sexta-feira, 12 de julho de 2013

A Rocha

Segue sendo lembrado pelos fãs de filmes de ação como um dos melhores momentos da carreira de Sean Connery no gênero. Ele aqui estrela ao lado de Nicolas Cage (no auge da carreira, muitos anos antes de virar um sombra do que foi, estrelando filmes sem qualquer qualidade como vemos atualmente). O enredo é pura fantasia mas diverte e entretém como poucos. Um militar, general condecorado, Francis X. Hummel (interpretado pelo sempre ótimo Ed Harris), se revolta contra a situação dos veteranos e o tratamento que o governo dos EUA lhes dá e resolve tomar uma decisão realmente radical. Ao lado de um grupo de fieis aliados ele rouba um lote de armas químicas e se encastela na antiga prisão de Alcatraz ao lado de vários reféns. A partir daí ameaça atacar a cidade de San Francisco se não lhe forem pagos 100 milhões de dólares. Para deter suas pretensões terroristas o governo americano envia para a “rocha” (como era conhecida Alcatraz pelos prisioneiros que lá ficavam) um grupo de elite que conta com dois especialistas.

O primeiro é Stanley Goodspeed (Nicolas Cage), especialista em armas bioquímicas e o segundo o ex-detento e único homem a fugir da prisão de Alcatraz, John Patrick Mason (Sean Connery). Juntos tentarão deter os planos do obstinado general. “A Rocha” foi dirigido por Michael Bay e produzido pela dupla Jerry Bruckheimer e Don Simpson (que morreu poucos meses antes da estréia do filme). A presença do trio já deixa claro o que o espectador vai encontrar no filme. Muitas explosões, ação desenfreada e um roteiro não muito trabalhado. Michael Bay que vinha do sucesso “Bad Boys” ainda não tinha se tornado esse cineasta alucinado dos dias atuais, onde seus filmes mais parecem um festival de pirotecnia, mas já demonstrava em “A Rocha” os caminhos que iria seguir em sua carreira. É curioso também o fato de Sean Connery ter feito esse filme. Ele vinha numa fase de busca por reconhecimento artístico e de repente se viu envolvido nesse projeto de pura ação e pipoca (chegou inclusive a participar da produção como produtor executivo). Deixando tudo isso de lado não há como deixar de se divertir nesse filme. É obviamente um blockbuster de ação, sem maiores pretensões a não ser divertir as massas. Olhando sob esse ponto de vista “A Rocha” certamente cumpriu seus objetivos cinematográficos.

A Rocha (The Rock, Estados Unidos, 1996) Direção: Michael Bay / Roteiro: David Weisberg, Douglas Cook / Elenco: Sean Connery, Nicolas Cage, Ed Harris,  John Spencer / Sinopse: Um general renegado (Ed Harris) decide tomar Alcatraz armado com armas químicas. Após ameaçar atacar a cidade de San Francisco o governo americano envia um grupo de elite para o local com a finalidade de deter o obstinado militar.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Anjos da Lei

Talvez seja o momento de Hollywood parar de adaptar antigas séries de sucesso da TV para o cinema. Esse “Anjos da Lei” é um exemplo disso. Eles não conseguem acertar nem uma vez, a imensa maioria das adaptações é de uma mediocridade sem fim. O seriado original fez muito sucesso e chegou a ser exibido por longos anos na Rede Globo. Nunca fui muito ligado e acompanhei poucos episódios mas é inegável que foi muito bem sucedida, ganhando muitos fãs. Também revelou para a popularidade o ator Johnny Depp, que fazia um dos policiais infiltrados no meio dos jovens de uma escola de ensino médio. Não tinha esse timing de comédia pastelão que vemos aqui, muito pelo contrário, os roteiros tendiam para o drama mais adolescente, embora sem se descuidar das boas cenas de ação e perseguição.

Depois de vários anos de seu cancelamento o ator Jonah Hill resolveu produzir e estrelar essa nova versão de “Anjos da Lei”. A premissa é a mesma da série antiga, ou seja, dois tiras se infiltram entre os estudantes para prender traficantes de drogas da pesada. O problema é que nessa adaptação pouca coisa funciona – o roteiro é primário, estúpido, histérico, com todas aquelas explosões para disfarçar a falta de um texto minimamente bem escrito. Para piorar as piadas não funcionam e tudo vira uma bobagem sem graça. A única coisa boa no final das contas é uma participação nonsense de Johnny Depp, revivendo seu antigo personagem. O ator que abandonou a série no seu auge por não suportar o fato de estar virando um ídolo teen se mostra muito galhofeiro em sua pequena participação. Não é grande coisa mas pelo menos deixa um sorriso amarelo para o espectador. Em suma, comédia das mais bobocas que não diz a que veio e não convence como filme policial. Um desperdício completo. Corra para as colinas.

