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segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Balas ou Votos

Título no Brasil: Balas ou Votos
Título Original: Bullets or Ballots
Ano de Produção: 1936
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Brothers
Direção: William Keighley
Roteiro: Seton I. Miller, Martin Mooney
Elenco: Edward G. Robinson, Humphrey Bogart, Joan Blondell, Barton MacLane, Frank McHugh, Joe King

Sinopse:
Após a nomeação do novo comissário de polícia de Nova Iorque, o ex-detetive Johnny Blake (Edward G. Robinson) afirma ter provas que ele no passado foi corrompido pelo gângster 'Bugs' Fenner (Humphrey Bogart), causando tensão e violência pelas ruas da cidade.

Comentários:
Um filme de gângster dos anos 30 com Edward G. Robinson e Humphrey Bogart já é motivo suficiente para qualquer cinéfilo se interessar. Afinal os dois atores foram os mais expressivos astros desse subgênero policial cinematográfico. Some-se a isso o fato de que o criminoso (da vida real) Bugsy Siegel ter ficado muito incomodado com o personagem de Bogart chamado 'Bugs' Fenner e você terá o cardápio completo. Na verdade o gângster retratado nas telas era mesmo uma provocação, uma paródia de Bugsy, naquele período organizando a jogatina do que seria Las Vegas nos anos seguintes. Membro da máfia, ele era conhecido por subornar autoridades públicas, principalmente policiais. Por isso era no mínimo constrangedor ter um filme o retratando fazendo nas telas o que fazia em sua vida de crimes. Boatos na época diziam que ele iria explodir os cinemas onde estava sendo exibido o filme, mas provavelmente recuou por causa das reações indignadas do público. Já Bogart diria anos depois que depois que o filme chegou nos cinemas ele passou a ser mais cuidadoso em sua vida pessoal. Afinal aquela era a era em que os gângsters reinavam e um passo em falso poderia significar a morte certa.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 26 de abril de 2022

Crepúsculo de Uma Raça

Quando o filme começa vemos um posto avançado da cavalaria do exército dos Estados Unidos em território demarcado como reserva indígena do povo Cheyenne. Aos poucos milhares de nativos chegam ali. Eles querem se encontrar com um senador que está chegando da capital. Querem mostrar para ele como as terras daquele lugar são desertas, sem água e nem comida. Que viver ali não seria possível. Os índios chegam pela manhã e ficam em pé esperando o senador que parece nunca chegar. Depois de horas de espera eles cansam de esperar e vão embora. Estão ofendidos e com razão. E decidem ir embora da reserva. O problema é que o comandante da tropa da cavalaria, o capitão Thomas Archer (Richard Widmark) tem ordens para evitar isso, usando de violência, se necessário for. Mas como ele vai atirar em crianças, idosos e mulheres indefesas?

Esse filme de John Ford foi uma espécie de pedidos de desculpas do cineasta para com o povo nativo dos Estados Unidos. Durante anos ele filmou filmes de western usando os indígenas como vilões e selvagens. Nesse filme ele decidiu que também iria mostrar o outro lado, o lado das nações nativas da América. O filme é assim dividido em três atos bem claros. No primeiro temos a fuga dos Cheyennes da reserva deserta e hostil para onde foram levados. No segundo ato, passado na cidade de Dodge City, há um pânico quando moradores descobrem que os índios estão chegando a na última parte vemos o desfecho, a conclusão da história.

Embora seja um filme muito bom ele se torna irregular por causa do segundo ato, em Dodge City. James Stewart aqui interpreta o xerife Wyatt Earp, mas tudo em tom de comédia, de humor, o que destoa do restante do filme. Quando eles saem em perseguição dos índios no deserto tudo parece um episódio de Corrida Maluca. Algo que quebra o ritmo sério e concentrado do restante do filme. O que diabos tinha John Ford na cabeça quando rodou esse segundo ato? Felizmente o filme retoma sua seriedade inicial na terceira e última parte, quando os indígenas chegam em um forte do exército americano. Ali eles esperam um tratamento adequado para seres humanos. Esperam que o governo americano encontre uma solução para eles. Quem se destaca nessa última parte é o veterano ator Edward G. Robinson. Ele interpreta o secretário do interior Carl Schurz, um homem justo e humano.

