quarta-feira, 4 de abril de 2012

O Pacto

Diante das bombas que Nicolas Cage vem estrelando esse thriller "O Pacto" não é tão ruim. Para falar a verdade a fita consegue manter o interesse do espectador. O enredo é inicialmente simples: Will Gerard (Nicolas Cage) é um professor de high school que se vê diante do estupro de sua esposa, a bela instrumentista Laura (interpretada pela linda January Jones de "Mad Men"). Revoltado ele é procurado pelo misterioso Simon (Guy Pierce, recentemente premiado pela série Mildred Pierce). Esse lhe propõe literalmente um pacto. Uma organização de cidadãos indignados pela violência irá liquidar o estuprador de sua esposa e em troca ele fará alguns serviços para o grupo. Obviamente que nesse tipo de thriller nada é tão simples assim e nada é o que parece ser. O roteiro e o argumento lidam com um assunto que é cada vez mais comum no Brasil: com a ineficiência da justiça estatal em punir os criminosos os próprios cidadãos acabam formando grupos de extermínio com o objetivo de "limpar" a sociedade de sua escória: estupradores, assassinos e meliantes em geral.

O filme não se compromete nessa questão - nem assume uma postura totalmente avessa a esses grupos e nem tampouco passa lição de moral. Nessa questão ele fica até mesmo interessante. Claro que a partir de determinado momento do filme o tema deixa de ser debatido para virar apenas um filme de ação de rotina, com muitas correrias, tiroteios e pirotecnia mas mesmo nesse quesito se mostra eficiente como puro entretenimento. A produção no fundo é uma tentativa do diretor Roger Donaldson em emplacar sua carreira. Ele até que vem apresentando bons trabalhos ao longo dos anos mas nunca conseguiu entrar para o primeiro time de cineastas de Hollywood. Esse "O Pacto" até me lembrou de outro policial dirigido por ele, o filme "Areias Brancas" um bom thriller estrelado por Mickey Rourke nos anos 90. Enfim, em resumo, "O Pacto" é muito melhor do que Nicolas Cage vinha apresentando ultimamente. Não é seu renascimento mas pelo menos serve como pausa das mediocridades de sua filmografia recente.

O Pacto (Seeking Justice / Solo Per Vendetta, Estados Unidos, 2011) Diretor: Roger Donaldson / Roteiro: Robert Tannen / Elenco: January Jones, Nicolas Cage, Guy Pearce, Jennifer Carpenter, Harold Perrineau / Sinopse: Will Gerard (Nicolas Cage) é um professor de high school que se vê diante do estupro de sua esposa, a bela instrumentista Laura (interpretada pela linda January Jones de "Mad Men"). Revoltado ele é procurado pelo misterioso Simon (Guy Pierce, recentemente premiado pela série Mildred Pierce). Esse lhe propõe literalmente um pacto. Uma organização de cidadãos indignados pela violência irá liquidar o estuprador de sua esposa e em troca ele fará alguns serviços para o grupo.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 3 de abril de 2012

O Enigma do Outro Mundo

"O Enigma do Outro Mundo" foi um dos melhores filmes de terror / ficção dos anos 80. Dirigido pelo mestre dos filmes B John Carpenter tínhamos ali um excelente exemplo de uma produção que sabia criar clima e tensão na medida certa, mesmo não contando com um orçamento milionário. Agora resolveram reaproveitar a mesma ideia em um filme que é ao mesmo tempo um prelúdio dos acontecimentos mostrados no filme original e também um remake disfarçado pois vários pontos da obra de Carpenter são reciclados aqui. Em tempos de efeitos digitais não há mais limites à imaginação do que se pode ou não criar em cena, por isso os roteiristas dessa nova versão não economizaram na aparição da criatura (algo que não acontecia no original pois lá o suspense vinha em primeiro lugar). Dito isso é importante deixar claro que The Thing 2011 não tem sutileza nenhuma. O monstro se revela com menos de 30 minutos de duração do filme e a partir daí não temos mais surpresas, pois tudo se resume naquele tipo de situação que já conhecemos: corre pra lá, corre pra cá e tenta-se destruir a criatura espacial (que diga-se de passagem tem mais ferramentas biológicas e é mais esperta do que o nosso conhecido Aliens da franquia de mesmo nome).

