segunda-feira, 20 de maio de 2013

Afinado no Amor

Alguns atores fazem sucesso na carreira e sinceramente não consigo entender a razão. Não tem carisma, não são bons intérpretes, não tem talento. Quando o assunto é humor então o que dizer de um comediante sem graça? É justamente o caso desse Adam Sandler. O sujeito basicamente só sabe fazer um tipo de papel, não é engraçado e nem muito menos talentoso, além de ter uma lista incrível de filmes simplesmente pavorosos no currículo mas.... mesmo assim lá está Sandler, ano após ano, lançando seus abacaxis no cinema. Provavelmente se formou naquela escola de “atores” onde quanto pior, melhor. Egresso da TV, mais precisando do Saturday Night Live, Sandler prova que o público americano de fato não é dos mais inteligentes, sofisticados e nem cultos do planeta, tamanha a atenção que lhe dão em todos os filmes bombas que lança!

Esse aqui foi um de seus primeiros sucessos no cinema. Ele interpreta um cantor de casamentos chamado Robbie que se apaixona pela gracinha Julia (Drew Barrymore). Ela é garçonete e está comprometida para desapontamento de Robbie. Ele por sua vez amarga uma fossa sem fim desde que levou um fora de sua ex-namorada. Dando vexames nos casamentos em que trabalha, por causa da depressão que se abate sobre ele, Robbie começa a ter dificuldades até para arranjar novos eventos. Sua salvação virá mesmo através de Julia, a garota de seus sonhos. Bom, se formos comparar “Afinado no Amor” com algumas porcarias que Sandler fez depois na carreira chegaremos na conclusão que esse é quase um “Cidadão Kane” de sua filmografia! Mesmo assim é bem fraco, muito meloso e apelativo – com a óbvia ajuda de uma trilha sonora escolhida justamente para isso. De bom mesmo apenas a simpática presença de Barrymore que ajuda a passar o tempo. Agora complicado mesmo é suportar o mala do Sandler mas aí vai depender da tolerância de cada um com a canastrice alheia.

Afinado no Amor (The Wedding Singer, Estados Unidos, 1998) Direção: Frank Coraci / Roteiro: Tim Herlihy / Elenco: Adam Sandler, Drew Barrymore, Christine Taylor / Sinopse: Cantor de casamentos de quinta categoria se apaixona por garçonete enquanto tenta curar a dor de cotovelo de um fora colossal que levou. O problema é que a garota está comprometida.

Pablo Aluísio.

Parker

Título no Brasil: Parker
Título Original: Parker
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Sony Pictures
Direção: Taylor Hackford
Roteiro: John J. McLaughlin
Elenco: Jason Statham, Jennifer Lopez, Nick Nolte
  
Sinopse:
Com roteiro baseado no romance policial escrito por Donald E. Westlake, o filme "Parker" conta a estória nada convencional de Johnny Parker (Jason Statham), um criminoso e ladrão profissional de bancos que acaba sendo traído por seu grupo e deixado para morrer em uma estrada. Recuperado da traição que visava lhe matar ele decide retornar para um acerto de contas final e sangrento com todos os que quiseram sua morte. Filme indicado ao World Stunt Awards.

Comentários:
“Parker” é mais um filme de ação estrelado por Jason Statham que foi exibido nos cinemas brasileiros. A bilheteria foi muito boa, diga-se de passagem. Ao contrário de outras fitas de ação de rotina do ator esse aqui traz algumas novidades. A primeira delas – e mais visível – é a presença da atriz e cantora Jennifer Lopez que parece ter deixado as comédias românticas de lado para investir em mais filmes de ação como esse. Por mais incrível que possa parecer até que ela não se sai mal. A trama de Parker é relativamente simples. Baseado nos livros de grande sucesso Flashfire, de autoria do escritor Donald E. Westlake, o filme narra as estórias de Parker (Jason Statham), um ladrão profissional que a despeito de viver à margem da lei segue padrões de comportamento e códigos de ética que determinam que seus serviços devem ser limpos, sem morte ou danos a pessoas inocentes. O problema é que Parker se une a um grupo de assaltantes que não pensam da mesma forma e após um roubo em que tudo vai mal ele é traído, ferido e deixado para morrer no meio da estrada. Recuperado é hora de partir para o acerto de contas. Para conseguir seu objetivo Parker (Statham) resolve colocar então um plano em execução, se disfarçando de texano milionário, com a qual pretende se vingar daqueles que quase o mataram. O diretor que dirige Jason Statham dessa vez é o cineasta Taylor Hackford, profissional talentoso que entre outros filmes dirigiu “Advogado do Diabo”. O problema central que podemos perceber em “Parker” é que Hackford definitivamente não tem muita intimidade com os filmes de ação. Embora “Parker” vá por vários caminhos (é um thriller com pitadas de romance e comédia também) o fato é que em essência essa é uma fita de ação e o diretor comete um pecado mortal nesse tipo de filme: ele perde o pique em vários momentos, deixando a produção cair em um incomodo marasmo. De qualquer forma, no saldo final, fica a boa novidade de ver Jason Statham saindo um pouco de seu habitual, encarando um roteiro diferente (apesar dos furos). Para os fãs do ator certamente será uma boa opção. 

