quarta-feira, 16 de março de 2011

Papa Bento I e a Reconstrução de Roma

Após a brutal invasão dos Lombardos (povo bárbaro e saqueador) Roma foi praticamente destruída e o Papa João III deposto. Durante mais de um ano a Igreja Católica ficou sem um Papa em Roma, fruto do caos que reinava em toda a cidade. Bento I, o 62º papa, surge no meio desse período terrível para os cristãos. Ele é eleito em 2 de Junho de 575 e começa a trabalhar pela reconstrução da cidade eterna.

Por esses tempos a única coisa que mantinha a cidade em pé era sua fé cristã. Todas as instituições do império romano tinham desaparecido. Os bárbaros destruíram o senado, as legiões do exército e tudo o mais que pudesse se identificar com o antigo poder da Roma Imperial do tempo dos Césares da antiguidade. Apenas a figura do Papa, do líder da Igreja Católica, poderia reverter esse quadro. De certo modo, olhando-se criticamente, podemos dizer que a herdeira direta do antigo império era justamente a Igreja Católica. Saiu de cena os antigos brasões imperiais com suas águias douradas e entrou em cena a cruz cristã.

O Papa passa então a exercer as funções políticas que eram do imperador. Ele se torna não apenas uma figura espiritual, mas também e principalmente de poder político. Após a consolidação de sua posição papal (confirmada por concílio realizado em Constantinopla) Bento I seguiu em frente trazendo paz e prosperidade para vastas regiões da França e Itália que tinham sido destruídas pelas forças invasoras Lombardas. Foi um homem de grande coragem e empenho em reerguer o mundo cristão que estava em ruínas. Cronistas da época relatam que não apenas a guerra assolava Roma, mas também a fome e a peste, a ponto inclusive de muitos romanos se entregarem aos invasores em troca de um pouco de comida.

Apenas a subida ao trono de Pedro de um novo Papa conseguiu reconstuir a base da sociedade romana. Para o povo em geral ele passou a ser conhecido como Bento, o Grande. Um título que já havia sido dado antes a grandes conquistadores como Alexandre da Macedônia. Bento I, considerado herói dos cristãos, morreu em 30 de julho de 579 aos 54 anos e foi enterrado abaixo da cúpula da Basílica de São Pedro no Vaticano. Foi sucedido por Pelágio II, dando continuidade ao processo de seleção dos novos papas..É considerado hoje um dos grande Papas da história porque conseguiu manter a unidade da Igreja mesmo diante de um dos mais conturbados períodos históricos da Europa cristã.

Pablo Aluísio.

Vaticano - Origens Históricas

Roma sempre foi considerada a cidade eterna. Desde os tempos do Império Romano e seu apogeu quando dominou praticamente todo mundo conhecido pelos europeus, essa região é considerada um dos berços da civilização ocidental. Desde que Roma nasceu o Vaticano se chama Vaticano. Na realidade a origem de seu nome se perdeu no tempo. As mais antigas escavações arqueológicas confirmam que essa parte da Roma Antiga já era conhecida como Vaticano desde os tempos remotos dos primeiros reis romanos - ainda no período da realeza que depois seria substituída pela República e logo depois pelo Império Romano. Assim para os Imperadores Romanos o nome Vaticano era tão antigo quanto parece para todos nós.

Como se pode perceber o local onde hoje se situa a sede da Igreja Católica Romana tem uma longa história, uma história verdadeiramente milenar. Em tempos remotos o Vaticano serviu de guarnição dos primeiros exércitos organizados de Roma. Depois com o tempo foi sendo remodelado até se tornar um centro de execuções de inimigos do Estado e um cemitério para esses criminosos. O curioso é que durante o reinado de Calígula o lugar chegou a ser até mesmo parte dos luxuosos jardins da mãe do imperador insano, mas depois voltou a ser ocupado e administrado pelos militares do exército romano.

