domingo, 12 de junho de 2011

Papa Júlio II

Em uma época em que os Papas eram os monarcas mais poderosos da Europa cristã, o Papa Júlio II foi certamente um dos homens mais influentes e poderosos de seu tempo. Giuliano della Rovere era italiano, nascido na cidade de Savona. Desde jovem esteve ligado aos assuntos da Igreja Católica uma vez que era sobrinho do Papa Sisto IV. Esse parentesco lhe abriu as portas para ter acesso a uma educação primorosa, nas melhores escolas da Igreja. Muitos historiadores acreditam inclusive que Sisto queria formar e modelar um sábio para no futuro se tornar Papa. O jovem Giuliano era basicamente seu projeto pessoal em relação a isso.

Assim o futuro Papa acabou recebendo uma educação das mais completas. Quando se tornou frade resolveu seguir os passos dos franciscanos a quem especialmente admirava. Depois foi subindo na hierarquia da Igreja em Roma. Se tornou bispo na França e depois cardeal em Roma. Sabia falar várias línguas, o que o deixava em posição especial dentro da cúria, geralmente exercendo funções diplomáticas. O Papa Inocêncio VIII o tinha em grande estima pessoal. Quando Alexandre VI, um dos papas mais corruptos da história da Igreja subiu ao poder, Giuliano della Rovere se tornou um dos principais cardeais de oposição aos seus absurdos. Tão indignado ficou com Alexandre VI que inclusive chegou ao ponto de se aliar ao Rei Charles da França para que exigisse um concílio com o objetivo de investigar os abusos cometidos.

Quando Alexandre VI morreu subiu ao poder o Papa Pio III, o breve. Esse Papa vinha como um esperança de renovação contra os abusos e crimes do Papa anterior, mas morreu pouco depois, de uma séria doença incurável. Assim Giuliano della Rovere se tornou seu sucessor natural, uma vez que sempre se alinhara com a oposição ao infame Papa Bórgia, linha política essa que tinha ele e Pio III como principais representantes. Em novembro de 1503 ele finalmente subiu ao trono de Pedro, adotando o nome de Júlio II.

Uma de suas principais medidas foi enfraquecer e aniquilar os poderes que a família Bórgia (do Papa Alexandre VI) ainda tinha em Roma. Em poucos meses ele renovou os principais postos do Papado, eliminando membros fiéis aos Bórgias. No campo teológico convocou o Quinto Concílio de Latrão que evitava deter a visão apocalíptica de Joaquim de Fiore, um abade que pregava o fim do mundo ainda para aquela geração. Também nesse Concílio chegou-se ao dogma que afirmava que a alma humana era individual e imortal. Júlio II também lutou contra a criação de uma Igreja Católica de natureza estatal, sediada na França.

Outro aspecto muito lembrado de seu Papado foi seu intenso apoio aos grandes artistas da época. Considerado o verdadeiro Papa Mecenas, Júlio II contratou os serviços de gênios como Rafael e Michelangelo. Foi Júlio II quem mandou pintar o teto da capela Sistina, considerada uma das maiores obras primas artísticas de todos os tempos. Também se destacou no campo militar. Para defender os territórios papais o Papa Júlio II mandou reorganizar os exércitos do Vaticano, investindo em novas armas e equipamentos para manter as terras que historicamente eram dos Papas.

Durante todo o seu Papado manteve uma aproximação com os monarcas da França, Portugal e Espanha. Ao lado desses dois últimos Estados acabou confirmando o Tratado de Tordesilhas, que dividia as novas terras descobertas entre os dois reinos. Em fevereiro de 1513 o Papa adoeceu misteriosamente e após uma febre intensa morreu no Vaticano. Ele foi enterrado inicialmente na Basílica de São Pedro Acorrentado (onde estariam relíquias importantes, as correntes que teriam prendido São Pedro). Depois seus restos mortais foram transferidos para serem enterrados na Basílica de São Pedro no Vaticano, bem ao lado de seu tio Sisto.