Pablo Aluísio.

A Morte do Demônio

E a onda de remakes continua. A bola da vez agora é “Evil Dead”, um dos clássicos de terror da década de 80. O filme original era quase amador, feito com recursos mínimos mas que caiu no gosto do público por causa de seu estilo cru e hardcore. O tempo passou, aquele jovem que filmou “Evil Dead”, chamado Sam Raimi, virou um sujeito rico e poderoso dentro da indústria e agora surge produzindo esse remake de sua própria obra. Para dirigir contratou outro jovem, tal como ele era na época, o cineasta Fede Alvarez. A trama continua a mesma: grupo de jovens resolve se isolar numa cabana no meio da floresta. Uma das garotas tem problemas com drogas e o local parece ser o adequado para ela superar seu vicio. Também é um lugar pacato, onde todos podem repensar sobre suas vidas. O cheiro de algo apodrecido porém logo chama a atenção deles. Descobrem que o cheiro ruim vem do porão e decidem investigar. Má idéia. Apesar da escuridão encontram vários objetos que parecem ser de feitiçaria e um livro, que não deve ser aberto e nem muito menos lido. Como não poderia deixar de ser é lógico que um deles se interessará pelo tal livro amaldiçoado.

A estranha obra literária acaba sendo aberta e lida por um dos membros do grupo que para piorar ainda evoca sem saber uma entidade maligna milenar, um “devorador de almas” que logo toma de possessão uma das jovens. A partir daí já sabemos bem o que acontece. Apesar do cinema atual ter muito mais recursos do que na época do “Evil Dead” original, o fato é que essa refilmagem não consegue repetir a qualidade do primeiro filme. Para os que já conhecem os filmes de Raimi não há muita serventia em rever tudo de novo sob a ótica de um cineasta novato. Talvez apenas o público mais jovem, que não viu e nem assistiu o primeiro “Evil Dead”, possa sentir algum impacto com o novo filme. Para quem não conhece e nunca viu nenhum “Evil Dead” é bom saber que se trata de um filme de terror sem concessões, sem piadinhas e nem alívios cômicos. É muito violento, barra pesada e cheio de cenas de revirar o estômago. Talvez por isso seja tão cultuado até hoje. Nessa nova versão sentimos bem o pesar do tempo. Acontece que “Evil Dead” foi tão copiado durante todos esses anos que sua estória acabou virando algo banal. Até porque esse enredo do tipo “grupo de jovens em cabana isolada” vem sendo copiado em centenas de produções. De tão usado acabou saturado. De qualquer maneira para os mais jovens, que nunca viram a trilogia original, o filme pode até mesmo funcionar. Claro que nada do que está em cena vai impressionar aos veteranos fãs de filmes de terror, mas para o público neófito a fita pode servir como introdução a esse universo aterrorizante. Para esses então fica a dica: Arrisque uma sessão e boa sorte! 

A Morte do Demônio (Evil Dead, Estados Unidos, 2013) Direção: Fede Alvarez / Roteiro: Fede Alvarez, Rodo Sayagues, baseados no filme “Evil Dead” dirigido e roteirizado por Sam Raimi / Elenco: Jane Levy, Shiloh Fernandez, Lou Taylor Pucci / Sinopse: Grupo de jovens em cabana isolada evoca sem querer a presença de um demônio, devorador de almas, que necessita de cinco almas para fazer o “céu sangrar”. Agora terão que sobreviver à presença da maligna entidade sobrenatural do mal.

