terça-feira, 3 de setembro de 2013

Drácula

Alguns personagens jamais desaparecem, seja do cinema, seja da TV. Uma prova disso é essa nova série do canal NBC que está estreando nos Estados Unidos. "Drácula" procura revitalizar o lendário conde vampiro criado pelo escritor Abraham "Bram" Stoker. Aqui ele surge no século XIX após passar séculos aprisionado em uma cripta escondida. Dois caçadores de tumbas adentram seu repouso e abrem seu caixão. Má ideia. De volta à vida o infame monstro vai até Londres onde começa a se passar por magnata americano. Ao que tudo indica ele busca vingança contra a chamada Ordem do Dragão que o aprisionou no passado. Mesmo decorrido 300 anos a sociedade secreta ainda sobrevive, agora formado por milionários e empresários do Petróleo. Assim Drácula, agora com nova identidade, tenta vender uma nova forma de energia pura, sem fios e perigo. Seu objetivo se torna claro pois o que ele pretende mesmo é arruinar seus antigos algozes no que lhes é mais caro: dinheiro e poder.

Após assistir ao primeiro episódio pude tirar algumas conclusões desse novo Drácula da TV. A primeira diz respeito à boa produção. Direção de arte muito caprichada, que procura usar como fonte de inspiração os antigos filmes do vampiro nos estúdios Hammer. isso fica bem nítido durante uma luta de Drácula contra um inimigo nos telhados de uma Londres escura e sinistra. A cena, para quem conhece bem os filmes da Hammer, está em um dos primeiros filmes de Drácula com Christopher Lee no papel principal. Assim em termos de bom gosto em figurinos, cenários, etc, não há realmente o que reclamar. Também gosto bastante do trabalho do ator Jonathan Rhys Meyers que aprendi a admirar na ótima série "The Tudors" onde ele interpretou magistralmente o Rei Henrique VIII. Mas nem tudo são flores nessa nova adaptação. O principal problema que pude perceber aqui foi realmente o roteiro truncado. Inicialmente Drácula começa bem, sofre uma pequena queda de interesse quando o vemos como um empresário americano e depois melhora um pouco no final quando o seu lado monstro volta a surgir. Com tantas idas e vindas percebi claramente uma irregularidade ao longo da estória mas mesmo assim acredito que passados os primeiros episódios a série pode se tornar acima da média. Afinal de contas todos os elementos parecem estar presentes, só falta mesmo melhorar um pouco o roteiro, dando-lhe um foco mais claro e objetivo, sem tantos sobressaltos. No geral me convenceu a seguir acompanhando. Tem problemas sim mas pelo que vi no primeiro episódio até criei boas expectativas sobre o futuro de Drácula da NBC. É esperar para ver.

Drácula (Dracula, Estados Unidos, 2013) Direção: Andy Goddard, Steve Shill / Roteiro: Cole Haddon, Rebecca Kirsch / Elenco: Jonathan Rhys Meyers, Robert Bathurst, Miklós Bányai / Sinopse: Drácula (Jonathan Rhys Meyers), um vampiro secular, é trazido de volta ao mundo por um grupo de exploradores. Na Londres do século XIX ele se faz passar por um magnata americano. Seu objetivo é perseguir os membros da Ordem do Dragão que no passado o aprisionaram por séculos.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Zumbis e Robôs

Em um futuro próximo um vírus mortal acaba ficando fora de controle, se espalhando rapidamente em uma grande cidade. Por motivo de segurança e para evitar novas contaminações o governo então decide cercar a região, impedindo qualquer pessoa de entrar ou sair do centro do foco da disseminação da nova doença. Os humanos infectados se tornaram zumbis. Para salvar sua filha, um cientista, da equipe responsável pela proliferação do vírus, resolve contratar clandestinamente um militar com larga experiência, o Major Max Gatling (Dolph Lundgren) para entrar na cidade com o objetivo de resgatar sua filha que ficou presa no meio do caos. A jovem Jude (Melanie Zanetti) deve ser resgatada antes que uma operação de limpeza, com uso de bombardeio incendiário, varra do mapa a cidade contaminada. "Battle of the Damned" (literalmente "A Batalha dos Condenados", mas ainda sem título nacional) é o novo filme do brutamontes Dolph Lundgren. Em tempos de sucessos como os filmes "Guerra Mundial Z" e de séries como "Walking Dead" não é nenhuma surpresa que tenhamos um filme como esse chegando ao mercado, obviamente tentando pegar carona na moda das produções sobre zumbis.

