domingo, 5 de fevereiro de 2017

Estrelas Além do Tempo

Esse filme resgata a história pouco conhecida de três mulheres negras que trabalharam na Agência Espacial Americana (NASA) durante a década de 1960. Como era de se esperar naqueles tempos de segregação racial, elas passaram por inúmeras dificuldades para serem reconhecidas. Muitas vezes confundidas com faxineiras ou empregadas que serviam o cafezinho, na verdade eram mulheres inteligentes, formadas em matemática, que realizavam cálculos para os lançamentos dos foguetes do programa espacial.O filme procura mostrar a vida delas, inclusive as dificuldades que tiveram que superar para estudar. Uma delas deseja entrar na melhor universidade de sua cidade, mas ela era exclusiva para brancos. O roteiro mostra como era a vida de uma mulher negra naquela época, inclusive explorando os pequenos detalhes do cotidiano que mostravam todo o preconceito racial que existia, como por exemplo, bebedouros, banheiros e assentos em ônibus apenas para negros, tudo separado dos brancos, naquela situação jurídica que perdurou por anos nos Estados Unidos. Um aspecto curioso é que isso não era amenizado nem dentro da própria NASA, onde supostamente só trabalhavam pessoas com alto QI.

Agora falemos um pouco sobre o filme em si. O elenco é dos melhores, contando não apenas com o trio principal (interpretado pelas talentosas atrizes Octavia Spencer, Janelle Monáe e Taraji P. Henson) como também com atores conhecidos como Kevin Costner. Ele interpreta o diretor da agência no setor de cálculos e lançamentos. Um sujeito estressado que precisa lidar com o fato de que os russos estavam ganhando a corrida espacial naquele momento histórico. Enquanto os soviéticos colocavam o primeiro homem no espaço (o cosmonauta Iuri Gagarin), os americanos mal conseguiam sair do chão com seus foguetes desengonçados. De forma em geral há dois aspectos que precisam ser criticados nesse filme. O primeiro é que a edição não é muito eficiente, resultando em uma duração excessiva, com problemas de ritmo, fazendo com que o filme fique um pouco monótono em certos momentos. Outros aspecto que depõe um pouco contra o roteiro é que ele, em muitas ocasiões, é excessivamente maniqueísta. Obviamente deve-se reconhecer a importância dessas mulheres negras, mas sem exageros. Há momentos em que o roteiro quer provar que elas, praticamente sozinhas, foram as responsáveis pelo lançamento dos foguetes. Não precisava exagerar tanto na dose. Mesmo assim, com esses probleminhas, ainda é um filme a se conferir, principalmente para conhecer mais a fundo a história dessas pioneiras desconhecidas do programa espacial.

Estrelas Além do Tempo (Hidden Figures, Estados Unidos, 2016) Direção: Theodore Melfi / Roteiro: Allison Schroeder, Theodore Melfi / Elenco: Kevin Costner, Octavia Spencer, Kirsten Dunst, Jim Parsons, Janelle Monáe, Taraji P. Henson / Sinopse: Três mulheres negras norte-americanas precisam enfrentar todas as dificuldades para se tornarem bem sucedidas na NASA. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz (Octavia Spencer) e Melhor Roteiro Adaptado (Allison Schroeder e Theodore Melfi).

Pablo Aluísio.

O Matadouro

Título no Brasil: O Matadouro
Título Original: Abattoir
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Dark Web Productions
Direção: Darren Lynn Bousman
Roteiro: Christopher Monfette
Elenco: Jessica Lowndes, Dayton Callie, Joe Anderson, Lin Shaye, John McConnell, Michael Paré

Sinopse:
Após a trágica morte da irmã, que foi assassinada em um massacre envolvendo sua família, a jornalista Julia Talben (Jessica Lowndes) decide investigar. Ela descobre que a casa dela foi comprada por um homem misterioso. Mais estranho do que isso é saber que esse parece ser sempre a atitude do tal sujeito. Ele compra casas onde aconteceram crimes terríveis. O que poderia estar por trás desse comportamento fora do comum?

