terça-feira, 28 de junho de 2022

Jurassic World Domínio

Mais um filme da longa e milionária franquia Jurassic Park. Interessante que essa franquia não parece perder sua capacidade de atrair público ao cinema, uma vez que esse filme já é considerado um dos grandes sucessos de bilheteria deste ano, sendo o único até o momento que conseguiu tirar Top Gun Maverick da primeira posição entre os filmes mais vistos nos Estados Unidos. Para não soar tão repetitivo e ao mesmo tempo manter uma linha de identidade com os filmes anteriores, o roteiro procurou introduzir novos personagens, ao mesmo tempo em que resgatou personagens dos velhos filmes. E aqui eu pude perceber um certo problema, uma vez que, se formos analisar bem, o filme tem muitos personagens centrais, a ponto de deixar claro aqui nessa resenha de que há no mínimo dez personagens de interesse nessa história. O resultado de tanta gente para o espectador prestar atenção é que o roteiro ficou um pouco diluído, deixando o mais importante um pouco de lado. O mais importante, claro, são os dinossauros, são eles em minha opinião que levam tanta gente ao cinema mesmo após tantos anos do lançamento do filme original.

E o que podemos falar dos Dinos? Eles estão novamente em grande número no filme e pela primeira vez estão em uma situação inédita, soltos no mundo, em praticamente todos os lugares do planeta. O grande destaque vem do dinossauro argentino conhecido como Giganotossauro, o maior carnívoro que que já andou na face da Terra. Os roteiristas tentaram assim destronar o grande e conhecido Tiranossauro Rex, o dinossauro mais famoso que se tem notícia na história da paleontologia. Será que conseguiram mesmo? Bom, você vai ter que assistir ao filme para conferir. Por fim uma observação curiosa, esse filme traz o roteiro mais ecologicamente correto de todos os filmes dessa franquia. O cuidado do discurso ecológico vai ao ponto de preservar os próprios dinossauros na história. Perceba que nenhum deles é morto por humanos no enredo. E se você ainda tiver alguma dúvida sobre esse aspecto preste atenção à mensagem final do filme, onde nos é ensinado que todas as formas de vida no planeta Terra merecem ser respeitadas. Mais ecológico e muito menos sangrento, esse novo Jurassic Park é um sinal dos novos tempos.

Jurassic World Domínio (Jurassic World Dominion, Estados Unidos, 2022) Direção: Colin Trevorrow / Roteiro: Emily Carmichael, Colin Trevorrow / Elenco: Sam Neill, Laura Dern, Bryce Dallas Howard, Jeff Goldblum / Sinopse: Uma grande corporação de alta tecnologia genética cria experiências que estão mudando geneticamente insetos e dinossauros, colocando em risco a vida no planeta Terra.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 27 de junho de 2022

Cinema News - Edição XVII

Cinema News: Elvis e Top Gun Maverick disputam primeiro lugar entre as maiores bilheterias nos Estados Unidos - A luta pelo primeiro lugar entre os filmes mais vistos esta semana em Hollywood foi bem acirrada. Há 3 filmes disputando o posto atualmente. Elvis, o musical dirigido por Baz Luhrmann, Top Gun Maverick, a tão aguardada continuação do filme Ases indomáveis e Jurassic World Domínio. Os filmes brigaram pelo primeiro posto de filme mais assistido nos Estados Unidos nesta semana. Na semana passada os dinossauros estavam em primeiro lugar, após tirarem Top Gun Maverick da liderança. Nessa semana estreou o novo filme Elvis, o musical da Warner que tem sido elogiado nos Estados Unidos, contando com Tom Hanks no papel do empresário Tom Parker e Austin Butler no papel de Elvis Presley. 

Esse novo filme veio para disputar a primeira posição entre os mais vistos e acabou ficando em segundo lugar, sendo superado justamente por Top Gun Maverick. Os dinossauros de Jurassic World acabaram perdendo a primeira posição, ficando em terceiro. Temos uma dança das cadeiras entre os blockbusters americanos. Top Gun Maverick aliás já superou a incrível bilheteria de 1 bilhão de dólares! Mesmo após várias semanas de sua estreia, ainda é o filme a ser batido mas bilheterias Americanas. Vai ser complicado superar. Vamos ver na semana que vem quem vai conseguir chegar ao topo, pois bons filmes concorrendo para isso não faltam.