O lugar onde está fincada a sede da Igreja Católica tem um enorme significado histórico para os católicos. Foi nesse mesmo lugar onde Pedro, apóstolo de Jesus, foi preso, torturado e depois crucificado de cabeça para baixo por ordem do imperador Nero que culpava os cristãos pelo incêndio que tinha destruído a cidade. Seu túmulo está situado logo abaixo do altar principal da Basílica, um lugar restrito a visitantes, com entrada só permitida por ordem expressa das autoridades da Igreja. Lá embaixo, em um extenso corredor onde se pode visualizar vários nichos e criptas de pessoas enterradas no século I da era cristã, se encontra o local onde Pedro, o pescador, foi enterrado. Há uma inscrição milenar onde se pode ler: "Aqui está Pedro". Ossos do apóstolo que foram encontrados no lugar se encontram agora em uma caixa confeccionada especialmente para isso.

A tradição tratou de preservar o local de seu sepultamento na mente dos primeiros cristãos. Após séculos de perseguição incansável de vários imperadores a crença no Cristo aumentou a ponto de se tornar a religião oficial do Império. Coube a Constantino dar a plena liberdade religiosa aos cristãos, sendo depois considerada a religião oficial de Roma pelo Imperador Teodósio I. Por uma questão de justiça então resolveu-se construir a basílica de São Pedro onde o apóstolo de Jesus Cristo sofreu seu martírio. Confirmando-se assim o que o próprio Jesus disse quando afirmou: "Tu és Pedro e sobre essa Pedra edificarei a minha Igreja e os portões do inferno jamais prevalecerão sobre ela" (Evangelho Segundo Mateus).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 15 de março de 2011

A Betsaida de Jesus

Em João 1:44 a cidade de Betsaida é dita como a terra natal dos apóstolos André, Felipe e Pedro ("Ora Filipe era de Betsaida, cidade de André e Pedro."). Em Marcos 8:22 a cidade é citada como lugar de milagres de jesus, onde ele teria curado um cego ("Então chegaram a Betsaida. Trouxeram-lhe um cego e pediram-lhe que o tocasse"). Em Lucas 10:13 o próprio Jesus fala sobre a vila, onde ele teria realizado inúmeros milagres e graças ("Ai de ti, Corazim! ai de ti, Betsaida! porque se em Tiro e em Sidom se tivessem operado os milagres que em vós se fizeram, há muito, sentadas em saco e em cinza, elas se teriam arrependido.").

Como se pode perceber por esses exemplos essa foi uma localidade bem importante durante o ministério de Jesus Cristo. Por anos a localização exata de Betsaida foi uma dor de cabeça para historiadores e arqueólogos. Pistas eram encontradas no Evangelho. Sabia-se, por exemplo, que com certeza Betsaida era localizada na Galiléia pois há um trecho na Bíblia bem direto sobre isso ("...estes, pois, foram ter com Filipe, que era de Betsaida da Galiléia, e lhe fizeram este pedido: Senhor, queremos ver a Jesus." João 12:21). Pois bem, após séculos de busca um grupo de pesquisadores afirmam finalmente terem encontrado a vila de pescadores dos milagres e de três dos apóstolos de Jesus. Mordechai Aviam, professor de arqueologia na Faculdade Kinneret, em Israel, afirma ter bastante certeza sobre onde estariam as ruínas de Betsaida.

Esse pesquisador descobriu outro fato importante, a localização exata da cidade (na verdade uma pequena vila de pescadores) estava sob as ruínas de uma cidade romana que foi construída por cima dela chamada Julias, que assim foi nomeada em honra à filha do imperador Augusto. Curiosamente essa filha do líder romano cairia em desgraça perante o pai alguns anos depois por promover uma orgia dentro de um templo sagrado em Roma. Expulsa da cidade acabou morrendo em uma ilha distante.

