E que ritmo horrível é aquele?! Meu Deus! Mas enfim. No geral Presley está mais solto e à vontade do que em relação ao que ouvimos em outras sessões de gravações de outras trilhas da época. De vez em quando ele solta alguma piadinha aqui e acolá, o que aumenta o interesse para o fã ouvir esse som de bastidores das gravações. O curioso é que por muitos anos se pensou que Elvis gravou "Fun in Acapulco" sobre um playback previamente produzido mas não é verdade. Elvis está lá ao lado de sua banda e dos grupos vocais de apoio. Para ele - assim como para todos nós - esse tipo de trilha sonora tem que ser encarada com leveza, quase como uma piada. Afinal é melhor rir do que chorar.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley - Pot Luck With Elvis
JUST FOR OLD TIMES SAKE
GONNA GET BACK HOME SOMEHOW
(SUCH AN) EASY QUESTION
STEPPIN' OUT OF LINE
I'M YOURS
SOMETHING BLUE
SUSPICION
I FEEL THAT I'VE KNOWN YOU FOREVER
NIGHT RIDER
FOUNTAIN OF LOVE
THAT'S SOMEONE YOU NEVER FORGET
Singles extraídos deste disco:
Kiss Me Quick / Suspicion (1964)
Easy Question / It Feels So Right (1965)
I'm Yours / Long Lonely Highway (1965)
Long Legged Girl / That's Someone You Never Forget (1967)
Nota: Como se pode perceber vários singles desse álbum foram lançados em anos posteriores. É curioso como a discografia de Elvis era bagunçada nessa época. Quando "Pot Luck" chegou nas lojas em 1962 nenhum single de divulgação foi lançado, só depois de alguns anos é que começaram a surgir no mercado, sem explicação aparente, as faixas do disco em compactos sem a menor divulgação por parte da RCA Victor. O pior é que na maioria das vezes as músicas vinham em parceria com outras canções que nada tinham a ver com "Pot Luck". Apenas o single "Kiss Me Quick / Suspicion" era composto apenas por faixas do álbum. Esse compacto aliás fez grande sucesso no Brasil, como se sabe. "Easy Question", por sua vez, foi lançada apenas três anos depois com "It Feels So Right" do "Elvis is Back!" no lado B. "I'm Yours" veio em dobradinha com "Long Lonely Highway" que foi usada como bonus song na trilha de "Kissin Cousins" e por fim "That's Someone You Never Forget" foi usada como tapa buraco no single de "Long Legged Girl", canção que foi inutilmente divulgada pela RCA como música de trabalho da trilha sonora de "Double Trouble" e isso em 1967! Enfim, uma grande bagunça, numa verdadeira dança de cadeiras musical. Tudo servindo para provar como a RCA administrava mal o catálogo de gravações de Elvis Presley nos anos 60.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 7 de abril de 2005
Elvis Presley - FTD Pot Luck With Elvis
Curiosamente no CD 1 Ernst resolveu unir todos os takes 1 que tinha em arquivo. Assim o ouvinte é convidado a ouvir as primeiras tentativas de gravação das mesmas canções que acabou de ouvir em suas versões masters. Já no CD 2 temos um leque mais amplo de versões, embora para tristeza dos que gostam do álbum os takes das canções do disco estejam em menor número. Já para os fãs brasileiros a decepção será ainda maior. Como sabemos o grande hit desse disco aqui no Brasil foi realmente "Kiss Me Quick". Infelizmente em todo o FTD só existem três versões da música (a master e os takes 1 e 4). Por que isso ocorre? Isso é simples de explicar. Temos que entender que "Kiss Me Quick" não tem maior relevância lá fora, apenas aqui no Brasil. Essa canção - que sabe-se lá a razão virou um dos maiores sucessos de Elvis em nosso país - é considerada uma faixa menor dentro da discografia americana do cantor. Por isso não houve qualquer trabalho de destaque sobre ela nesse título. De qualquer maneira eu deixo a recomendação para o fã de Elvis Presley. Como já tive a oportunidade de escrever "Pot Luck" é um belo trabalho de estúdio de Elvis, com faixas bem gravadas em melodias elegantes, diria até sofisticadas. É um item que não pode faltar na coleção dos admiradores desse artista.
Pablo Aluísio.