A produção é modesta e o filme foi todo rodado nos distantes países asiáticos da Malásia e Cingapura. Existem efeitos digitais usados principalmente para criarem um grupo de robôs assassinos que ajudam o Major a se livrar do apocalipse zumbi mas eles não são nada maravilhosos. O roteiro é simplório, ficando mesmo naquela coisa de mostrar o ator Dolph Lundgren matando zumbis em série, com facas, armas de fogo, marretas, machados e qualquer coisa que lhe apareça nas mãos. A garota que ele vai resgatar é uma adolescente marrenta que vive escondida com um pequeno grupo de humanos não infectados que vivem dentro da cidade. No geral não há realmente nenhuma novidade aqui, a não ser a tentativa de unir ação ao estilo anos 80 com zumbis devoradores de cérebros. Se você acha que essa pode ser uma mistura interessante, arrisque, mas saiba de antemão que não vai encontrar grande coisa!

Zumbis e Robôs (Battle of the Damned, Estados Unidos,, Singapura, 2013) Direção: Christopher Hatton / Roteiro: Christopher Hatton / Elenco: Dolph Lundgren, Melanie Zanetti, Matt Doran, Esteban Cueto / Sinopse: Um cientista contrata de forma clandestina os serviços de um Major (Lundgren) para entrar em uma cidade que está em quarentena por causa de um vírus com a finalidade de resgatar sua filha, uma adolescente.

Pablo Aluísio.

Fé Demais Não Cheira Bem

Jonas Nightengale (Steve Martin) é um pastor protestante que só pensa em se dar bem. Usando a televisão como meio de divulgação de seus cultos o líder religioso só pensa mesmo em uma coisa: aumentar seu rebanho para ganhar muito mas muito dinheiro mesmo. Ele no fundo não está nem aí para religião. O que ele quer mesmo é ficar rico! É um pilantra e ele sabe muito bem disso mas não se importa pois sai vendendo seu "show" pelos Estados Unidos afora até que ao chegar em uma pequena cidadezinha algo realmente assombroso acontece!  "Fé Demais Não Cheira Bem" é uma comédia muito bem escrita que critica muitas vezes de forma nada sutil os chamados pastores eletrônicos, sujeitos espalhafatosos que se tornaram muito populares na TV americana a partir da década de 80. Ávidos por dinheiro, status e riqueza esses novos "animadores de circo da fé" escandalizaram os setores evangélicos mais tradicionais ao mesmo tempo em que ficavam extremamente ricos e poderosos com o dízimo dado por seus fiéis seguidores.

Steve Martin dá show em cena. Ele pula, se contorce, finge estar recebendo o espírito santo, levanta as mãos para o céu em uma encenação das mais divertidas e (pior do que isso) bem parecidas com as dos pastores reais. Martin, um dos nomes mais famosos e reconhecidos do humor americano esclareceu em entrevistas na época do lançamento do filme que aceitou fazer "Fé Demais Não Cheira Bem" para tentar abrir os olhos de certas pessoas, principalmente as mais humildes que viviam principalmente nos Estados sulistas mais pobres da América, sobre a terrível comercialização da fé que estava cada vez mais se expandindo. O diretor Richard Pearce também explicou a proposta do filme dizendo que na realidade não houve muito exagero por parte de Steve Martin como o pastor pilantra do filme porque muitos pregadores evangélicos eram mais exagerados do que ele na vida real. O fato de pular, cair no chão, gemer era praxe no circo televisivo daquela época. E afinal de contas olhando aquilo tudo com uma postura bem racional não havia como não rir de certas situações que eram involuntariamente cômicas e absurdas. Assim se você estiver em busca de uma das melhores interpretações de Steve Martin fica a dica desse "Fé Demais Não Cheira Bem". Assista e se admire com a coincidência do que anda acontecendo aqui no Brasil nos últimos anos.