Pablo Aluísio.

domingo, 19 de maio de 2013

Nixon

É bem complicado assistir a um filme como esse que, em uma análise mais profunda, foi realizado por um liberal de carteirinha (Oliver Stone) retratando um líder republicano, conservador (o presidente americano Richard Nixon). Não há a isenção e nem a imparcialidade necessárias para se realizar assim uma obra cinematográfica historicamente correta, livre de manipulações. Stone deveria se concentrar mais em aspectos mais periféricos da sociedade americana, como fez brilhantemente com os feridos em guerras (Nascido em 4 de Julho) ou os combatentes deixados ao acaso no meio da selva do Vietnã (como vimos em Platoon). Ao retratar um presidente que particularmente odeia o cineasta perde a compostura, se deixa dominar pela emoção. Esse é sem sombra de dúvida o ponto mais complicado desse filme “Nixon”. Stone despreza o biografado e não tem o menor pudor de esconder isso. Na pele do excelente e talentoso Anthony Hopkins, o ex-presidente americano virou praticamente uma caricatura de si mesmo, chegando ao ponto de até mesmo parecer um ser repulsivo e grotesco, lambendo os lábios, suando em profusão, quase um monstro shakesperiano.

Na verdade Nixon até que não foi um presidente tão ruim como se pensa. Claro que aconteceram fatos lamentáveis em sua trajetória, sendo o mais conhecido o escândalo Watergate, mas de uma maneira geral ele de certa forma tirou os Estados Unidos da lama do Vietnã e reatou laços diplomáticos com inimigos históricos, entre eles a China. Era um político experiente (muito mais do que JFK) e soube conduzir o país muito bem na política internacional. Infelizmente dentro de casa a coisa não foi tão bem sucedida. Tragado por uma burocracia que mal conseguia compreender, Nixon foi crucificado pela invasão a sede do partido democrata, onde homens de sua filiação política teriam ido em busca de informações sobre a campanha adversária. Em uma democracia como a americana isso certamente era algo inadmissível e assim Nixon perdeu não só sua credibilidade mas também sua presidência. Por fim quero destacar o confuso roteiro do filme. Para quem não é particularmente intimo de história americana a película certamente se mostrará confusa, desconexa, com idas e vindas no tempo, deixando o espectador comum simplesmente perdido. Assim Stone erra duplamente, ao enfocar um personagem histórico que simplesmente detesta e ao fazer um filme por demais fragmentário. Prefira assistir “Frost / Nixon” que sem dúvida é uma produção bem mais consistente.

Nixon (Nixon, Estados Unidos, 1995) Direção: Oliver Stone / Roteiro: Stephen J. Rivele, Christopher Wilkinson, Oliver Stone / Elenco: Anthony Hopkins, Joan Allen, Powers Boothe, Ed Harris, Bob Hoskins, E.G. Marshall, David Paymer, David Hyde Pierce, Paul Sorvino, Mary Steenburgen, J.T. Walsh, James Woods, Brian Bedford, Kevin Dunn, Fyvush Finkel, Annabeth Gish, Tom Bower, Tony Goldwyn, Larry Hagman / Sinopse: Cinebiografia do presidente Americano Richard Nixon. Indicado aos Oscars de Melhor Ator (Anthony Hopkin), Melhor Atriz Coadjuvante (Joan Allen), Melhor Trilha Sonora e Melhor Roteiro.

Pablo Aluísio.

sábado, 18 de maio de 2013

Cassino

Embora seja um dos mais talentosos cineastas vivos, com uma rica filmografia, de encher os olhos, Martin Scorsese se saí muito melhor quando explora aspectos de sua própria etnia, de sua própria origem. Nenhum diretor conseguiu até hoje capturar a cultura ítalo-americana como ele. Talvez apenas Francis Ford Coppola (outro descendente de italianos) tenha chegado perto. E sem querer parecer preconceituoso o fato é que não há como falar em descendentes de italianos nos EUA sem falar na máfia. Esse aliás é o ponto central dos melhores filmes dirigidos por Scorsese. “Cassino” é um deles. A trama se passa em Las Vegas, durante a década de 1970. É lá que vive "Ace" Rothstein (Robert De Niro). Ele é gerente de um dos principais cassinos da cidade. Casado com uma ex-prostituta, viciada em cocaína, chamada Ginger McKenna (Sharon Stone), ele tenta colocar ordem no caos que sua vida se transforma. Seu melhor amigo é o baixinho valentão Nicky Santoro (em mais uma inspirada interpretação de Joe Pesci), que tem fortes ligações com a máfia que controla o jogo na cidade.

