quarta-feira, 6 de março de 2024

Ammonite

Título no Brasil: Ammonite
Título Original: Ammonite
Ano de Lançamento: 2020
País: Reino Unido
Estúdio: BBC Films
Direção: Francis Lee
Roteiro: Francis Lee
Elenco: Kate Winslet, Saoirse Ronan, Gemma Jones, James McArdle, Fiona Shaw, Alec Secareanu

Sinopse:
Mary (Kate Winslet) é uma mulher solitária que vive da venda de fósseis de animais marinhos extintos. Durante a visita de um admirador de seu trabalho, esse resolve deixar sua jovem esposa naquela região, para ela se recuperar de um estado de melancolia persistente. Assim as duas mulheres passam a ficar mais próximas, logo surgindo um romance ardente entre elas. 

Comentários:
Esse filme é muito sutil, muito delicado, tratando de um tema polêmico. Mostra o relacionamento amoroso entre duas mulheres que viveram na Inglaterra no século XIX, em plena era vitoriana, onde os costumes eram fortemente vigiados pela sociedade e onde o preconceito não aceitava o envolvimento lésbico entre duas damas. É um filme que vai tecendo o relacionamento das duas protagonistas bem devagar, sem pressa. No começo elas nem mesmo se simpatizam, mas é a tal coisa, a aproximação de duas mulheres que no fundo eram bem carentes emocionalmente, acabou gerando esse turbilhão de emoções. As cenas de intimidade entre elas são até mesmo muito ousadas. Vão aos limites do que um filme não pornográfico poderia aceitar. Mas não se preocupe, a sutileza também se faz presente quando elas finalmente se rendem à atração física. É um filme de mulheres que curtem outras mulheres. Cultura histórica LGBT. O filme chegou essa semana na Netflix, por isso está bem acessível aos cinéfilos. Eu deixo então aqui minha recomendação. Vale a pena!

Pablo Aluísio.

Como Cuidar de um Bebê Elefante

Título no Brasil: Como Cuidar de um Bebê Elefante
Título Original: The Elephant Whisperers
Ano de Lançamento: 2022
País: Índia
Estúdio: Sikhya Entertainment
Direção: Kartiki Gonsalves
Roteiro: Kartiki Gonsalves
Elenco: Raghu, Bellie, Bomman

Sinopse:
Após a morte de sua mãe, pelas mãos de caçadores, um pequeno bebê elefante passa a ser cuidado por um casal de irmãos que vivem no interior da Índia. Eles o tratam como se fosse um bebê humano e o simpático e amoroso animal lhes dá em retorno todo o amor e agradecimento que eles merecem. 

Comentários:
Muito simpático e fofinho esse curta que acabou sendo premiado pelo Oscar. É um documentário em curta-metragem que vence até mesmo o mais ranzinza dos cinéfilos, isso porque traz a história tocante de um elefante e sua amizade com as pessoas que cuidaram dele quando sua mãe foi morta por caçadores. E essas pessoas eram simples, pobres moradores do interior indiano. Mesmo tendo tão pouco para si mesmos eles decidiram ajudar aquele pobre animal órfão, dividindo inclusive a pouca comida que tinham. Uma bela lição de humanidade! Enfim, valeu pelos prêmios pois é um daqueles filmes que exaltam os valores e sentimentos certos. Uma verdadeira aula de empatia com os animais selvagens. 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 5 de março de 2024

Candy

Título no Brasil: Candy
Título Original: Candy
Ano de Lançamento: 1968
País: Estados Unidos, França
Estúdio: American Broadcasting Company (ABC)
Direção: Christian Marquand
Roteiro: Buck Henry, Terry Southern
Elenco: Ewa Aulin, Richard Burton, Marlon Brando, Charles Aznavour, James Coburn, John Huston, Walter Matthau, Ringo Starr

Sinopse:
Uma jovem e inocente garota colegial, conhecida apenas como Candy (Docinho) acaba conhecendo uma longa série de homens mais velhos, alguns bem interessantes, outros completamente malucos. E nessas experiências vai aprendendo sobre o amor, a vida e a felicidade. E tudo vai acontecendo em plena era do flower power, no mágico ano de 1968, em pleno auge do movimento hippie.