Comentários:
Esse filme foi baseado numa Graphic Novel. É um enredo bem esquisito, algo que o público vai descobrindo com o passar do filme. A jornalista que é a protagonista do filme começa a investigar a morte de sua irmã e descobre que há um pastor chamado Jebediah Crone (Dayton Callie) que sempre compra as casas onde assassinatos são cometidos. É curioso porque ele deveria estar morto há anos, mas parece dominar todas as pessoas de uma pequena cidade do interior. Ela então resolve ir até lá e vai desvendando algo bem bizarro, envolvendo até mesmo sacrifícios humanos de crianças ordenadas pelo tal pastor! O final joga todo o filme para uma situação de realismo fantástico, misturado com mistérios do sobrenatural. Como vai ficando claro desde o começo o tal pastor não tinha qualquer ligação com o divino, mas sim com o macabro. Ele é um falso profeta, um homem maligno com a mente desvirtuada. No geral é um filme que podemos qualificar como nada comum, nada banal, nem mesmo se formos comparar com outros filmes recentes de terror. É algo bem diferente, embora nem todos vão gostar pois é preciso comprar a ideia por trás de sua obscura trama. É um filme especialmente indicado para quem gosta de roteiros estranhos, bizarros e bem criativos. Afinal qual foi o último filme que você assistiu em que há um pastor protestante que coleciona fantasmas criados em tragédias violentas?

Pablo Aluísio.

sábado, 4 de fevereiro de 2017

O Guerreiro da Paz

Título no Brasil: O Guerreiro da Paz
Título Original: Grey Owl
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Lionsgate Films
Direção: Richard Attenborough
Roteiro: William Nicholson
Elenco: Pierce Brosnan, Stewart Bick, Vlasta Vrana, Graham Greene, Gordon Masten, Neil Kroetsch

Sinopse:
O filme conta a história real de um cidadão britânico, fascinado pela cultura nativa americana, que decide se mudar para a América do Norte. Uma vez lá ele toma contato com as tribos que vivem na região e começa a combater os interesses de grandes empresas que exploram a madeira das florestas, se tornando assim um dos principais ativistas ecológicos da história, na década de 1920.

Comentários:
Filme historicamente interessante que conta a história verdadeira desse sujeito chamado Archibald Belaney (Pierce Brosnan) que por sua luta em prol dos povos indígenas ganhou o nome nativo de Archie "Coruja Cinzenta". É a tal coisa, muitas vezes percebemos que um fato real se torna extremamente romanceado e idealizado quando sai das páginas da literatura para as telas de cinema. É mais ou menos o que acontece aqui. O protagonista vira quase uma espécie de santo imaculado, tamanhas são suas virtudes passadas ao espectador. Como bem sabemos as coisas nem sempre aconteceram desse jeito tão idealista. Embora seja baseado em fatos reais sabemos muito bem que no mundo real nem sempre as coisas se passam tão perfeitamente como vemos nos filmes. Para os cinéfilos o que chamou a atenção do espectador mesmo foi a presença do ator Pierce Brosnan, pois na época ele era o James Bond. Qualquer filme fora da franquia acabaria mesmo chamando a atenção. Outro ponto de atração era o fato dessa fita ter sido dirigida pelo cineasta Richard Attenborough, de "Gandhi", "Chaplin" e " Um Grito de Liberdade", entre outros. Apesar de tantos nomes bons na ficha técnica o fato inegável porém é que o filme é bem fraquinho, muito embora não seja necessariamente ruim.

Pablo Aluísio.

Eleição

Título no Brasil: Eleição
Título Original: Election
Ano de Produção:1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Alexander Payne
Roteiro: Tom Perrotta, Alexander Payne
Elenco: Matthew Broderick, Reese Witherspoon, Chris Klein, Jessica Campbell, Mark Harelik, Phil Reeves

Sinopse:
A vida do professor Jim McAllister (Matthew Broderick) se torna bem complicada quando ele resolve organizar as eleições estudantis em uma escola de ensino médio (High School, nos Estados Unidos). Uma das candidatas, a aluna Tracy Flick (Reese Witherspoon), se torna obcecada em vencer, transformando a vida de Jim em um verdadeiro inferno, ao estilo escolar!

Comentários:
Gostei bastante desse filme juvenil que conta com um elenco muito bom, a começar pela presença de Matthew Broderick. Na década anterior ele ficou conhecido por estrelar "Curtindo a Vida Adoidado", considerado por muitos como o melhor de seu estilo. Aqui ele volta para a escola, mas não como aluno que mata aulas, mas sim como um jovem professor que precisa lidar com a maluquinha aluna interpretada por Reese Witherspoon. Poucas vezes a vi em um papel tão adequado, já que Reese tem esse tipo mesmo, a de ser obcecada em vencer de qualquer jeito. Na própria carreira de atriz em Hollywood ela é bem conhecida por ter esse tipo de personalidade. Ainda bem jovenzinha, ela já demonstrava ter um talento diferenciado. Então tudo caiu como uma luva. O filme é bem produzido, dirigido e roteirizado e conseguiu para surpresa geral arrancar uma indicação ao Oscar na categoria de Melhor roteiro Adaptado. Quem diria que uma comédia juvenil iria tão longe, em uma categoria tão nobre da Academia? Pois é... Foi algo bem surpreendente mesmo.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Deuses e Monstros

