segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Tenha Fé

Título no Brasil: Tenha Fé
Título Original: Keeping the Faith
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Edward Norton
Roteiro: Stuart Blumberg
Elenco: Ben Stiller, Edward Norton, Jenna Elfman, Eli Wallach, Anne Bancroft, Milos Forman

Sinopse:
Dois amigos, o padre Brian Finn (Ben Stiller) e o rabino Jake Schram (Ben Stiller), foram apaixonados na juventude pela mesma garota, a doce e gentil Anna Riley (Jenna Elfman). A escolha por uma vida religiosa porém mudaram seus planos e cada um seguiu em frente na vida, até o dia em que reencontram Anna e todos os velhos fantasmas do passado voltam para atormentá-los. Filme premiado no Tokyo International Film Festival.

Comentários:
Esse filme foi o único a ser dirigido pelo ator Edward Norton. Um dos mais talentosos atores de sua geração, ele aqui quis fazer uma pequena e singela homenagem para sua mãe que havia falecido. Ela era católica. Norton então quis contar a história de dois homens religiosos, um padre e um rabino, que apesar das diferenças teológicas entre suas doutrinas, conseguiam continuar a ser grandes amigos. Uma boa lição de tolerância religiosa. O filme em si é muito bom, nada excessivamente bobinho ou chato, como poderia parecer. Nem mesmo a presença de Ben Stiller, que considero ser um dos comediantes mais chatos do cinema americano, consegue estragar o resultado final. Um aspecto interessante é que ele aqui deixou suas caretas e maneirismos insuportáveis de lado para tentar acompanhar o alto nível do trabalho de atuação de Edward Norton, que diga-se de passagem nunca brincou em serviço. Acabou sobrevivendo, uma vez que se não chegou aos pés de Norton, pelo menos não passou vergonha como nos outros filmes que fez. Outro ponto positivo a se destacar vem do elenco de apoio, todo formado por veteranos importantes da história do cinema americano como Eli Wallach (em um de seus últimos trabalhos), Anne Bancroft (sempre marcante em todos os filmes que apareceu) e Milos Forman (grande diretor, aqui dando uma palhinha como ator). Então é isso, vale muito conhecer esse "Tenha Fé". Não deixe passar em branco.

Pablo Aluísio.

domingo, 22 de agosto de 2021

Reds

Ontem revi o filme "Reds". É interessante que cada vez que se vê um filme novamente se muda a percepção sobre ele. Da outra vez que escrevi sobre "Reds" eu chamei mais a atenção para o lado político do filme. Afinal a história de um jornalista americano que vai até a Rússia para viver in loco as mudanças na sociedade durante a revolução russa realmente é um dos pontos fortes de seu roteiro. Entretanto dessa vez prestei mais atenção na personagem da esposa do jornalista John Reed (Warren Beatty), a também escritora Louise Bryant (Diane Keaton). Alguém tem dúvida que ela realmente amava muito esse homem? Que mulher teria coragem de viajar sozinha para a Rússia, em plena era do terror pós revolucionário, para tentar encontrar seu amado que havia desaparecido naquelas longas planícies? Em termos puramente emocionais poucas vezes o cinema mostrou uma mulher tão apaixonada e obstinada como essa. É um amor épico, sem dúvida.

E ainda dentro da perspectiva desse relacionamento outra coisa me chamou a atenção. O casal era comunista, socialista, progressista, se você preferir essa última palavra. Eles gostavam de ser ver como pessoas modernas em um relacionamento aberto. Ele poderia ter suas amantes, ela poderia ter seus momentos com outros homens quando bem entendesse. Porém essa convicção social mal chegou na página 2 como vemos no filme. Em pouco tempo de casados eles já brigavam pelas traições cometidas, em uma postura que ficaria bem adequada em um casal burguês, mas não em socialistas como eles. Enfim, revi o filme com novos olhos, novos ângulos. E sai plenamente satisfeito, o que mostra que sem dúvida, "Reds" é um grande filme sobre um grande amor que por acaso se passou durante a revolução russa.

