segunda-feira, 21 de março de 2005

Elvis Presley - A Morte de Gladys

Elvis Presley - A Morte de Gladys
Gladys Love Smith Presley, a mãe de Elvis Presley, faleceu no dia 24 de agosto de 1958, com apenas 46 anos de idade, muito nova para os padrões americanos. Essa foi sem dúvida a maior tragédia na vida de Elvis. Ele amava demais sua mãe e não estava preparado para o que havia acontecido. Ele sempre dizia que seu maior objetivo de vida era dar uma vida melhor para seus pais, em especial sua mãe. que a mansão Graceland era dela, não dele. Que tudo o que havia construído havia sido apenas para que querida mãe tivesse uma boa vida em sua velhice. Só que tudo ruiu naquele terrível dia de agosto. E a tormenta dele havia começado bem antes.

Elvis havia ficado por 72 horas ao lado do leito de sua mãe no Hospital Metodista em Memphis. Naquela madrugada ele não tinha conseguido dormir. Ficou em uma cadeira, ao lado da cama da mãe, esperando que seu quadro de saúde fosse melhorar. Quando o dia amanheceu Elvis foi aconselhado por seu pai para ir descansar um pouco em Graceland, afinal ele tinha passado em branco naquelas últimas noites, sempre preocupado com o estado de saúde de sua querida mãe. E ela não conseguia melhorar. A cada dia seu quadro médico ia ficando pior. Elvis estava extremamente preocupado. Não havia uma certeza sobre o que estava acontecendo com ela.

Mesmo receoso Elvis achou melhor ir mesmo para casa, descansar e dormir um pouco para recarregar suas energias. Durante todo o tempo Elvis contou com o apoio de amigos e parentes como Alan Fortas, Lamar Fike, George Klein, Billy Smith e Louis Harris, que lhe deram forças tanto em Graceland, como no hospital onde Gladys infelizmente vivia seus últimos momentos. Vernon, seu pai, ficaria ao lado de Gladys até que ele voltasse no dia seguinte. Em Graceland Elvis tentou dormir, mas suas crises de insônia voltaram. Quando estava estressado e preocupado ele não conseguia mesmo ter uma noite tranquila de sono.

Ao que tudo indicava a mãe de Elvis sofria de uma grave crise de hepatite e os médicos receavam pelo pior. Enquanto Elvis estava descansando no quarto em Graceland, o seu telefone tocou. Era pouco mais de duas da manhã. Era seu pai. Gladys havia entrado em coma profundo e os médicos estavam sem muitas esperanças. Elvis mal teve tempo de se levantar e correr para o Hospital pois quando chegou lá recebeu a terrível notícia: sua mãe não resistira ao quadro grave de saúde e havia falecido poucos minutos antes, de uma parada cardíaca.

Ao receber a notícia Elvis entrou em choque! Nada poderia ser tão terrível para ele como a morte de sua amada mãe. Elvis e Gladys tinham um relacionamento especial, eram extremamente próximos e quando a perdeu Elvis se viu diante da maior tragédia de sua vida. Gladys não era apenas sua mãe, mas também sua melhor amiga, confidente, confessora e guia moral. A sua morte causou um abalo tão grande em Elvis que muitos biógrafos afirmam que sua vida mudou para sempre depois daquela madrugada.

Elvis ficou devastado, completamente devastado emocionalmente. Ele não conseguia mais pensar ou agir corretamente. Em uma forte crise nervosa, teve que ser levado de volta para Graceland onde foi atendido por um médico que lhe passou uma série de calmantes. Mesmo assim, sedado, Elvis não conseguia parar de chorar. A notícia se espalhou rapidamente e em pouco tempo uma multidão formou-se nos portões de Graceland. Logo pela manhã a polícia de Memphis foi acionada para chegar ao local, com receios de que houvesse um tumulto por causa da enorme quantidade de pessoas presentes. Assim que soube da notícia o amigo Nick Adams veio de Hollywood. Vários figurões e astros famosos também mandaram suas condolências entre eles Marlon Brando, Cecil B. De Mille e Paul Newman. Elizabeth Taylor e Marilyn Monroe também enviaram telegramas lamentando a morte de sua mãe.