Anjos da Lei (21 Jump Street, Estados Unidos, 2012) Direção: Phil Lord, Chris Miller / Roteiro: Michael Bacall / Elenco: Jonah Hill, Channing Tatum, Brie Larson, Johnny Depp / Sinopse: Dois policiais se disfarçam de estudantes de ensino médio para prender um grupo de traficantes que está vendendo uma nova droga para a garotada.

Pablo Aluísio.

Sons of Anarchy

Já que falamos de Charlie Hunnam eu gostaria de tecer alguns comentários sobre essa ótima série “Sons of Anarchy” (Filhos da Anarquia) que é estrelada por ele. O enredo gira em torno de um moto clube, algo bem comum nos Estados Unidos, bastando lembrar do motoqueiros mais famosos que existe por lá – os Hell´s Angels. O SAMCRO (denominação que os próprios membros usam para se referir ao “Sons of Anarchy”) é formado por um grupo  de amigos que desejam viver a vida sobre duas rodas. Foi fundado por um grupo de veteranos do Vietnã que de volta ao lar e cansados da disciplina militar resolvem fazer o extremo oposto do que tinha vivido nas selvas asiáticas, onde tudo que o membro teria que fazer era beber, ouvir rock e sair por aí pilotando pela noite as potentes motos Harley-Davidson. O trama da série é criada justamente quando o Sons deixa de ser apenas um grupo de amantes de motocicleta para virar uma perigosa gangue de criminosos envolvidos em tráfico de drogas e armas, além de assassinatos e contrabando. Deixando de lado a bela mensagem de liberdade que ajudou a criar o grupo tudo o que é resta é muita violência e caos.

Alguns aspectos dessa série do canal FX são bem interessantes. Muitos dos episódios giram em torno da luta pela liderança do clube. De um lado o veterano Clay (interpretado pelo excelente Ron Perlman, sim ele mesmo de “Hellboy”). Do outro lado representando os mais jovens surge Jax (Charlie Hunnam de “A Tentação” que comentamos ontem). Ele é filho de um dos fundadores do Sons, que ao que tudo indica foi morto por Clay anos antes. Fora isso acompanhamos os tramas familiares dos personagens, sua tentativa de conviver com a policia e políticos corruptos da região e as incríveis manobras criminosas em que se envolvem com cartéis colombianos de tráfico de drogas e grupo paramilitares de irlandeses (com conexões com o IRA, famoso grupo terrorista daquele país). Tudo muito bem roteirizado, produzido e atuado. “Sons of Anarchy” é aquele tipo de série que merece ser acompanhado do primeiro ao último episódio.

Sons of Anarchy (Idem, Estados Unidos, 2008 - 2013) Criado por Kurt Sutter / Elenco: Charlie Hunnam, Ron Perlman, Katey Sagal, Mark Boone Junior / Sinopse: Numa pequena cidade dos EUA um grupo de motoqueiros chamados “Sons of Anarchy” tenta sobreviver às lutas e artimanhas envolvendo policiais corruptos, cartéis de drogas e contrabandistas de armas.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

A Tentação

Gavin Nichols (Charlie Hunnam) está à beira do colapso. Ele sobe em um alto edifício e ameaça se jogar lá de cima. Hollis Lucetti (Terrence Howard) é o policial encarregado de tentar convencer o potencial suicida a desistir de suas intenções. Para tentar compreender porque ele está ali naquela situação pede que Gavin diga porque está prestes a pular. A partir daí o jovem contará tudo o que lhe aconteceu para que ele tomasse essa decisão terrível. Começa assim esse ótimo “A Tentação”. Esse é um caso típico de produção subestimada que não conseguiu ter a devida atenção em seu lançamento. Na realidade o grande trunfo de “A Tentação” é o seu roteiro. Ao relembrar de tudo o que aconteceu o jovem Gavin conta como conheceu Shana Harris (Liv Tyler), uma nova empregada do hotel em que gerencia. Ela era tímida e muito discreta e morava no mesmo prédio que ele. Também era casada com Joe Harris (Patrick Wilson), um sujeito muito religioso, beirando às raias do fundamentalismo cristão. 

