quinta-feira, 10 de março de 2011

Arquivos do Vaticano - Edição V

Arquivos do Vaticano
Segue a seguir uma série de textos de natureza religiosa que escrevi para o blog Catolicismo em Maria. Os textos estão resgatados com a finalidade de arquivo pessoal de meus escritos.

Papa Francisco, O Jesuíta
Ainda é muito cedo para que o Papa Francisco ganhe um grande filme sobre sua vida, até mesmo porque seu pontificado ainda está acontecendo. Há muito ainda por vir. De qualquer maneira ele já se firmou como um dos Papas mais populares e carismáticos dos últimos tempos. Um líder religioso grandioso no mais estrito sentido da palavra. No canal The History Channel começou a ser exibida uma nova série intitulada "Francisco, O Jesuíta". É uma produção do canal Telemundo que tenta contar a rica biografia de Jorge Mario Bergoglio desde os tempos de sua infância em Buenos Aires, na Argentina, até os dias de hoje. Nos dois primeiros episódios já temos uma ideia de como o roteiro da série se estrutura. Há sempre duas linhas narrativas sendo contadas, uma no passado e outra no presente, já com Bergoglio surgindo como o Papa Francisco. Além disso a vida de Francisco encenada por atores é sempre interrompida por excelentes depoimentos de autores, vaticanistas e até mesmo pessoas que viveram ao lado do Papa. O roteiro foi baseado no excelente Best Seller “El Jesuita” escrito pelos jornalistas Sergio Rubin e Francesca Ambrogetti.

No primeiro episódio Jorge Mario Bergoglio é eleito Papa. As cenas mostradas da euforia na Praça de São Pedro são reais. Até me recordei desse dia quando todas as emissoras do mundo entraram no ar de forma simultânea para saber quem iria assumir o trono de Pedro, o pescador. Uma coisa que chama a atenção é que a imagem real de Francisco sempre é preservada na série. Ele nunca surge nas imagens reais e sempre é substituído pelo ator que o interpreta (que devo dizer se parece mais com Pio XII do que com o próprio Francisco). Depois que ele é ovacionado por uma multidão a série volta no tempo e encontramos Mario como apenas um garotinho que gostava de voltar da escola para jogar futebol ao lado dos amiguinhos numa praça pública perto de sua casa. Desde aqueles anos remotos ele já era um torcedor apaixonado do San Lorenzo.

Ele é um jovem normal, como tantos outros de sua idade, mas se destaca por ter uma personalidade bondosa e religiosa, algo que teria herdado de sua avó, uma mulher muito católica. Bergoglio também se apaixona por uma garota de sua idade e lhe escreve um bilhete confessando seu amor por ela dizendo: "Se eu não me casar com você, vou me tomar padre" - uma promessa que ele cumpriria anos depois. Enquanto o espectador vai sendo apresentado para o passado de Francisco ele também vai acompanhando os primeiros desafios do novo Papa como os problemas envolvendo o Banco do Vaticano, a resistência da ala conservadora da Cúria Romana e o desgaste natural de um grande humanista que tenta suavizar certos dogmas da doutrina católica, como o tratamento dado a divorciados e homossexuais.

Outro ponto da biografia de Jorge Mario Bergoglio que é tratada com extrema elegância, sensatez e bom gosto se refere aos problemas que ele enfrentou durante o regime militar argentino. Como chefe dos Jesuítas em Buenos Aires ele tentou de todas as formas ajudar as mães que tiveram seus filhos desaparecidos e torturados pelo regime militar. Também é mostrado o drama que viveu ao saber que dois de seus jesuítas tinham sido levados pela repressão durante a madrugada. Embora a produção de "Francisco, O Jesuíta" não seja tão rica e impressionante, seu roteiro compensa bastante, mostrando a vida do nosso querido Papa de uma forma honesta, equilibrada e com muita honestidade. Recomendo aos católicos e aos cristãos em geral a série. É uma maneira muito interessante e até mesmo didática de conhecer aspectos biográficos de um dos homens mais importantes e fascinantes de nosso tempo.

Papa Francisco no México - Essa semana a visita do Papa Francisco no México se tornou um dos assuntos mais comentados pela imprensa mundial. O Papa foi até o México levar sua palavra e seu conforto espiritual para uma nação com sérios problemas sociais. O México hoje ostenta os piores índices do mundo em termos de violência urbana. As cidades mexicanas lideram rankings que listam os lugares mais violentos do mundo (onde infelizmente o Brasil também ocupa lugar de destaque, inclusive com várias capitais do nordeste entre elas). O narcotráfico recruta uma juventude sem emprego, sem trabalho e sem futuro. Muitos jovens morrem antes mesmo de completar 20 anos de idade. Perdem a vida na guerra entre gangues rivais ou então mortos pela polícia. A violência contra a mulher é uma realidade triste de presenciar e a corrupção avança nos altos cargos públicos. Enfim, um caos!

O México já vinha preocupando a Igreja Católica há tempos. No país explodiu uma espécie de culto satânico que venera uma entidade chamada "Santa Muerte", considerada a padroeira dos traficantes de drogas e bandidos. Seu culto cresceu muito nos últimos anos o que levou alguns a afirmarem que o Vaticano teria há poucas semanas realizado um grande exorcismo coletivo a portas fechadas da principal catedral do país. Tudo com o objetivo de expulsar a presença de entidades do mal no país inteiro.

O Papa Francisco porém só encontrou muita alegria e acolhimento do povo mexicano. Estádios lotados e ruas apimentadas de pessoas foram visões constantes na presença papal no México. Por onde passou Francisco encontrou muito carinho e afeto, mas também um pouco de tumulto, em vista do grande número de pessoas que se acotovelavam para vê-lo. Em um episódio extremamente explorado pela imprensa o Papa precisou de muito jogo de cintura para não cair quando foi puxado por um fiel mais empolgado. Francisco quase caiu por cima de um cadeirante, o que o levou a dar um puxão de orelhas nas pessoas dizendo: "Calma, não sejam egoístas"! Algo perfeitamente normal para um homem tão querido pelas massas.