Fé Demais Não Cheira Bem (Leap of Faith, Estados Unidos, 1992) Direção: Richard Pearce / Roteiro: Janus Cercone / Elenco: Steve Martin, Debra Winger, Lolita Davidovich / Sinopse: Pastor evangélico protestante (Martin) só pensa em fazer fortuna com o dinheiro de seus seguidores até que sua vida muda completamente quando chega em uma pequena cidade do interior dos EUA.

Pablo Aluísio.

domingo, 1 de setembro de 2013

A Negociação

Danny Roman (Samuel L. Jackson) é um policial de Chicago especializado em negociar com sequestradores que coloquem em risco a vida de seus reféns. Sua vida vira de cabeça para baixo quando ele começa a ser apontado como principal suspeito da morte de seu antigo parceiro. No centro da questão parece haver mesmo uma queima de arquivo pois antes de morrer seu antigo companheiro havia revelado a Danny a existência de um grupo agindo de forma corrupta dentro do departamento com o objetivo de desviar dois milhões de dólares do fundo de pensão da Polícia de Chicago. Pressionado, temendo pela sua própria vida, o policial Danny resolve cometer um ato de desespero. Ele invade o bureau de assuntos internos e faz cinco de seus membros reféns. Para tal também exige um negociador isento, um estranho, pois não confia mais nem em seus colegas de setor. Assim é indicado o tira Chris Sabian (Kevin Spacey) para liderar as negociações. O problema é como negociar com um policial que é justamente especialista nesse tipo de procedimento? Em jogo a vida de todos os envolvidos na tensa e complicada situação.

"A Negociação" é aquele tipo de filme que não teve o reconhecimento devido em seu lançamento. Temos aqui um verdadeiro duelo de interpretações entre um ator muito bom e esforçado, Samuel L. Jackson, e um verdadeiro mestre na arte da interpretação, o sempre excelente Kevin Spacey. Eu me recordo que quando "The Negotiator" chegou nos cinemas houve quem o comparasse com o clássico policial da década de 70, "Um Dia de Cão". De fato há algumas semelhanças pois ambos são filmes que exploram esse tipo de situação limite que envolvem reféns em situações de sequestro de alto risco. A diferença aqui é que tanto o sequestrador como o negociador nomeado pela polícia para tentar resolver pacificamente a situação são treinados pelo departamento, e cada um tenta  impor suas técnicas ao outro. Desse duelo de avanços e recuos é que o argumento se desenvolve. O roteiro foi levemente inspirado em  um fato real ocorrido na década de 80 na cidade de St. Louis. Bem conduzido, escrito e atuado "A Negociação" vale como um bom exemplar dos filmes policiais dos anos 90.

A Negociação (The Negotiator, Estados Unidos, 1998) Direção: F. Gary Gray / Roteiro: James DeMonaco, Kevin Fox / Elenco: Samuel L. Jackson, Kevin Spacey, David Morse / Sinopse: Policial acusado de matar seu parceiro resolve cometer um ato de loucura fazendo cinco reféns em seu departamento para provar sua inocência. Para negociar é enviado um especialista em conduzir situações de risco desse tipo sem que haja violência ou mortos na operação.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Bates Motel

O famoso personagem Norman Bates agora chega na TV. Imortalizado por Alfred Hitchcock no filme "Psicose" o perturbado psicopata agora ganha sua própria série. O interessante aqui é a chance que temos de acompanhar os primeiros anos da complicada relação entre Norman e sua mãe. Viúva, ela decide comprar um motel de beira de estrada numa execução judicial pois o antigo dono perdeu o lugar por não pagar a hipoteca para o banco. O empreendimento não parece muito promissor mas como ela e o filho não tem mesmo para onde ir resolvem arriscar. O cenário mantém a mesma caracterização que Hitchcock usou em seu famoso filme com os quartos decadentes embaixo e a velha casa no alto da pequena colina. Norman Bates é apenas um adolescente de 17 anos, tímido e com vontade de conhecer novos amigos na cidade. Sua mãe não é uma megera como muitas vezes pensamos ao ver os filmes no cinema, mas sim uma mulher relativamente normal que tenta levar de alguma forma em frente sua família após a morte do pai de Norman. Existe até mesmo um filho mais velho chamado Dylan.