O casal logo se torna amigo de Gavin e o convida para jantar com eles em seu apartamento. O que parecia ser apenas um encontro social trivial se revela muito mais pois Gavin é assumidamente ateu e não acredita em Deus. Para ele Deus é uma criação humana, já que não existem provas de sua existência. A forma de pensar de Gavin logo choca Joe que tenta lhe converter o que faz o jantar acabar subitamente. O que Joe não desconfia é que Gavin e sua esposa Shana estão cada vez mais próximos, a ponto de terem um relacionamento amoroso. Esse romance obviamente trará sérias conseqüências para todos os envolvidos. “A Tentação” é um filme realmente muito bom, acima da média. Os diálogos são muito bem escritos e a dualidade entre um homem bom (mas ateu) e um religioso fervoroso e fanático (que ao saber da traição esquece todos os fundamentos cristãos) é o grande achado de todo o filme. O elenco é liderado por Charlie Hunnam, ator muito conhecido de quem acompanha séries americanas. Ele faz o personagem principal de “Sons of Anarchy” do canal FX.  Ao seu lado surge Liv Tyler, em um papel bem diferente do que é habitualmente acostumada a fazer. Ela é uma esposa reprimida pelo marido, um evangélico alucinado. Não há a sensualidade tão famosa dela em cena. O resultado final é excelente. Em termos de argumento é um dos melhores filmes recentes lançados. Em seu texto mesclam-se assuntos de extrema relevância como adultério, fanatismo, religião, homofobia, amizade e muito mais. Não deixe de assistir.

A Tentação (The Ledge, Estados Unidos, Alemanha, 2011) Direção: Matthew Chapman / Roteiro: Matthew Chapman / Elenco: Charlie Hunnam, Terrence Howard, Liv Tyler, Patrick Wilson / Sinopse: Jovem esposa começa a trair o marido, um evangélico fanático, com o gerente do hotel onde trabalha. A traição irá trazer graves conseqüências para todos os envolvidos.

Pablo Aluísio. 

Em Transe

O famoso quadro “As Bruxas no Ar” está exposto em um grande leilão em Londres. A obra vale alguns milhões de dólares, não apenas por suas qualidade artísticas mas históricas também, pois é um marco do realismo nas artes plásticas. No meio dos lances porém algo inesperado acontece. Um grupo de ladrões entra no recinto e joga gás lacrimogêneo no meio do público. Todos correm para fora menos Simon (James McAvoy) pois é sua função proteger as obras de arte em situações como essa. Sem pensar duas vezes ele leva o quadro de Goya para os fundos da casa de leilão. O objetivo é deixar a obra no cofre de segurança máxima localizado atrás do palco mas antes que isso aconteça ele é interceptado pelos bandidos que tomam de posse o estojo onde deveria estar o quadro. Após sofrer uma forte pancada dada por um dos assaltantes Simon desmaia e cai. Os bandidos fogem pensando estar com o quadro mas ficam surpresos ao descobrir que dentro do estojo não se encontra a obra de Goya!

Mas afinal onde foi parar o milionário “Bruxas no Ar”? Essa é a premissa inicial desse “Em Transe”, novo filme do cineasta Danny Boyle. Pela cena inicial (descrita acima) é de se supor que se trata de um bom filme de roubos, com muita ação e violência mas a proposta não é bem essa. Assim que Simon (McAvoy) sofre a agressão ele perde a memória, fazendo com que a localização do quadro fique desconhecida, afinal ele seria a única pessoa que saberia do paradeiro da obra milionária. Para tentar descobrir onde ele próprio escondeu “Bruxas no Ar” ele começa um tratamento de hipnose com a Dra. Elizabeth (Rosario Dawson) que por sua vez também começa a querer tomar posse da obra. Revelar mais seria estragar as surpresas do filme ao espectador. De antemão é bom avisar que essa é mais uma daquelas tramas que sofrem várias reviravoltas ao longo do filme. Nem tudo é o que parece ser e nem todos são os mocinhos ou bandidos que o roteiro leva a pensar. Infelizmente o diretor Danny Boyle parece perder a mão em determinado momento por causa das várias reviravoltas que vão acontecendo. Em certas cenas o próprio espectador ficará perdido sem saber se o que vê na tela é real ou fruto apenas da hipnose de Simon. No geral é um bom filme mas que poderia ser bem melhor se fosse melhor conduzido.