Vernon assumiu os preparativos do funeral uma vez que Elvis não tinha mais nenhuma condição emocional de tratar de algo assim. O corpo de Gladys chegou em Graceland às dez e meia da manhã. Elvis não teve condições de descer logo para ficar ao lado da mãe. Inconsolado ele repetia: “Oh meu Deus, meu Deus, por favor, leve tudo o que eu tenho e traga minha mãe de volta!” Abraçado a Vernon desabafou: “Tudo o que eu tinha de valioso em minha vida se foi”. Mesmo muito abalado Elvis mandou que as portas de Graceland fossem abertas aos seus fãs. “Minha mãe adorava meus fãs, quero que eles venham dizer adeus a ela!”. Aconselhado pelo Coronel Tom Parker porém os funerais foram transferidos para um local mais seguro.

Para a despedida de sua mãe, Elvis decidiu trazer o grupo gospel favorito de Gladys, o Blackwood Brothers, para cantar na cerimônia de corpo presente. Abraçado ao pai ou a Minnie Mae, Elvis mal conseguia se segurar em pé, tamanha a carga emocional que se abatera sobre ele. Na hora de finalmente dar o adeus final, Elvis se debruçou sobre o corpo de sua mãe e se despediu dizendo: “Adeus, minha querida... adeus! Eu te amo demais. Você sabe que tudo o que fiz em minha vida foi só por você...” Após falar essa frase a voz sumiu e Elvis não conseguiu dizer mais nada, sendo consolado por todos que estavam ao seu redor. As lágrimas o impedia de falar qualquer outra coisa. Depois das despedidas finais Gladys foi levada até o cemitério Forrest Hill onde foi finalmente sepultada. Seu caixão desceu exatamente às 15:30hs. Elvis foi retirado pois não conseguia mais suportar a dor pela qual estava passando. Na lápide ficou escrito: “Gladys Smith Presley – Esposa Querida de Vernon Presley, mãe de Elvis Presley – Ela foi o raio de sol de nosso lar”.

O sistema postal de Memphis estima que no total foram enviadas mais de 100 mil cartas para Graceland naquela semana, sendo 500 telegramas de condolências e 200 arranjos de flores. Elvis conseguiu mais uma semana de licença do exército para ficar em Memphis. Não havia cura para sua dor. Imediatamente mandou que o quarto de Gladys em Graceland fosse deixado completamente preservado em memória de sua mãe. Também providenciou para que uma pessoa ficasse responsável em depositar diariamente rosas em seu túmulo.

Durante muitos anos se especulou sobre as verdadeiras causas da morte de Gladys. Alguns autores mais sensacionalistas afirmaram que ela teria morrido de cirrose causada por excesso de bebidas alcoólicas, mas isso era obviamente uma indignidade com a memória da mãe de Elvis. De fato não houve qualquer acobertamento ou mudança nos documentos de sua causa mortis promovida por quem quer que seja.

Depois da morte de sua mãe, Elvis Presley se transformou. As coisas começaram a ter um novo ângulo, uma nova perspectiva. Ele entrou em sucessivas crises depressivas que jamais o abandonariam. Não se importava mais em ler contratos, saber quanto ganhava em discos, filmes, etc. A carreira tão amada acabou virando apenas um trabalho a se fazer. Elvis também deixou definitivamente de se importar com coisas materiais, se tornando uma pessoa mais do que generosa, dando praticamente tudo o que ganhava para amigos, parentes e quem quer mais que caísse em suas graças. Para muitos o seu longo declínio como pessoa e como artista começou com a morte de sua amada mãe. A afirmação não deixa de ter um grande fundo de verdade. As coisas definitivamente jamais seriam como antes. Não há como negar que naquele dia morreu não apenas Gladys, sua idolatrada mãe, mas também uma parte importante do próprio Elvis Presley.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley


 Elvis Presley

domingo, 20 de março de 2005

Elvis Presley - A Família Presley

A pequenina cidade de Bad Nauheim, na Alemanha, foi o lar europeu de Elvis Presley em grande parte de seu serviço militar no exterior. Na maior parte do ano a cidade apresentava um clima muito frio, mas no verão o local renascia. A RCA Victor enviou uma equipe para tirar algumas fotos de Elvis no local para usar posteriormente em material promocional de seus discos.