Da Betsaida original de Jesus praticamente nada resistiu ao tempo, isso em razão do fato dela ter sido construída por habitações bem rudimentares, pobres, de pessoas humildes, pescadores em sua maioria. Apenas as construções romanas, com fundações mais firmes e restos de pisos com mosaicos, sobreviveram há mais de mil anos de história. De qualquer maneira essa nova localização bate bem de acordo com as informações arqueológicas e históricas até onde sabidas, como o fato do lugar ser localizado na Galiléia, às margens do mar da região. Durante algumas décadas pensou-se que a antiga vila teria sido encontrada no sítio de e-Tell, mas com as novas descobertas essa antiga tese foi superada. Assim a ciência, aqui arqueologia, surge novamente para comprovar textos bíblicos.

Pablo Aluísio.

Sábios Conselhos de Dom Bosco

Eu ainda pretendo escrever alguns textos sobre a vida e a obra desse homem maravilhoso que foi Dom Bosco, mas agora quero tecer alguns comentários sobre algumas de suas sábias frases. Ele foi seguramente um verdadeiro filósofo do catolicismo, uma pessoa não apenas abençoada por Deus como também extremamente sábia.

Uma de minhas frases preferidas de Dom Bosco é essa: "Fale pouco de você e menos ainda dos outros!". Parece simples, e realmente é, mas dentro dessa simplicidade há uma verdade absoluta. Aquele que se mantém discreto, reservado, respeitando as outras pessoas, não vai sair falando mal de absolutamente ninguém. O falar mal do outro é uma das coisas mais anticristãs que existem. O próprio Jesus, respondendo sobre velhos costumes judeus, disse que o verdadeiro pecado não vem do que se coloca na boca, mas sim do que sai dela. Não é o alimento proibido pela religião que irá manchar a alma do cristão, mas sim o mal falar, a fofoca maldosa, a ofensa, a injúria, a calunia, etc.

Manter-se sempre equilibrado, sem procurar transformar as desgraças e tragédias das demais pessoas em motivo de mal falar é algo que todo cristão deve prezar. "Fale menos ainda dos outros", ensinou Dom Bosco. Também procure evitar a vaidade pessoal. Aquele que só abre a boca para falar bem de si mesmo, sempre se auto elogiando, mostra um vazio espiritual muito acentuado. O bom cristão é aquele que ajuda ao próximo sem transformar isso numa propaganda, em uma forma de se auto promover. "Fale pouco de você" - disse o nosso querido Dom Bosco. Não transforme sua vida e suas boas ações em uma marquise de propaganda e auto elogio. Seja discreto, humilde, prestativo.

A outra frase maravilhosa de Dom Bosco que uso como regra de vida é a seguinte: "A Pior escravidão é a escravidão da opinião dos outros". Pense e reflita. A pessoa que vive de aparências, sempre ostentando, querendo parecer mais do que realmente é, não passa de um ser humano um tanto vazio, que vive da imagem que tenta projetar para as demais pessoas. Isso nada tem a ver com o verdadeiro espírito cristão. Jesus não ensinou ninguém a querer ser melhor do que os outros e tampouco a viver de aparências fúteis. Em verdade apenas devemos ser o que somos. E a opinião das outras pessoas não deve nortear os caminhos de nossas vidas. No final de nossa existência terrena entenderemos que na verdade nunca foi algo entre você e as demais pessoas, mas sim entre Deus e você! Essa é a verdadeira essência de ser um bom e correto seguidor dos passos de Jesus.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 14 de março de 2011