Em Transe (Trance, Inglaterra, 2013) Direção: Danny Boyle / Roteiro: Joe Ahearne, John Hodge / Elenco: James McAvoy, Vincent Cassel, Rosario Dawson / Sinopse: Após sofrer uma agressão durante o roubo a uma famosa obra de arte o funcionário de uma casa de leilões resolve participar de sessões de hipnose para tentar lembrar onde escondeu o quadro milionário “As Bruxas no Ar” do pintor Goya. A solução do mistério despertará a cobiça não apenas do grupo de ladrões mas também da própria psiquiatra responsável pela hipnose dada ao seu paciente.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 9 de julho de 2013

Jurassic Park 3

Terceira e até agora última seqüência da franquia Jurassic Park (há rumores que um quarto filme esteja nos planos de Spielberg). Aqui temos a volta do personagem Dr. Alan Grant (interpretado pelo ótimo ator Sam Neill). Ele está de volta ao trabalho de pesquisa, procurando por novos fósseis e dando palestras para alunos na universidade. Ele tenta de todas as formas esquecer tudo o que lhe aconteceu no primeiro filme mas isso o persegue em todos os lugares. As coisas parecem mudar de rumo quando é contactado por Paul Kirby (William H. Macy, como sempre muito bem em cena). Ele afirma ao renomado cientista que é um grande empresário e que teria autorização para sobrevoar a ilha de Sorna ao lado da esposa. Para tanto gostaria de contratar os serviços do Dr. Grant como guia da viagem. A proposta soa tentadora e Kirby oferece uma quantia absurda pela possibilidade de contar com o renomado cientista na viagem. O que não se sabe é que na verdade o rico empresário não é tão rico como se pensa e nem está interessado em dinossauros mas sim em resgatar seu filho que desapareceu na ilha.

Como era de se esperar tudo acaba saindo errado. O avião cai e todos ficam expostos aos perigos da ilha que está recheada de dinossauros carnívoros, como Velociraptors, Tiranossauros e demais espécies. Em termos de monstros digitais a novidade vai para os Pterossauros, que ganham grande destaque na aventura. “Jurassic Park 3” não contou com a direção de Spielberg que deu o bastão para Joe Johnston que não tinha muita experiência no currículo. O resultado soa irregular. A trama é básica e a sensação de que o filme só existe para mostrar os dinos digitais é recorrente. Nem mesmo a presença de Sam Neill interpretando o carismático cientista Dr. Grant salva o filme da mesmice. Para piorar Spielberg novamente injeta sua dose de pieguice no relacionamento do garoto perdido na ilha e seus pais divorciados (uma velha obsessão do cineasta, obviamente inspirada em sua própria vida pessoal). No geral é um filme bem realizado tecnicamente, com boas seqüências de efeitos digitais e é só. O roteiro é simplório e nem os dinossauros soam mais tão fantásticos como antes. 

Jurassic Park 3 (Jurassic Park III, Estados Unidos, 2001) Direção: Joe Johnston / Roteiro: Peter Buchman, Michael Crichton / Elenco: Sam Neill, William H. Macy, Téa Leoni, Trevor Morgan, Laura Dern / Sinopse: Um empresário em busca de seu filho acaba voltando para a Ilha de Sorna onde ao lado do cientista Grant tentará sobreviver ao ataque de várias espécies de dinossauros.

Pablo Aluísio.

Rei Arthur

Existe muita especulação histórica sobre a existência real ou não do mitológico Rei Arthur. Até bem pouco tempo atrás havia um consenso entre os historiadores de que Arthur era de fato apenas um personagem literário que teria nascido nas antigas canções medievais dos trovadores que iam de vila em vila encantando seu público ao cantar as estórias de um rei justo, leal e devotado ao seu povo que havia existido há muitos anos, em um passado perdido na memória. Essa era a tese mais aceita entre os especialistas até que começou a surgir uma nova corrente afirmando que Arthur foi de fato um soberano do mundo real que teria governado logo após a saída das tropas romanas da Bretanha. Ele assim teria surgido no vácuo deixado pelas tropas imperiais de Roma que teriam voltado para a cidade eterna com o objetivo de amenizar as inúmeras crises que se abatiam na capital do império (pois Roma já estaria vivendo seus dias de queda e decadência).