Comentários:
Em sua autobiografia, em um momento de confissão e lucidez, Brando reconheceu que fez filmes bem ruins ao longo de sua carreira. Um exemplo que ele citou foi justamente esse "Candy". Para Brando fazer esse filme foi um dos maiores erros de sua carreira. Apenas aceitou o convite porque se considerava muito amigo do diretor Christian Marquand e não teve coragem de lhe dizer não! Iria se arrepender amargamente nos anos seguintes. O filme foi feito no período em que nada parecia dar certo na vida do ator. Muitos problemas pessoais envolvendo suas ex-esposas e na vida profissional as coisas também não iam bem, com sucessivos fracassos de bilheteria. De uma coisa tenho certeza, Brando acertou em sua avaliação pessoal. Esse filme é muito ruim mesmo. Nada parece certo, passando pela história boboca, indo pelos figurinos bizarros e até mesmo pela má interpretação do próprio Brando. E olha que seu elenco está cheio de gente famosa da época, mas nada disso pareceu melhorar um filme fadado a ser muito fraco. Enfim, um erro da primeira à última cena. O pior filme de Marlon Brando, sem dúvida! 

Pablo Aluísio.

Buffalo Bill

Título no Brasil: Buffalo Bill
Título Original: Buffalo Bill
Ano de Lançamento: 1944
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: William A. Wellman
Roteiro: Eneas MacKenzie, Clements Ripley
Elenco: Joel McCrea, Maureen O'Hara, Anthony Quinn

Sinopse:
A história de William "Buffalo Bill" Cody (Joel McCrea), lendário nome da mitologia do western dos Estados Unidos, desde seus dias como batedor do exército até suas atividades posteriores como proprietário de um show do Velho Oeste.

Comentários:
O melhor filme sobre Buffalo Bill foi feito na década de 1970 com Paul Newman no papel principal. Aquele sim é um filme historicamente correto sobre essa figura do velho oeste norte-americano. Esse filme aqui vai por outro caminho, tornando como fato certas lorotas que o próprio Bill contava sobre si mesmo. O que não quer dizer que seja um filme ruim, nada disso, apenas tem essa perspectiva diferenciada. O elenco é muito bom, mas devo dizer que Joel McCrea não era o ator certo para interpretar Buffalo Bill. Era um ator sério demais para esse papel. O verdadeiro Buffalo Bill era meio bufão, um tipo mais circense mesmo. Melhor se sai o sempre bom Anthony Quinn, com sua presença sempre forte e carismática. Então é isso, deixo o registro desse faroeste B que tentou contar a história de William "Buffalo Bill" Cody, mesmo de uma forma bem romanceada e estigmatizada. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 4 de março de 2024

1900

Título no Brasil: 1900
Título Original: Novecento
Ano de Lançamento: 1976
País: Itália, França
Estúdio: Artemis Films
Direção: Bernardo Bertolucci
Roteiro: Giuseppe Bertolucci, Bernardo Bertolucci
Elenco: Robert De Niro, Gérard Depardieu, Dominique Sanda, Paolo Nicole, Francesco Napoli

Sinopse:
O filme conta a história de dois amigos de infância que vivem na virada do século XIX para o século XX. É um momento de intensa vida política em seu país e eles acabam, com o passar dos anos, ficando em lados opostos dessa visão política da vida. Na luta de classes do começo do século eles acabam em lados opostos, lutando um contra o outro. 