Pablo Aluísio. 

sábado, 11 de junho de 2011

15 Mentiras Sobre a Igreja Católica

15 Mentiras Sobre a Igreja Católica (que os católicos estão cansados de ouvir!) - Pois então, se você é um católico ao redor do mundo provavelmente encontrará nas acusações abaixo algo que já ouviu de alguém. A igreja Católica sempre foi muito explorada em livros, filmes, séries e claro, teorias da conspiração. Geralmente fatos históricos com alguma base na realidade são distorcidos para dar credibilidade a certas mentiras que se repetem e se repetem ao longo de todos esses séculos. Algumas são mais bem elaboradas e outras beiram o ridículo. Mesmo assim se mantém no chamado senso comum, onde verdades viram mentiras e mentiras viram verdades. Vamos listar aqui as mentiras mais recorrentes que os católicos sempre precisam explicar - e que estão obviamente cansados de ouvir!

1. Católicos não são cristãos! São iluminatis! 
(Uma bobagem típica de pessoas que adoram teorias da conspiração de mera ficção)

2. Católicos idolatram Maria e os Santos!
(Não adianta explicar que o próprio catecismo da Igreja elucida essa questão. A idolatria sempre é levantada para falsas acusações contra a Igreja e seus seguidores).

3. Padres católicos viram pedófilos por causa do celibato!
(Não há qualquer relação entre uma coisa e outra. Estudos de sociologia e estatística de populações já comprovou que isso é uma tolice, mas segue sendo afirmado por aí, ano após ano)

4. Católicos idolatram o Papa!
(Essa é muito parecida com a mentira do tópico 2. Cada visita do Papa em algum país levanta esse tipo de acusação sem fundamento algum). 

5. A Igreja católica é contra a ciência!
(Alguns dos maiores cientistas da história foram católicos. O próprio Papa Francisco tem formação em química e acredita tanto na teoria da evolução como no Big Bang! A genética nasceu das observações e estudos de um frade. E esses são apenas dois exemplos. Mesmo assim essa acusação segue em frente, mesmo com a longa lista de sacerdotes católicos que também eram cientistas ao longo de todos esses séculos). 

6. Católicos não acreditam na Bíblia, mas apenas em tradições de sua história!
(Não importa que a Bíblia tenha sido montada e catalogada pelas autoridades católicas! Para muitos a Igreja simplesmente ignora o livro que ela própria ajudou a organizar! É complicado...)

7. A Igreja católica odeia gays!
(O Papa Francisco já deu inúmeras declarações de que os gays são bem-vindos na Igreja pois o catolicismo ama o pecador, embora não vá acolher o pecado! Mesmo assim a velha acusação retorna de tempos em tempos). 

8. Católicos pecam muito pois sabem que serão perdoados em suas confissões!
(Não se dão ao trabalho de ler o catolicismo católico. Nunca abriram suas páginas pois isso espalham esse tipo de bobagem! Além disso em que pesquisas se apoiam para dizer que católicos pecam mais? Eu digo: em nenhuma!)

9. A Igreja católica é a instituição mais rica do mundo e tem mais ouro que todas as nações juntas! (A velha acusação de que o Papa se senta numa cadeira de ouro maciço, que as paredes de todo o Vaticano são feitas de puro ouro, que as reservas de ouro da Igreja Católica são maiores do que a da Europa e Estados Unidos juntos! Gente, pelo amor de Deus.. Quanta bobagem!)

10. Católicos acreditam que podem comprar sua ida ao céu, comprando indulgências!
(Uma mentira que distorce uma realidade atual. No passado, quando havia corrupção dentro do clero católico realmente houve a existência das famigeradas indulgências - mas isso, convenhamos, foi há 600, 500 anos atrás! Atualmente não se vê nada parecido dentro da Igreja... A roda da história girou e a Igreja superou essa mancha do passado!)