Reds (Reds, Estados Unidos, 1981) Direção: Warren Beatty / Roteiro: Warren Beatty, Trevor Griffiths / Elenco: Warren Beatty, Diane Keaton, Jack Nicholson, Maureen Stapleton, Jerzy Kosinski / Sinopse: Casal americano de jornalistas decide viajar até a Rússia no exato momento em que está eclodindo uma revolução comunista no país. Socialistas por convicção, eles acabam entrando no olho do furacão que atinge aquela grande nação. Filme vencedor do Oscar nas categorias de melhor direção (Warren Beatty), melhor atriz coadjuvante (Maureen Stapleton) e melhor direção de fotografia (Vittorio Storaro).

Pablo Aluísio.

sábado, 21 de agosto de 2021

Os Amores de Moll Flanders

Título no Brasil: Os Amores de Moll Flanders
Título Original: Moll Flanders
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Pen Densham
Roteiro: Daniel Defoe, Pen Densham
Elenco: Robin Wright, Morgan Freeman, Stockard Channing, John Lynch, Brenda Fricker, Geraldine James

Sinopse:
Drama de época que mostra a vida de Moll Flanders (Robin Wright), uma jovem que vai do céu ao inferno em sua breve vida. Criada em um convento, ela ao atingir a idade adulta, precisa começar a viver sua vida, por conta própria, o que a leva um crescimento como mulher, baseada nas experiências de sua vida.

Comentários:
O romance "Os Amores de Moll Flanders" foi publicado pela primeira vez em 1722 na Inglaterra. O autor Daniel Defoe era um escritor especialista nesse tipo de drama romântico, com muitas reviravoltas e situações limites para suas protagonistas que eram ao mesmo tempo heroínas e admiráveis para as moças da época. Em uma sociedade com castas sociais bem definidas, o escritor gostava de colocar jovens de classes sociais inferiores no meio da aristocracia, quase sempre retratada como imoral e corrupta. A pobre jovem sempre tinha as maiores virtudes. Era uma fórmula velha na literatura, mas que quase sempre dava certo (aliás ainda hoje dá certo, é bom frisar). No elenco temos um plantel muito bom de talentosos atrizes e atores. Robin Wright interpreta a protagonista e realmente dá show. Ela sempre foi muito talentosa. Pena que nunca se tornou uma estrela. De qualquer maneira ao seu lado também brilha o sempre elegante Morgan Freeman. Em finos trajes de um figurino de época ele quase rouba o show de Wright. Só não o faz porque a personagem de Moll Flanders domina mesmo, da primeira à última cena. Se não fosse isso o filme seria de Freeman. Assim deixo a dica desse bom romance cinematográfico. Um retrato de uma época que já não existe mais.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

O Corruptor

Embora Hollywood sempre faça bons filmes com artes marcais, lutas orientais, etc, apenas os realizadores de Hong-Kong dominam completamente a arte de fazer filmes assim. Obviamente que parte desse know-how foi importado para a indústria de cinema dos Estados Unidos, afinal os dólares dos produtores dos grandes estúdios americanos sempre falam mais alto. De qualquer maneira temos aqui um remake Made in USA de um filme feito em Hong-Kong. Obviamente as produções feitas na indústria cinematográfica norte-americana são mais bem cuidadas, com melhores cenários, figurinos, roteiros, etc. Entretanto o diretor James Foley tentou pelo menos em parte reproduzir o espírito dos filmes rodados no outro lado do mundo.

O enredo do filme junta dois policiais, um americano e um chinês. Eles estão em busca de membros de uma poderosa quadrilha de traficantes que agindo dentro das fronteiras americanas também tentam corromper autoridades na terra do Tio Sam. Assim os dois tiras precisam lidar não apenas com os criminosos internacionais, mas igualmente com políticos corruptos e asseclas corrompidos. No saldo geral temos um bom filme, movimentado, com edição rápida e boas cenas de ação. Até mesmo o ator Mark Wahlberg consegue escapar, com suas imitações de golpes de Kung-Fu. Ficou bem feita a coreografia. Quem diria, logo ele...