Comentários:
Eu me recordo quando esse filme foi lançado no Brasil em VHS pelo selo CIC nos anos 80. Foi um lançamento badalado porque, apesar de ser um filme antigo, dos anos 70, a crítica se debruçou em elogios e mais elogios. De certa forma foi um dos picos do cinema italiano, que se sentia forte o suficiente para contratar atores de Hollywood, gastando milhões em uma produção requintada. Apesar de tudo isso a favor nunca consegui gostar muito desse filme. Ele tem uma duração excessiva, excesso também de personagens, muitos secundários que entram e somem dentro da história, que muitas vezes é mal conduzida. Além disso o teor da mensagem do roteiro é claramente socialista e muitas vezes o filme se torna panfleto de propaganda da ideologia de esquerda. Enfim, nunca ficou entre os meus filmes preferidos nem do Bernardo Bertolucci e nem muito menos do Robert De Niro. Ao longo de suas carreiras eles fizeram coisa bem melhor. 

Pablo Aluísio.

Os Desaparecidos

Título no Brasil: Os Desaparecidos
Título Original: Bureau of Missing Persons
Ano de Lançamento: 1933
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Roy Del Ruth
Roteiro: Robert Presnell Sr, John H. Ayers
Elenco: Bette Davis, Lewis Stone, Pat O'Brien

Sinopse:
Uma jovem e bonita loira vai até o departamento de polícia para denunciar o desaparecimento do próprio marido. Assim que os detetives entram no caso descobrem que há coisas bem esquisitas acontecendo. O homem desaparecido não era casado e aquela jovem parece ser a principal suspeita do crime. 

Comentários:
Um filme policial B da Warner Bros, produzido na década de 1930 e estrelado pela grande atriz Bette Davis. Ela estava bem jovem quando fez esse filme e procurava seguir os passos, pelo menos no visual, da moda da época, com os cabelos platinados, bem marcantes. Um fato curioso é que Davis sempre teve muita personalidade, mesmo quando jovem. Assim que ela entra na delegacia você já percebe que a metadr das coisas que diz são pura mentira, e a outra não é nada confiável. Suas tentativas de parecer tolinha e bobinha, inocente de tudo, não enganam ninguém e esse é apenas um dos charmes desse bom filme policial. Destaque para a cena no necrotério, que é de um humor negro muito refinado realmente. Para quem pensa que o cinema antigo era tolinho... Era nada, pelo contrário, tinha ótimas sacadas de roteiro. 

Pablo Aluísio.

domingo, 3 de março de 2024

Imperador Romano Nerva

Imperador Romano Nerva
Após o fim de Domiciano, assassinado em uma conspiração da guarda pretoriana, houve uma certa indefinição sobre quem seria o novo imperador. Para o bem de Roma, finalmente um senador chamado Marcus Cocceius Nerva foi o escolhido em 18 de setembro de 96. Ele assim se tornava o novo imperador de Roma. Com Nerva o senado romano finalmente chegava ao poder máximo no Império. A era dos imperadores generais tinha chegado ao seu final. Como a brutalidade e violência desses militares eram bem conhecidos pelo povo romano, o fato do novo imperador não ser um desses militares toscos já era um ponto de esperança. A escolha de Nerva assim foi muito bem recebida nas ruas da capital do império. 

Nerva era bem conhecido do povo romano. Ele era um homem da elite e vinha desempenhando o cargo de senador desde os tempos de Nero. Sua vasta experiência como político o fez compreender como nenhum outro romano, os erros dos imperadores anteriores, alguns deles verdadeiros homens insanos. Nerva sabia que não poderia cometer os mesmos erros. E ele era um homem preparado, intelectual, que conhecia bem as vias da administração de Roma. Também era um político nato, formando alianças com as diversas linhas de pensamento dentro do império. Era bom ouvinte e a leitura era vista por ele como um prazer. Sem dúvida era um homem culto e adequado para o cargo. Também mostrou desde os primeiros dias que iria recusar a violência e a repressão como única política de Estado. Não gostava de atitudes tirânicas. Ao seu modo era sem dúvida um homem democrata!  