11. A Igreja católica matou milhões de pessoas na inquisição!
(A inquisição, tanto católica como protestante, foi realmente um dos maiores erros históricos do cristianismo de modo em geral. Porém os números são exagerados. A Igreja Católica e a Protestante não mataram milhões como se afirma por aí. A inquisição espanhola, por exemplo, segundo alguns historiadores matou menos do que 500 pessoas em cinco séculos de existência. Claro que isso não exime o erro que foi cometido, mas demonstra que o número de mortes foi muito abaixo do que os tais milhões que dizem tanto!). 

12. A Igreja católica mudou a Bíblia para esconder verdades históricas perigosas, como o casamento de Jesus e Maria Madalena! (Essa acusação é relativamente recente e ganhou impulso com o sucesso de "O Código DaVinci. O problema é que as pessoas esquecem que esse é um romance de pura ficção e não realidade histórica. O engano porém persiste...)

13. A Igreja católica foi fundada pelo imperador Constantino para controlar todo o mundo!
(Quando o Imperador Constantino resolveu oficializar o cristianismo do império praticamente todo o povo romano já havia se convertido ao evangelho. Não havia outra coisa a se fazer! Assim dizer que Constantino criou a Igreja é uma bobagem histórica. Ele apenas se rendeu a ela!)

14. A Igreja católica odeia mulheres
(Pesquisas demonstram que tanto o clero como o rebanho católico é formado majoritariamente por mulheres! Sem elas a Igreja Católica sequer existiria! É uma acusação falsa que muitas vezes partem de grupos feministas pró-aborto!)

15. A Igreja católica sabe da existência de vida extraterrestre há muitos séculos, mas esconde isso do mundo. (Essa é uma das mais divertidas. Dizem até que a Igreja Católica mantém um disco voador intacto em seus arquivos secretos! Convenhamos, é muita tolice...)

Pablo Aluísio.

A Igreja Católica na China

É sabido que ano após ano cresce o número de católicos no Oriente. As Filipinas são um dos países mais católicos do mundo. Na Coreia do Sul a presença católica tem sido esmagadora nos últimos anos a ponto do Papa Francisco realizar uma inédita visita ao país (que se tornou um grande sucesso, considerado o maior evento religioso da história daquele país). Até mesmo no Japão, com sua cultura milenar, o número de católicos só faz aumentar.

E então há o caso da China. Recentemente uma reportagem da BBC demonstrou que a China é um dos países que mais produzem bíblias no mundo. A cada minuto um novo exemplar é confeccionado. O mais curioso é que essas bíblias não são produzidas para a venda ao exterior, mas para consumo interno, pela própria população chinesa, em sua língua. Acontece que a China como todos sabemos é um país comunista que não incentiva a religião. Já foi pior, o Estado socialista proibia a prática de qualquer religião, mas hoje o regime tem sido muito mais tolerante.

Estima-se em milhões o número de chineses católicos. Muitos professam sua fé de forma praticamente clandestina. O país rompeu relações com o Vaticano em 1951, mas nos últimos anos vários encontros diplomáticos envolvendo membros do governo chinês e da Igreja Católica têm se tornado comum. O Papa Francisco tem feito muitos esforços para que Pequim reconsidere completamente sua posição em relação à Igreja Católica, reconhecendo de fato algo que é muito simples de verificar dentro da sociedade chinesa: o aumento da fé católica entre sua população.

Infelizmente há certos setores no governo chinês que são contra a abertura de uma intensa tolerância religiosa no país. Para sobreviver muitos católicos chineses começaram a fazer parte de uma entidade chamada "Associação Patriótica Católica Chinesa" que não tem laços oficiais muito fortes com o Vaticano. Para o Papa Francisco é importante superar todos esses problemas históricos. Do outro lado, dentro do próprio Vaticano, há grupos que não acham que seriam uma boa ideia a formação de uma aliança com um governo ditatorial e violador dos direitos humanos como o da China. Seria complicado do ponto de vista diplomático.