O Corruptor (The Corruptor, Estados Unidos, China, 1999) Direção: James Foley / Roteiro: Robert Pucci / Elenco: Mark Wahlberg, Chow Yun-Fat, Ric Young / Sinopse: Com a ajuda de um policial da cidade de Nova York, um importante policial chinês tenta desbaratar uma quadrilha chinesa de tráfico de drogas e corrupção que passa a agir dentro dos Estados Unidos.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

O Enviado

Vou ser sincero aqui. Apesar de ser um dos grandes atores da história do cinema americano, Robert De Niro só fez um grande filme nesse gênero de suspense e (quase) terror. Estou me referindo ao ótimo "Coração Satânico" de 1987 onde ele contracenou com Mickey Rourke e foi dirigido pelo genial Alan Parker. Depois disso, pelo menos nesse gênero específico, o "Bob Milk" (seu apelido de infância e adolescência em Nova Iorque) nunca mais acertou! Nem com um grande bastão de beisebol em mãos... todos os seus demais filmes nesse nicho foram bolas foras!

Esse "O Enviado" não fugiu disso. É um filme fraco que pegou carona com aquela coisa toda de clones que foi muito falado na época de lançamento do filme. Pois é, os clones estavam na moda, com as pessoas discutindo se era ou não ético clonar seres humanos... E se fossem clonados o que iria acontecer? Os clones teriam as mesmas características e personalidades dos clonados? E se pessoas falecidas fossem clonadas, o que iria acontecer? Claro que o roteiro do filme não ousa (e nem quer) discutir esses temas seriamente. Só quer, no final das contas, dar uns sustinhos nos espectadores. Nesse ponto, temos que falar a verdade, a coisa não saiu tão bem. Em termos de terror e suspense esse filme deixa bastante a desejar. Melhor rever "Angel Heart" mesmo. Fica a dica.

O Enviado (Godsend, Estados Unidos, 2004) Direção: Nick Hamm / Roteiro: Mark Bomback / Elenco: Robert De Niro, Greg Kinnear, Rebecca Romijn, Cameron Bright / Sinopse: Um casal concorda em clonar seu filho falecido, sob a supervisão de um médico enigmático, mas coisas bizarras começam a acontecer vários anos após seu renascimento.

Pablo Aluísio.

De Volta à Itália

Liam Neeson interpreta um pintor de quadros que mora em Londres. Após anos, ele é finalmente procurado por seu filho. O rapaz quer que uma velha casa que seu pai possui na Toscana seja vendida. Ele quer comprar a galeria de arte de sua esposa, agora que o casamento está afundando. Precisa de dinheiro urgentemente. Inicialmente o pai concorda com o pedido do filho, afinal a casa é dele e está abandonada. Assim ambos viajam até a Itália. Encontram a velha casa caindo aos pedaços, precisando de reformas. Do jeito que se encontra, não há como vender. Então eles começam a reformar o lugar. E nesse processo velhas lembranças vão surgindo. O personagem interpretado por Neeson é viúvo, sua esposa morreu em um acidente de carro anos atrás e ali naquela casa ele teve momentos felizes ao seu lado. Conforme vão pintando e arrumando a casa, ela recomeça a brilhar e dúvidas surgem se vale mesmo a pena vender aquela parte de seu próprio passado.

Filme bom. O Liam Neeson deu um tempo em seus filmes de ação para protagonizar esse drama. Não é complicado de entender. Assim como seu personagem no filme ele também perdeu sua esposa. E em sua vida real também procurou se curar pintando, naquela chamada terapia da pintura. Assim a identificação foi completa. O filme, apesar do tema recorrente sobre perdas e mortes, até que surge bem leve na tela. A natureza da Toscana nunca decepciona, sempre valorizando a fotografia de qualquer filme que é rodado por lá. No mais o ator está muito bem em cena, inclusive nas cenas mais dramáticas. Gostei bastante de seu desempenho emocional e contido nas doses certas.

De Volta à Itália (Made in Italy, Inglaterra, Itália, 2020) Direção: James D'Arcy / Roteiro: James D'Arcy / Elenco: Liam Neeson, Gian Marco Tavani, Yolanda Kettle, Valeria Bilello / Sinopse: Filho pede ao seu pai que venda uma velha casa na Toscana, na Itália, que está há anos abandonada. Ao viajarem para lá reencontra a antiga casa do passado e suas memórias envolvendo a esposa que faleceu de um acidente de carro. Os anos felizes do passado ressurgem em sua mente e em seu coração.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