Pessoalmente era um imperador cordial, diplomata. Dedicava todo o seu tempo diário para resolver os problemas imperiais. Era sensato, estudioso, pensativo. Nunca tomava uma decisão sem antes ouvir o senado e os demais setores importantes da sociedade. Com Nerva no poder, o império romano conquistou uma estabilidade política que lembrava os antigos tempos do imperador Augusto. Com tantas qualidades, ele passou a ser apontado pelos historiadores como o primeiro dos cinco grandes imperadores dessa fase. Era o primeiro do ciclo dos cinco bons imperadores, homens sérios, honestos, que trabalhavam duro pela ascensão do império. 

Pouco antes de morrer, Nerva adotou Trajano como seu filho. Ele não tinha filhos naturais e a escolha do bom Trajano foi uma questão de garantir uma sucessão pacífica para o poder. Nerva via em Trajano todas as qualidades que entendia ser essenciais para o contínuo sucesso do império romano. Com a escolha de Trajano para sucedê-lo também houve um abrandamento completo dentro das fileiras que faziam oposição ao imperador Nerva pois esses entendiam que Trajano seria um imperador melhor. Nerva, que sempre ouvia a todos, até mesmo seus opositores, decidiu que eles também teriam a chance de governar Roma após sua morte. 

Outro aspecto que mostra o sucesso do imperador Nerva vem do fato de que ele morreu de morte natural, ao sofrer um derrame enquanto trabalhava. Ele estava debruçado sobre documentos administrativos de Roma quando sofreu o derrame. Ele morreu aos 67 anos de idade, em 27 de janeiro de 98. Foi uma surpresa para o povo de Roma ver um imperador morrer assim, pois praticamente todos os imperadores anteriores tinham sido assassinados. Nerva, o imperador sábio e pacífico, foi grande até mesmo no momento de sua morte. 

Pablo Aluísio. 

O Segundo Rei Franco

O Segundo Rei Franco
Quildeberto I é considerado o segundo Rei da França, filho do primeiro, Clóvis I. Historicamente falando é um monarca tão remoto, que viveu e reinou há 1500 anos, que fica até mesmo complicado afirmar que ele tenha sido Rei da França. O conceito de França é moderno, de um Estado moderno. No tempo desse rei o que existia era uma proliferação de reinos bárbaros que lutavam entre si após o colapso do Império Romano. Assim, embora a história da França o trate como o segundo Rei da França, penso que uma classificação melhor seria situa-lo apenas como o segundo Rei dos Francos. A transformação do Reino dos Francos em França, só iria acontecer alguns séculos depois. De qualquer forma, respeitando a classificação oficial dos historiadores franceses, vou tratar ele aqui como o segundo Rei da França. 

Pois bem, esse monarca passou toda a sua vida em cima de um cavalo, em batalhas sem fim pelo solo daquele território que depois seria a França moderna que conhecemos. Na era em que viveu aquele era um tempo de barbarismo. Para se ter uma ideia ele enfrentou no campo de batalha os mesmos bárbaros que tinham lutado contra os imperadores romanos. Travou sangrentas batalhas contra visigodos e ostrogodos. Invadiu terras que hoje em dia pertencem à Itália que naquelas eras distantes estavam nas mãos de inúmeros reinos de bárbaros. 

Saqueou cidades prósperas como Veneza e Florença e só parou quando se prostrou doente, em uma das suas inúmeras batalhas no campo de guerra. Havia rumores que tinha sido envenenado por seus próprios generais. Outros apontam até mesmo a sua Rainha como a pessoa que teria colocado veneno em sua taça de vinho. 

Quildeberto foi um monarca da baixa idade média. O conceito de governo naqueles tempos era muito frágil. Segurava a coroa quem conseguia vencer e destruir os demais aspirantes ao trono. Embora não haja provas concretas ou documentos oficiais, ele provavelmente matou dois de seus irmãos, também filhos do Rei Clóvis. Era um tempo de barbarismo, onde o Rei nada mais era do que aquele que conseguia se impor no trono com a força de sua espada. E assim era naquelas monarquias antigas, irmão matava irmão e geralmente acabava sendo morto também pelas mãos de algum parente. 

Pablo Aluísio.