A Igreja Católica também se opõe fortemente a práticas incentivadas pelo regime de Pequim como o aborto, a política do filho único e da aplicação da pena de morte contra os inimigos do Estado. Parece haver divergências demais entre o Vaticano e Pequim. Diante do impasse que até agora soa sem solução a curto prazo os católicos chineses seguem praticando sua fé, sem se abalarem. Para alguns estudiosos em breve a China poderá ter mais de cem milhões de católicos - um número realmente impossível de ignorar. Mais cedo ou mais tarde o governo comunista de Pequim terá que reconhecer que a fé católica existe e é muito presente dentro da China. A roda da história se fará ouvir novamente.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Jesus e os dias no deserto

Hoje vou deixar aqui uma dica de filme para os leitores do blog. A produção em questão se chama "Últimos Dias no Deserto". Como bem sabemos o evangelho nos informa que Jesus foi para o deserto por 40 dias e 40 noites para jejuar e orar a Deus. Ele estava prestes a iniciar sua missão e por isso procurou resguardar um tempo de isolamento e oração antes de iniciar sua jornada. Foi acima de tudo uma busca espiritual em torno de si mesmo. Um momento de auto conhecimento de Jesus. Uma viagem existencial e espiritual.

No deserto Jesus sofreu tentações do diabo. Ele tentou quebrar seu espírito, oferecendo riquezas materiais em troca de adoração. "Se você se prostrar perante mim, terá todos os reinos e riquezas do mundo!" - teria proposto o anjo caído. Jesus porém venceu as tentações e partiu para seu destino divino. No filme vemos um enredo meramente ficcional em parte. Isso porque a Bíblia não entra em tantos detalhes como nos é mostrado no filme. No roteiro Jesus encontra uma família no meio do deserto e tenta ajudá-la (sendo que essa parte do roteiro não existe no evangelho, servindo como uma licença poética e de finalidade dramática).


A família que Jesus encontra tem muitos problemas de relacionamento. O filho quer ir embora para Jerusalém. Ele não quer seguir os passos do pai que vive como pedreiro nas areias do deserto. O pai é um sujeito durão, que não aceita que suas ordens sejam questionadas. Nisso se cria o conflito entre pai e filho. Para piorar ainda mais a mãe está morrendo. Ela passa os dias dentro da pequena tenda de peles que eles mantém no alto das montanhas. Satã então desafia Jesus a resolver aquele conflito familiar. E isso não é só. A todo tempo o diabo tenta Jesus, sussurrando coisas em seu ouvido, fazendo com que ele comece a duvidar de si mesmo, de sua capacidade de fazer jus ao seu papel de Messias. O roteiro porém acerta ao mostrar que Jesus não aceitaria desafios por parte do demônio. Afinal sendo Jesus o próprio Deus encarnado na Terra, não faria sentido algo desse tipo.

Olha, teologicamente falando o roteiro apresenta alguns problemas, isso é verdade. Nada disso porém desmerece o filme que é por demais interessante, principalmente indicado aos cristãos. O Jesus (interpretado pelo excelente ator Ewan McGregor) é muito humano, muito humilde, sempre pronto a ajudar. O filme tem uma fotografia lindíssima, pois o deserto, com sua imensidão vazia tem também sua beleza natural. Por fim podemos ao menos tentar imaginar o que sentiu e o que passou o Jesus da história quando resolveu jejuar em um deserto escaldante, sem nenhuma alma viva por perto. Foi certamente um dos momentos mais importantes no fortalecimento de sua fé que a partir dai seria completamente inabalável.

Pablo Aluísio.

Cavaleiros Templários

Fazer parte da Ordem do Templo, dos cavaleiros templários, era uma grande honra para o homem medieval. Eles eram monges católicos que serviam a uma ordem militar de proteção aos cristãos e também de luta contra as hordas muçulmanas que investiam contra os países católicos da Europa. Essa ordem, a dos cavaleiros templários, foi certamente a maior, a mais bem organizada e a mais famosa dos tempos medievais.