Como se sabe Vegas foi erguida com o dinheiro da máfia do leste, principalmente Chicago e Nova Iorque. Muitos descendentes de italianos foram para lá para controlar e administrar grandes hotéis e cassinos. Fizeram riqueza mas o ritmo estonteante e alucinado da cidade também cobrou seu preço. Robert De Niro esbanja talento em cena. Sua interpretação não se torna superior a que realizou em “Os Bons Companheiros” (que sempre é comparado com esse “Cassino”) mas mantém um nível excelente. Em termos de elenco quem acaba roubando o show é exatamente Sharon Stone. No auge da beleza ele se despiu de maiores vaidades para personificar uma mulher excessiva, com muita volúpia de experimentar de tudo, inclusive de drogas pesadas. Infiel, brega, desbocada e desnorteada com a própria vida, Stone mostra um excelente domínio dramático de seu personagem. De personalidade fraca ela logo se torna presa fácil de todos os vícios que a cidade tem a oferecer. Scorsese imprimiu um ritmo que lembra a própria Las Vegas e por isso o filme deixa a sensação de ser brilhante, esfuziante, mas também vulgar ao extremo, haja visto o palavreado pesado que sai da boca de seus personagens. Apesar de tudo não há de fato como negar que seja um grande filme no final das contas. Um dos melhores já assinados por Martin Scorsese.

Cassino (Casino, Estados Unidos, 1995) Direção: Martin Scorsese / Roteiro: Nicholas Pileggi, Martin Scorsese / Elenco: Robert De Niro, Sharon Stone, Joe Pesci, James Woods, Frank Vincent, Pasquale Cajano, Kevin Pollak, Don Rickles, Vinny Vella, Alan King, L. Q. Jones, Dick Smothers / Sinopse: Durante a década de 70 um cassino de Las Vegas se torna palco de traições, decepções e muita violência.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Maré Negra

A bióloga marinha e pesquisadora Kate Mathieson (Halle Berry) resolve aceitar a proposta de um milionário para mergulhar ao lado de tubarões brancos na costa da África do Sul. A expedição é obviamente uma temeridade uma vez que tais animais são considerados selvagens e geralmente atacam seres humanos em alto mar. Embora ciente disso a cientista aceita o acordo pois o ricaço quer mergulhar ao lado do filho para conhecer esse monstro dos mares. Inicialmente ela tenta convencer o mergulho com uso de gaiolas mas o seu cliente se torna inflexível pois quer saborear o gosto da aventura de nadar livremente ao lado desses predadores marítimos. Seu turismo ecológico porém sairá completamente do planejado, colocando todos os envolvidos em um sério perigo.

Hollywood realmente não desiste. Esse gênero de filmes sobre tubarões assassinos já está completamente esgotado mas o cinema americano não se cansa de lançar ano após ano novos filmes sobre o mesmo tema. Esse “Maré Negra” até que não é dos piores pois foi salvo por um roteiro que tenta o tempo todo ter os pés no chão (ou na água, como queiram). Os animais mostrados no filme são críveis, nada sobrenaturais (como alguns filmes exploraram recentemente) e investem em uma trama verossímil, embora seu final revele suas verdadeiras pretensões. Tirando Halle Berry não há nenhum ator mais conhecido em cena. As cenas submarinas misturam tubarões digitais com reais, sendo bem realizadas como um todo. Apenas em ataques noturnos das feras a técnica deixa um pouco a desejar. O saldo final é de um filme mediano, embora lidando com um tema que já deu o que tinha de dar.

Maré Negra (Dark Tide, Estados Unidos, 2012) Direção: John Stockwell / Roteiro: Ronnie Christensen, Amy Sorlie / Elenco: Halle Berry, Olivier Martinez, Ralph Brown / Sinopse: Pesquisadora especializada em tubarões brancos na costa da África do Sul decide aceitar a proposta de um milionário para mergulhar sem gaiolas ao lado desses animais selvagens. O turismo ecológico se revelará uma má idéia.

Pablo Aluísio.

O Último Exorcismo 2

O primeiro “O Último Exorcismo” (que curiosamente não foi o último!) era um mockumentary que reciclava antigos filmes de terror (a referencia mais óbvia era “O Exorcista”) que acabou caindo nas graças do grande público, rendendo uma bilheteria muito boa para seu orçamento modesto. Na época de seu lançamento chamei a atenção para o fato do material promocional do filme ser muito bem feito – com imagens nos cartazes que jamais fizeram parte do filme em si. Como em Hollywood não se perde a chance de ir atrás de boas bilheterias o filme agora rende essa continuação. Curiosamente o formato do primeiro filme é deixado de lado. Agora os produtores optaram por uma narrativa mais tradicional. O roteiro como não poderia deixar de ser é cheio de furos e não explica como a garota sobreviveu ao final do filme anterior. Clímax aliás que foi severamente criticado em seu lançamento por ser muito exagerado e sem noção. Depois de tudo aquilo que aconteceu é muito complicado aceitar uma continuação na estória, afinal tudo parecia soar como definitivo.