Então é isso. Temos aqui um filme que quase foi estragado pelo próprio John Ford na sua equivocada decisão de inserir humor em um filme com temática séria demais para esse tipo de coisa. O western assim se vale das duas partes (inicial e final) para se assumir como grande obra cinematográfica. Há elementos demais a se pensar nesse roteiro, de como o governo dos Estados Unidos foi injusto e cruel com os índios daquele país. Uma dívida história que pensando bem até hoje não foi devidamente paga!

Crepúsculo de Uma Raça (Cheyenne Autumn, Estados Unidos, 1964) Direção: John Ford / Roteiro: James R. Webb, Howard Fast / Elenco: Richard Widmark, James Stewart, Edward G. Robinson, Karl Malden, Ricardo Montalban, Carroll Baker, Sal Mineo, Dolores del Rio, Patrick Wayne, Gilbert Roland / Sinopse: O filme conta a história da fuga de um enorme grupo de índios da nação Cheyenne de uma reserva deserta dada pelo governo dos Estados Unidos. Assim que eles deixam a reserva passam a ser perseguidos pela cavalaria, dando origem a diversos confrontos e conflitos. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor direção de fotografia (William H. Clothier). Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de melhor ator coadjuvante (Gilbert Roland).

Pablo Aluísio. 


terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Crepúsculo de uma Raça

Título no Brasil: Crepúsculo de uma Raça
Título Original: Cheyenne Autumn
Ano de Produção: 1964
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: John Ford
Roteiro: Mari Sandoz, James R. Webb
Elenco: James Stewart, Richard Widmark, Karl Malden, Sal Mineo, Edward G. Robinson, Ricardo Montalban

Sinopse:
No ano de 1878, o governo decide deixar de doar os suprimentos e alimentos necessários para a sobrevivência da nação indígena Cheyenne, levando centenas de milhares de índios a saírem da reserva em Oklahoma até o Wyoming, local onde sempre viveram. Thomas Archer, Capitão da Cavalaria, recebe a tormentosa missão de vigiar e conter os anseios de guerra dos índios, mas durante esse processo de convivência durante o percurso, passa a nutrir um grande respeito pelos nativos americanos.

Comentários:
Foi um dos últimos filmes da carreira do diretor John Ford. Nessa produção ele novamente decidiu reunir um grande elenco para contar esse lado menos heroico da conquista do velho oeste dos Estados Unidos. Ao lado de grandes cenas, explorando novamente a beleza natural de lugares como o Monument Valley, o mestre do cinema também cometeu alguns erros. Não é um filme perfeito, tem suas falhas. Uma delas é a longa duração. Esse faroeste assim acaba parecendo mais longo do que deveria ser, com excesso de tramas secundárias que não adicionam muito ao resultado final. Há uma longa parte no meio do filme com James Stewart que exagera nas doses de humor, quebrando o ritmo de um filme que deveria ter um tom mais sério. John Ford sempre tentou trazer algum tipo de alívio cômico em seus filmes, mas aqui ele definitivamente errou a mão. De qualquer forma esse último western assinado por Ford se mantém relevante por causa do teor de seu roteiro que procurou trazer uma visão mais consciente e humana em relação aos nativos americanos. Salvo por suas boas intenções, prejudicado um pouco por alguns deslizes de seu diretor, o filme ainda é um marco importante nesse gênero cinematográfico tão importante dentro do cinema americano. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor direção de fotografia (William H. Clothier).

Pablo Aluísio.

sábado, 6 de novembro de 2021

O Lobo do Mar

Título no Brasil: O Lobo do Mar
Título Original: The Sea Wolf
Ano de Produção: 1941
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Michael Curtiz
Roteiro: Jack London, Robert Rossen
Elenco: Edward G. Robinson, Ida Lupino, John Garfield

Sinopse:
'Wolf' Larsen (Edward G. Robinson) é um veterano capitão naval que precisa lidar com uma tripulação que não consegue ser tão disciplinada e organizada  quanto ele queria. O choque de opiniões e visões acaba transformando sua embarcação em um barril de pólvora prestes a explodir. Filme indicado ao Oscar na categoria Melhores Efeitos Especiais (Byron Haskin e Nathan Levinson).