Não era fácil ser um cavaleiro templário. A ordem tinha regras rígidas, tanto de comportamento na vida pessoal como também de treinamento e disciplina. Qualquer quebra nessas regras - chamadas de normas da ordem dos cavaleiros templários - traziam para o infrator várias punições. A mais grave delas era a expulsão, muitas vezes seguida da excomungação. Durante muitos séculos historiadores procuraram e pesquisaram em antigos documentos se havia punição de morte dentro da ordem, mas nada até hoje foi encontrado. Com isso a hierarquia e a disciplina dos templários não chegavam ao ponto de dar direito aos superiores de tirarem a vida dos cavaleiros.

Os cavaleiros faziam juramentos quando eram nomeados cavaleiros e a partir dai ficavam sob as ordens dos reis e superiores a quem era submetidos. Isso porém não suplantava as ordens do Papa. O Papa em Roma era o superior hierárquico máximo da ordem, seu comandante em chefe. Assim que entravam na ordem os cavaleiros eram submetidos a um juramento em latim. Desse juramento constava que eles iriam inicialmente servir como monges militares durante cinco anos, defendendo a Igreja e a mensagem de Jesus Cristo, o Senhor, em toda a Terra.

Seus únicos bens pessoais eram suas armas, seu escudo, sua armadura, seu cavalo e a roupa do corpo. Eles deveriam ser preparados para lutar em terras distantes, sob o sol escaldante ou sob frio intenso, nos alpes e montanhas geladas ou nos desertos do Oriente Médio. Para muitos historiadores os templários representaram o que havia de melhor entre guerreiros da Idade Média. Eram disciplinados, bem treinados, extremamente empenhados e com a moral do campo de batalha apoiada em uma fé inabalável.  Certamente era o lutador perfeito para uma época especialmente brutal e violenta na história da humanidade.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Papa Pio VII

Quando Dom Pedro I subiu em seu cavalo e gritou "Independência ou Morte", declarando assim a separação de Brasil e Portugal, quem estava sentado no trono de São Pedro era o italiano Barnaba Niccolò Maria Luigi Chiaramonti, que subiu ao papado com o nome de Pio VII. Esse Papa, que foi monge beneditino, foi uma das figuras históricas mais importantes da Igreja Católica porque teve seu pontificado em um dos períodos mais nebulosos da história europeia.

Durante seu pontificado subiu ao poder na França um jovem general chamado Napoleão Bonaparte. Ele era fruto da revolução francesa. Com a deposição e morte dos reis franceses o povo pensou ter se libertado da opressão e da tirania dos reis absolutistas. Durante a revolução o clero também foi acusado de ter participado dos reinados desses reis despóticos e cruéis e por essa razão a Igreja e seus membros foram perseguidos durante aqueles anos de revolução e sangue. O problema é que a própria revolução acabou se tornando ainda mais sangrenta do que o período da realeza. O chamado "Terror" matou milhões de franceses na guilhotina. Muitos padres, bispos e membros da igreja francesa foram mortos, sem julgamentos, em execuções sumárias absurdas. Outros foram torturados, tendo os bens da igreja confiscados pelo poder revolucionário.

No meio do caos subiu ao poder Napoleão. Um militar ganancioso, tão absolutista quanto tinham sido os reis da dinastia Bourbon. Napoleão Bonaparte não tinha qualquer respeito para com a Igreja e o Papado. Na verdade tentou em vão subjugar Pio VII, tentando forçar e forjar seu apoio para suas guerras de conquistas (as chamadas guerras napoleônicas). Com a recusa do santo padre o ditador militar resolveu despachar suas tropas para destruir a sede da Igreja em Roma. Em poucos momentos da história o Papado esteve em tamanho perigo como naqueles anos turbulentos. Seguindo as ordens de Napoleão os Estados que pertenciam à Igreja foram confiscados pela França e o próprio Papa preso em prisões situadas longe de Roma, em território francês. Napoleão queria exterminar o catolicismo da Europa pois esse havia se tornado um empecilho perigoso aos seus planos de dominar todo o mundo ocidental conhecido.