Assim como acontecia no filme “O Exorcista” aqui a protagonista também é uma jovem que é atormentada por um demônio (e imitando os passos do filme clássico também temos aqui uma entidade do mal que atende por um nome bizarro, Abalam). Pois bem, o filme começa mostrando a jovem Nell (Ashley Bell), que após os acontecimentos do primeiro filme tenta reconstruir sua vida. Ela é enviada para um abrigo de jovens e começa a ter uma nova perspectiva de vida, levando uma vida normal, longe da visão fatalista religiosa em que cresceu. Sua vida caminha relativamente bem, e ela pela primeira vez experimenta uma existência normal quando do nada recomeçam as manifestações demoníacas. A partir daí o filme mostra toda a sua fragilidade. O roteiro é um festival de clichês sem nenhuma originalidade. O uso de recursos fáceis para assustar o público também mostra o esgotamento do filão. De certa forma esse filme me lembrou bastante de “O Exorcista 2” outra produção que não tinha mais o que contar pois esse é o tipo de enredo que só admite uma adaptação para o cinema pois a estória se fecha em si mesmo, não havendo qualquer justificativa para uma continuação, a não ser render uns trocados a mais nas bilheterias. Melhor ignorar.

O Último Exorcismo 2 (The Last Exorcism 2: The Beginning of the End, Estados Unidos, 2013) Direção: Ed Gass-Donnelly / Roteiro: Damien Chazelle, Ed Gass-Donnelly / Elenco: Ashley Bell, Andrew Sensenig, Spencer Treat Clark, Judd Lormand, Raeden Greer / Sinopse: A garota Nell (Ashley Bell) volta a ser atormentada por manifestações demoníacas. Continuação de “O Último Exorcismo”.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

O Reino

Talvez o público não agüente mais falar nas intervenções americanas no Oriente Médio ou talvez o roteiro maniqueísta e manipulador tenha ultrapassado o limite do bom senso, não se sabe ao certo, mas o fato desse filme ter sido tão pouco visto talvez demonstre o esgotamento e saturação do tema no cinema. Afinal se todos os dias vemos na TV os equívocos americanos nos países árabes porque pagaríamos para ver a mesma coisa no cinema? O enredo mostra os esforços do agente do FBI Ronald Fluery (Jamie Foxx) em investigar um grave atentado promovido contra cidadãos americanos no Oriente Médio. Atuando em outro país, tendo que lidar com outra cultura e leis, o obstinado agente federal não mede esforços para chegar nos verdadeiros culpados dos atos terroristas. Jamie Foxx teve aqui a chance de demonstrar aos estúdios que poderia arcar com a responsabilidade de estrelar um sucesso, baseado apenas em sua presença do elenco, sem qualquer outro nome por trás. Infelizmente não deu muito certo pois o filme foi mal nas bilheterias.

Atribuo isso ao roteiro que não se exime de passar ao espectador uma visão muito preconceituosa, diria até mesmo racista, contra os árabes em geral. Os agentes americanos em ação, por exemplo, não procuram se dar ao trabalho de conhecer as leis e a cultura do país onde atuam. Passam por cima de tudo com a truculência que lhes é habitual. Além disso cometem o grave erro de generalizar a situação, a ponto de tornar qualquer um suspeito, pelo simples fato de ser árabe. De certa forma o filme não parece estar preocupado em discutir os grandes temas que envolvem as intervenções militares americanas naqueles países. Ao invés disso investe em cenas de ação, nem sempre com bons resultados. Sendo assim o filme acaba virando um belo retrato da forma como muitos americanos encaram esses conflitos. Para eles os terroristas estão em todas as partes e praticamente todos os árabes são suspeitos em potencial. No final da exibição a única certeza que tiramos é que de fato os americanos não parecem ter a menor noção da raiz dos problemas políticos e sociais do Oriente Médio.

O Reino (The Kingdom, Estados Unidos, 2007) Direção: Peter Berg / Roteiro: Matthew Michael Carnahan / Elenco: Jamie Foxx, Jennifer Garner, Jason Bateman, Chris Cooper, Andrew Espósito / Sinopse: Agente federal do FBI investiga um atentado terrorista contra americanos em um distante país árabe.

Pablo Aluísio.