Em termos de mensagens o Papa reforçou seu recado social afirmando que o país deve se esforçar para criar oportunidades para os mais jovens, para que eles trabalhem pelo bem do país, não precisando imigrar para os Estados Unidos onde geralmente sofrem todos os tipos de discriminação. O mexicano teve encontrar meios para sua vida no próprio México, segundo Francisco. Outro problema que acabou invadindo a pauta do Papa Francisco foi o problema do Zika Vírus que já avança em diversas partes do mundo. Para o Papa Francisco o Aborto de crianças com microcefalia é um grande erro e um pecado mortal. Para o Papa o momento é de se evitar gravidez. Planejamento familiar sim, aborto não!

Papa Francisco na África - Há poucos dias o Papa Francisco realizou uma de suas mais expressivas e significativas viagens internacionais. Ele esteve na África, visitando países com graves problemas políticos e sociais como República Centro-Africana, Quênia e Uganda. Essas nações sofrem com guerras civis, conflitos religiosos, pobreza, fome e desigualdades sociais. Desde que deixaram de ser colônias de países ricos da Europa jamais conseguiram se levantar adequadamente. A independência de muitos deles inclusive deu origem a inúmeros problemas, inclusive violentas guerras de grupos rivais pelo poder absoluto. Também sofreram com ditaduras sanguinárias de líderes que subiram ao poder através da força das armas.

Como se não fosse o bastante ainda há o problema da AIDS que assola populações inteiras. Para muitos observadores a África seria o continente esquecido por Deus. Não para Francisco que fez questão de visitar esses países pobres justamente para chamar a atenção dos países ricos para seus problemas. Na República Centro-Africana houve um reforço de segurança para o Papa Francisco uma vez que o país possui uma ativa guerrilha islâmica, notabilizada pelos inúmeros ataques terroristas que promovem contra pessoas inocentes em lugares públicos. Mesmo aconselhado a não ir nessas regiões destruídas o Papa Francisco fez questão de marcar presença para levar a misericórdia do evangelho para essas pessoas desprovidas de praticamente tudo.

Sobre esse problema que envolve fanatismo religioso como suporte para a morte de pessoas o Papa Francisco foi enfático dizendo que nenhum ato violento pode ser justificado pela religião. Também pregou a união dos povos, religiões e culturas. Sobre o Islã o Papa declarou: "Cristãos e muçulmanos devem se tratar como irmãos. Somos irmãos. Temos que nos comportar como tais". Outro fato que chamou a atenção da passagem pelo Papa no continente africano foi sua preferência por visitar os lugares mais pobres e miseráveis. O Papa Francisco fez questão de levar seu Papa Móvel a uma das maiores favelas de Uganda, onde a falta de estrutura, esgoto a céu aberto e casebres de madeira chamaram a atenção do mundo. Francisco queria justamente isso, que a mídia internacional finalmente enxergasse aquela triste realidade.

No avião de volta a Roma o Papa foi perguntado sobre a questão da camisinha, a posição da Igreja, principalmente frente a uma epidemia da doença em países africanos. Francisco deixou claro que essa era de fato uma questão muito polêmica, controvertida e que merecia grande reflexão de todos. A situação dos países africanos parece nunca mudar. Estão sempre com graves problemas a enfrentar. O Papa Francisco chamou a atenção para que o ocidente rico e desenvolvido seja mais presente naquela parte do mundo esquecida por todos. Muitos jornalistas inclusive lembraram que as únicas instituições presentes nas regiões mais miseráveis do continente africano eram justamente a Igreja Católica e os Médicos Sem Fronteiras. Não é por outra razão que o catolicismo cresce a cada dia no continente africano. A solidariedade além de ajudar aos mais pobres também os converte para a graça e o evangelho de Deus.

Papa Francisco aconselha Padres no Vaticano - Ontem o Papa Francisco recebeu mais de mil sacerdotes no Vaticano. Eles serão enviados aos quatro cantos do mundo para levar a palavra do evangelho ao mesmo tempo em que receberão confissões dos fiéis, algo de extrema importância na visa do Papa. Na ocasião Francisco reforçou o apelo para que os padres não se tornem rígidos ou severos demais no momento da confissão. "Não podemos correr o risco de que um penitente não perceba a presença materna da Igreja que o acolhe e o ama. Se tiver essa percepção, por causa de nossa rigidez, seria um prejuízo grave em primeiro lugar à própria fé. Além disso, limitaria muito seu sentimento de comunidade. Nós estamos chamados a ser expressão viva da Igreja, que como mãe acolhe a qualquer um que se apoia nela" - ressaltou o Papa.

Continuando a explicar seu ponto de vista, o Papa Francisco citou um exemplo para que todos pudessem entender o que ele queria passar com sua mensagem, ao dizer: ""Diziam: 'Fui uma vez, mas o padre me repreendeu, e me fez perguntas um pouco obscuras, de curiosidade'. Por favor, esse não é um bom pastor, é um juiz, Gosto de dizer: 'Confessor, se não sentes que é padre, não vale a confissão, é melhor que faça outra coisa'. Porque se pode fazer muito mal a uma alma se não for amparada com coração de mãe, com o coração da mãe Igreja. Qualquer que seja o pecado que seja confessado, cada missionário está chamado a lembrar sua própria existência de pecador e a se oferecer humildemente como 'canal' de misericórdia de Deus"

Depois o Papa Francisco completou seu pensamento ao dizer: "Não estamos chamados a julgar com sentido de superioridade, como se nós fôssemos imunes ao pecado. Ser confessor representa cobrir o pecador com a manta da misericórdia para que não se envergonhe e recupere a alegria de sua dignidade filial. Não é com a maçã do julgamento que se recupera à ovelha desgarrada do rebanho, mas com a santidade de vida, que é princípio de renovação e de reforma da Igreja. Não é fácil se colocar diante de outro homem, ainda mais sabendo que representa Deus, e confessar o próprio pecado. Sente-se vergonha tanto pelo que fez como por ter de confessá-lo a outro homem. A vergonha é um sentimento íntimo que incide na vida pessoal e exige do confessor uma atitude de respeito e ânimo!"