Uma das fotos inclusive virou capa de um de seus singles de maior sucesso. Além das fotos tiradas por sua gravadora, Elvis foi clicado por fãs, moradores e colegas de exército. Na cidade ele procurou levar uma vida normal, calma, andando pelas ruas, sendo bastante simpático com os moradores locais, sempre procurando parecer uma pessoa como qualquer outra. Nada de agir como um superstar. No fundo Elvis tentou de alguma forma fazer parte da comunidade de Nauheim.

Elvis inclusive levou sua família para morar ao seu lado. Ele não queria se separar de seu pai Vernon e nem de sua avó, Minnie Mae (que carinhosamente chamava de "Dodger"). Todos eles foram morar com ele em uma casa alugada em Bad Nauheim. A mãe de Elvis, Gladys Smith, havia falecido naquele mesmo ano. Quem preparava todas as refeições era a própria avó de Elvis. Ela fazia de tudo para que o neto se sentisse em casa, mesmo estando morando na distante Alemanha. 

Vernon ficava em casa, cuidando das coisas, fazendo compras e pagando todas as contas. Era Vernon que tinha que lidar com a dona da casa onde eles moravam. Uma senhora idosa, viúva e mal humorada, que sempre chamava Elvis de "Joe". Elvis e o pai riam muito disso e nunca entenderam porque ela chamava Elvis por esse nome.  Talvez a senhora alemã chamasse Elvis de Joe porque todos os soldados americanos eram conhecidos como "GI Joe" em solo alemão. A viúva não tinha a menor ideia de quem era Elvis Presley.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - A vida em Bad Nauheim

Após a morte de sua mãe Gladys, Elvis teve mais alguns dias de licença e depois retornou para a base militar de Fort Hood. Ele foi integrado ao Primeiro Batalhão de Tanques da Terceira Divisão Americana (Spearhead) que seria enviada para a Alemanha Ocidental. Antes de morrer Gladys havia tido uma conversa com Elvis. Pressentindo que algo mais sério pudesse acontecer com sua saúde, ela fez Elvis prometer que para onde quer que fosse sempre levaria seu pai e sua avó juntos, pois na visão de Gladys a família deveria sempre manter-se unida. Elvis prometeu a ela em seu leito de morte que faria isso e cumpriu sua promessa. Assim que soube que iria para a Alemanha resolveu que Vernon e Minnie Mae deveriam seguir ao seu lado para a Europa.

Havia uma cláusula no regimento interno do exército americano que dizia que caso o militar em serviço tivesse familiares sob sua dependência financeira, ele poderia dormir em sua própria residência. Para Elvis isso era mais do que conveniente. Estaria ao lado de seus parentes queridos e de quebra poderia voltar a dormir em uma cama quente e macia novamente. Ele estava cansado de dormir nas frias casernas do batalhão e com Vernon e Minnie Mae por perto isso seria um alívio para ele pois dormiria em seu próprio quarto em uma casa alugada na Alemanha.

Inicialmente a tropa de Elvis foi enviada para Hamburgo, depois Frankfurt, finalmente estacionando na pequenina cidade de Bad Nauheim. Foi ali que Elvis decidiu alugar uma casa para ele, Vernon e Minnie Mae. Quando todos pensavam que Elvis iria alugar uma mansão por lá ele escolheu uma pequena residência comum no endereço Goethestrasse 14, que absolutamente nada tinha nada de diferente das demais casas da rua. Era pequena, mas confortável.