A Rainha da Espanha

A história do filme se passa na década de 1940. Macarena Granada (Penélope Cruz) é uma atriz espanhola que faz sucesso em Hollywood. Muitos anos depois ela retorna para sua terra natal para trabalhar em um filme contando a história da Rainha Isabel. As filmagens se passam em uma Espanha dominada pela ditadura do general Franco. Macarena odeia Franco pois seu pai foi morto pelos seguidores do tirano. E quando um velho diretor reaparece, após passar anos preso nas prisões do regime militar, ela tenta ajudá-lo de alguma forma, planejando uma forma de libertá-lo de sua pena. Afinal ele não cometeu crime algum, apenas foi contra a ditadura. E as coisas só pioram quando a atriz principal do filme resolve ter um caso amoroso com um dos membros da equipe, o astro galã gay investe em cima de um ator coadjuvante espanhol e o próprio Franco decide visitar o set de filmagens!

Um bom filme, que poderia ser melhor. Poderia ser um drama mostrando os horrores de Franco, mas os roteiristas decidiram apostar em algo mais leve, menos dramático. Há um certo humor que atravessa todo o filme, muito embora não se possa considerar uma comédia. Para quem gosta de cinema há algumas referências interessantes como o galã americano que no fundo é gay e vive no armário, o velho diretor que passa as filmagens inteiras cochilando em sua cadeira, sem saber direito o que está acontecendo e várias citações de astros e estrelas da época como Errol Flynn e Rita Hayworth. Mesmo assim fiquei com aquela sensação ruim de que o filme nunca decola, ficando apenas na promessa de que algo melhor vai acontecer.

A Rainha da Espanha (La reina de España, Espanha, 2016) Direção: Fernando Trueba / Roteiro: Fernando Trueba / Elenco: Penélope Cruz, Antonio Resines, Cary Elwes, Neus Asensi / Sinopse: Uma equipe de filmagem de Hollywood vai até a Espanha para filmar a história da rainha Isabel em plena ditadura do general Franco. O filme é estrelado pela atriz espanhola temperamental Macarena Granada (Penélope Cruz).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 17 de agosto de 2021

Cemitério Maldito

Título no Brasil: Cemitério Maldito
Título Original: Pet Sematary
Ano de Produção: 1989
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Mary Lambert
Roteiro: Stephen King
Elenco: Dale Midkiff, Denise Crosby, Fred Gwynne

Sinopse: 
Pai de família tem que consolar seu pequeno filho após a morte do animal de estimação da família. Seguindo os passos de uma antiga lenda que afirma que todo animal enterrado em um velho cemitério de índios retorna à vida ele leva o cãozinho para lá. O problema é que o animal realmente retorna mas como um ser horrível, em decomposição. Depois disso algo inesperado volta a ocorrer com a família mas a vítima é seu próprio filho. E agora? Terá coragem de levar seu filho morto para o cemitério de animais?

Comentários:
Vem remake novo por aí. Esse aqui tive a oportunidade de assistir no cinema que inclusive hoje em dia não existe mais, virou uma loja de sapatos - que pena! Pois bem, como todos sabemos o texto é do sempre ótimo Stephen King. Como sempre ele foca em uma típica família americana do meio oeste que acaba entrando em contato com eventos fantásticos. No caso o tal Pet Cemitery (ou Cemitério de animais de estimação, muito comuns nos Estados Unidos). O ator Dale Midkiff que faz o pai de família que toma uma decisão muito errada tinha acabado de fazer Elvis Presley na versão do livro "Elvis e Eu" na TV (essa série chegou a ser exibida várias vezes no SBT). O clima do filme em si é dos melhores. King prepara bem seu suspense, criando todo um clima, familiarizando sem pressa todos os personagens para o público que está acompanhado tudo. Na época que o filme foi realizado não havia ainda efeitos digitais e tudo é baseado em maquiagem (muito bem feita por sinal) e efeitos em animatronics. Confesso que sempre gostei muito mais da primeira parte do filme, quando os acontecimentos vão sendo preparados para o terrível grand finale. Em seu lançamento houve quem criticasse por colocar uma criança como um terrível ser do mal mas Stephen King está realmente acima desse tipo de coisa. Hoje em dia "Cemitério Maldito" é um pequeno clássico da obra de King e mostra que não envelheceu. Nem era preciso remake para dizer a verdade. Prefira sempre conhecer esse original.

Pablo Aluísio.