O Papa e as crianças - Como foi amplamente noticiado pelos órgãos de imprensa no mundo todo a ONU (Organização das Nações Unidas) soltou uma recomendação em que se posicionava a favor da legalização do aborto nos casos de mulheres que estivessem grávidas de filhos com microcefalia causada pela recente epidemia do Zika Vírus. Uma recomendação completamente lamentável que nos faz lembrar até mesmo o programa de Eugenia do Estado Nazista onde era determinado que fetos com problemas mentais e físicos deveriam ser abortados pois não teriam direito à vida.

A Igreja Católica já se posicionou contra o que recomenda a ONU. A Igreja jamais vai chanceler um programa em larga escala de abortos de crianças com problemas mentais ou físicos. Isso é um completo descalabro - além de ser de uma crueldade atroz e injustificada. Com o aborto a criança e o feto serão duplamente penalizados, não apenas pela própria doença que carregam como também pela mais grave pena que se possa aplicar em um ser humano: a pena de morte!

A Igreja Católica sempre estará a favor da vida e não da morte! Jesus Cristo veio ao mundo para trazer uma mensagem de vida eterna e não de morte! Aqueles que ficam defendendo algo tão horrível e tenebroso se colocam a favor da morte de deficientes físicos e mentais, os punindo com a pena capital apenas por serem pessoas que no futuro terão que precisar de necessidades especiais. Poderia haver algo mais tenebroso do que isso? Quero deixar assim meus mais sinceros aplausos para a posição da cúpula da Igreja Católica. Esse é o tipo de postura corajosa que me faz ter orgulho de ser católico! As crianças atingidas pela microcefalia merecem viver, merecem a existência terrena. Elas não podem ser condenadas sumariamente, perdendo algo que lhes foi dado por Deus, a Vida! Diga sim a vida, sempre!

O Papa Francisco e o Terrorismo - O Papa Francisco se pronunciou sobre os terríveis ataques terroristas que foram feitos em Paris na última sexta-feira 13. Para Francisco usar o nome de Deus para justificar a violência e o assassinato de pessoas inocentes é blasfêmia! O Papa Francisco declarou: "Essa barbaridade que foi cometida em Paris nos deixam chocados e espantados. É momento de perguntarmos a nós mesmos como o coração humano pode planejar e realizar atos tão terríveis?" Os ataques em Paris foram realizados por três equipes diferentes de terroristas ligados ao Estado Islâmico. No total 129 pessoas perderam suas vidas e mais de 350 ficaram gravemente feridas. Os alvos dos jihadistas foram cafés e restaurantes da capital francesa, além de um show de rock no conhecido Bataclan e o estádio de futebol onde naquele momento era disputada uma partida entre as seleções da França e da Alemanha.

O Papa Francisco classificou os atos terroristas como uma "afronta inominável à dignidade da pessoa humana". Ainda pensativo afirmou: "O caminho da violência e do ódio não resolvem os problemas da humanidade. Esse certamente não é o caminho". O Papa Francisco aproveitou a oportunidade na Praça de São Pedro no Vaticano para pedir um minuto de silêncio pelas pessoas que foram mortas. Depois convidou a todos os milhares de presentes no local a recitar uma Ave-Maria em nome dos falecidos. O Papa Francisco ainda salientou dizendo: "Que a Virgem Maria, Mãe da Misericórdia, coloque nos corações de todos nós, pensamentos de sabedoria e propostas em busca da paz. Vamos pedir para Maria que ela proteja e guarde sem segurança a querida nação francesa, a primeira nação a ser filha da igreja, da Europa e do mundo inteiro. Confiamos à misericórdia de Deus as almas das vítimas inocentes dessa tragédia".

Depois do discurso o Papa Francisco resolveu abrir o seu coração. Para a imprensa italiana declarou: "Estou muito abalado e triste! Eu não consigo entender algo assim. Esse tipo de tragédia é realmente algo muito difícil de entender. Como seres humanos podem fazer algo tão terrível?" - Deixou a pergunta no ar. Depois Francisco explicou, abrindo seus sentimentos: "É por isso que estou muito abalado e aflito. Estou orando sempre que posso para que algo assim não volte a se repetir. "Não há justificativas para essas coisas" - Disse o Papa. Depois de pensar em silêncio por alguns segundos Francisco concluiu: "Isso não é humano!".

Depois dos atentados terroristas o Estado Islâmico ameaçou novos ataques e não poupou Roma das ameaças. A política italiana intensificou a segurança em torno do Vaticano uma vez que o coração da Igreja Católica se tornou um dos principais alvos do jihadistas que consideram o cristianismo uma falsa religião que deve ser varrida da face da Terra para ser colocada em seu lugar o Islã do profeta Maomé. Para o Estado Islâmico só existe dois caminhos para o infiel cristão: ou ele aceita o Islamismo ou então será condenado à morte! O Cardeal André Vingt-Trois de Paris divulgou nota em que agradeceu as orações de todos os católicos ao redor do mundo e depois afirmou que nenhum cristão pode se permitir ser derrotado pelo ódio ou pelo pânico. Também fez questão de lembrar das vítimas de atentados realizados no mesmo dia na África e no Líbano. "Nunca devemos perder a graça de sermos pacificadores. Nunca devemos perder as nossas esperanças de paz. Devemos sempre trabalhar e lutar por justiça" - concluiu Vingt-Trois.

Papa Francisco e o Sínodo - Como foi amplamente noticiado pelos órgãos de imprensa pelo mundo todo chegou-se finalmente ao fim do Sínodo, o encontro de bispos da Igreja no Vaticano. O tema principal foi o papel da família católica no mundo atual. Discutiu-se durante vários dias sobre inúmeros temas importantes, entre eles o papel dos divorciados dentro da Igreja Católica e a posição central da doutrina em relação aos homossexuais. O Papa Francisco se alinhou em direção a uma abertura maior da doutrina, enquanto a ala conservadora pregava a preservação dos dogmas já bem estabelecidos, tanto sob o ponto de vista das escrituras como da tradição religiosa cristã.