Como o filme não tem um roteiro muito bom tudo se volta para os efeitos digitais (e eles são muitos, funcionando em certos momentos e em outros não, soando artificiais demais para convencer). Em cena nenhum ator conhecido, a maioria realmente está ali como "boi de piranha" pois aos poucos vão virando fast food do monstro espacial. Aliás o filme se resume a isso mesmo, é um autêntico MOW (Monster of Week) sem nenhuma grande ideia por trás. O diretor é o desconhecido Matthijs van Heijningen Jr, sem nada de muito relevante em sua carreira (esse é apenas o terceiro filme que dirige). Sua direção nada sutil me deixou com saudades do bom e velho John Carpenter, esse sim um artesão em tirar leite de pedra!

O Enigma de Outro Mundo (The Thing, Estados Unidos, 2011) Direção: Matthijs van Heijningen Jr / Roteiro: Eric Heisserer baseado no conto "Who Goes There?" de John W. Campbell Jr / Elenco: Mary Elizabeth Winstead, Joel Edgerton, Ulrich Thomsen / Sinopse: Expedição nos confins mais gelados do planeta terra descobre um estranho artefato de origem extraterrestre.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

O Abrigo

Esse filme realmente mexeu comigo e olha que isso é bem raro. Achei sua trama muito bem desenvolvida, com uma sensibilidade incrível. A estória gira em torno de um jovem casal e sua pequena filha surda e muda. Ele é operário e mora em um típico subúrbio americano. Sua vida começa a mudar quando pesadelos se tornam rotina durante à noite. Depois começa a ter estranhas alucinações e pressentimentos em seu cotidiano. Nesse momento sem maiores explicações fica obcecado pelo abrigo anti tempestade de seu quintal. Em pouco tempo a obsessão foge de seu controle e ele começa a tomar atitudes fora do normal. A situação se agrava pois há um histórico de esquizofrenia em sua família. Estaria aos poucos enlouquecendo ou apenas prevendo uma catástrofe iminente?

Eu já conheço bem o trabalho do ator Michael Shannon (que aqui faz Curtis, o pai da família). Ele está muito bem em "Boardwalk Empire" onde interpreta um agente do FBI na luta contra o contrabando de bebidas durante a lei seca. É um ator muito focado, que realmente se entrega ao papel com afinco. Outro aspecto a se elogiar é o roteiro aberto. Nada é muito explicado, cabendo a cada um formar sua própria interpretação sobre os acontecimentos do filme. Profeta, louco, esquizofrênico ou apenas um ser humano no limite? Eu cheguei a algumas conclusões mas vou guardar para mim pois o mais importante nesse "O Abrigo" é cada um chegar em suas próprias teses pessoais. Recomendo, um filme intrigante e que faz pensar - algo cada vez mais raro no cinema atual.

O Abrigo (Take Shelter, Estados Unidos, 2011) Direção: Jeff Nichols / Roteiro: Jeff Nichols / Elenco: Michael Shannon, Jessica Chastain, Shea Whigham / Sinopse: Atormentado por visões do Apocalipse o jovem chefe de família Curtis (Michael Shannon) fica obcecado em construir um abrigo anti nuclear nos arredores de sua casa para proteger sua esposa e filha da catástrofe que se aproxima.

Pablo Aluísio.

domingo, 1 de abril de 2012

O Exorcista

"O Exorcista" é apontado por muitos como o melhor filme de terror já feito. A produção causou forte impacto em seu lançamento e até hoje é cultuada. De certa forma é até simples de entender essa repercussão toda que o filme atingiu. A trama da garotinha possuída por um demônio bateu fundo no inconsciente coletivo do público ocidental. Como se sabe em países onde o Cristianismo é considerado a religião predominante o diabo não é apenas um ser de ficção mas uma entidade real, de existência induvidosa. Assim o que se passa nas telas obviamente amedronta as pessoas com essa formação religiosa. Para reforçar ainda mais essa situação não podemos ignorar que embora o filme seja baseado em um livro de William Peter Blatty esse foi escrito em cima de um caso real ocorrido na Itália. A única diferença é que na história real os fatos aconteceram com um garoto e não uma garotinha como vemos nas telas. Até hoje a igreja Católica mantém um sistema de revezamento de orações no local onde ocorreram as manifestações. Não cabe aqui discutir o que causou esses eventos, se era realmente uma possessão ou um mero transtorno psicológico, o que importa é entender que "O Exorcista" levou os fatos para o universo da cultura pop, o marcando para sempre.

