sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Diário de um Banana

Eu me recordei de imediato dos filmes de John Hughes embora os personagens dele fossem mais velhos (os gatões e gatinhas de Hughes estavam no High School enquanto Banana e seu amigo ainda são garotos recém saídos das fraldas no chamado Junior High). O filme é levinho, divertido e bem bolado. Não é nenhuma obra prima como aqueles ótimos filmes de Hughes dos anos 80 mas tem seus bons momentos. Não conheço os quadrinhos que deram origem ao filme mas achei muito legal o uso deles durante todo o desenrolar da estória. A única falta que senti foi dos chamados amores adolescentes mas isso provavelmente se explique pela pouca idade dos personagens mesmo.

A garotada do elenco é muito boa. O garoto Zachary Gordon que faz o papel principal de Greg (o banana do título) é muito talentoso e competente. Seu amigo gordinho (Robert Capron) também atua bem mas quem eu destaco mesmo é a jovem Chloe Grace Mortez que seguramente é a melhor atriz juvenil em atividade hoje em Hollywood. A primeira vez que ela me chamou atenção foi ao lado de Nicolas Cage em "Kick Ass". Depois continuou brilhante como a vampirinha do remake "Deixe Me Entrar" e finalmente deu show no novo filme de Martin Scorsese "A Invenção de Hugo Cabret". A garota tem toda pinta que vai se tornar uma grande estrela no futuro - espero que consiga passar pela complicada transição para a carreira adulta. Enfim, "Diário de um Banana" parece um filme teen dos anos 80. Apreciei tanto que vou em breve assistir sua continuação. Recomendo.

Diário de um Banana (Diary of a Wimpy Kid, Estados Unidos, 2010) / Diretor: Thor Freudenthal / Roteiro: Jackie Filgo, Jeff Filgo, Gabe Sachs, Jeff Judah / Elenco: Zachary Gordon, Robert Capron, Rachael Harris, Steve Zahn, Devon Bostick, Chloe Moretz / Sinopse: Greg Heffley (Zachary Gordon) é um estudante da sexta série, que tem de enfrentar o maior desafio de sua vida: sobreviver ao ensino fundamental. Ele encontra maneiras peculiares de lidar com os valentões do colégio e conquistar sua popularidade.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Chuva Negra

Nick Conklin (Michael Douglas) é um policial norte-americano que é designado para levar um perigoso criminoso até o Japão e entregar sua custódia às autoridades locais. Chegando lá é enganado e acaba entregando o bandido para seus antigos companheiros de crime. Parte então para tentar corrigir seu erro caçando o fugitivo pelas ruas japonesas. Filmes dos anos 80 usaram e abusaram de gelo seco, néon e trilhas sonoras cheias de sintetizadores. Esse "Chuva Negra" não nega sua origem e nem a época em que foi realizado. O diferencial fica por conta da direção de Ridley Scott. O filme é visualmente muito bonito justamente por causa de seu trabalho. Ridley nasceu como cineasta no mercado publicitário e levou todos os maneirismos desse meio para seus filmes. Cada tomada parece ser um comercial de algum produto à venda. De qualquer maneira também procurou dar o melhor de si, aproveitando ao máximo a beleza natural das locações realizadas no Japão, chegando ao ponto de usar a famosa poluição visual das grandes cidades japonesas em seu favor. O roteiro não é inovador, pelo contrário, repete de certa fórmula que foi muito usada nos policiais daquela década. Michael Douglas ao lado de Andy Garcia conseguem manter o interesse pois carisma é o que não falta à dupla de atores.

A única critica maior que tenho a fazer a "Chuva Negra" é a forma muito estereotipada que os japoneses são mostrados em cena. Todos eles são de uma forma ou outra clichês orientais ambulantes. Até o parceiro de Douglas no Japão, interpretado pelo bom ator Ken Takakura, não consegue fugir a isso. O fato é que na época em que o filme foi lançado Japão e EUA disputavam uma ferrenha guerra comercial. Grandes grupos japoneses estavam adquirindo empresas americanas em um ritmo jamais visto. Até no meio cinematográfico isso vinha ocorrendo com a compra da Columbia Pictures pelo grupo Sony. Isso de certa forma mexeu com os brios dos americanos que resolveram se vingar dos orientais nas telas, geralmente os retratando como caricaturas e não como personagens reais. Apesar disso "Chuva Negra" ainda é um bom filme policial dos anos 1980. Diverte e serve como bom passatempo. Pode conferir sem receios.