O roteiro do filme então abraça essa segunda visão. O Arthur desse filme surge justamente dentro desse contexto histórico e isso é a primeira grande diferença de outros retratos feitos do lendário Rei no cinema. De fato sempre ficamos acostumados a ver Arthur como um Rei medieval, que reinou na chamada Baixa Idade Média. Já o Arthur que emerge nas telas aqui é um soberano do mundo antigo, ainda enfrentando os últimos suspiros das tropas romanas em seu país. Infelizmente o roteiro muitas vezes se preocupa mais com a ação e as cenas de batalhas do que por fatores históricos propriamente ditos. Mesmo assim é aquele tipo de produção que vale muito mais pelo que propõe do que por suas qualidades cinematográficas. Certamente não é um filme perfeito, tem furos e lacunas em seu enredo mas no final das contas tudo é salvo pela idéia interessante e moderna que defende. Teria mesmo Arthur sido um monarca justo e digno? Teria mesmo existido? Infelizmente nunca saberemos a resposta mas não custa nada também sonhar um pouco não é mesmo?

Rei Arthur (King Arthur, Estados Unidos, 2004) Direção: Antoine Fuqua / Roteiro: David Franzoni / Elenco: Clive Owen, Ioan Gruffudd, Keira Knightley / Sinopse: O filme tenta mostrar uma outra visão sobre o lendário Rei Arthur (Clive Owen). Sae o monarca medieval e entra em cena o rebelde nacionalista que luta contra as tropas do Império Romano na Bretanha.

Pablo Aluísio.

Jogos Mortais

Dentre as franquias de terror atuais uma das trajetórias mais curiosas foi a de “Jogos Mortais”. O primeiro filme era uma produção independente, de orçamento praticamente mínimo, com atores desconhecidos do grande público que conseguiu chamar atenção no concorrido Sundance Festival, aquele mesmo mantido pelo ator Robert Redford que funciona como um grande incentivo e promoção para filmes pequenos, independentes, procurando por distribuidores que aceitem lançar as películas em nível nacional. “Jogos Mortais” chamou logo a atenção por causa de seu roteiro singular e trama instigante. Além disso era extremamente violento o que chocou algumas pessoas em suas primeiras exibições. Quase todo o filme era ambientado em um só lugar: um banheiro imundo onde dois homens tentavam fugir da armadilha em que estavam encurralados. Ao seu lado jazia um corpo já em decomposição. Mas afinal de contas como eles foram parar lá? Eles teriam algo em comum? Quem os teria colocado naquela situação aflitiva?

Após alguns momentos eles descobrem que o cadáver tem em uma das mãos um pequeno gravador. Intrigados os dois acorrentados resolvem ouvir o que a fita tem a dizer e descobrem finalmente que estão em um verdadeiro jogo mortal, arquitetado e planejado por uma mente doentia pertencente ao serial killer Jigsaw (Tobin Bell). Não é preciso dizer que assim que “Jogos Mortais” foi bancado por um grande estúdio e ganhou lançamento nacional (e internacional) ele logo virou uma febre entre os fãs de filmes de terror. Era de fato um filme diferente, extremo, gore, que não fazia concessões. O sucesso foi espetacular. Não era para menos pois há tempos não aparecia um personagem tão marcante como Jigsaw, um assassino extremamente inteligente e ardiloso que colocava suas vitimas em situações limites, onde a chance de escapar tinha que passar por decisões horríveis por parte das vítimas. Era um jogo sádico, visceral, que expunha todas as hipocrisias das vidas dos que entravam nessa sinistra situação. Depois que “Jogos Mortais” virou um grande sucesso de bilheteria se tornou uma das franquias mais rentáveis e lucrativas do cinema americano contabilizando até o momento seis seqüências. Falaremos dessas continuações no momento oportuno. Por enquanto fica a dica de “Saw” uma das melhores produções surgidas no cinema de terror nos últimos anos. 

Jogos Mortais (Saw, Estados Unidos, 2004) Direção: James Wan / Roteiro: Leigh Whannell, James Wan / Elenco: Tobin Bell, Leigh Whannell, Cary Elwes, Danny Glover / Sinopse: Dois homens caem em uma armadilha mortal montada por Jigsaw (Tobin Bell), um verdadeiro jogo mortal do qual dificilmente sairão vivos.

Pablo Aluísio.