Inglaterra, Prússia e Rússia se aliaram e depois de muito sangue derramado conseguiram destruir Napoleão e seus exércitos. Somente após essas guerras é que finalmente Pio VII conseguiu retornar para Roma. Ele encontrou igrejas saqueadas, membros do clero mortos e muito medo entre os católicos, que apesar da perseguição por parte de Napoleão continuaram firmes na fé. Uma das primeiras medidas de Pio VII de volta a Roma foi autorizar a criação da Companhia de Jesus - um grupo de religiosos determinados a seguirem uma disciplina dura, praticamente militar, para expandir a evangelização dos povos, principalmente no chamado novo mundo (onde estavam as colônias americanas mais importantes).

Pio VII esteve no poder por 23 anos. Seu pontificado foi um dos mais cruciais da história da Igreja Católica em seus dois mil anos de existência. Para muitos na época ele seria o último Papa, isso por causa da revolução francesa e a da perseguição violenta que Napoleão Bonaparte promoveu contra religiosos e membros do clero em seu país e nas nações dominadas. Isso porém não aconteceu. O Papa Pio VII conseguiu sobreviver a todas as perseguições e a todos os violentos inimigos que queriam a destruição da igreja. Assim rompeu as amarras da tirania para retornar para Roma onde após sua morte foi eleito o Papa Leão XII, seu sucessor (que muitos diziam não iria existir). Cumpria-se assim mais uma vez a profecia que o próprio Jesus Cristo havia feito sobre sua Igreja, pois as portas do inferno novamente não tinham conseguido destruir a Igreja Católica. Ela seguia em frente, firme e forte para os novos tempos.

Pablo Aluísio.

Madre Teresa de Calcutá

O nome de Madre Teresa de Calcutá foi escrito no livro dos santos da Igreja Católica no dia de hoje. O Papa Francisco abriu um precedente interessante em sua santificação, deixando que seu nome continuasse a ser apenas Madre Teresa de Calcutá, sem a denominação santa. Para os mais velhos sua figura é bem conhecida, por causa de suas atividades de ajuda aos mais pobres. Porém os mais jovens ainda desconhecem a grande obra de caridade que ela promoveu ao longo de sua vida.

Assim fica a pergunta: Quem foi Madre Teresa de Calcutá? Ela foi uma religiosa católica, nascida na Albânia (em uma cidade que hoje faz parte da Macedônia). Anos depois acabou se naturalizando indiana. Aos 18 anos de idade sua vocação aflorou e ela resolveu entrar para a ordem de Nossa Senhora da Lorena, na Irlanda, onde vivia. Depois de ser ordenada foi enviada para a missão católica da Índia, para trabalhar ao lado de um dos povos mais pobres e desassistidos do mundo, numa das regiões como pior índice de desenvolvimento humano no planeta.

Ela começou sua atividade pastoral na Índia como professora de um centro infantil, ensinado crianças a ler e escrever. A situação porém era tão grave que ela logo foi designada para trabalhar no lar dos moribundos, um lugar administrado pela Igreja Católica que tinha como objetivo ajudar pessoas carentes, doentes e em situações de risco. Lá Madre Teresa começou a cuidar de crianças abandonadas, com AIDS, doenças contagiosas e todos os tipos de excluídos da sociedade. Em 1965 esse grupo de religiosas, aos quais Madre Teresa fazia parte, foi denominado e reconhecido pela Igreja como a Congregação Missionárias da Caridade. Seu exemplo missionário também começou a ser implantado em diversas nações pelo mundo afora, sempre com esse objetivo: ajudar a todos aqueles que não tinham nada e nem a quem recorrer.