Título no Brasil: Deuses e Monstros
Título Original: Gods and Monsters
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Lions Gate Films
Direção: Bill Condon
Roteiro: Bill Condon
Elenco: Ian McKellen, Brendan Fraser, Lynn Redgrave, Lolita Davidovich
  
Sinopse:
O filme mostra os últimos dias de vida de um famoso diretor de cinema do passado. Embora ignorado pelas novas gerações o cineasta James Whale (Ian McKellen) teve seus dias de glória e sucesso em Hollywood na década de 1930, principalmente ao dirigir o clássico Frankenstein (1931). Agora, envelhecido e esquecido, ele enfrenta os maiores desafios de sua existência: o abandono e a solidão! Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Ator (Ian McKellen) e Melhor Atriz Coadjuvante (Lynn Redgrave). Premiado com o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado (Bill Condon).

Comentários:
Que belo filme! Para um cinéfilo nada poderia ser mais poético e cativante. O roteiro, que venceu o Oscar merecidamente, foi inspirado no livro escrito por Christopher Bram, onde se misturam fatos reais com pura ficção romanceada. O excelente Ian McKellen interpreta o diretor de cinema de terror James Whale em sua velhice. Aquele que havia dirigido um dos maiores filmes de terror de todos os tempos agora se encontrava enfrentando os desafios da velhice. Ele vive ao lado de uma governanta de personalidade forte, interpretada pela talentosa atriz Lynn Redgrave (que igualmente foi indicado ao Oscar). O filme se passa durante os anos 1950, em plena Guerra da Coreia, e mostra a amizade que o diretor acabou desenvolvendo com seu próprio jardineiro, um veterano de guerra que tenta sobreviver de volta ao lar. A aproximação inicialmente apresenta fortes conotações homossexuais, já que o velho cineasta era gay, mas depois caminha para uma amizade sincera entre ambos. O filme tem vários momentos tocantes, principalmente pelo fato do protagonista ser um velho homossexual que precisa lidar agora com a passagem dos anos e a solidão. Certa vez assistindo a um documentário sobre um lar de repouso de artistas aposentados em Los Angeles vi um antigo astro do passado, agora longe das telas, lembrando que as pessoas continuam a viver, mesmo após o fim da fama. É algo muito triste para um artista quando as luzes dos palcos e dos sets de cinema se apagam para sempre. O roteiro desse filme explora justamente esse aspecto. É uma bela obra cinematográfica, digna realmente de aplausos. 

Pablo Aluísio.

Sub Down - Alerta Nuclear

Título no Brasil: Sub Down - Alerta Nuclear
Título Original: Sub Down
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: The Carousel Picture Company
Direção: Gregg Champion
Roteiro: Silvio Muraglia, Daniel Sladek
Elenco: Stephen Baldwin, Gabrielle Anwar, Tom Conti, Chris Mulkey
  
Sinopse:
Guerra Fria. Uma expedição submarina é enviada ao pólo norte. Um grupo de cientistas americanos acompanham uma equipe de um submarino nuclear em viagem ao distante, frio e desolado Ártico. Uma vez lá a embarcação passa por problemas decorrentes da natureza hostil da região e fica preso no gelo. Assim os cientistas acabam se tornando a única esperança de salvação para todos aqueles tripulantes.

Comentários:
Parecia ser ao menos interessante, mas na verdade é um filme bem mediano. O roteiro procura colocar em dois lados opostos a mentalidade dos militares do submarino e a dos cientistas, esses bem pragmáticos, adeptos do lema de se fazer o que é preciso fazer. Já os militares tentam salvar o submarino com a sua força e disciplina. Para uma produção B dos anos 90 até que o filme não é tão mal. Claro que há todo o problema de se ficar datado demais, principalmente no que diz respeito a efeitos visuais, mas de qualquer forma a trama em si é suficientemente interessante para se manter a atenção. O curioso é que anos depois um submarino russo passaria por situação parecida, ficando perdido nas águas geladas dos mares do norte. Essa é seguramente uma das regiões mais hostis do planeta. Em termos de elenco temos mais um membro da família Baldwin que não conseguiu fazer muito sucesso na carreira. Stephen Baldwin de fato tinha pouco (ou quase nenhum) carisma e por isso isso acaba se tornando um problemão e tanto para o filme como um todo. Definitivamente essa falta de uma melhor equipe de atores contribuiu para que esse filme de ação e aventura se tornasse completamente esquecido com o passar dos anos. Contra o tempo, muitas vezes, não há mesmo salvação.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Floresta Negra