O ator que interpreta Norman Bates é o jovem Freddie Highmore (o garotinho de "Em Busca da Terra do Nunca" e "A Fantástica Fábrica de Chocolate", entre outros). Gostei de sua caracterização, pois ele nos traz um Norman Bates já com sinais que o fariam famoso no cinema. Levemente incomodado, tímido, sem jeito de lidar com as demais pessoas. Já sua mãe, Norma Louise Bates, é interpretada pela sempre competente  Vera Farmiga, atriz de extenso currículo incluindo "Amor Sem Escalas" e "Os Infiltrados". Ela como tantas outras estrelas de cinema também está tentando emplacar em séries de TV uma vez que esse mercado está cada vez mais atrativo para os atores que antes só brilhavam nas marquises das salas de exibição. O primeiro episódio de "Bates Motel" já antevê aos espectadores o que vem por aí. O pai de Norman está no porão, esfaqueado e morto (o roteiro não dá maiores detalhes sobre o que de fato aconteceu). Depois já vemos mãe e filho chegando em um velho motel para recomeçarem suas vidas. Embora comecem a se dar bem com os moradores da região um fato desagradável ocorre. O antigo proprietário vem tomar satisfações da família Bates pois não aceita que o lugar, que pertencia ao seu avô, fosse cair nas mãos de Norman e sua mãe. O que acontece a seguir já dá amostras do que virá pela frente. Enfim, fica a dica desse "Bates Motel", mais uma série interessante para se acompanhar na telinha.

Bates Motel (Idem, Estados Unidos, 2013) Criado por Anthony Cipriano / Direção: Tucker Gates / Roteiro: Robert Bloch, Anthony Cipriano, Carlton Cuse / Elenco: Vera Farmiga, Freddie Highmore, Max Thieriot / Sinopse: Prequel da famosa franquia "Psicose" do cinema. Aqui Norman Bates (Highmore) e sua mãe (Farmiga) chegam numa isolada região para assumir seu próprio negócio familiar, o Bates Motel.

Pablo Aluísio.

Somos Marshall

Geralmente o público brasileiro ignora filmes sobre futebol americano até porque o esporte tem pouco (ou nenhum) atrativo para nós, que amamos o futebol (soccer para os americanos). Pois bem, não há nada de errado nisso afinal o esporte nacional de cada país é o reflexo de sua cultura. Mesmo assim não se deve deixar de lado bons filmes apenas porque suas tramas giram em torno dessa modalidade esportiva. Um bom exemplo é esse "Somos Marshall", um drama que merece ser conhecido. O roteiro foi baseado em uma história real. Em 1970 toda a equipe de futebol americano da Universidade de Marshall morreu em um terrível acidente de avião. Setenta e cinco vítimas ao total, entre jogadores, membros da equipe técnica, patrocinadores e torcedores. A tragédia comoveu os Estados Unidos a ponto da Universidade pensar seriamente em fechar definitivamente a equipe de futebol. A cidade por sua vez se dividiu. Para alguns (principalmente para os familiares dos mortos) a equipe deveria ser extinta em memória dos que morreram no acidente. Já para outra parcela eles deveriam seguir em frente, para não deixar morrer o sonho de um dia vencer o campeonato nacional.

Um reitor corajoso finalmente decidiu pela continuidade do time. Contratou um novo treinador, Jack Lengyel (Matthew McConaughey), e resolveu recomeçar tudo praticamente do zero. "Somos Marshall" conta a história desse complicado recomeço. Nem é preciso dizer como tudo foi difícil. Apenas três jogadores da equipe original ainda continuavam vivos por não terem viajado no vôo que matou todos os demais. Da equipe técnica apenas Red Dawson (Matthew Fox) escapou. Assim como a lenda do Fênix eles partiram do nada para formar uma novo time, tentando escalar atletas que conseguiam recrutar pela cidade, muitos deles novatos e provenientes de outros esportes como basquete, beisebol e até mesmo do nosso bom e velho soccer.  Matthew McConaughey que interpreta o técnico que enfrenta toda a barra de reconstruir uma equipe do nada tem bons momentos em cena. Sempre com a boca torta, imitando o jeito caipira de ser da região, Matthew McConaughey ao lado do xará Matthew Fox segura o filme praticamente nas costas, sempre mantendo o interesse. Agora curioso mesmo é ver um diretor como McG, que praticamente só dirigiu bobagens ao longo da carreira (vide "As Panteras"), se sair bem em uma história tão dramática como essa!  O resultado de fato é um bom drama que mostra acima de tudo que o melhor para se curar uma grande ferida emocional é partir para frente, seguir sempre rumo a novos desafios, tudo ancorado numa fé e esperança inabaláveis de que dias melhores sempre virão.