Outro fato digno de nota é que mesmo após tantos anos o filme, mesmo visto atualmente, não envelheceu tanto. Claro que em termos narrativos há alguns aspectos que soam datados, mas a força da trama não sofreu o pesar dos anos. Nem suas péssimas continuações atrapalharam nesse quesito. Filmes marcantes assim costumam ser tão imitados que acabam perdendo sua força original. Com "The Exorcist" não sentimos tanto essa perda. O filme continua muito bom, muito impactante e provocando medo aos que o assistem (o que no final das contas é o objetivo de todo filme de terror bom que se preze). Em conclusão "O Exorcista" realmente merece a fama e o status que tem. É um excelente momento do cinema de terror da década de 70 que se mantém firme até os dias de hoje.

O Exorcista (The Exorcist, Estados Unidos, 1973) Direção: William Friedkin / Roteiro: William Peter Blatty baseado em seu próprio livro / Elenco: Linda Blair, Max Von Sydow, Ellen Burstyn, Lee J Cobb, Jason Miller, Kitty Winn, Jack MacGowran / Sinopse: Jovem garota (Linda Blair) começa a manifestar sinais de possessão demoníaca. Para ajudá-la a Igreja envia dois padres exorcistas para combater o mal.

Pablo Aluísio.

Os Três Mosqueteiros

Alguns filmes são totalmente desnecessários. Um caso que retrata bem isso é esse "Os Três Mosqueteiros" versão 2011. O famoso livro de Alexandre Dumas já foi adaptado várias vezes no cinema e já encontrou sua versão definitiva, então tirando a ganância dos produtores pelo lucro fácil qual é a razão de se realizar um filme assim? Ser fiel ao livro certamente não foi. Essa nova versão é completamente alheia ao famoso texto. Tirando o nome dos personagens pouca coisa se assemelha ao original. Novos personagens aparecem do nada e outros simplesmente somem do mapa. Milady vira uma versão trash de Resident Evil. Incrível como até as cenas do corredor de armadilhas de Resident Evil foram descaradamente copiadas aqui (sem resultado nenhum). Milla Jojovich aliás continua realizando os mesmos filmes horrorosos de sempre. Sequer merece ser chamada de atriz. Tudo é exagerado beirando a histeria. Inventaram de colocar caravelas voadoras em cena, uma coisa pavorosa, sem graça, desproporcional ao extremo. A tentativa de imitar "Piratas do Caribe" é evidente e soa grotesca! A overdose de efeitos digitais cansam o espectador. Paris e Londres, por exemplo, foram recriados digitalmente com resultados bem ruins (nada convincentes e com cara de vídeo game).

O elenco é todo fraco. Além da já citada Milla (péssima) o filme desperdiça a presença de Christoph Waltz. Aliás o que aconteceu com ele? Só estrela bomba ultimamente. Aqui interpreta o Cardeal Richelieu mas nunca decola, está sempre apático, transparecendo aborrecimento! Desde que emplacou com "Bastardos Inglórios" parece que ele perdeu o rumo se envolvendo em projetos ruins e ridículos, um atrás do outro. Tem se equivocado em suas escolhas sistematicamente. Será a maldição do Oscar? Espero que reencontre o caminho na carreira pois é um ator talentoso. Outra decepção do elenco é o grupo de atores que interpretam os 3 mosqueteiros e D´artagnan, todos sem carisma. Logan Lerman que faz D´artagnan, por exemplo, tem rosto inexpressivo e talento inexistente! Lamentável. Os demais sequer são dignos de nota. Enfim, muita megalomania, muita pirotecnia e um resultado pífio e raso. Assim se pode definir com poucas palavras o novo "Os Três Mosqueteiros". Uma perda de tempo completa.

Os Três Mosqueteiros (The Three Musketeers, EUA, 2011) Direção: Paul W.S. Anderson / Roteiro: Andrew Davies, Alex Litvak, baseado na obra de Alexandre Dumas / Elenco: Logan Lerman, Milla Jovovich, Orlando Bloom, Matthew Macfadyen, Christoph Waltz, Luke Evans / Sinopse: Releitura do famoso livro de Alexandra Dumas retratando as aventuras de Porthos (Ray Stevenson), Athos (Luke Evans) e Aramis (Matthew Macfadyen) e o jovem D'Artagnan (Logan Lerman), os mosqueteiros do Rei.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 30 de março de 2012