Comentários:
Edward G. Robinson foi um astro improvável em Hollywood. Cara de poucos amigos ele se tornou célebre por causa dos filmes de gangsters que estrelou. Aqui ele embarca em um gênero um pouco diferente, um filme que mescla aventura e características de cinema noir que o tornam bem diferenciado em relação aos chamados "filmes de mar" daquela época. Enquanto a maioria dos grandes filmes que mostravam aventuras no oceano investiam em estórias sobre marinheiros e capitães valorosos, íntegros e heróis, "The Sea Wolf" aposta em um protagonista nada amistoso e nem charmoso, na realidade um sujeito considerado até mesmo asqueroso por todos os seus subordinados. A fita foi dirigida pelo grande mestre da sétima arte Michael Curtiz (1886 - 1962) que pouco mais de um ano depois iria dirigir sua maior obra prima, "Casablanca" com Humphrey Bogart e Ingrid Bergman, naquele que seria considerado um dos maiores filmes de todos os tempos.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

No Mundo de 2020

Título no Brasil: No Mundo de 2020
Título Original: Soylent Green
Ano de Produção: 1973
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Richard Fleischer
Roteiro: Stanley R. Greenberg, Harry Harrison
Elenco: Charlton Heston, Edward G. Robinson, Chuck Connors, Leigh Taylor-Young, Mike Henry, Joseph Cotten

Sinopse:
O mundo vive um período de trevas e crises em 2020. Há fome, violência e morte em massa da população mundial. No mundo devastado pelo efeito estufa e pela superpopulação, um detetive da polícia de  Nova Iorque começa a investigar o assassinato de um CEO de uma grande empresa.

Comentários:
Acredite, esse filme existe! Em 1973 foi lançado um filme de ficção chamado "No Mundo de 2020"! E como eles imaginavam o mundo de 2020 na década de 1970? Não muito bem! O futuro do filme (nosso presente agora) era retratado como um mundo em caos completo. Havia uma superpopulação mundial faminta, uma crise econômica absurda e muitas mortes causadas pelo efeito estufa que havia enlouquecido o clima no planeta! Sinceramente... não erraram em muita coisa - na verdade acertaram de forma assustadora em vários aspectos. A única coisa em que falharam foi que não previram a pandemia mundial, mas aí, vamos ser sinceros, seria pedir demais! É um filme B e como tal está mais preocupado em contar seu enredo policial envolvendo um assassinato e o segredo de uma grande empresa. Uma crítica contra as grandes corporações que eles entendiam que iriam dominar a economia global. A trama policial não é grande coisa, porém quando o roteiro sai desse foco e mostra o que está acontecendo no mundo lá fora a coisa realmente impressiona. As ruas de Nova Iorque estão todas tomadas por protestos violentos e pasmem, alguns manifestantes chegam a usar máscaras para o enfrentamento com a polícia! Mas afinal, quem foi o profeta moderno que escreveu esse roteiro mesmo?

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Trágica Fatalidade

Victor Scott (Edward G. Robinson) é um vaidoso promotor de justiça que acaba acusando um homem inocente de assassinato. Condenado à cadeira elétrica descobre-se depois que ele não havia cometido o crime. Em crise existencial pelo ocorrido Victor decide abandonar a promotoria para se tornar advogado de defesa pois em suas próprias palavras prefere deixar 100 culpados soltos do que condenar um inocente à pena capital. Na nova vida como profissional liberal ele abre um pequeno escritório de advocacia onde começa a atender clientes acusados dos mais diversos crimes. Entre eles está Frank Garland (Albert Dekker) que sob a fachada de ser um mero homem de negócios é na verdade um gangster perigoso e violento. Edward G. Robinson fez mais de 100 filmes em sua longa carreira no cinema, quase sempre interpretando gangsters. Aqui ele muda de lado e faz um homem da lei, um promotor e depois advogado, que tenta de todas as formas ter uma postura ética e isenta em sua profissão, o problema é que como descobrirá depois não há muito espaço para esse tipo de postura no meio jurídico americano.