A rotina de Elvis nessa cidade nunca mudou desde que lá chegou. Ele geralmente acordava às cinco da manhã; tomava seu café e dirigia seu próprio carro em direção a base. Às 18:00hs retornava para casa. Não havia luxos, nem glamour, apenas a vida normal de um militar americano prestando serviço na Alemanha. Embora estivesse determinado a levar uma vida comum, o fato é que sua presença não poderia ser ignorada por ninguém. Em pouco tempo seu endereço foi divulgado em fanzines de fãs clubes da região e levas e mais levas de fãs começaram a chegar em sua casa todos os dias. Vernon e Minnie Mae eram muito gentis com os fãs que batiam na porta, mas depois de um certo tempo Elvis achou que, como eram pessoas mais velhas, não deveriam ser perturbadas durante o dia. Assim estipulou que uma placa fosse colocada na entrada da casa avisando que autógrafos só seriam dados a partir das sete horas da noite.

Assim criou-se um verdadeiro ritual. Durante o dia a rua ficava deserta e calma, mas quando a noite vinha chegando pequenas multidões se formavam nos portões de sua casa. Elvis abria a porta, falava com os fãs, assinava autógrafos, tirava fotos, brincava, sempre muito simpático e solicito com todos. Seu alemão ainda era muito rudimentar mas dentro do possível Elvis tentava se comunicar com suas jovens fãs alemãs. Ao contrário de outros superstars, Elvis não via qualquer problema em se ver rodeado por admiradoras e fãs em geral. Todas às noites lá estava ele no meio deles, trocando gentilezas, beijinhos, rindo, parecendo mais um amigo entre sua turma do que qualquer outra coisa. Seu carisma e simpatia encantava a todos.

Enquanto estava na Alemanha com a família, sua mansão Graceland ficou completamente vazia nos Estados Unidos. Pela primeira (e única) vez na vida Elvis levantou a hipótese de vende-la, pois não saberia se conseguiria voltar a morar lá após a morte de Gladys. As lembranças eram dolorosas demais. O futuro era incerto e tudo poderia acontecer, costumava dizer, Elvis também tinha sérias dúvidas se um dia sua carreira iria conseguir renascer das cinzas. A única certeza era que deveria levantar a cabeça para seguir em frente, viver um dia de cada vez.

O retorno para a vida civil ainda parecia distante, mas aos poucos Elvis foi vendo a chama de sua carreira resplandecer. Um grupo da Paramount foi enviado a Bad Nauheim. Eram executivos do produtor Hall Wallis. Eles queriam assinar com Elvis a realização de seu primeiro filme após voltar do exército. Eram boas notícias – eles ainda se interessavam por ele! Elvis assinou sem pensar duas vezes. Ele havia telefonado ao Coronel Parker na noite anterior e esse lhe contou que sua volta era aguardada com ansiedade nos Estados Unidos. Quem sabe o futuro não traria boas surpresas? Os tempos difíceis pareciam estar chegando ao final. Foi por essa época de um novo recomeço que Elvis conheceu uma jovem adolescente, filha de um oficial da Força Aérea americana. Ela se chamava Priscilla, era uma garota muito jovem, mas dona de uma beleza estonteante. Para Elvis foi amor à primeira vista! Mal sabia ele que a partir daí sua vida iria mudar para sempre...

Pablo Aluísio.

sábado, 19 de março de 2005

Elvis Presley - Elvis e Elisabeth Stefaniak

Enquanto estava servindo o exército americano na Alemanha, Elvis conheceu uma jovem garota de 18 anos chamada Elisabeth Stefaniak. Ela era nascida na Alemanha, mas filha de um militar americano, por isso sabia falar muito bem os dois idiomas, inglês e alemão. Elvis tinha muitas dificuldades para aprender até mesmo o básico em alemão. Ele conhecia no máximo vinte palavras básicas daquele idioma que ele considerava absurdamente complicado de entender. Assim após uma sessão de cinema eles começaram a namorar.