12 Horas

Jill (Amanda Seyfried) é uma jovem que alega ter sido raptada e quase morta anos atrás por um serial killer de mulheres. O problema básico é que ela tem histórico de doença mental e toma remédios controlados que evitam que tenha alucinações recorrentes. Após sua irmã desaparecer Jill, desesperada, recorre à polícia mas essa não lhe dá crédito pois pensa que ela está na realidade passando por mais uma crise de alucinação e paranóia. "Gone" que ganhou o nada atrativo título de "12 Horas" no Brasil é um thriller de suspense que joga o tempo todo em cima do dilema "realidade vs alucinação" da personagem Jill. Estaria ela realmente apenas alucinando ou lutando contra um serial killer real que não a perdoa por ter fugido de suas garras anos antes? É nesse questionamento que o roteiro se apoia. Funciona? Em termos. Talvez os roteiristas tivessem maior êxito se deixassem para revelar o que realmente estaria acontecendo com Jill apenas nos momentos finais mas infelizmente muito antes disso tudo já é definido de forma a não mais deixar dúvidas no espectador. O efeito surpresa é desmontado cedo demais. O que poderia ser um grande clímax se mostra atenuado em seus efeitos. Um pouquinho de suspense a mais não faria mal ao filme em si. Abriram a caixa de Pandora antes da hora!

O argumento também, por ser batido demais, não cria muitas surpresas aos fãs de thrillers. De certo modo um dos problemas de "Gone" é esse, ele não ousa, não surpreende, é muito formulaico em suas propostas. Provavelmente um diretor mais ousado faria maravilhas com a estória mas não é o que acontece aqui. A impressão que fica é a de que o cineasta Heitor Dhalia que dirigiu o filme apenas quis entregar um produto convencional ao estúdio e nada mais. Se a direção e o roteiro não inovam o elenco também segue no banho maria. Amanda Seyfried até que não compromete com seu papel. Com olhos de mangá (grandes demais para seu rosto na minha opinião) a atriz se não disponibiliza uma grande interpretação pelo menos não leva tudo a perder. Esse "Gone" não vai acrescentar muito em sua filmografia mas pelo menos fica como uma experiência nova já que não me lembro de vê-la em nada parecido com esse filme. Se ela vai se tornar uma estrela nos próximos anos ou se vai desaparecer realmente não sei, de qualquer forma não será "Gone" que a levará ao primeiro time em Hollywood.

12 horas (Gone, Estados Unidos, 2012) Direção: Heitor Dhalia / Roteiro: Allison Burnett / Elenco: Amanda Seyfried, Jennifer Carpenter, Wes Bentley / Sinopse: Jill (Amanda Seyfried) é uma jovem que alega ter sido raptada e quase morta anos atrás por um seriel killer de mulheres. O problema básico é que ela tem histórico de doença mental e toma remédios controlados que evitam que tenha alucinações recorrentes. Após sua irmã desaparecer ela desesperada recorre à polícia mas essa não lhe dá crédito pois pensa que ela está na realidade passando por mais uma crise de alucinação e paranóia.

Pablo Aluísio.

Mulher-Gato

Agora que a trilogia de Batman chega ao fim nos cinemas que tal recordar esse "Mulher-Gato"? Curioso mas a DC Comics parece não ter muita sorte em adaptações de seus personagens para o cinema. Tirando o próprio Batman pouca coisa se salva realmente. Até mesmo um dos personagens mais populares da editora, "O Lanterna Verde", naufragou recentemente em termos de público e crítica. Resta esperar que o novo filme do Superman mantenha a chama acessa, uma vez que o último parece não ter agradado nem ao estúdio e nem ao público em geral. Esse "Mulher-Gato" por outro lado é praticamente uma unanimidade. Massacrado pela crítica e esnobado pelo público o filme parecia ser um túmulo para a divertida personagem do universo Batman. Mas afinal o que deu errado? Acredito que o erro começou na própria escalação da atriz Halle Berry para viver a ladra felina. A verdade é que para o grande público a personagem ainda estava muito associado à bela Michelle Pfeiffer, que interpretou de forma muito sensual a Catwoman no segundo filme da trilogia original de Batman. Roupas, maneirismos, atuação, tudo remetia a Michelle. Aceitar Halle Berry não foi fácil. Para piorar a atuação dela aqui não é nada inspirada. A atriz confunde o tempo todo sensualidade com vulgaridade, o que não acontecia com Pfeiffer.