Hollywood prepara novo filme com o Predador - É curioso como certos personagens dos anos 80 ainda continuam gerando frutos dentro do cinema americano. Um dos casos mais curiosos vem com o alienígena conhecido como o Predador. O primeiro filme mostrava uma história simples de um grupo de soldados brutamontes que eram encurralados no meio da selva por um ser desconhecido vindo de outro planeta. Desde então os estúdios jamais abriram mão do Predador. Houve um segundo filme que se passava no meio do caos urbano e uma pequena série de apenas 2 filmes intitulado Alien versus Predador. Depois de mais alguns filmes que não chegaram a ser grande sucesso de bilheteria esse velho personagem está de volta na mira os produtores de Hollywood. Os produtores da Fox começaram a nova produção com o Predador para se lançado no final de ano. Vamos ver no que isso tudo vai dar.

Dakota Johnson disse em recente entrevista que atuar na trilogia Cinquenta tons de cinza foi uma Batalha, uma luta, principalmente por causa do controle criativo da autora dos livros que segundo ela causava todo tipo de problema durante a produção dos filmes para o cinema. Ela declarou sobre: 'Era o caos o tempo todo! Eu me inscrevi para fazer uma versão muito diferente do filme que acabamos fazendo. E. L. James tinha muito controle criativo, o dia todo, todos os dias, e ela apenas exigia que certas coisas acontecessem. Havia partes dos livros que simplesmente não funcionariam em um filme, como o monólogo interno, que às vezes era incrivelmente brega. Não funcionaria para dizer em voz alta. Sempre foi uma batalha. Sempre. Quando fiz o teste para esse filme, eu nem imaginava que seria assim!" Dakota Johnson descreveu a produção de “Cinquenta Tons de Cinza” como “psicótica” nessa nova matéria de capa da revista Vanity Fair. 

Pablo Aluísio

domingo, 26 de junho de 2022

Doutor Estranho no Multiverso da Loucura

Quando o filme começa, o Doutor Estranho está no meio de um sonho muito bizarro, onde enfrenta criaturas e monstros de todos os tipos e também conhece uma jovem com poderes de atravessar os inúmeros universos que existem no multiverso. Depois que acorda ele descobre que a garota realmente existe no mundo real e que está sendo perseguida por entidades e seres maléficos que querem colocar as mãos nesse poder, entre elas Wanda Maximoff agora transformada em uma bruxa conhecida como Feiticeira Escarlate. Caberá ao Doutor Estranho tentar salvar essa garota, ao mesmo tempo em que viaja pelos mais diversos universos. Essa é, em breves palavras, a sinopse desse novo filme da Marvel, o segundo tendo como protagonista esse personagem do Doutor Estranho, aqui novamente interpretado pelo ator Benedict Cumberbatch.

Esse filme sofreu uma série de críticas que afirmavam que o seu roteiro era confuso e dilacerado. Não achei nada disso, muito pelo contrário, é um roteiro dos mais redondos, com a tradicional luta entre o bem e o mal, inclusive com a eterna busca pelo objeto que irá trazer o poder total, ou seja tudo nos conformes das fórmulas das mais antigas histórias. Um aspecto relevante é que Wanda, a mesma Wanda da série de TV que vinha acompanhando, se torna a antagonista dessa história. Qual não foi a minha surpresa ao ver que aquela simpática dona de casa havia se transformado em uma bruxa das mais perversas, mesmo que no fundo tudo o que ela queria era ficar ao lado de seus filhos, que em seu universo não existiam. Esse filme não foi tão bem sucedido em termos de bilheteria. Começou bem em sua primeira semana nos cinemas, mas aí teve que enfrentar grandes concorrentes como o novo Top Gun e os dinossauros de Jurassic Park Domínio. Com isso foi caindo nas bilheteiras a cada dia. Em termos gerais eu gostei desse novo filme do Doutor Estranho, devo admitir. Penso inclusive que foi injustamente criticado em seu lançamento.