Chuva Negra (Black Rain, Estados Unidos, 1989) Direção: Ridley Scott / Roteiro: Craig Bolotin, Warren Lewis / Elenco: Michael Douglas, Andy Garcia, Ken Takakura / Sinopse: Nick Conklin (Michael Douglas) é um policial norte-americano que é designado para levar um perigoso criminoso até o Japão e entregar sua custódia às autoridades locais. Chegando lá é enganado e acaba entregando o bandido para seus antigos companheiros de crime. Parte então para tentar corrigir seu erro caçando o fugitivo pelas ruas do Japão.

Pablo Aluísio.

Tudo Pelo Poder

Gostei bastante do filme. Reconheço que ele começa meio lento, disperso e sem foco. Os personagens não são devidamente apresentados e tudo é meio que jogado na cara do espectador. Porém passado esse começo meio complicado o filme engrena. É um roteiro que foca nos bastidores das primárias do partido Democrata. George Clooney faz o candidato que apesar de tentar seguir um caminho ético logo cede ao jogo da política e literalmente faz tudo para alcançar o poder (em raro caso de título nacional que retrata fielmente o que se passa na tela). O que mais me deixou surpreso aqui foi que o liberal Clooney acaba atirando justamente no partido que apoia nos EUA! Seria uma declaração de "mea culpa" após ter se envolvido no mundo político americano? Quem sabe... De fato no filme ele encarna o típico político americano que a despeito de cultivar uma imagem publica impecável tem vários esqueletos em seu armário.

Uma coisa chama a atenção aqui. Embora George Clooney seja obviamente mostrado como o principal no elenco na realidade seu personagem é mero coadjuvante. Os verdadeiros "astros" de "Ides of March" são os coadjuvantes. Escrevo sem medo de errar que esse é o melhor elenco de apoio do ano, senão vejamos: Philip Seymour Hoffman Ryan Gosling Paul Giamatti e Marisa Tomei, ou seja só fera e o melhor, todos ótimos em cena. Em suma, recomendo "Tudo Pelo Poder" sem restrições. É um filme bem roteirizado, interpretado e executado.

Tudo Pelo Poder (The Ides of March, Estados Unidos, 2011) Diretor: George Clooney / Roteiro: Grant Heslov / Elenco: George Clooney, Ryan Gosling, Marisa Tomei, Evan Rachel Wood, Philip Seymour Hoffman, Paul Giamatti, Jeffrey Wright / Sinopse: Stephen Myers (Ryan Gosling), um assessor de uma grande campanha presidencial ao governo dos EUA tenta sobreviver no pantanoso mundo político da capital americana.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Margin Call: O Dia Antes do Fim

Não é um filme para todos os públicos. Na realidade a trama é bem técnica e por essa razão só vai atingir mesmo plateias especificas, em especial as pessoas que foram lesadas no mercado financeiro em 2008, logo após a derrocada de grandes entidades do setor, fato que desencadeou a crise na economia americana que persiste até os dias atuais. O roteiro também não dá mole ao espectador pois usa e abusa do jargão econômico que envolve esses grandes grupos. Tudo se passa em menos de 24 horas - desde o momento em que um jovem analista descobre o rombo na agência até o momento em que desesperados os altos executivos resolvem liquidar com tudo para venderem os ativos enquanto podem, pois no mercado financeiro grandes fortunas literalmente se pulverizam da noite para o dia.