Por essa época o endereço de Elvis na Alemanha foi vazado por um fã clube nos Estados Unidos. Da noite para o dia o cantor começou a receber milhares de cartas escritas por fãs de todo o mundo. Elvis então designou sua namorada Stefaniak para responder sua enorme correspondência, uma vez que Elvis não tinha tempo pois passava o dia todo no quartel. Ela então começou a servir como secretária e intérprete pessoal de Elvis, tentando organizar toda aquela montanha de cartas que chegavam todos os dias. Quando terminava seu dia no exército, Elvis retornava para casa, lá pelas seis da noite, Ele tomava um pequeno lanche e ficava assinando dezenas de cartas de resposta às suas fãs. 

Elizabeth também passou a organizar as sessões de autógrafos que Elvis havia organizado todas as noites em frente à sua casa. Elvis havia criado essas sessões para evitar que sua família fosse perturbada durante o dia. Assim as fãs alemãs sabiam que Elvis só iria atender elas durante à noite, onde ele recebia discos e fotos para assinar. Tudo muito organizado, para evitar problemas e tumultos. Elvis estava morando numa área residencial e não queria importunar seus vizinhos alemães.

Quem cuidava de tudo era Elisabeth Stefaniak. Depois de um  tempo aquilo começou a cansar Elvis. Ele então pediu que ela falsificasse sua assinatura, porque ele definitivamente não tinha tempo para mais nada. Elvis instruiu sua namorada e secretária a só lhe avisar sobre cartas de pessoas que pediam ajuda, como um fã que pediu a Elvis uma cadeira de rodas. Ele era deficiente e não tinha dinheiro para comprar a cadeira. Esse tipo de carta de auxílio muitas vezes era respondida pelo próprio Elvis. Pessoas pobres, com parentes doentes, era o tipo de carta que Elvis queria ser informado de seu teor, porque ele queria mesmo ajudar todas essas pessoas que passavam por sofrimentos materiais. O resto, de fãs platonicamente apaixonadas por ele, podiam ser respondidas pela secretária.

O curioso é que aos poucos o namoro foi esfriando, até porque Elvis se apaixonaria por Priscilla, sua futura esposa, mas mesmo assim Elvis não despediu a alemã que era seu braço direito na Alemanha. Mais do que isso, quando retornou para os Estados Unidos, para morar em Graceland, Elvis levou Elisabeth com ele, para trabalhar ao seu lado na América. Curiosamente ela iria se casar com Rex Mansfield, um bom amigo que Elvis havia feito no exército.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis em Paris

Elvis Presley em Paris
Enquanto servia o exército americano na Alemanha Elvis decidiu que queria visitar e conhecer Paris, a Cidade Luz! A ideia surgiu meio por acaso, Elvis viu um desses folders de turismo numa estação de trem enquanto estava ao lado de sua tropa e procurou se informar sobre a viagem. Talvez nem fosse tão longe, uma vez que ele já estava na Alemanha. Tudo na Europa era relativamente mais perto do que nos Estados Unidos! Elvis então entrou numa agência de viagens localizada na estação e perguntou gentilmente quanto tempo levaria para chegar em Paris. Era uma viagem relativamente curta de trem, de poucas horas – lhe informou uma surpreendida secretária da agência de turismo.

Então Elvis decidiu que em seu próximo fim de semana com passe livre iria conhecer a famosa cidade, afinal ele nunca estivera lá antes! E assim foi feito. Elvis pisou na cidade pela primeira (e única) vez em março de 1959. Não havia qualquer compromisso de trabalho, na linda capital francesa. O cantor era apenas mais um turista americano a passear pelas ruas, pelos monumentos históricos. A cidade não o decepcionou e Elvis ficou maravilhado com as riquezas arquitetônicas da milenar metrópole. Ele assinou autógrafos a fãs franceses e até mesmo brincou com um jornalista que lhe perguntou sobre quem ele mais gostaria de encontrar em Paris. Elvis nem pensou duas vezes e respondeu: "Brigitte Bardot!". Curiosamente Elvis e BB nunca se conhecerem pessoalmente. Tudo ficou apenas na esfera da imprensa francesa.
   