Doutor Estranho no Multiverso da Loucura (Doctor Strange in the Multiverse of Madness, Estados Unidos, 2021) Direção: Sam Raimi / Roteiro: Michael Waldron / Elenco: Benedict Cumberbatch, Elizabeth Olsen, Xochitl Gomez, Rachel McAdams / Sinopse: Doutor Estranho precisa salvar uma jovem com poderes especiais de viajar entre os diversos universos do multiverso.

Pablo Aluísio.

Crônicas de um Cinéfilo - Parte 7

Pois bem, continuando minhas memórias cinéfilas. Tinha um cinema secundário na minha cidade que se chamava Plaza. Curiosamente ficava na mesma rua do principal cinema, o Municipal. O Plaza poderia ter sido um grande cinema em sua época de ouro que acredito ter sido lá pelos anos 1960. Quando eu fui a esse cinema pela primeira vez, nos anos 80, ele já tinha ficado decadente. Decadente ao ponto de exibir filmes pornôs durante a semana. Nos fins de semana não melhorava muito. Filmes obscuros de karatê e ação eram exibidos.

No Plaza eu cheguei a ver filmes ruins, mas também filmes que hoje fazem parte da história do cinema. Por exemplo eu vi "ET - O Extraterrestre" pela primeira vez nesse cinema. ET é de 1982 e quando o vi foi numa sessão em, provavelmente, 1986, era uma semana de exibição especial. Pois é, esse clássico de Spielberg chegou a ser relançado no Brasil naquele ano. Também vi "Seven" naquela que foi a última vez que fui nesse cinema. Ele iria fechar pouco depois.

De filme bom também posso me lembrar de ter visto nesse cinema "Cocoon", ótima ficção dos anos 80. Também assisti nesse cinema "Rocky IV" numa sessão inesquecível onde todo o público torceu como se estivesse assistindo a uma luta de verdade. E o cinema estava lotado. Havia também a exibição de vários filmes de terror no Plaza. Não os principais filmes da época como "A Hora do Espanto", mas as produções secundárias do tipo "Noite dos Arrepios". Era muito legal. Também vi nessa sala o terror de Jack Nicholson chamado "Lobo". Não gostei muito. Vi ainda "Sonâmbulos" de Stephen King. Dessa vez curti bastante.

Agora, o Plaza ficou conhecido mesmo pelas podreiras que exibia. Praticamente todos os filmes da Cannon eram exibidos lá. Todos os filmes de Chuck Norris e olha que vi vários deles, como "Invasão USA", "Código do Silêncio", "Comando Delta", "Braddock", tanto o primeiro como o segundo, ficaram pelo menos uma semana em exibição, mostrando que havia público para eles. Infelizmente nos anos 90 o Plaza faliu. Seu prédio foi vendido e virou uma loja de calçados. Sempre que passo em frente a esse local tenho saudades. Quando um cinema fecha numa cidade parte de sua riqueza cultural também se vai.

Pablo Aluísio.

sábado, 25 de junho de 2022

Por uns Dólares a Mais

Título no Brasil: Por uns Dólares a Mais
Título Original: Per Qualche Dollaro in Più
Ano de Produção: 1965
País: Itália, Espanha, Alemanha
Estúdio: Constantin Film Produktion, Produzioni Europee Associati
Direção: Sergio Leone
Roteiro: Sergio Leone, Fulvio Morsella
Elenco: Clint Eastwood, Lee Van Cleef, Gian Maria Volonté

Sinopse:
Monco (Clint Eastwood) e Mortimer (Lee Van Cleef) são dois caçadores de recompensas no velho oeste que acabam indo atrás do mesmo criminoso, El Indio (Gian Maria Volonté), cuja oferta por sua captura vivo ou morto é avaliada em dez mil dólares! Pistoleiro, psicopata, estuprador e muito violento, El Indio planeja ao lado de sua quadrilha um grande roubo de banco na cidade de El Paso. Ele conseguiu ter acesso a informações privilegiadas sobre o cofre da instituição e pretende roubar uma pequena fortuna de sua sede, mas antes disso terá que se livrar daqueles que querem sua cabeça em troca do valioso prêmio a ser dado como recompensa a quem conseguir lhe tirar de circulação.