O Papa Francisco defendeu durante o Sínodo uma abertura maior em relação aos divorciados. Uma maneira de visualizar com olhos mais modernos a questão do divórcio e das mudanças que andam ocorrendo dentro da sociedade. Também pregou pelo uso de uma linguagem mais acolhedora em relação aos gays em geral. Obviamente Francisco não defendeu o acolhimento do homossexualismo dentro da doutrina cristã, fazendo com que a prática deixasse de ser considerada um grave pecado. Apenas almejava que o texto final aprovado no Sínodo trouxesse o reconhecimento do papel dos gays dentro da sociedade moderna.

Finalmente depois de longos dias de trabalho exaustivo foram apurados os votos e contabilizadas as opiniões dos bispos de todo o mundo. O Sínodo trouxe posições mais conciliadoras, tanto em relação aos moderados liberais como em direção ao que defendiam os conservadores. Esses foram liderados pelos bispos americanos. É praxe reconhecer que a Igreja Católica Americana é uma das mais conservadoras e a mais organizada dentro do próprio Vaticano. Seus bispos e cardeais prezam muito pela doutrina e dogma mais tradicional, consolidada pelo tempo. Para os conservadores a vitória veio pela rejeição de uma linguagem mais simpática aos grupos de defesa da causa GLSBT. Nesse ponto não houve uma mudança de direção dentro da Igreja. Também não haverá qualquer tipo de apoio aos casamentos entre gays. O catolicismo continuará a condenar as práticas homossexuais, vistas como grande pecado, embora obviamente jamais deixe de acolher o pecador em suas fileiras.

Já a ala liberal, liderada em termos pelo Papa Francisco, foi agraciada por mudanças em relações aos divorciados dentro da igreja. Como se sabe os divorciados não podem receber a comunhão durante as missas, nem mesmo quando casados uma segunda vez pelo civil. Para a doutrina católica isso ainda é visto como adultério. A única forma de superar esse tipo de situação seria com a anulação do primeiro casamento. Francisco vinha há tempos lutando para simplificar esse processo o que de fato conseguiu com o Sínodo. Assim no final houve vitórias e derrotas para ambos os lados. O documento final dessa maneira revela esse espírito conciliatório entre visões e opiniões divergentes.

A Intolerância Religiosa e os Ataques Contra a Igreja Católica - É lamentável que com o aumento do número de protestantes no Brasil os ataques proferidos contra a Igreja Católica estão se multiplicando. É um absurdo. Alguns pastores fogem do razoável e afirmam coisas sem noção, sem sentido, acusando católicos de serem adoradores do diabo, idólatras, membros da falsa igreja, a grande prostituta e coisas semelhantes. Tiro algumas conclusões de tudo isso que anda acontecendo. A primeira é a de que estamos na frente de uma atitude de pura intolerância religiosa, que visa acima de tudo "desacreditar o concorrente!". Como eu afirmei antes muitas igrejas no Brasil são puro comércio e nada mais. Não é de se admirar que a Igreja Católica vire alvo na boca dessas pessoas, afinal a Igreja de Roma é encarada como mais uma "concorrente de mercado", por mais obtusa que seja essa forma de pensar. Para conseguir esse objetivo vale quase tudo, até mesmo usar de interpretações equivocadas do passado, baseadas em pura intolerância religiosa, para atacar de forma vil os católicos em geral. Afinal existe ofensa maior do que qualificar a sua religião de "A grande prostituta"? Acredito que não!

Outra coisa que me espanta é a completa falta de noção do mundo em que vivemos por parte dessas pessoas. Nos países civilizados e no Brasil impera a plena liberdade religiosa e nenhuma religião pode atacar outra de forma tão leviana. Nenhuma religião ou líder religioso tem autoridade para ofender e denegrir a religião de quem quer que seja! Não se pode promover ataques contra cultos afro-brasileiros e nem qualificar como satanistas quem não faz parte de sua Igreja. Se quisessem os líderes católicos processariam as pessoas que os acusam de "adoradores do diabo", "idólatras", "Blasfemos" e ofensas do mesmo calibre. Afinal de contas em nosso país existe lei e essa garante a liberdade religiosa. Mas sabiamente a Igreja não desce até o nível desses acusadores. Prefere ignorá-los já que o clero católico sempre foi o mais preparado do ponto de vista intelectual e teológico. No fundo acusações como as que são feitas contra a Igreja Católica são fruto de pura ignorância irrestrita de quem as proferem.

O fato é que a Igreja Católica segue em frente. É a religião com o maior números de membros, mais de 1 bilhão e 300 milhões ao redor do planeta. Alguns países como a Itália, por exemplo, possuem mais de 90% de católicos entre sua população e a religião de Roma cresce a passos largos na África e em regiões da Ásia, onde até bem pouco tempo atrás o número de cristãos ainda era bem pouco significativo. Até mesmo em países do Oriente Médio se faz presente, apesar do Islamismo. O curioso é que o avanço da Igreja Católica é fruto de sua extensa obra de caridade pois a fundação de escolas e hospitais sempre foi uma marca da caridade dessa instituição milenar fundada por Pedro pescador. Cresce também o bom senso entre a população em geral. Acusar a Igreja Católica de ser "A Grande Prostituta" já não causa os efeitos que os primeiros ofensores queriam alcançar. Ao contrário disso causa repulsa de quem ouve a ofensa, até porque basta apenas ter o mínimo de cultura e bom senso para compreender bem a importância da tolerância religiosa em nossa sociedade.