Somos Marshall (We Are Marshall, Estados Unidos, 2006) Direção: McG / Roteiro: Jamie Linden, Cory Helms / Elenco: Matthew McConaughey, Matthew Fox, Anthony Mackie, January Jones / Sinopse: Após a morte de toda  uma equipe de futebol americano um reitor corajoso resolve contratar um novo técnico para recomeçar tudo do zero. Baseado em fatos reais.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

O Sexto Dia

Adam Gibson (Arnold Schwarzenegger) parece ter uma vida perfeita. É bem casado, tem uma linda filha e trabalha no que gosta: viagens de turismo em alpes congelados para turistas endinheirados. Vivendo em um futuro próximo ele vê sua vida dar uma guinada após perceber que foi clonado! Ao chegar em casa depois de mais  um dia de trabalho ele percebe que há um clone perfeito seu em sua festa de aniversário! Desnorteado, sem saber o que aconteceu ele começa a juntar as peças do quebra cabeças para compreender a nova e terrível situação pela qual passa! "O Sexto Dia" é mais uma ficção na filmografia de Arnold Schwarzenegger. Aqui o roteiro vai fundo investindo na questão da clonagem humana. Seu personagem vive em um mundo onde a clonagem já se tornou corriqueira - animais de estimação são clonados em menos de duas horas em lojas especializadas para evitar que as crianças fiquem traumatizadas com suas mortes! Existe uma lei em vigor chamada "Lei do Sexto Dia" que proíbe a clonagem em seres humanos mas como sempre acontece um cientista, o Dr. Griffin Weir (Robert Duvall), avança nesse campo sem se importar com questões legais, afinal de contas ele é patrocinado por um rico executivo que usa a clonagem como forma de imortalidade. 

"O Sexto Dia" foi lançado no auge da polêmica da clonagem da ovelha Dolly. Como Hollywood não perde tempo logo aproveitou-se um pouco do debate que estava sendo feito na época para faturar mais nas bilheterias. O resultado porém é bem sem sal. Arnold Schwarzenegger acaba tendo que contracenar com Arnold Schwarzenegger - imaginem só! - pois seu clone acaba surgindo no meio da trama. Obviamente que uma situação dessas daria pano para explorar inúmeras possibilidades dentro da estória mas o roteiro é fraquinho e não vai muito adiante nesse aspecto. Ao invés de discutir questões éticas sobre clonagem humana "O Sexto Dia" prefere investir em uma sucessão de cenas de ação sem grande impacto. Aliás se um filme como esse não consegue nem mesmo atrair o espectador pela qualidade das cenas de ação então não sobra muita coisa para salvar a produção. O diretor Roger Spottiswoode parece estar no controle remoto não conseguindo alcançar o impacto desejado. Some a isso efeitos digitais que hoje parecem bem datados e ultrapassados e você terá um dos mais fracos momentos do ator Arnold Schwarzenegger no cinema.

O Sexto Dia (The 6th Day, Estados Unidos, 2000) Direção: Roger Spottiswoode / Roteiro: Cormac Wibberley, Marianne Wibberley / Elenco: Arnold Schwarzenegger, Michael Rapaport, Tony Goldwyn / Sinopse: No sexto dia da criação Deus criou o homem. Agora, com o avanço tecnológico o próprio homem, com o uso da clonagem, também pode criar cópias de si mesmo. É justamente isso que o piloto Adam Gibson (Arnold Schwarzenegger) acaba descobrindo da pior maneira possível.

Pablo Aluísio.