O lado obscuro de Martinho Lutero

Martinho Lutero (1483 - 1546) foi um monge católico alemão que passou para a história por ter dado o pontapé inicial na chamada reforma protestante. Ele trouxe uma nova interpretação e visão sobre o cristianismo. Se intelectualmente ele certamente teve seu valor na vida pessoal não era um sujeito dos mais agradáveis. Lutero era indisciplinado e turrão, sempre puxando briga com seus superiores nos conventos por onde passou. Glutão, comia até ficar literalmente sufocado e tinha habituais acessos de fúria com todos ao seu redor. A menor palavra que ele achasse inadequada era suficiente para ele dar um chute na mesa, com os pratos voando para todos os lados. Seu temperamento raivoso passou para seus escritos. Lutero usava uma linguagem forte e muitas vezes ofensiva contra padres, bispos e freiras que ousassem lhe corrigir ou lhe passar sermões. Tanta raiva interna deu origem ao rompimento completo quando Lutero finalmente entendeu que poderia ele próprio firmar sua própria doutrina religiosa. Ignorando trechos em que se afirmava que a Igreja cristã deveria ser una, Lutero jogou tudo para o alto e foi em busca do desconhecido. Escreveu suas teses, colou nas portas da Igreja católica de sua cidade e iniciou uma ruptura religiosa que até hoje ecoa pelo mundo.

Autores da época ficaram admirados pelo fato daquele homem baixinho, gordo e truculento causar tanta confusão. Lutero tinha problemas de pele - alguns historiadores afirmam que ele sofria de sarna, muito comum na idade média - e isso aumentava ainda mais seu tremendo mau humor. Mais de uma vez puxou punhais para desafetos e não era raro em suas homéricas bebedeiras puxar briga com quem estivesse por perto. Era um valentão de bar. Lutero odiava a vida religiosa e os dogmas católicos a que era submetido. Detestava os votos de pobreza e castidade e ria dos padres que lhe aconselhavam a não encher a cara de vinho na frente dos paroquianos pois isso iria trazer um tremendo mal estar para os demais religiosos da região. Afinal os homens de Deus deveriam dar o exemplo. Para Lutero isso porém não tinha a menor importância. Engordando cada vez mais e mais, ele foi piorando suas doenças de pele e pouco chegado em banhos regulares viu grande parte de seu corpo ser tomado por infecções dolorosas e putrefatas. Alguns que estiveram em sua presença afirmaram que ele fedia muito. Uma de suas biografias afirma que Lutero tomava no máximo um banho rápido a cada sete ou oito meses.

Curiosamente alguns autores defendem a tese de que Lutero no fundo não tinha nenhuma vocação religiosa. Ele teria entrado para um mosteiro católico às pressas, para escapar da morte pois teria matado um homem numa briga de bar. Ao virar religioso ele ganhava um tipo de imunidade penal que vigorava na época, além do mais a vida nos conventos era completamente separada da vida lá fora, assim Lutero poderia escapar, ir para outros conventos distantes e nunca ser pego pela polícia. O que ele não queria mesmo era ser enforcado por assassinato. Pior para os que tentavam conviver com ele dentro das abadias pois além de briguento Lutero era também desbocado, muitas vezes mandando todos para aquele lugar, sem nenhum arrependimento ou remorso. Outro ponto negativo da biografia de Lutero era sua intolerância religiosa e o racismo. Ele odiava judeus e deixou claro sua opinião em diversos escritos. Chegou ao cúmulo do absurdo ao propor a matança da comunidade judaica que vivia em sua região. Lutero queria não apenas matar os judeus como também incendiar suas sinagogas, algo que causou muitos embaraços para seus seguidores, não apenas de sua época, como também de gerações futuras. Como defender ideias tão ofensivas e contrárias da verdadeira fé cristã? Impossível.  Mais de um historiador também afirma que Lutero tinha uma queda e tanto por prostitutas, que aliás eram presença frequente nos bares em que ele tomava suas enormes bebedeiras. Isso obviamente era um escândalo para um monge mas Lutero tinha uma personalidade impulsiva que nunca media direito seus atos, por mais absurdos e escandalosos que fossem. Talvez por adorar a presença de mulheres de vida fácil, Lutero tenha lutado tanto contra o celibato católico que, para ele, era um absurdo completo. Lutero achava que todo homem era pecador e deveria pecar até não querer mais, para depois receber o perdão divino de braços abertos.