O elenco é excepcionalmente muito bom. Kevin Spacey novamente dá show ao interpretar um executivo de alto escalão em crise existencial. Os grandes momentos dramáticos do filme ocorrem justamente com ele em cena. Do outro lado da balança temos outra grande interpretação, dessa vez com Jeremy Irons, fazendo o típico “tubarão” do mercado, um sujeito que não se importa em enganar milhões de pessoas desde que não perca dinheiro diante da crise eminente. Para um filme que se sustenta basicamente em interpretações individuais e diálogos a presença desses grandes atores garante o alto nível do programa. Enfim, recomendo o filme mas com certas restrições pois ele é mais adequado para as pessoas que de uma forma ou outra estão envolvidas com o mercado financeiro e tem intimidade com esse universo. Essas certamente gostarão mais do resultado final.

Margin Call - O Dia Antes do Fim (Margin Call, Estados Unidos, 2011) Direção de J.C. Chandor / Roteiro: J.C. Chandor / Elenco: Kevin Spacey, Paul Bettany, Jeremy Irons, Zachary Quinto, Penn Badgley / Sinopse: O alto escalão de uma grande empresa que administra fundos tenta lidar com a crise financeira que se abateu sobre o setor durante tensas 24 horas em 2008.

Pablo Aluísio.

Um Lugar ao Sol

George Eastman (Montgomery Clift) é o jovem sobrinho de um rico industrial do mercado de roupas femininas. Seu tio logo o emprega em uma das fábricas como empacotador. Lá conhece a operária Alice (Shelley Winters) e logo se enamora dela. Ao mesmo tempo em que corteja Alice acaba se envolvendo também com Angela Vickers (Elizabeth Taylor) uma rica garota da alta sociedade. O triângulo amoroso trará consequências trágicas para todos os envolvidos. "Um Lugar Ao Sol" é um dos grandes clássicos da carreira de Montgomery Clift e Elizabeth Taylor. O filme mescla muito bem romance, suspense e drama. Vivendo em dois mundos completamente distintos o personagem de Montgomery Clift, um pobre rapaz que anseia subir na vida algum dia, acaba perdendo o controle dos acontecimentos em sua vida emocional, o que o levará a pagar um alto preço por se envolver com duas garotas ao mesmo tempo. George Stevens foi um dos grandes diretores do cinema americano. Austero e detalhista ele filmava muitas tomadas diferentes, de ângulos diversos para só depois montar o filme ao seu bel prazer. Assistindo "Um Lugar ao Sol" é fácil perceber que ele estava literalmente obcecado pelo belo rosto juvenil de Elizabeth Taylor. O cineasta usa e abusa de vários closes do rosto de sua atriz, o que não é nada mal uma vez que Liz estava no auge de sua beleza. Com traços delicados e lindos olhos azuis (que infelizmente não foram captados pois o filme foi rodado em preto e branco) a estrela poucas vezes esteve tão bonita como aqui.

O roteiro foi baseado no livro "An American Tragedy" de Patrick Kearney. Embora ficcional a estória foi inspirada em fatos reais acontecidos em Chicago na década de 20. A situação toda é bastante sórdida e demonstra que não existem muitos limites para a maldade da alma humana, embora no filme o personagem Geroge Eastman seja de certa forma amenizado. É fácil compreender a razão. Não haveria como rodar toda uma produção como essa em cima de um mero assassino. Assim tudo foi cuidadosamente suavizado para não chocar muito o público americano dos anos 50. O resultado de tanto capricho veio depois nas bilheterias e nas ótimas críticas que o filme conseguiu. Shelley Winters e Montgomery Clift foram indicados ao Oscar. Embora não tenham sido premiados o filme em si conseguiu vencer em seis categorias (inclusive direção e roteiro), se consagrando naquele ano. Até o gênio Charles Chaplin se rendeu ao filme declarando que havia sido o "melhor filme que já tinha assistido em sua vida". Além disso os bastidores da produção deram origem a muitas histórias saborosas envolvendo Clift e Taylor, que se tornariam amigos até o fim de suas vidas. Depois disso não há muito mais o que escrever. Para os cinéfilos "Um Lugar ao Sol" é mais do que obrigatório. Um filme essencial.