“Trágica Fatalidade” é claramente uma crítica ao sistema judicial, onde definitivamente não há espaço para crises éticas ou existenciais. Robinson está perfeito em seu papel, um sujeito que logo se vê corrompido pelo sistema, tendo que aplicar pequenos (e grandes) golpes para sobreviver entre os tubarões. Para piorar se vê enrolado nas teias do crime organizado após abandonar seu cargo de promotor. O roteiro é muito bem escrito, joga muito bem com as artimanhas do meio jurídico e tira bastante proveito das chamadas brechas da lei. No elenco além da sempre importante presença de Edward G. Robinson temos a bela Jayne Mansfield. Sua interpretação é claramente uma imitação dos trejeitos de Marilyn Monroe em todos os aspectos (até o jeito de falar sussurrando Jayne tenta copiar). Sua personagem é secundária e sem importância durante todo o filme mas assume uma função vital no clímax que ocorre no tribunal. Enfim, para quem gosta de roteiros bem trabalhados e tensos casos judiciais “Trágica Fatalidade” certamente é uma boa opção.

Trágica Fatalidade (Illegal, EUA, 1955) Direção: Lewis Allen / Roteiro: W.R. Burnett, James R. Webb / Elenco: Edward G. Robinson, Nina Foch, Hugh Marlowe / Sinopse: Promotor decide abandonar a carreira após trabalhar em um caso onde um homem inocente é mandado para a cadeira elétrica por erro judicial. Após se tornar advogado de defesa de vários criminosos se vê envolvido numa teia de corrupção e violência sob as ordens de um violento gangster.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 22 de março de 2018

Minha Doce Gueixa

Esse filme é uma comédia romântica estrelada pela atriz Shirley MacLaine (fazendo par com Yves Montand) que fez bastante sucesso nos cinemas em seu lançamento original. Na estória ela interpreta uma atriz americana de cinema de sucesso. Casada com um diretor francês (interpretado por Montand) eles formam um belo par, tanto dentro como fora das câmeras. Só que o marido decide que chegou a hora de alcançar novos desafios. Ele decide ir para o Japão para dirigir uma nova versão de "Madame Butterfly" apenas com atrizes japonesas, captando bem a alma daquele país oriental distante. Assim sua esposa acaba ficando fora do projeto por isso. Só que ela não desiste assim tão fácil de participar do novo filme do maridão. Viaja escondida para o Japão e usando uma forte maquiagem de gueixa consegue enganar o diretor, ganhando o papel para o filme. Quem interpreta o produtor é o grande ator Edward G. Robinson.

O roteiro se apoia muito (para não dizer totalmente) em uma única piada que é o fato de Shirley MacLaine estar disfarçada de gueixa japonesa enquanto o marido nem desconfia de quem ela seja na verdade. Claro que sob trajes típicos, com o rosto pintado e com os olhos puxados, ela fica bem diferente, porém é preciso uma grande dose de cumplicidade do espectador para acreditar que nem seu próprio marido a reconheça por semanas e semanas. Shirley MacLaine como sempre está uma graça. Sempre a considerei muito bonita, uma atriz diferente que não procurou seguir os passos de ninguém. No mundo de cinema da época onde reinavam loiras exuberantes como Marilyn Monroe, ela surgia nos filmes com cabelos ao estilo "joãozinho", com cara de moleca, sem forçar nenhum tipo de sensualidade artificial. Aqui a maquiagem muito bem feita a transformou numa verdadeira japonesa tradicional, mas nada que pudesse enganar nem o próprio marido. Por isso o enredo bobinho vai se saturando até o final. O que acaba valendo a pena mesmo é a presença sempre carismática de  Shirley MacLaine. Fora isso a estorinha hoje soa meio bobinha mesmo. O tempo cobrou seu preço.