Nesse dia de turismo despreocupado, Elvis pareceu bem relaxado e calmo. Mesmo sendo mundialmente famoso fez questão de caminhar pelas ruas como uma pessoa comum, sentar nos famosos cafés parisienses, tomar café, experimentar os doces da culinária local, tirar fotos. Fardado em seu traje militar, ele esbanjou simpatia e cortesia com todos que vieram até ele atrás de um aperto de mãos ou um pequeno bate papo amigável com algum fã francês que teve a sorte de encontrá-lo passeando pelas ruas de Paris. Ele adorou tudo, o clima irresistível dos pequenos restaurantes, a amizade cordial das pessoas. Ficou bem impressionado com os pratos da culinária parisiense, do sabor dos pratos que nunca havia provado antes, de fato sentiu-se completamente à vontade.

Quando chegou a noite resolveu conhecer um famoso night club chamado Lido! Era um local de apresentações ao estilo vaudeville, com todas aquelas garotas levantando as saias, mostrando suas pernas torneadas em coreografias ousadas (para a época, é claro!). Depois do show Elvis fez questão de conhecer pessoalmente as bailarinas, tirou fotos, trocou beijinhos e não se fez de tímido! Aquele foi um fim de semana foi muito divertido! Depois que voltou para a Alemanha Elvis disse a seus amigos mais próximos que gostaria de fazer outras viagens como aquela, conhecer outros países europeus. Afinal todo militar americano estacionado no continente europeu fazia exatamente isso, aproveitava seus dias de folga para conhecer outras culturas, visitar as históricas cidades do continente. Elvis demonstrou desejos que conhecer Londres, na Inglaterra e Madrid, na Espanha. O interessante de toda essa história é que apesar de tudo ele nunca faria essas viagens. Uma pena, teria sido algo também muito especial, não apenas para ele, como bom turista americano, mas também para seus fãs europeus.

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 18 de março de 2005

Elvis Presley - Elvis & Sophia Loren

Elvis estava tranquilamente sentado no refeitório da Paramount Pictures, durante uma pausa nas filmagens do filme "King Creole" (Balada Sangrenta) quando foi interrompido em sua refeição por Sophia Loren. Ela foi até Elvis para se apresentar pessoalmente. Já que ninguém apresentava os dois, ela decidiu que iria lá conhecer Elvis de qualquer jeito. "Olá Elvis, sou Sophia Loren!". Elvis se levantou, como bem determinava a educação sulista, apertou a mãe da atriz e respondeu: "É um prazer conhecê-la". Claro que Elvis sabia quem era Sophia Loren, já que ela estava se tornando uma das atrizes mais populares do cinema americano.

Sophia se sentou ao lado de Elvis e após um pequeno bate papo com o cantor viu se aproximando o fotógrafo Bob Willoughby. Esse não perdeu tempo, vendo ali duas estrelas do cinema juntas. Apontou sua câmera e saiu tirando uma série de fotos! Para sua surpresa Sophia Loren pulou então no colo de Elvis, que visivelmente ficou até um pouco constrangido com o avanço da atriz. Ele então  começou a dar risada. Sophia Loren decidiu despentear  completamente o cabelo de Elvis, enquanto as fotos iam sendo tiradas... foi um momento de pura diversão e desconcentração para todos que estavam ali. Sophia Loren estava claramente provocando Elvis, de um jeito até bem pouco sutil.

Entre risadas, beijos e abraços, Elvis acabou perdendo sua refeição, mas em compensação se divertiu muito também. Sophia Loren pareceu muito contente, provocando Elvis, dizendo que havia ouvido falar que ele era "um rapaz muito bonzinho". Aos 23 anos de idade Elvis obviamente entendeu bem os avanços da atriz, mas preferiu apenas se divertir com a situação. Anos depois a atriz contou em uma entrevista que seu objetivo era mesmo dar uns amassos em Elvis, convidar ele para jantar e depois levar para a cama o famoso rockstar, mas pelo visto seus planos não deram muito certo. Ela lamentou depois dizendo: "Que pena que ele não era um homem italiano!". Outra coisa que chamou a atenção de Sophia Loren foi a beleza de Elvis. Ela disse: "Elvis era muito mais bonito pessoalmente do que nas fotos! Foi um dos homens mais bonitos que ja conheci na minha vida!".