O grande exemplo de ajuda ao próximo veio em 1979 quando Madre Teresa de Calcutá foi premiada com o Prêmio Nobel da Paz. Ela usou o prestigio que o prêmio lhe trouxe para incentivar grupos e pessoas ricas ao redor do mundo para que doassem bens e dinheiro para ser usado em sua obra de caridade nas diversas cidades onde a sua congregação Missionária atuava. Essa sua personalidade cativante, de fibra, ativista e atuante, trouxe muitos benefícios para centenas de milhares de pobres que eram assistidos pelas irmãs da caridade.

Madre Teresa tinha consciência da força da mídia e a utilizou em prol das pessoas carentes. Ficou muito próxima de celebridades internacionais, entre elas a Princesa Diana, que ajudou bastante na arrecadação de fundos para as obras de caridade de Madre Teresa. E foi justamente quando trabalhava em um programa de homenagem à memória de Diana, que Madre Teresa veio a falecer de uma parada cardíaca. Era 5 de setembro de 1997. Madre Teresa se foi, mas seu exemplo de vida e ajuda aos mais pobres ficou como prova de sua inquestionável santidade na Terra.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Helena - Flavia Iulia Helena

Flavia Iulia Helena era filha de uma modesta família da Ásia Menor, onde hoje se localiza a Turquia. Apesar de sua origem plebeia sua vida mudou quando conheceu o general e político romano Constâncio Cloro. Ele se encontrava naquela província em função de sua posição dentro do império romano. Com Helena teve um filho a que chamou Constantino, que se tornaria o futuro imperador de Roma. Os historiadores ainda debatem se Helena foi ou não casada com Constâncio, uma vez que seu relacionamento logo chegou ao fim pois ele se casou com a filha do imperador Maximiano, deixando Helena para trás. 

Provavelmente sua origem em uma família modesta seja fruto desse acontecimento. Para Constâncio era mais proveitoso se casar com uma mulher influente dentro do império. O tempo porém passou, Constâncio morreu e seu filho com Helena se tornou o único imperador. Constantino atribuiu sua vitória a um acontecimento de ordem sobrenatural. Enquanto marchava para vencer as tropas inimigas ele viu uma cruz no céu. Uma voz divina então lhe disse "Com esse símbolo vencerás". Constantino então mandou seus soldados pintarem o símbolo da cruz em seus escudos e acabou se tornando vencedor da guerra pelo trono de Roma. Tal como havia sido profetizado.

O imperador Constantino foi figura central nos primeiros anos do Cristianismo porque ele iria tornar essa a religião oficial do Império. Sua mãe Helena também foi uma figura extremamente importante. Ela se tornou uma devota cristã e já envelhecida, aos 80 anos de idade, resolveu viajar até Jerusalém em busca dos locais sagrados e de relíquias envolvendo a história de Jesus Cristo. Na Terra Santa ela localizou o lugar onde Jesus foi crucificado e mandou erguer uma grande igreja no lugar. Também localizou vários outros lugares importantes para o cristianismo, mandando construir templos nos mesmos lugares onde os eventos descritos no evangelho aconteceram. 

Mais do que localizar os pontos mais importantes da história do cristianismo em seus primeiros séculos, Helena também conseguiu achar a cruz que foi usada na crucificação de Jesus. Ela havia sido escondida pelos primeiros cristãos em uma velha pedreira usada por judeus e romanos no século I. Foi uma descoberta histórica. Helena então mandou levar tudo para Roma. Ainda hoje o "títulus", a inscrição que Pôncio Pilatos mandou escrever para colocar acima da cruz que dizia "Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus", ainda se encontra em uma igreja católica romana que foi erguida onde se localizava o antigo palácio de Helena na cidade. Dois anos após essa viagem histórica, extremamente importante para o cristianismo, Helena morreu em Roma, feliz por ter encontrado tantos lugares e relíquias sagradas da vida de Jesus Cristo em Jerusalém. 

Pablo Aluísio.