Há problemas no seio da Igreja Católica? Certamente sim. Uma instituição tão ampla e complexa não poderia passar sem enfrentar diversos problemas internos e principalmente externos. Isso porém não abre margem para esse tipo de ofensa pesada que inclusive distorce as escrituras de uma maneira absolutamente negativa e ofensiva. Por falar no Evangelho é bom salientar algo importante. Os ataques contra a Igreja já estavam previstos nas escrituras. O próprio Cristo previu isso ao afirmar que: "Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela;" (Mateus 16:18). As portas do inferno, como todos sabemos, estão abertas, mas não vão triunfar.  E a Igreja fundada por Pedro não foi outra a não ser a Igreja Católica. Está nos livros de história e nenhum historiador respeitado contesta esse fato. O movimento cristão dos primeiros anos sobreviveu aos ataques do Império Romano e do paganismo, cresceu, gerou frutos e depois se transformou nessa bela instituição que aí está. Eu voltarei a tratar sobre isso aqui no blog pois já encontrei evangélicos negando tal fato. Querem mudar até mesmo a história da humanidade? Um verdadeiro despautério. Voltarei ao tema em breve afinal os católicos de todo o mundo estão em estado de graça pois o Papa Francisco é um novo líder realmente fenomenal, carismático, humanista, um dos maiores que já surgiram nas últimas décadas. Aguardem, ainda falaremos muito da nossa querida Igreja por aqui.

A Igreja e a Pedofilia - A premiação do filme "Spotlight: Segredos Revelados" pelo Oscar trouxe novamente a questão da pedofilia dentro dos quadros da Igreja Católica. O filme narra a história dos jornalistas que descobriram um grande número de padres envolvidos com abusos de menores na cidade de Boston. Esse escândalo deu origem à grande crise que se abateu sobre a Igreja nos últimos anos envolvendo muitos de seus membros. Como um católico pode se defender das acusações de pessoas não católicas que começam a atacar nossa religião por causa desses fatos lamentáveis? Seria a Igreja Católica a grande culpada? Essa é uma questão interessante que vamos desenvolver aqui.

A primeira coisa é chamar a atenção para uma diferença crucial. Não se pode confundir as pessoas que erraram, que cometeram crimes horrendos envolvendo crianças, com a Igreja Católica em si, que é uma instituição, uma pessoa jurídica. Não confunda o erro de pessoas físicas com a pessoa jurídica do qual fazem parte. A Igreja Católica como instituição é a mesma desde os tempos de Pedro. Ao longo dos séculos muitos membros dela se desviaram, cometeram crimes, porém os crimes são pessoais, de cada um, não da Igreja como instituição milenar e religiosa. O mais alto cargo ocupado dentro da Igreja ainda é ocupado por uma pessoa física - se houve culpa foi dessa pessoa física, seja ele padre, bispo, cardeal ou o que for. Repito: a igreja como instituição (pessoa jurídica) não deve ser condenada pelos crimes cometidos por seus membros que se desviaram do caminho. Em termos de direito sequer se admite juridicamente que uma pessoa jurídica cometa crimes (salvo raras exceções, como crimes ambientais, por exemplo). Na esfera penal não existe isso de condenar uma pessoa jurídica pelos crimes pessoais cometidos por seus membros.

A igreja obviamente condena de forma incisiva e incondicional a pedofilia. Temos que reforçar essa questão: a Igreja como instituição só seria culpada se admitisse pedofilia como algo normal, dentro de suas leis canônicas, seu catecismo. Não é o caso. A igreja como pessoa jurídica não deve ser condenada por algo que alguns de seus membros fizeram. São coisas diferentes. A Igreja Católica só seria culpada se no catecismo da própria Igreja estivesse dito que "Pedofilia não é crime". Obviamente isso não existe. Chega a ser absurda essa ideia. O erro foi das pessoas que fazem parte da igreja, não da igreja como instituição. Separar é deveras importante. A Igreja católica é a pessoa jurídica (instituição). Membros pedófilos são as pessoas físicas que devem responder por seus crimes. Não confundir jamais ambas as situações, caso contrário você formará a mentalidade que o crime foi cometida pela mesma Igreja de Jesus e Pedro. Se Jesus deu a Pedro a autoridade para fundar sua igreja, como essa mesma igreja seria criminosa ao ponto de ser condenada por pedofilia, um dos crimes mais bárbaros da humanidade?

A inquisição, mortes e violência, promovidas ao longo dos séculos tanto por membros da igreja católica como por membros de igrejas protestantes, é uma questão histórica que demonstra que muitos fraquejaram, caíram em desgraça perante Deus. Muitos membros jamais fizeram parte da Igreja de coração. Estavam lá por outros motivos, muitos deles criminosos. A inquisição católica e protestante foi algo realmente brutal. Ainda assim vale o mesmo pensamento jurídico: criminosas foram as pessoas, não as igrejas das quais eles faziam parte. A Igreja é Sancta! A generalização é danosa e cheia de injustiças. Quando você condena todos os padres católicos pelos crimes de apenas alguns deles, você também terá a tendência de condenar todos os pastores, os chamando de ladrões, sendo que alguns deles são pessoas honestas e de boa índole. A generalização é crivada de ódio, é burra e injusta. Há homens e mulheres dentro da Igreja Católica que são pessoas extremamente bondosas, com muita graça de Deus em seus corações. Padres, freiras, bispos, cardeais, o próprio Papa Francisco, são seres humanos que abriram mão de grande parte de suas vidas pelo cristianismo, pela mensagem de Jesus Cristo. Colocar todos eles e a instituição de que fazem parte em apenas um balaio é algo extremamente lamentável, antiético e demoníaco. Jamais faça ou pense assim.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 9 de março de 2011

São Jorge

É um dos mais queridos santos católicos, reverenciado em inúmeros países, sendo considerado o padroeiro da Inglaterra e de Portugal. No Brasil o santo também é extremamente popular tanto que sua data (23 de abril) é celebrada em várias cidades do país, principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo. Como se isso não bastasse o santo guerreiro também é o símbolo de uma das maiores torcidas de futebol do Brasil, o Corinthians.