Um Lugar ao Sol (A Place In The Sun, Estados Unidos, 1951) Direção: George Stevens / Roteiro: Harry Brown, Michael Wilson / Elenco: Montgomery Clift, Elizabeth Taylor, Shelley Winters, Anne Revere / Sinopse: George Eastman (Montgomery Clift) é o jovem sobrinho de um rico industrial do mercado de roupas femininas. Seu tio logo o emprega em uma das fábricas como empacotador. Lá conhece a operária Alice (Shelley Winters) e logo se enamora dela. Ao mesmo tempo em que corteja Alice acaba se envolvendo também com Angela Vickers (Elizabeth Taylor) uma rica garota da alta sociedade. O triângulo amoroso trará consequência trágicas para todos os envolvidos. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Direção, Melhor Roteiro, Melhor Fotografia (William C. Mellor), Melhor Figurino (Edith Head), Melhor Edição (William Hornbeck) e Melhor Música (Franz Waxman).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A Hora Final

Filme estranhíssimo da carreira de Gregory Peck. Quem pensa que vai assistir um filme convencional de submarinos vai ter uma surpresa e tanto! Para começo de conversa a estória se passa após uma guerra nuclear entre Estados Unidos e União Soviética! Isso mesmo, você não leu errado! Peck é tudo o que sobrou da outrora gloriosa marinha americana e só escapou do hecatombe nuclear justamente porque estava dentro de um submarino! O interessante é que esse cenário pós apocalipse só vai sendo informado ao espectador aos poucos, enquanto se vai acompanhando o estranho flerte entre o Peck e Ava Gardner. Aliás uma das coisas que mais chamam atenção aqui é o elenco. Formado por jovens atores que iriam despontar para o estrelado nos anos seguintes (como o estranho Anthony Perkins de Psicose) e veteranos das telas (como Fred Astaire em um papel particularmente melancólico).

Mas o principal mérito de “A Hora Final” é realmente a ousadia da proposta do argumento do filme. Claro que em plena guerra fria, onde a paranóia na sociedade americana estava a mil, o filme fazia mais sentido. Hoje em dia se torna muito anacrônico e estranho. O diretor também foca muito em cima das relações pessoais dos personagens que mesmo sabendo que vão morrer em breve tentam seguir com suas vidas, namorando, passeando à beira mar, etc. Confesso que esse clima surreal é uma das coisas mais surpreendentes que já vi, ainda mais em filmes antigos. “A Hora Final” tem pinta e jeito de filme de guerra mas não é. É uma ficção apocalíptica que pode ser considerado o “avô” das produções pós apocalipse como “O Dia Seguinte”. Assista e se surpreenda.

A Hora Final (On The Beach, Estados Unidos, 1959) Direção de Stanley Kramer / Roteiro de John Paxton e Nevil Shute / Elenco: Gregory Peck, Ava Gardner, Anthony Perkins e Fred Astaire / Sinopse: Capitão da Marinha americana (Peck) chega na Austrália para uma missão secreta com um submarino nuclear australiano.

Pablo Aluísio.

A Mulher de Preto

A Hammer era uma produtora muito famosa nos anos 50 e 60 por causa de seus filmes de terror. Recentemente assisti alguns clássicos deles, como os filmes de Drácula estrelados por Christopher Lee. Aqui encontramos todos os ingredientes que fizeram a fama do estúdio inglês: muito clima, portas rangendo, sombras e sustos, muitos sustos. A premissa dessa estória inclusive tem muito a ver com o próprio Drácula. Tal como acontece no famoso livro de Bram Stoker, aqui temos um advogado chegando a uma antiga casa isolada para acertar certos problemas jurídicos. Claro que no caso de "A Mulher de Preto" não existem vampiros mas sim fantasmas e assombrações. De qualquer forma a estrutura de ambas as estórias são bem semelhantes. Algumas críticas andam reclamando do ator Daniel Ratcliffe no filme afirmando que ele é muito jovem para interpretar o personagem do advogado mas penso que devemos dar um desconto ao rapaz pois ele já demonstrou que é bastante esforçado e quer criar agora uma carreira independente e longe de Harry Potter (que o consagrou e que seguramente vai lhe assombrar até o fim de seus dias como ator).