Minha Doce Gueixa (My Geisha, Estados Unidos, 1962) Direção: Jack Cardiff / Roteiro: Norman Krasna / Elenco: Shirley MacLaine, Yves Montand, Edward G. Robinson / Sinopse: Lucy Dell (Shirley MacLaine) é uma atriz americana que para participar do novo filme do marido se disfarça de japonesa tradicional, assumindo a identidade de uma gueixa chamada Yoko Mori. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Figurino (Edith Head).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Alma no Lodo

Título no Brasil: Alma no Lodo
Título Original: Little Caesar
Ano de Produção: 1931
País: Estados Unidos
Estúdio: First National Pictures
Direção: Mervyn LeRoy
Roteiro: W.R. Burnett, Robert N. Lee
Elenco: Edward G. Robinson, Douglas Fairbanks Jr., Glenda Farrell
  
Sinopse:
Little Caesar (Edward G. Robinson) é um bandido que vive de pequenos golpes, como roubos em postos de gasolina. Ao se deparar com a notícia de um grande jornal de Nova Iorque ele percebe a diferença entre ser um bandido pé de chinelo e ser um grande e poderoso gângster de uma grande cidade americana. Assim resolve deixar sua cidade natal e vai até a grande metrópole no objetivo de entrar na gangue de Pete Montana (Ralph Ince). Violento e ambicioso, começa a subir na hierarquia do crime. Após matar um importante comissário de polícia resolve se tornar o chefão de sua própria quadrilha. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Roteiro Adaptado. 

Comentários:
Segundo várias biografias de Al Capone esse era o seu tipo preferido de filme. Não é de se admirar, até porque na maioria das vezes os roteiros eram meras adaptações de sua própria vida pessoal. Assim o mais famoso gangster da história se sentia lisonjeado em ser retratado nas telas. Tal como aconteceu com James Cagney, o ator Edward G. Robinson construiu sua carreira interpretando criminosos, gangsters violentos e cruéis. Cagney ainda procurava injetar certos aspectos de humanidade em seus personagens, mas Robinson não estava muito preocupado com isso. Seus bandidos eram violentos, desalmados e cruéis. Ele próprio dizia, sem rodeios, que já nascera com cara de bandido (o que não deixava de ser uma verdade). Nesse filme ele dá vida a Little Caesar, que se tornaria um de seus personagens mais famosos. Aquele tipo de gangster que a platéia adorava odiar! O curioso é que o roteiro gira praticamente em torno dele e de seu comparsa mais antigo, Joe Massara (Douglas Fairbanks Jr), um criminoso incomum que não conseguia se decidir entre escolher o mundo do crime ou da dança (isso mesmo, um gangster que adorava dançar!). O enredo está cheio de assassinatos, crimes violentos, roubos e tiroteios. Esse tipo de filme, realizado na década de 1930, acabaria sendo alvo do Macartismo alguns anos depois, sendo apontado como um exemplo de como Hollywood gostava de glorificar e glamorizar a vida de criminosos infames da época. Não é para tanto. O roteiro parece preocupado o tempo todo em mostrar que o crime não compensa, a ponto inclusive de abrir o filme com uma passagem do Novo Testamento quando Jesus disse: “Embainha a tua espada; pois todos os que lançam mão da espada pela espada morrerão!" (Mateus 26:52). O destino de Little Caesar só confirmaria a famosa frase, mostrando claramente as intenções do roteiro. Assim temos aqui um dos mais famosos filmes sobre gangsters da era de ouro do cinema clássico americano. Um belo retrato de uma época violenta e brutal.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Ratos Humanos

Na véspera do julgamento do gângster Benjamin Costain (Lorne Greene), a principal testemunha de acusação é covardemente assassinada. Isso cria um grande problema para o promotor público Lloyd Hallett (Edward G. Robinson) que deseja ver a condenação de Costain de todas as formas. Assim ele vai até a prisão estadual para tentar convencer Sherry Conley (Ginger Rogers), que está em regime fechado, a testemunhar contra Costain. Em troca de seu testemunho ele promete uma comutação em sua pena. Sherry parece intimidada e nada disposta a aceitar o convite. O promotor então decide tirá-la da prisão por alguns dias, para levá-la até um apartamento no centro da cidade, onde terá maiores chances de fazer Sherry testemunhar contra o criminoso. Ela passa assim a ser protegida pelo tira Vince Striker (Brian Keith). Não será algo fácil de fazer, já que o mafioso já descobriu que o promotor deseja usá-la no julgamento. Agora ele pretende matá-la de todas as formas, pois sua liberdade está em jogo.