Elvis, por sua vez, elogiou a atriz afirmando: "Eu assisti a todos os filmes dela. Só que ela me disse que só havia assistido um dos meus filmes!" Depois de rir um pouquinho, Elvis disse: "Tudo bem! Espero que depois possa trabalhar ao seu lado no cinema, depois que eu voltar do exército e retomar minha carreira". Teria sido sem dúvida uma boa parceria no cinema, mas infelizmente nunca aconteceu. Elvis e Sophia Loren eram ambos contratados pela Paramount Pictures e teria sido fácil produzir um filme com o casal. Bastava ter vontade. Só que isso não passou pela cabeça do produtor Hall Wallis. Ele perdeu a oportunidade de unir o Rei do Rock e a estrela italiana em um mesmo filme. Teria sido muito interessante, tanto para os fãs de rock como para os fãs de cinema da época.

Pablo Aluísio.


quinta-feira, 17 de março de 2005

Elvis Presley - Balada Sangrenta

É considerado o melhor filme da carreira de Elvis Presley. De fato é um dos melhores momentos de Elvis em sua carreira como ator. Realmente “King Creole” é cinema de altíssima qualidade. Do roteiro às atuações, do argumento à trilha sonora, tudo é muito bem realizado, caprichado, de primeiríssima linha. Isso era de se esperar, pois se trata de uma direção assinada por Michael Curtiz, o diretor de “Casablanca” e tantos outros clássicos, como os filmes que dirigiu com o astro Errol Flynn na Warner, durante as décadas de 1930 e 1940, por exemplo. Então não é nenhuma surpresa o excelente nível técnico do filme como um todo.

A trama se passa numa New Orleans com muita música no ar, mas também com muita criminalidade pelos becos escuros da cidade. É nesse cenário que vive o jovem Danny Fisher (Elvis Presley). Após a morte de sua mãe em um acidente automobilístico, a outrora família feliz de Danny entra em crise. Seu pai (interpretado pelo ator Dean Jagger), um homem honesto e digno, não consegue mais se firmar em nenhum emprego. Já sua irmã Mimi (Jan Shepard) tenta de alguma forma ajudar em casa, ocupando a posição que era exercida por sua mãe falecida. Uma pessoa que logo se torna o equilíbrio emocional da família Fisher.

O sonho de todos eles é que Danny se forme, construa assim um futuro melhor para si e venha a ter um dia uma profissão que lhe dê segurança e estabilidade na vida. A escola se torna a única esperança de toda a família. E é justamente no último dia de aula, quando está prestes a receber seu diploma, que Danny acaba se envolvendo em uma confusão que irá alterar todo o seu destino. Ele briga com alguns colegas na porta da escola e por isso não consegue mais se formar. Desiludido, decide ir atrás de algum trabalho melhor na Bourbon Street, a principal e mais famosa rua de New Orleans. Cheia de boates e cabarets, a Bourbon é uma opção para quem não tem um diploma como Danny. É lá que Maxie Fields (Walter Matthau) impera, controlando tudo menos a pequena casa noturna chamada “King Creole”, onde Danny acaba encontrando um emprego como cantor fixo. E justamente nesse meio cheio de violência e crimes, disputas e concorrências desleais que Danny irá tentar finalmente abrir os caminhos de sua vida.

“Balada Sangrenta” tem um excelente roteiro que procura desenvolver todos os personagens. Apesar das músicas suavizarem um pouco o clima barra pesada da estória, Michael Curtiz conseguiu manter a densidade dramática dos acontecimentos. O Danny Fisher de Elvis é um cara durão, tenaz, que não aceita desaforos, bem ao contrário de seu pai, que muitas vezes se coloca em situações humilhantes apenas para garantir um suado e minguado salário em um emprego como assistente numa farmácia local. Isso é tudo o que Danny não deseja em seu futuro. Para piorar ele começa a andar com a turma de Shark (Vic Morrow de “Sementes da Violência”). Por falar nisso, o elenco coadjuvante de “Balada Sangrenta” é realmente excepcional.