Mas quem foi São Jorge? Fontes históricas apontam que Jorge nasceu em 275 na cidade de Capadócia na Turquia. Bem nascido, em família rica e de prestigio político, Jorge desde cedo demonstrou grande compaixão pelos mais pobres e também vocação militar, o que fez que entrasse em uma escola militar e logo após a maioridade começasse a servir nas tropas regulares do Império Romano. No campo de batalha mostrou-se como um soldado honrado e leal, sempre próximo a ajudar o próximo. Também ficou conhecido por dar conforto espiritual a todos àqueles que se sentiam desprotegidos e com medo durante as batalhas.

Na época em que o Cristianismo era visto ainda como uma seita a se combater pelo Império, Jorge se converteu à nova fé. Pregava aos soldados e junto a eles pedia proteção a Jesus e a Deus. Na fileiras militares sempre era chamado para dar o último conforto aos que padeciam nas batalhas travadas. Diante de sua bravura acabou subindo na hierarquia militar e se tornou tribuno militar durante o alto escalão do Imperador Diocleciano. Foi justamente nessa fase de sua vida que Jorge começou a demonstrar toda a extensão de sua fé.

Assim que as perseguições religiosas promovidas por Diocleciano tiveram início, Jorge se colocou contra tais atos. Com coragem ousou enfrentar os absurdos cometidos pelo imperador romano e apesar de colocar em risco sua própria vida e toda a sua carreira militar e política ficou ao lado dos cristãos perseguidos. Essa postura surpreendeu Diocleciano que o tinha em alta estima. Em vista disso chamou Jorge até o palácio imperial e lhe ofereceu terras, dinheiro e altos cargos dentro do império caso ele negasse que fosse um cristão convertido. Para Diocleciano era de vital importância que Jorge renegasse o cristianismo para continuar a ser pagão. Além disso queria contar com o honrado militar para que ele próprio fosse atrás dos cristãos para exterminar essa nova religião que crescia cada vez mais dentro do império romano.

Jorge não aceitou o suborno, não negou a Cristo e declarou em alto e bom som para todos que era cristão e não abriria mão de sua fé. Irado pela ofensa o imperador Diocleciano então mandou executar sumariamente Jorge, que foi decolado. Assim se tornou um dos mais famosos mártires da nova fé que se espalhava por todo o império, um símbolo de luta e firmeza religiosa que não aceitava negar a Cristo em troca de fortuna, bens e riqueza material. Lutou e combateu até o fim de seus dias, por isso de forma mais do que merecida se tornou Santo Católico de grande devoção!

Em sua imagem símbolo Jorge aparece lutando contra o dragão que representa a luta pela religião cristã contra os detratores da fé religiosa em Cristo em todo o mundo e em todas as épocas. Como se tornou muito querido pelos cristãos de todas as partes do planeta, Jorge também virou personagem de contos e lendas medievais, principalmente na Inglaterra, onde até hoje é celebrado dentro da liturgia da Igreja Anglicana. Já dentro da tradição das religiões afro-brasileiras São Jorge é associado a Ogum e a Oxossi, entidades guerreiras do mundo espiritual. Dentro do catolicismo virou santo ainda nos primórdios da Igreja Católica, sob influência do Imperador Constantino, que sempre pedia sua proteção antes de entrar em uma grande batalha nas fronteiras do Império Romano.

Pablo Aluísio.

Papa Clemente VIII

Advogado de formação, homem disciplinador e duro, o italiano Ippolito Aldobrandini se tornou Papa em 1592. Era uma época perigosa para ser Papa, principalmente por causa das inúmeras conspirações que eram planejadas pelos corredores do Vaticano. Mesmo assim conseguiu ficar por 13 longos anos no trono de São Pedro. Na política externa o Papa procurou costurar a paz entre os principais Estados católicos da Europa. Assim fez a paz entre França e diversas outras nações, incluindo a Espanha, que tinham diferenças com Paris.

No plano interno, dentro da política da doutrina católica, impôs uma dura repressão contra as heresias, fazendo inclusive com que a inquisição ganhasse mais força. Um dos executados durante seu pontificado foi Giordano Bruno, considerado herege e blasfemo, por ter escrito um livro que na ótica do Vaticano blasfemava a santa eurcaristia. Para edificar e proteger ainda mais a doutrina da Santa Madre Igreja, o Papa Clemente VIII criou a Congregatio de Propaganda Fide (Congregação para a Propagação de Fé), um órgão do clero que até hoje existe e funciona no seio da administração da Igreja Católica.

Um aspecto curioso de seu papado foi a liberação do café. Durante anos o café foi considerado uma bebida associada ao islã, pois foi trazida para a Europa pelos árabes. A questão foi levada ao Papa, que não viu nenhum problema no consumo de café pelos cristãos europeus, liberando a bebida por todo o continente, algo que iria beneficiar o Brasil (que ainda não havia sido descoberto) no futuro, pois nossa nação acabou sendo uma dos grandes exportadoras de café do mundo. Clemente morreu em 1605. Ele foi envenenado em sua comida, através de um cogumelo da espécie 'Amanita Phalloides'. Seu sucessor foi o Papa Leão XI, o primeiro Papa do século XVII.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 8 de março de 2011

Papa Celestino V

O último Papa que havia renunciado antes de Bento XVI foi o Papa Celestino V no distante ano de 1294. Esse Papa foi bastante controverso. Ele era um eremita, que vivia em reclusão em uma isolada caverna nas encostas do monte Mailla, quando foi levado até Roma e lá acabou se tornando Papa para o espanto e a surpresa da população! Mas o que teria levado um homem que nunca havia estado em Roma antes ao trono de Pedro? As razões são complexas, mas tudo leva a crer que ele foi uma solução para o terrível impasse que havia surgido no Vaticano após a morte do Papa Nicolau IV.

Já havia se passado dois anos da morte do Papa e o conclave ainda não conseguia chegar a um nome para sua sucessão. A peste havia devastado Roma e demais cidades da região e a Igreja vivia um período de turbulências. Diante do impasse dos cardeais, o Rei Carlos II resolve interferir pessoalmente na sucessão do Papa. Ele sugeriu o nome de Pietro Angeleri para ser o novo papa pois ele tinha fama de santo, um homem que vivia em extrema pobreza, em oração, como um eremita, um asceta.