O roteiro de "A Mulher de Preto" é bem simples, a maior parte dele se passa numa casa isolada e escura, localizada numa ilha, por isso a direção de arte tinha que ser caprichada - e é. Não é simples recriar com eficiência mansões mal assombradas pois ou ficam mal feitas ou falsas demais. Aqui gostei bastante do resultado pois foi bem convincente a ambientação. Não vou criticar o filme por causa de seus clichês - sim ele tem vários clichês. Isso porque é baseado em uma obra relativamente recente escrita por Susan Hill e o que se vê na tela é de certa forma proposital mesmo, uma homenagem ou uma tentativa de recriar os antigos e tradicionais filmes de terror. Textos assim, feitos com essa intenção, geralmente trazem de volta fórmulas que já foram usadas muitas e muitas vezes no cinema, por isso não importa muito que reapareçam aqui - aliás essa parece ter sido a intenção dos roteiristas. No saldo final, apesar de alguns deslizes, gostei do resultado. É um filme de terror atual com cara de velho e como gosto da cultura vintage esse aqui certamente me agradou. Em tempos de gore levar alguns sustos como os que surgem aqui são mais do que bem vindos. A velha tradição de sombras e sustos caiu muito bem. Recomendo.

A Mulher de Preto (The Woman in Black, Inglaterra, 2012) Direção de James Watkins / Roteiro de Jane Goldman baseado no romance de Susan Hill / Elenco: Daniel Radcliffe, Ciarán Hinds, Janet McTeer, Lucy May Barker, Emma Shorey / Sinopse: Jovem advogado (Daniel Radcliffe) é enviado para remota cidade com o objetivo de realizar um inventário de uma antiga casa há muito abandonada.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Lanceiros da Índia

O filme enfoca a ocupação inglesa nos postos mais avançados da fronteira indiana. Para quem andou cabulando as aulas de história é bom relembrar que durante longos anos o império britânico dominou a Índia. O roteiro obviamente adota a visão do colonizador. Não é para menos, a produção é de 1935 então é lógico que os indianos não iriam aparecer como heróis ou virtuosos. Pelo contrário, os colonizados aqui são retratados como animais traidores e covardes. Já os ingleses são o supra sumo da honra, são à prova de torturas e chegam ao ponto de não revidar fogo inimigo para cumprir ordens dos superiores! Uma situação no mínimo esquisita, vamos convir. Luvas de pelica é pouco! O elenco é liderado por Gary Cooper em um figurino que hoje chama a atenção! Roupas espalhafatosas parecem ter sido a marca registrada das tropas coloniais inglesas. Tudo é muito exagerado e chamativo (e por incrível que pareça de acordo com o protocolo militar daquela época!). Cooper inclusive está muito parecido com Rodolfo Valentino nas cenas - até o famoso bigodinho de Valentino ele adotou!

A despeito de seus problemas ideológicos temos que admitir que "Lanceiros da Índia" tem uma bela produção. Há ótimas cenas de batalha, inclusive a explosão real de um paiol dos rebeldes da fronteira. Curiosamente apesar de passar uma extrema veracidade em termos de fotografia o filme não foi feito em terras indianas mas sim no americaníssimo Alabama. De qualquer forma não fez muita diferença naquela época. O diretor Henry Hathaway teve com "Lanceiros da Índia" sua primeira oportunidade de dirigir um grande filme de estúdio. O êxito comercial de Lanceiros iria lhe proporcionar uma carreira longa e produtiva nos anos seguintes em Hollywood onde teria a oportunidade de dirigir grandes mitos do cinema como John Wayne e Marilyn Monroe. No final das contas "Lanceiros da Índia" é um boa aventura que diga-se de passagem não envelheceu tanto assim apesar de passados quase 80 anos de seu lançamento.

Lanceiros da Índia (The Lives of a Bengal Lancer, Estados Unidos, 1335) Direção: Henry Hathaway / Roteiro: Grover Jones baseado no romance de Francis Yeats-Brown / Elenco: Gary Cooper, Franchot Tone, Richard Cromwell, Guy Standing / Sinopse: O filme enfoca a ocupação inglesa nos postos mais avançados da fronteira indiana.

Pablo Aluísio.