O Grande Gatsby

Anos 1920. Nick Carraway (Tobey Maguire) se forma na universidade de Yale e vai até Nova Iorque com o sonho de um dia tornar-se um grande escritor. Enquanto não escreve o livro que mudará sua vida resolve arranjar um emprego na bolsa de valores da cidade. Morando no outro lado da baía ele acaba ficando curioso sobre o seu vizinho, um milionário recluso e misterioso chamado Jay Gatsby (Leonardo DiCaprio). Todas as semanas Gatsby dá grandes festas em sua enorme mansão, em eventos que acabam atraindo todos os tipos de pessoas de Nova Iorque, desde figurões, políticos, estrelas de cinema até gangsters ou qualquer um que queira diversão barata e em larga escala. Apenas Gatsby permanece envolto em uma sombra de mistério nesse clima de grande euforia. Isso faz com que vários boatos sejam espalhados sobre ele como a de que seria um espião alemão, um assassino famoso ou um representante do Kaiser. Nada disso porém se confirma. Intrigado pela curiosidade Nick então resolve conhecer a misteriosa figura. Convidado a uma das festas de Gatsby ele acaba entrando no mundo muito particular do milionário esbanjador e descobre, para sua surpresa, que ele tem especial interesse por sua prima, a doce e mimada Daisy Buchanan (Carey Mulligan), que mora do outro lado da baía. Casada com um herdeiro rico e rude, mal desconfia Nick que ela e Gatsby tem um passado em comum.

Aqui temos a mais nova adaptação para o cinema do famoso livro "O Grande Gatsby" escrito pelo genial F. Scott Fitzgerald. O texto é considerado uma das maiores obras primas da literatura mundial, tendo sido adaptado pelo cinema algumas vezes, sendo a mais conhecida a adaptação feita nos anos 70 com Robert Redford no papel principal. Essa nova incursão no universo de F. Scott Fitzgerald porém se mostra bem decepcionante. O diretor Baz Luhrmann (de "Moulin Rouge", "Austrália" e "Romeu + Julieta") imprime um ritmo um tanto histérico ao enredo, algo que não condiz com as intenções do autor original que sempre se mostrou muito fino, elegante e charmoso ao contar sua estória. E esse é um dos principais problemas dessa nova versão. Falta justamente essa elegância, esse mistério que é tão conhecido dos leitores de F. Scott Fitzgerald. Tentando modernizar o texto para agradar ao público jovem de hoje o cineasta perdeu a própria essência do livro original. Luhrmann tem à sua disposição uma produção luxuosa mas comete pecados em série. Em um deles imprime um ritmo frenético, tolo muitas vezes, para as situações. Também usa e abusa de computação gráfica, o que torna o filme artificial e sem veracidade. Por falar em ambientação histórica o cineasta querendo adotar uma postura moderninha inseriu várias canções atuais no meio do enredo, ignorando a rica música da época em detrimento de canções pop sem qualquer relevância. Para piorar o elenco também não está bem. Leonardo DiCaprio imprime ao seu Gatsby uma postura equivocada, onde sai o charme misterioso do personagem original para dar espaço a um inconsequente falastrão. Deu saudades de Robert Redford certamente. Carey Mulligan que sempre considerei uma boa atriz também não conseguiu passar para a tela as nuances psicológicas que movem Daisy. Outra coisa que dá nos nervos é a forma como Baz Luhrmann trata o espectador. Ele se propõe a contar todos os mínimos detalhes da trama em flashbacks desnecessários e bobinhos que nos levam a pensar que ele está convencido que o público que está vendo o filme é na verdade bem idiota para entender a trama. Enfim, temos aqui uma nova versão de Gatsby que ficou pelo meio do caminho, perdido em suas pretensões. Sempre fui da opinião de que se vai adaptar um grande livro para o cinema que o faça direito! Infelizmente não é o caso desse filme.

O Grande Gatsby (The Great Gatsby, Estados Unidos, 2013) Direção: Baz Luhrmann / Roteiro: Baz Luhrmann, Craig Pearce, baseados na obra de F. Scott Fitzgerald / Elenco: Leonardo DiCaprio, Tobey Maguire, Carey Mulligan, Joel Edgerton, Steve Bisley / Sinopse: Jovem aspirante a escritor, Nick (Maguire) acaba ficando fascinado pelo figura de seu vizinho, um milionário de passado misterioso chamado Gatsby (DiCaprio). Após uma aproximação ele acaba descobrindo que o ricaço tem um passado em comum com sua prima, Daisy (Mulligan).

Pablo Aluísio.