"Ratos Humanos" é um bom filme de gângster. Toda a trama se passa em apenas dois dias, justamente os que antecedem o grande julgamento do mafioso Costain. Tudo é feito para que Sherry (interpretada por Ginger Rogers, com cabelos bem curtinhos) aceite testemunhar contra o criminoso que o promotor interpretado pelo ator Edward G. Robinson quer que seja condenado e deportado do país. O papel de Robinson aliás não deixa de ser bem curioso pois ele fez sua carreira interpretado gângsters perigosos, mas aqui surge do lado da lei, como um promotor. A direção de Phil Karlson é enxuta. Ele se limita a contar bem sua história, sem perda de tempo e nem exageros. Ginger Rogers, que foi a atriz mais bem paga de Hollywood durante os anos 40, por causa de seus musicais ao lado de Fred Astaire, se saiu muito bem nesse papel mais dramático. Sua personagem fala pelos cotovelos, seus diálogos são longos, de complicada memorização, em grandes cenas e sequências. Ela aliás está em noventa por cento das cenas. Não foi um trabalho fácil. Mesmo assim se saiu muito bem, nessa atuação de sua fase mais madura. O grande atrativo desse filme vem justamente disso, da oportunidade de conferir mais o lado de atriz da estrela Ginger Rogers, que aqui obviamente não dança e nem canta. No final de tudo ela demonstra que era muito mais do que apenas uma grande dançarina. Era de fato também uma atriz de talento dramático admirável.

Ratos Humanos (Tight Spot, Estados Unidos, 1955) Direção: Phil Karlson / Roteiro: William Bowers, Leonard Kantor / Elenco: Ginger Rogers, Edward G. Robinson, Brian Keith, Lorne Greene / Sinopse: Sherry Conley (Ginger Rogers) é tirada da prisão pelo promotor público Lloyd Hallett (Edward G. Robinson). Ele pretende que ela seja testemunha contra o violento gângster Benjamin Costain (Lorne Greene). Para evitar que seja morta pelo criminoso, Lloyd a deixa sob a proteção do policial Vince Striker (Brian Keith).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Confissões de um Espião Nazista

Título no Brasil: Confissões de um Espião Nazista
Título Original: Confessions of a Nazi Spy
Ano de Produção: 1939
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Anatole Litvak
Roteiro: Milton Krims, John Wexley
Elenco: Edward G. Robinson, George Sanders, Francis Lederer, Paul Lukas, Henry O'Neill,  Dorothy Tree

Sinopse:
Um americano de origem alemã, desempregado e precisando ganhar dinheiro para sustentar sua família, aceita fazer serviços de espionagem para a Alemanha nazista de Hitler. Assim começa a passar informações militares dos Estados Unidos para espiões do III Reich, o que leva o agente do FBI Edward Renard (Edward G. Robinson) a abrir uma investigação para descobrir todo o aparato de espionagem.

Comentários:
Bom filme que fica ainda melhor se levarmos em conta alguns fatos históricos importantes. O primeiro deles é saber que essa produção foi realizada em 1939, ou seja, antes dos Estados Unidos entrarem na II Guerra Mundial. O nazismo naquela época era visto como algo absurdo pelos americanos, mas o governo do país não parecia disposto a entrar em mais um conflito de proporções épicas, onde muitos soldados e militares iriam morrer nos campos de batalha da Europa (algo que havia acontecido na I Guerra e que o povo americano não queria ver se repetir). Assim como Chaplin em "O Grande Ditador" esse filme também não perde tempo, se posicionando claramente contra o regime nazista, colocado aqui como vilão. O roteiro também chama bastante a atenção por não ter uma linha narrativa tão tradicional, ao invés disso segue por um estilo do tipo mosaico, com inúmeros personagens dispersos que depois vão se encontrar já perto do final do filme em um mesmo momento da trama. O ator Edward G. Robinson interpreta um agente do FBI, mas só aparece bem depois, quando todo o esquema de espiões de Hitler já se encontra bem montado e funcionando. O ator aliás foi peça central na produção desse filme já que a Warner tinha receios de produzir algo tão incisivo.  Robinson porém estava decidido em bater de frente com a ideologia nazista e nem pensou duas vezes em enfrentar Hitler e seus seguidores, pelo menos no cinema. Fica assim a lição de história e de bom cinema, onde a sétima arte foi colocada à serviço de bons ideais.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Resgate de uma Consciência