Como não havia se envolvido no jogo político dos cardeais, da cúria, igualmente era considerado uma alma pura que não iria se contaminar pelo jogo da política do clero. Em julho de 1294 ele finalmente foi eleito o novo Papa. Só que a verdade é que Celestino V não tinha vocação para esse tipo de cargo. Um homem que havia tido uma vida tão isolada e de oração nas montanhas, não iria mesmo se dar bem como Papa. Havia muitas questões políticas, diplomáticas, sociais, que para ele era um farto pesado demais para carregar.

A influência do Rei Carlos II também foi um problema em seu pontificado. Ele foi acusado de ser submisso ao Rei, de fazer suas vontades sem se importar com as questões da Igreja. Diante de tantas pressões acabou renunciando apenas cinco meses após ser eleito Papa. Foi um choque em Roma. Alguns historiadores afirmam que os clãs dominados pelas famílias Orsini e Colonna mandaram ele escolher ou a renúncia ou a destituição. Assim o Papa Celestino V preferiu mesmo renunciar. Depois da abdicação o ex-Papa voltou para sua vida de reclusão, mas morreu dois anos depois, aos 81 anos de idade. Há especulações que teria sido envenenado, porém nenhuma prova foi encontrada sobre isso. Seus restos mortais hoje se encontram em exposição em uma igreja na região onde viveu e foi visitada pelo Papa Bento XVI, naquela que foi considerada uma visita simbólica, pois o Papa alemão acabou seguindo os passos de Celestino V, renunciando também ao Papado.

Pablo Aluísio. 

Kardec, o Ocultismo e a Necromancia

Kardec, o doutrinador principal do espiritismo era um maçom francês que tinha grande atração por ocultismo. Antes mesmo de escrever seus primeiros livros ele já participava de rituais de invocação de mortos, algo completamente proibido pelas escrituras sagradas. Ora, quando Kardec escreveu seu livro ele creditou tudo a uma suposta revelação de espíritos. Porém seu próprio colega de escrita, Flammarion, deixou claro que muito do que foi escrito veio mesmo da mente de Kardec e não de uma suposta revelação espiritual, até porque ele próprio não queria que o espiritismo fosse encarado como religião, mas sim como ciência.

Analisando-se a obra e a doutrina de Kardec vemos também que ele compilou (ou plagiou, dependendo do ponto de vista) da doutrina de antigas religiões orientais. A reencarnação vem do budismo e o karma vem do Hinduismo. Assim Kardec acabou misturando tudo, colocando numa mesma doutrina aspectos de religiões diversas, tudo claro misturado ao ocultismo, do qual ele tinha especial interesse.

Uma das práticas mais comuns no ocultismo é a invocação dos mortos. Sessões ou rituais são feitos invocando entidades espirituais. Na antiguidade esses rituais eram feitos nas sombras das florestas, ao redor da fogueira. Nos tempos atuais tudo é feito em mesas naquilo que os espíritas chamam de rituais ou sessões "brancas" de espiritismo. Ora, isso nunca foi desconhecido dos judeus e dos escritores da Bíblia. Em diversos livros essa prática, também conhecida como necromancia, é fortemente repudiada. Não haverá entre vocês aqueles que consultam os mortos, deixa claro as escrituras. Isso era proveniente do antigo judaísmo que se revelou também presente no cristianismo. Jesus jamais pregou a ideia da reencarnação. Nunca procurou entrar em contato com mortos. Jamais. Ao contrário disso, quando Jesus era confrontado com esse tipo de situação - a de espíritos dominando e falando por pessoas possuídas - ele simplesmente as expulsava, sem procurar dialogar ou trocar ideias com essas entidades.

Na parábola do Lázaro e do Rico, Jesus deixa claro que não há comunicação entre mortos e vivos. O que existem, segundo a doutrina e os ensinamentos cristãos, é a presença de entidades mentirosas que dizem ser o que efetivamente não são. Se apresentam como pais e mães mortos, como parentes queridos que já faleceram. Não são! Na verdade são anjos caídos, também conhecidos como demônios, que seguem seu grande líder, Lúcifer, o Pai da mentira, assassino e homicida desde o começo dos tempos, como bem deixou claro Jesus Cristo.

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 7 de março de 2011

O Rei Saul e a necromancia na Bíblia

No velho testamento conhecemos a história do Rei Saul. Ele reinou inicialmente seguindo os preceitos de Deus, mas a riqueza, a fortuna e os prazeres o levaram para longe das escrituras. Em determinado momento de sua vida virou um déspota, um tirano e um insano. Na época de Saul o profeta de Israel era Samuel. Esse tentou de todas as formas que o Rei seguisse o caminho de Deus, mas ele se desviou dessa trajetória. Ao invés disso começou a ignorar a palavra de Deus.

Com isso seu reinado entrou em crise. Em poucos anos estava cercado de inimigos de todas as partes. Procurou pelos conselhos de Samuel, mas esse já estava morto. Então o Rei Saul cometeu o maior de seu erros. Tentou entrar em contato com o espírito de Samuel através de uma pitonisa, uma sacerdote pagã, versada em ocultismo.

Ora, Deus sempre deixou claro nas escrituras que a invocação de mortos era blasfema diante dos seus olhos. Saul porém ignorou tudo isso. Disfarçado ele participou de uma sessão de necromancia, também conhecido nos dias de hoje como espiritismo. A situação era a mesma: a consulta dos mortos, dos espíritos que vagam pela Terra. Só que essas entidades espirituais que surgem nunca são quem dizem ser. Muitos se declaram como pessoas queridas que se foram, como parentes falecidos, por exemplo. Porém Jesus deixou claro na parábola do Lázaro e do Rico que não existe essa comunicação. Que quem está no mundo espiritual não se comunica com quem está no mundo material.