Por fim, para quem tinha uma personalidade tão forte, a sua morte acabou em uma sombra de acobertamentos e mistérios, onde não se sabe direito qual foi a verdade dos fatos. Lutero foi encontrado morto pela manhã por seu assistente pessoal. Ele andava ranzinza com os rumos que a reforma protestante tomara. Reclamava que não havia mais organização nos dogmas protestantes pois cada um abria sua própria Igreja e escolhia o que iria ou não vigorar em seu ministério. Lutero achava isso um absurdo. A igreja evangélica em sua opinião deveria ser única, com dogma próprio e válido para todos os protestantes. Isso porém parecia cada vez mais distante. Frustrado, seu consumo de bebida aumentou. Ele procurava afogar sua ira em novas noites em claro de muitas bebedeiras. Para alguns historiadores ele teria morrido após uma noite dessas, de muitas farras e bebidas. Já para outros Lutero havia sido vítima de um acidente, embriagado teria se enrolado em cordas no seu quarto e morrido enforcado. Há ainda os que dizem que se matou com uma corda e seus seguidores teriam escondido a verdade, pois certamente não cairia bem para a nova religião que nascia ter um suicida como fundador. Esses são mistérios que infelizmente não terão solução pois passados tantos séculos já não se sabe mais com certeza o que teria acontecido. A única certeza parece ser a que Lutero definitivamente não era uma pessoa doce e inocente como querem fazer crer alguns de seus seguidores nos dias de hoje.

Pablo Aluísio.

Os Beneditinos

Durante a Idade Média prosperou uma nova religiosidade na Europa. Era baseada em uma busca espiritual interior, procurando encontrar Deus através de uma vida de austeridade, trabalho e ajuda ao próximo. Com certa inspiração nas religiões orientais surgiu por essa época o estilo de vida dos mosteiros. Essas eram construções isoladas - geralmente no alto de montanhas - em que viviam monges em profundo silêncio e disciplina. Todos trabalhavam pela auto suficiência do mosteiro e lá eles próprios plantavam sua alimentação em pequenas hortas dentro dos muros das abadias ou então em propriedades cedidas pela Igreja Católica ao redor dos próprios mosteiros. Em uma época com muitas guerras, pestes e fome, viver em um mosteiro não era uma má ideia. Lá os religiosos se encontravam seguros enquanto o mundo romano desabava sob pesadas invasões bárbaras.

Um dos nomes mais destacados desse período foi um monge católico chamado Bento que iria fundar uma nova ordem dentro da igreja que seria conhecida como a ordem dos Beneditinos. Não se sabe com precisão dados históricos sobre Bento mas documentos seculares encontrados na biblioteca do Vaticano informam que ele buscou pela autorização do Papa para a fundação de inúmeros mosteiros, habitações com no máximo dez ou doze monges que deveriam viver da terra, prestar auxílio e assistência de viajantes e ajuda médica e hospitalar às vilas vizinhas. Os monges deveriam viver sob uma estrita regra de organização interna. Atendiam às chamadas regras que impunham uma rígida organização em suas vidas. O trabalho era dividido entre os monges - alguns plantavam, outros se especializavam em tratamentos de doenças e outros exerciam funções intelectuais, como os importantes monges copistas de obras antigas (graças ao trabalho desses religiosos é que a grande parte dos livros clássicos da cultura grego-romana sobreviveram até os nossos dias).

Os monges católicos também davam grande importância ao estudo de línguas, sendo que muitos deles aprendiam grego para ler e ensinar as escrituras no idioma em que os primeiros evangelhos foram escritos. Também fundaram grandes centros e os mosteiros acabaram dando origem à muitas cidades modernas pois o homem medieval, em busca de educação ou assistência médica acabava fundando vilas nos arredores desses mesmos mosteiros. O moderno direito que ainda hoje disciplina nossas vidas foi preservado por mosteiros beneditinos que copiavam através dos séculos os grandes tratados de direito romano, que acabou dando origem ao direito continental europeu do qual somos herdeiros. 