Para piorar ainda mais o roteiro era derivativo e nada inteligente. Nada justifica essas adaptações de quadrinhos ao cinema terem roteiros tão bobocas! Basta copiar alguns enredos de algumas edições ao estilo Graphic Novel para se ter boas estórias e bons argumentos, haja vista o alto nível que essas publicações alcançaram. Ao invés disso o estúdio contratou uma equipe de roteiristas que criaram uma das estórias mais bobocas que já foram vistas no cinema. A Warner também teve sua grande parcela de culpa no fracasso do filme. Investiu muito dinheiro em uma produção complicada, com o marketing errado e com estrelas como Sharon Stone (já decadente) criando problemas o tempo todo no set. O resultado de tantos equívocos surgiu depois nas bilheterias. O filme naufragou, não conseguindo sequer recuperar o dinheiro de seu custo de produção. Executivos foram demitidos e criou-se uma dúvida sobre a própria viabilidade de se trazer Batman de volta às telas. Conclusão: não basta apenas injetar muito dinheiro numa adaptação de quadrinhos, pensando em retorno certo. Esse público é muito antenado com a cultura pop e sabe muito bem o que presta e não presta em termos de transposição de seus personagens para a tela grande. Por tudo o que aconteceu depois com Batman a Warner parece ter entendido direitinho a lição.

Mulher-Gato (Catwoman, Estados Unidos, 2004) Direção: Pitof / Roteiro: John D. Brancato, Michael Ferris, Mike Ferris, John Rogers / Elenco: Halle Berry, Sharon Stone, Benjamin Bratt, Lambert Wilson, Alex Borstein, John Cassini / Sinopse: Adaptação para o cinema da personagem Mulher-Gato, famosa vilã do universo de quadrinhos de Batman.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Império do Sol

Na década de 80 Steven Spielberg colecionou um grande sucesso atrás do outro, não apenas como diretor mas também como produtor. Embora aclamado pelo público a crítica especializada começou a qualificar o cineasta de "Peter Pan", um diretor que não conseguia crescer, que não conseguia realizar bons filmes com temática adulta. A primeira tentativa de ser levado à sério como autor de películas relevantes aconteceu com 1985 com o filme "A Cor Púrpura". Embora bem realizado, focando na sempre importante questão racial, o filme não conseguiu trazer o tão almejado reconhecimento. Indicado a 11 prêmios da Academia a produção conseguiu sair da noite de premiações de mãos vazias. Mesmo derrotado Steven Spielberg não desistiu da idéia de conquistar o Oscar de Melhor filme e direção. Sua segunda tentativa nesse sentido foi com esse "Império do Sol". A estória se passa na II Guerra Mundial e se vale das recordações de um garoto que vivenciou um dos períodos mais sangrentos da história mundial recente. 

Em termos de produção "O Império do Sol" é tecnicamente perfeito. Excelente reconstituição de época, muito luxo e pompa em um filme com ótima direção de arte. O Calcanhar de Aquiles porém surge em um roteiro vacilante que nunca consegue alcançar seus principais objetivos. O enredo tem falhas, inclusive de ritmo, que acaba tornando o filme pesado, sem leveza. O personagem do garotinho também não contribui. Pouco carismático ele acabou sendo interpretado pelo menos carismático ainda Christian Bale (ele mesmo, o Batman dos futuros filmes de Christopher Nolan). Imerso em um mundo caótico com roteiro pouco consistente, "O Império do Sol" foi uma das mais mal sucedidas tentativas de Spielberg em alcançar sua estatueta dourada de melhor diretor e filme. Apesar do lançamento massivo e do marketing agressivo o filme não conseguiu despertar interesse no público fazendo com que o filme passasse longe de se tornar um campeão de bilheteria. Para piorar a crítica torceu o nariz e não deu um bom veredito para o resultado final. Pior aconteceu no Oscar. A Academia ignorou a produção e lhe deu apenas indicações puramente técnicas, nenhuma importante. Spielberg certamente ficou decepcionado mas não desistiu. Ele voltaria a perseguir seu prêmio e seria justamente com outra produção também passada na II Guerra Mundial, mas essa é uma outra história... 

Império do Sol (Empire Of The Sun, Estados Unidos, 1987) Direção: Steven Spielberg / Roteiro: Menno Meyjes, Tom Stoppard / Elenco: Christian Bale, John Malkovich, Miranda Richardson, Nigel Havers, Joe Pantoliano, Ben Stiller / Sinopse: Jim (Christian Bale) é um garotinho de 11 anos que se perde de seus pais durante a segunda guerra mundial na cidade de Xangai, nas vésperas da invasão japonesa à região.

Pablo Aluísio.