Título no Brasil: Resgate de uma Consciência
Título Original: All My Sons
Ano de Produção: 1948
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Irving Reis 
Roteiro: Chester Erskine, baseado na obra de Arthur Miller
Elenco: Edward G. Robinson, Burt Lancaster, Mady Christians
  
Sinopse:
Joe Keller (Edward G. Robinson) é um pequeno industrial que consegue escapar de uma acusação criminal por parte do governo americano. Ele foi acusado de ter vendido peças defeituosas para as forças armadas durante a II Guerra Mundial. Por causa desses cilindros com problemas de fabricação usados em aviões de combate vários militares morreram durante uma operação. Joe porém conseguiu provar que não teve culpa. Já seu sócio não teve muita sorte e foi condenado. Sua vida aos poucos vai voltando ao normal até que seu filho Chris Keller (Burt Lancaster) lhe comunica que vai casar com a namorada de seu irmão, desaparecido durante a Guerra. Pior do que isso, ela também é filha do sócio de Joe que está preso em seu lugar. Vários conflitos familiares começam a vir à tona justamente por causa desse relacionamento. Filme indicado no Writers Guild of America na categoria de Melhor Roteiro (Chester Erskine).

Comentários:
O roteiro desse filme foi adaptado de uma peça teatral escrita por Arthur Miller, escritor e intelectual que se casaria com a atriz Marilyn Monroe dentro de alguns anos. O tema central desse enredo é a culpa. O relacionamento entre pai e filho entra em colapso quando esse último descobre que seu pai Joe foi o responsável direto pela morte de militares americanos na II Guerra. Ele vendeu cilindros de aviação com defeitos de fabricação. Pior do que isso, ele sabia de tudo. Para não perder dinheiro resolveu enviar o material defeituoso mesmo assim. Depois que tudo foi descoberto acabou denunciado na justiça. Com muita habilidade e bons advogados conseguiu que apenas seu sócio fosse considerado condenado, embora todos soubessem que ele foi o verdadeiro culpado pela morte daqueles homens. Tudo estaria superado após ele conseguir escapar da prisão nos tribunais, mas o passado acaba voltando na figura de Ann Deever (Louisa Horton). Ela foi namorada do irmão de Chris (Lancaster), desaparecido em combate. Pior, ela é também filha do homem que foi condenado no lugar de Joe (Robinson). Como resolver e superar essa delicada questão familiar? 

Esse filme é um excelente drama de conflitos que podem surgir dentro de uma família. O filho admira seu pai, mas depois tudo é destruído ao descobrir que ele seria um criminoso, um covarde e um hipócrita. Um papel tão complexo assim caiu como uma luva para o grande Edward G. Robinson. Ele interpreta esse patriarca, um homem que lutou para que nada faltasse para sua família, mesmo que para isso tenha ultrapassado vários limites morais, éticos e legais. É interessante que Edward G. Robinson aparenta ser um tipo "paizão", boa praça, amigo de todos no filme. Isso na fachada externa. Por baixo de tudo isso existe um homem que tomou uma decisão errada, mesmo sabendo que colocaria em risco a vida de homens inocentes. Burt Lancaster, como seu filho, ainda era bem jovem. Ele está mais contido do que o normal, talvez por falta de uma experiência maior, mesmo assim se sai muito bem nos momentos mais dramáticos ao lado de Robinson, um veterano que sabia tudo da arte de atuar. Contando com Elia Kazan em sua equipe técnica (ele fez parte da produção do filme), esse "All My Sons" tem um excelente elenco, atuações inspiradas e um roteiro com muito conteúdo ético e até mesmo filosófico. Uma pequena obra prima sobre as escolhas que não devemos tomar ao longo de nossas vidas.

Pablo Aluísio.