O sucesso da ordem beneditina logo prosperou em vários países europeus. Fundada inicialmente em cidades próximas à Roma a ideia de fundar mosteiros com religiosos se expandiu. Os monarcas da época deram apoio e ajuda financeira para que mosteiros fossem fundados em praticamente todos os reinos europeus. Em pouco tempo vários mosteiros foram criados na França, Alemanha, Inglaterra e Holanda. Os beneditinos começaram também a fundar escolas que, com os séculos, se transformariam nas primeiras universidades da Europa. Grandes catedrais também foram erguidas pela disciplina beneditina, inclusive as conhecidas igrejas milenares de Canterbury (ou Cantuária) e Winchester. A ordem também construiu a famosa Abadia de Westminster, onde os monarcas ingleses eram coroados e enterrados (tradição que segue até os dias atuais).

Assim dentro da milenar história da Igreja Católica a ordem dos monges beneditinos foi de vital importância. Disseminaram cultura e ajudaram os povos desamparados da época medieval. Em um tempo onde a maioria das pessoas era analfabeta por causa da inexistência de redes públicas de ensino, os beneditinos escolarizaram e ensinaram os primeiros europeus letrados. Também disponibilizaram ajuda e assistência médica aos mais pobres e humildes. Um grande exemplo de vida cristã que ecoa até os dias de hoje.

Pablo Aluísio.

domingo, 13 de março de 2011

A Queda dos Anjos

Antes de tudo cabe a explicação de que a visão que colocarei nesse texto é a da doutrina católica. Como se sabe os textos religiosos dão origem a vários tipos de interpretação. Não cabe aqui fazer um levantamento sobre todas as visões sobre o inferno existentes mas só a da Igreja Católica Romana, pois essa é a religião que sigo desde sempre. As origens dessa história porém são bem mais antigas e são provenientes de antigos textos do Judaísmo. Embora haja interpretações divergentes, é dessa forma que os estudiosos do catolicismo entendem a questão.

Pois bem, a pergunta "O Que é o Inferno?" tem muito a ver com a queda dos anjos. O inferno nada mais é do que a ausência de Deus na vida do homem. Veja, todos temos a imagem de um lugar em chamas, com labaredas e rios de lava quente, onde almas penadas queimam eternamente. Essa é inclusive a visão que Maria teria mostrado às crianças em sua aparição de Fátima. A Igreja Católica entende que esse inferno mais tradicional foi a forma que a mãe de Jesus encontrou para que as crianças entendessem o significado da palavra inferno. Se pensarmos bem a ausência de Deus é de fato algo tão terrível quanto aqueles mares de fogo e enxofre. O homem que não crê em Deus já está no seu próprio inferno interior.

Essa visão católica também demonstra que Deus em sua infinita bondade na verdade não manda ninguém ao inferno, o homem escolhe esse caminho por si mesmo. Aquele que ignora os ensinamentos de Deus, que não quer saber de aprender e ouvir a palavra do Senhor certamente já está se afastando, por livre e espontânea vontade, de Deus. O interessante é que essa visão bate perfeitamente com a parte narrada da Bíblia quando ela trata dos chamados anjos caídos. Quem são eles? Como reza o texto sagrado, Deus em determinado momento comunicou aos seus anjos que criaria o homem e que esse viria à Terra e que eles, os anjos, o deveriam ajudar. Para alguns seres angelicais isso era absurdo pois eles não tinham a menor intenção de estar abaixo de um reles ser humano, pois se consideravam acima da carne, daquele ser imperfeito criado por Deus. Um terço dos anjos do Senhor se rebelou contra isso. Liderados por Lúcifer eles assim negaram a Deus, caindo em seu próprio inferno. Daí a expressão anjos caídos.