Comentários:
A frase que abre o filme, "Onde a vida não tem valor, a morte, ás vezes tem seu preço. É por isso que os caçadores de recompensas apareceram", resume bem a tônica dessa produção. Considerado um dos maiores clássicos do assim chamado western spaguetti, "Por uns Dólares a Mais" surge em um momento em que o cinema italiano começa a mostrar ao mundo que também podia realizar faroestes tão bons quanto os originais americanos. A fórmula de se importar atores e profissionais americanos para trabalharem na Itália havia se mostrado madura o suficiente para assustar até mesmo os grandes estúdios de Hollywood. Para se ter uma ideia a United Artists ficou tão impressionada com a qualidade desse western que não pensou duas vezes em adquirir os direitos da obra para lançar nos cinemas americanos, no circuito interno. Isso era um feito e tanto já que até aquele momento as distribuidoras americanas esnobavam os filmes italianos de faroeste. No elenco, Clint Eastwood e Lee Van Cleef, começavam a virar astros. Ambos amargaram anos e anos de papéis coadjuvantes sem muita importância dentro da indústria americana e tiveram que cruzar o Atlântico para serem finalmente reconhecidos em casa. Por fim, e o mais importante de tudo, o filme contava com a ótima direção do mestre Sergio Leone. Cineasta singular, Leone conseguia impor um estilo próprio, autoral, em fitas que em essência eram realizadas para serem acima de tudo comercialmente bem sucedidas. Dentro do circuito mais comercial ele conseguia, com raro brilhantismo, trazer inovações e classe a gêneros ditos como extremamente popularescos. Maior prova de sua genialidade não há. Assim, caso você nunca tenha assistido esse western classe A não perca mais seu tempo, pois "Per Qualche Dollaro in Più" é de fato simplesmente indispensável e essencial para qualquer cinéfilo que se preze. Um faroeste realmente imortal.

Pablo Aluísio.

Django Vem Para Matar

Título no Brasil: Django Vem Para Matar
Título Original: Se Sei Vivo Spara
Ano de Produção: 1967
País: Itália
Estúdio: Elios Studios
Direção: Giulio Questi
Roteiro: Franco Arcalli, Benedetto Benedetti
Elenco: Tomas Milian, Ray Lovelock, Piero Lulli, Milo Quesada, Sancho Gracia, Mirella Pamphili

Sinopse: 
Django (Tomas Milian) é um bandoleiro, assaltante e assassino que vaga pelo velho oeste em busca de novos bancos para cometer seus crimes. Após assaltar uma carruagem carregada de ouro ele é traído por seus comparsas que o enterram vivo no meio do deserto inóspito. Desesperado e com sede de vingança consegue finalmente sair de sua cova, partindo para um acerto de contas brutal e violento contra seus antigos companheiros do mundo do crime.

Comentários:
Mais um western spaghetti com o personagem Django. Esse aqui está sendo lançado no Brasil agora como parte do box "Western - Os Heróis do Velho Oeste". São cinco filmes em uma caixa de DVDs muito interessante para colecionadores. Além dessa produção com Django o fã de faroestes italianos ainda levará para casa as seguintes produções: "Mato Hoje, Morro Amanhã", "O Filho de Django", "Três Balas Para Ringo" e "Adios Gringo". Como se sabe muitos fãs de western, principalmente brasileiros, reclamam da dificuldade de se encontrar com facilidade certos filmes em DVD do nosso querido gênero. Pois bem, procurando bem o consumidor vai acabar encontrando coisas interessantes como esse recente box. São filmes para os amantes do chamado western Spaghetti. Em alguns sites você pode ter acesso ao material por menos de R$ 40 reais - é ou não é uma boa pedida? Certamente sim. O enfoque aqui vai para filmes estrelados pelos atores Giuliano Gemma, Tomas Milian, Bud Spencer e Guy Madson, entre outros. Vale a pena ter em sua coleção. Mas voltemos ao filme. É um faroeste que investe até mesmo em uma linguagem meio surreal, quase psicodélica, com pitadas de terror (por mais estranho que isso possa parecer!). A produção não é das melhores e o filme para muitos especialistas é apenas uma tentativa oportunista de faturar em cima do nome comercial Django. Mesmo assim vale ao menos uma sessão para matar a curiosidade. No Brasil dos anos 60 ele também foi exibido nos cinemas de bairro com dois outros títulos, a saber: "O Pistoleiro das Balas de Ouro" e "Matar para Viver e Viver para Matar". Se você gosta do faroeste com macarronada não deixe de conferir.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 24 de junho de 2022