O personagem de Elvis fica dividido entre o amor inocente e puro de Nellie (interpretada por Dolores Hart, mais uma vez contracenando com Elvis) e a paixão pela desiludida Ronnie (Carolyn Jones), uma garota de boate e amante casual do gangster Maxie. E por falar nesse personagem não deixa de ser muito interessante ver Walter Matthau interpretando um gangster que tenta controlar a tudo e a todos com violência, chantagens e poder econômico. Suas cenas ao lado de Elvis são excelentes. Curiosamente aqui Matthau deixou de lado seus personagens cômicos, em divertidos filmes ao lado de Jack Lemmon, para atuar em uma papel bem sério, diria até mesmo sinistro. Foi uma exceção em sua longa carreira no cinema.

E o Rei do Rock, como se sai com tanta responsabilidade ao ter que atuar no meio de tantos atores talentosos? Muito bem. A crítica da época elogiou Presley por sua capacidade de segurar um filme desse porte! Embora não fosse um ator com formação dramática, não há como deixar de elogiar o cantor em sua caracterização aqui. Obviamente que sua atuação não pode ser comparada aos grandes atores da época, mas dentro de suas possibilidades Elvis se saiu excepcionalmente bem. E ele tem muitas cenas complicadas ao longo do filme, seja sofrendo ao saber que seu pai foi apunhalado, seja tentando transmitir a dor pela perda de uma pessoa querida.

Embora tivesse a opção de realizar o filme em cores, o diretor Michael Curtiz se decidiu pelo Preto e Branco. A decisão foi baseada no próprio enredo do filme que pedia por um clima mais sórdido, noir, sombrio, ideal para o P&B. Outra decisão do diretor foi filmar grande parte do filme nos estúdios da Paramount em Los Angeles. Apenas algumas cenas seriam realizadas em locação na cidade de New Orleans, como a seqüência final no píer. Dentro dos confortáveis estúdios era bem mais fácil controlar as filmagens. Assim uma Bourbon Street foi recriada dentro do estúdio, o mesmo acontecendo com as boates de Maxie Fields e o próprio King Creole.

Em conclusão, “Balada Sangrenta” é um pequeno clássico da década de 1950 que merecia inclusive ter mais reconhecimento. Há uma mistura de elementos e gêneros que vão do drama ao suspense, do musical ao romance, que não pode ser subestimada. Pena que Michael Curtiz já estava com a idade muito avançada, perto de se aposentar definitivamente. Ele nunca mais trabalharia com Elvis. A lamentar também os rumos que a vida do próprio Elvis tomou após terminar o filme, ao ser convocado para o exército americano, interrompendo sua carreira em Hollywood, logo no melhor momento e na melhor fase de toda a sua vida artistica. De qualquer modo ficou para a posteridade essa obra cinematográfica, que resistiu excepcionalmente bem ao tempo. Uma preciosidade que merece ser redescoberta não apenas por fãs de Elvis Presley ou admirados de Michael Curtiz, mas principalmente pelos cinéfilos em geral. “Balada Sangrenta” é sem dúvida um exemplo do que de melhor Hollywood produzia naquela época.

Balada Sangrenta (King Creole, Estados Unidos, 1958) Direção: Michael Curtiz / Roteiro: Herbert Baker, Michael V. Gazzo baseados na obra "A Stone for Danny Fisher" de Harold Robbins / Elenco: Elvis Presley, Carolyn Jones, Walter Matthau, Dolores Hart, Dean Jagger, Vic Morrow, Paul Stewart, Jan Shepard, Liliane Montevecchi / Sinopse: Danny Fisher (Elvis Presley) se vira como é possível para ajudar sua família. Após as aulas ganha uns trocados limpando mesas e arrumando os salões de bares e casas noturnas em New Orleans. É justamente aí que descobre ter um talento especial, o de cantor. Disputado por duas casas noturnas da Bourbon Street, ele terá que ser forte para sobreviver ao jogo de gangsters e criminosos de todos os tipos.

Pablo Aluísio.