Uma das coisas mais curiosas dessa história da Bíblia é que Lúcifer era até aquele momento de rebelião um dos maiores anjos de Deus. Seu próprio nome reflete isso, "Anjo de Luz", "A Luz da Manhã", glorioso, magnifico. Era o mais bonito, o mais poderoso e brilhante anjo no trono celestial. Acontece que ele começou a se achar tão superior, até mais do que Deus, que caiu nas vestes da arrogância e vaidade. Quando Deus ordenou que ele e os demais auxiliassem e servissem o homem, um ser humano, ele prontamente se recusou a isso. O arcanjo Miguel, que era considerado um anjo de uma hierarquia menor, muito humilde mas poderoso em seu amor a Deus, lutou contra Lúcifer e o venceu, o jogando eternamente nas trevas infernais. A vitória de Miguel sobre Lúcifer foi a vitória da humildade sobre a prepotência, do amor de Deus sobre a arrogância daqueles que acham serem maiores ou melhores do que Deus.

Pense bem. Não é maravilhosa essa narrativa da queda dos anjos? Ela nos dá grande sentido moral e religioso. Expõe um dos aspectos mais importantes da doutrina católica e nos ensina muito, com exemplos que para várias pessoas é pura mitologia mas que olhando de perto, com cuidado, demonstra bem os perigos de se negar a Deus e se achar algo que na realidade não se é! Muitas pessoas conquistam dinheiro, status e poder e começam a se achar auto suficientes, maravilhosas, poderosas e acima do bem e do mal. Como estão enganadas! O texto da queda dos anjos nos ensina a ser como o Arcanjo Miguel, evitando a todo custo se comportar como Lúcifer e sua legião de anjos caídos. A moral de tudo isso? Ora, ninguém é maior do que Deus!

Pablo Aluísio.

Papa Pio XII

Alguns Papas foram alvos de crimes contra a honra ao longo da história. O caso mais grave da história aconteceu com o Papa Pio XII. Sob ordens diretas de Stálin a máquina de calúnia e difamação soviética caiu sobre a reputação do santo padre de forma brutal. A principal acusação falsa sobre ele foi a de que teria colaborado com o regime nazista de Hitler, a tal ponto que chegou a ser chamado jocosamente de "O Papa de Hitler". Que grande mentira, que grande calúnia! O Papa Pio XII foi um homem que ao seu modo lutou contra o nazismo, salvando da morte milhares de judeus perseguidos. A tal ponto que seu nome foi incluído na galeria dos justos do povo de Israel, uma das maiores honrarias dadas a um personagem histórico.

Pio XII de forma interna mandou que todas as igrejas, mosteiros e abadias católicas espalhadas pelo mundo mantivessem sempre abertas as portas para acolher e salvar judeus perseguidos pelos nazistas. Seu empenho pessoal foi tão incisivo nesse ponto que o próprio Hitler mandou que um general alemão se preparasse para matar o Papa. O militar só não cumpriu a ordem porque era um católico e sabia que a guerra estava perdida, com Hitler completamente enlouquecido em seu bunker. Jamais ele iria cometer um crime tão horrível, pelo qual seria julgado pela história nos séculos que viriam. Prevaleceu o bom senso.

Depois da guerra foi a vez de Stálin em se irritar profundamente com o Papa. A doutrina da Igreja Católica era abertamente contra o comunismo. Assim o catolicismo se tornou uma barreira contra o avanço do socialismo na Europa ocidental. Stálin, um dos ditadores mais sanguinários de todos os tempos decidiu que iria matar não a pessoa do Papa Pio XII, mas sim sua reputação. Nos escritórios da KGB então foram montadas as farsas e mentiras que iriam ser espalhadas nos anos que viriam. Um crime imperdoável. Em vista disso o Papa Pio XII acabou sendo um dos líderes religiosos mais caluniados e difamados de todos os tempos. Agora é hora da história reabilitar sua dignidade pessoal.

Pablo Aluísio.