O Homem que Sabia Demais

Assisti a esse filme pela primeira vez há muitos anos. Ele foi lançado, ao lado de vários outros do diretor Alfred Hitchcock em uma coleção do selo CIC vídeo. É um dos mais conhecidos filmes do mestre do suspense, mas é justamente no suspense que esse filme tem suas maiores falhas. Os filmes de Hitchcock geralmente seguiam por uma linha mais forte, mais sombria até. Esse filme é bem mais leve. Inclusive a presença de Doris Day no elenco, com sua imagem doce e até inocente, destoa do tipo básico de produções que Hitchcock dirigia na época. Ela chega a cantar em cena um de seus sucessos, uma música romântica bem de acordo com a inocência daqueles anos. Nada mais fora da rota de um filme de Hitchcock que poderia se imaginar.

A história é até interessante, quando um casal de turistas no Marrocos (Norte da África) se envolve em uma trama de intriga internacional que nem eles sabem direito como surgiu ou quem estaria por trás de tudo. James Stewart segura bem as pontas. Ele foi um ator recorrente em clássicos do diretor, em especial "Um Corpo que Cai" e "Janela Indiscreta", mas aqui, em um roteiro mais convencional e dentro dos padrões moralistas da época, não se destaca tanto. No final das contas as lembranças que ficam desse filme é exatamente da cantoria de Doris Day. O que para um filme que deveria ser de suspense, não é lá grande coisa. Tudo muito pueril para um filme que deveria causar medo e apreensão no espectador.

O Homem que Sabia Demais (The Man Who Knew Too Much, Estados Unidos, 1954) Direção: Alfred Hitchcock / Roteiro: John Michael Hayes / Elenco: James Stewart, Doris Day, Brenda de Banzie / Sinopse: Casal de turistas dos Estados Unidos é atacado em suas férias no Marrocos. E sem nem entender direito as razões, se envolve em uma intriga internacional envolvendo países inimigos, em plena guerra fria.

Pablo Aluísio.

O Favorito dos Bórgias

Todo rodado na Itália, nos mesmos castelos e locais onde aconteceram os fatos da história real, esse "O Favorito dos Borgias" tem uma produção de encher os olhos. Tudo foi minuciosamente reconstituído, as armaduras, o figurino, tudo de muito bom gosto. Até o estilo ornamental do renascimento foi recriado para o filme. A direção de Henry King é segura, pontual, detalhista e não desperdiça nada em um roteiro muito bem escrito, com ótimos e inspirados diálogos. E por falar em bons diálogos o que é necessário para que eles funcionem perfeitamente? Sim, grandes atores. E é justamente no elenco que esse épico se destaca.

Embora Tyrone Power seja apenas mais um galã (que marcou época mas que mesmo assim não passava disso), temos para contrabalançar suas limitações o grande Orson Welles. Incrível, mas Welles interpreta tudo com uma naturalidade, uma genialidade que me deixou admirado. Enquanto outros atores em cena exageram nas caras e bocas (uma certa característica da época), Orson desfila em cena todas as nuances de seu personagem sem o menor esforço. Consegue ser sutil em meio ao exagero dramático de outros em sua atuação. Ele literalmente rouba todas as cenas ao interpretar Cesare Bórgia, o famoso déspota da história. A atriz Wanda Hendrix, a mocinha do filme, embora fosse linda era inexpressiva do ponto de vista dramático. Mas isso é o de menos. No conjunto esse "O Favorito dos Borgias" é bem acima da média, uma grande diversão que em nenhum momento ofende a inteligência do espectador, mostrando já na década de 40 que diversão não precisa ser necessariamente burra ou idiota, pelo contrário, pode ser muito instrutiva e rica.

O Favorito dos Bórgias (Prince of Foxes, Estados Unidos, 1949) Direção de Henry King / Roteiro: Milton Krims / Elenco: Tyrone Power, Orson Welles, Wanda Hendrix, Marina Berti / Sinopse: Andrea Orsini (Tyrone Power) se envolve nas disputas familiares da famosa família Borgia. Em seu caminho tem que encontrar e lidar com o famigerado Cesare Borgia (Orson Welles) que tem grande sede de poder e riqueza.

Pablo Aluísio.