Título no Brasil: Floresta Negra
Título Original: Snow White - A Tale of Terror
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Polygram Entertainment
Direção: Michael Cohn
Roteiro: Tom Szolossi, Deborah Serra
Elenco: Sigourney Weaver, Sam Neill, Gil Bellows, Brian Glover
  
Sinopse:
Nessa adaptação sombria de um famoso conto de fadas acompanhamos a história de uma linda jovem que acaba caindo em uma armadilha mortal quando seu pai resolve se casar novamente. Sua nova madrasta é versada em artes ocultas e maléficas, o que colocará sua própria vida em risco. Filme indicado ao Primetime Emmy Awards nas categorias de Melhor Atriz (Sigourney Weaver), Melhor Figurino e Melhor Maquiagem.

Comentários:
Pensou que tudo havia começado com "Alice" de Tim Burton? Ledo engano. Esse filme é interessante porque demonstra que essa ideia de usar contos de fadas em adaptações mais adultas já vem de longe. Há vinte anos, por exemplo, era lançado na TV americana esse "Snow White - A Tale of Terror". Sim, porque ao contrário do que muitos pensam esse não foi um filme produzido para o cinema, mas sim para a TV. A confusão vem do fato dele ter sido lançado no mercado de vídeo no Brasil. Aqui pegaram o conto infantil "Branca de Neve e os Sete Anões" como fonte e adaptaram como se fosse uma história sombria, nebulosa, cheia de monstros, com visual dark. Os figurinos e a produção são muito bons, idem para a maquiagem, porém o roteiro (ah, esse velho problema) voltava para assombrar o espectador desavisado. A palavra que melhor define "Floresta Negra" é forçado! Tudo é forçado aqui, as situações, a fotografia (escura demais para ser considerada), até mesmo o bom elenco está fora do que seria adequado! No geral é um filme que vale pela curiosidade apenas. Não diverte, não cativa e nem surpreende. Só não caia no erro de passar a fita para seus filhos. Provavelmente eles não vão gostar já que essa versão da Branca de Neve não é recomendada para crianças, em nenhuma hipótese.

Pablo Aluísio.

Os Picaretas

Título no Brasil: Os Picaretas
Título Original: Bowfinger
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures, Imagine Entertainment
Direção: Frank Oz
Roteiro: Steve Martin
Elenco: Steve Martin, Eddie Murphy, Heather Graham, Robert Downey Jr, Christine Baranski, Barry Newman

Sinopse:
Bowfinger (Steve Martin) é um produtor picareta de Hollywood, criador de inúmeros filmes Z, que decide dar um último golpe certeiro. Ele pretende filmar um superstar do cinema, sem que ele saiba, para assim montar seu próximo filme, algo que irá criar inúmeros problemas. Filme indicado ao Black Reel Awards, o Oscar do cinema negro americano, na categoria de Melhor Ator (Eddie Murphy).

Comentários:
Um velho sonho dos fãs de comédias americanas era ver atuando em um mesmo filme Steve Martin e Eddie Murphy. Essa seria uma parceria dos sonhos do humor americano. Quem acabou dando o pontapé inicial foi o próprio Martin. Ele havia escrito um roteiro que satirizava a própria Hollywood e acreditava que Murphy seria seu parceiro ideal. Realmente a premissa básica era bem divertida, porém o roteiro errava em apostar apenas em um tipo de situação, uma piada que se repetia, se repetia e se repetia ao longo de todo o filme. A saturação desse tipo de situação era bem previsível e realmente se confirmou nas telas. O curioso é que a direção foi dada ao talentoso Frank Oz, que havia dirigido o divertido "Os Safados" com o mesmo Steve Martin (aqui em outra parceria, com Michael Caine). Infelizmente ele não repetiu o bom trabalho do filme anterior. Assim "Os Picaretas" apesar de apresentar alguns bons momentos, deixa realmente a desejar. O próprio Eddie Murphy surge em muitos momentos caricaturais demais da conta. Nesse filme ele errou a dose. No mais vale apenas como curiosidade de ver dois dos grandes humoristas do cinema em um momento menor, não tão engraçado como era de se esperar.

Pablo Aluísio.