E quem são aqueles que dizem ser os espíritos de parentes mortos? Muito simples, são anjos caídos, seguidores de Lúcifer, o pai da mentira. Saul também foi enganado. Uma entidade subiu (deixando claro nas palavras das escrituras que essa entidade veio de baixo, das profundezas do inferno) e se disse ser Samuel, o profeta. O rei Saul, um tolo, acreditou no que ele dizia. Falou que precisava saber seu futuro. Quando Deus descobriu que Saul estava envolvido com necromancia o abandonou de vez. Saul caiu em desgraça perante Deus. Seus filhos foram mortos, sua esposa morreu, os inimigos venceram e Saul foi enviado para as fossas infernais, onde acabou por beijar o mármore dos mais profundos vãos do abismo em chamas. Assim fica a lição para todos. Não procurem entrar em contato com espíritos. Isso é ocultismo, necromancia. Uma monstruosidade perante os olhos de Deus.

Pablo Aluísio.

Papa Inocêncio IX

O Papa Inocêncio IX teve um pontificado extremamente breve. Após subir ao trono de Pedro ele caiu doente, sendo Papa por apenas dois meses. Quando isso acontecia geralmente surgiam suspeitas de envenenamento e assassinato, pois muitos Papas foram mortos dessa maneira ao longo da história. Esse porém não parece ter sido o caso de Giovanni Antonio Facchinetti (seu nome real). A sua saúde parecia ser muito frágil realmente e diante das pressões enormes da época ele acabou sucumbindo cedo demais.

Esse Papa teve origem humilde. Ele não fazia parte das tradicionais famílias nobres que coroavam seus Papas durante o século XVI. Sua família era da classe trabalhadora, de origens ancestrais na região da Cravegna, perto de Bolonha. O jovem desde cedo demonstrou ter aptidão aos estudos. Assim acabou entrando numa escola mantida pela Igreja Católica. O ensino naqueles tempos era ministrado principalmente pela Igreja. Sendo um bom aluno ganhava bolsas e conseguia seguir em frente com seus estudos. Acabou sendo o primeiro de sua família a se formar em um curso na universidade, algo raro e muito admirado em um tempo onde quase todas as pessoas eram analfabetas.

Depois de terminar os estudos decidiu ingressar no clero, que ao lado da nobreza formava a elite administrativa, política e jurídica dos estados italianos. Assim se tornou secretário do poderoso e influente cardeal Alejandro Farnesio, sobrinho do Papa Paulo III. Demonstrando ser um homem trabalhador, sério e concentrado, acabou caindo nas graças do cardeal. Em pouco tempo se tornou também uma pessoa influente dentro da cúria romana, quando foi para a cidade eterna acompanhando Farnesio. Como era um homem erudito acabou se destacando dentro do importante Concílio de Trento em 1562. Por seu desempenho foi eleito Cardeal por seus pares.

Quando Gregório XIV faleceu ele se tornou um dos nomes mais importantes para sua sucessão. Assim acabou sendo eleito em um conclave considerado calmo e pacífico. O apoio de dois reis importantes, Felipe II da Espanha e Henrique IV da França foi decisivo para sua eleição. O problema é que o novo Papa já era um homem doente e por essa razão não sobreviveu por muito tempo. Mesmo assim ainda teve tempo de reforçar ainda mais a Liga Católica da Europa, importante associação de nações cristãs. Na manhã do dia 30 de dezembro de 1591 o Papa foi encontrado morto em sua cama, em sua suíte em Roma. Ele tinha 72 anos de idade. Uma vida inteira dedicada ao catolicismo. Seu selo foi quebrado e o trono de Pedro foi declarado vago pelos Cardeais romanos.

Pablo Aluísio.

domingo, 6 de março de 2011

Paulo de Tarso

A figura de Paulo segue sendo uma das mais importantes do cristianismo. Ele não conheceu pessoalmente Jesus em vida, mas sim todos os apóstolos originais. No começo sua aproximação com os seguidores de Jesus se deu de forma violenta. Cidadão romano e judeu na religião, Paulo não admitia a nova doutrina religiosa que nascia. Para ele tudo era heresia e blasfêmia contra Deus. Por isso Paulo passou por uma fase de perseguição contra os cristãos.

Alguns historiadores inclusive afirmam que ele estava presente no apedrejamento de Estevão, o primeiro mártir do cristianismo. Paulo teria participado ativamente de sua morte? Não sabemos. Apenas sabemos que naquele momento histórico ele estava firmemente convencido que a nova religião que nascia deveria ser combatida e eliminada do meio do seio da comunidade judaica. Sua conversão ao cristianismo se deu quando ia a caminho de Damasco. Uma grande luz se abateu sobre Paulo que entrou em choque. Ele imediatamente ficou cego e ouviu uma voz dizendo: "Paulo, porque me persegues?". Ao ouvir isso ele teria dito: "Quem é você?" ao qual foi respondido: "Eu sou Jesus!".

Depois disso Paulo mudou completamente. De perseguidor contra os cristãos ele se tornou o mais ferrenho defensor da fé que alguém jamais poderia imaginar. As primeiras obras escritas sobre Jesus que se tem notícia são obras do próprio Paulo. Segundo vários teólogos suas cartas são mais antigas que os próprios evangelhos que seriam escritos depois, contando inclusive com o apoio completo de Paulo que conheceu grande parte dos evangelistas (os escritores do novo testamento).

A grande contribuição de Paulo, que para alguns foi o grande motriz para que a nova religião se tornasse mundial foi a decisão pessoal dele em pregar aos gentios (designação usada para definir todos os povos não judeus). Enquanto Pedro e outros achavam que os judeus (e a penas eles) deveriam ser convertidas ao cristianismo, Paulo pensou além. Ele foi para a Grécia e lá começou sua pregação, atraindo a atenção dos povos europeus que viviam dentro das fronteiras do Império Romano. Inclusive Paulo usou da infra estrutura do império (como estradas, etc) para espalhar a boa nova para todos os povos que encontrava. Nesse aspecto foi mesmo um gigante, o nome mais importante do chamado cristianismo primitivo.

Pablo Aluísio.