quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005

Elvis Presley - Discografia Americana - G.I. Blues

Esse álbum, esse LP, foi o mais vendido de Elvis no ano de 1960. Nesse mesmo ano, como todos sabemos, Elvis gravaria três álbuns. O primeiro foi "Elvis is Back!", excelente trabalho de ecletismo musical por parte de Elvis e banda que o acompanhou no estúdio. O segundo foi justamente essa trilha sonora do filme "Saudades de um Pracinha" e o terceiro e último álbum do ano foi o trabalho gospel, composto apenas de músicas religiosas, intitulado "His Hand in Mine". Ele ainda estava arrasado pela morte da mãe e decidiu gravar esse disco em sua homenagem.

Temos que reconhecer que "G.I. Blues" vendeu muito por causa da força promocional de Hollywood. Ao longo das décadas que viriam esse disco da RCA Victor iria ser relançado inúmeras vezes, cada edição trazendo um pequeno detalhe de capa ou selo que o diferenciava das demais. Por anos e anos o LP de vinil ficou em catálogo nos Estados Unidos e na Europa onde ficou conhecido como "Cafe Europa" por causa do título que o filme recebeu em algumas nações do velho continente.

Um desses pequenos detalhes que valorizam bastante um disco como esse no mundo dos colecionadores é um pequeno adesivo que saiu em algumas cópias promovendo a música "Wooden Heart". Esse adesivo foi colado nas capas das cópias para chamar a atenção dos consumidores. Esse adesivo vermelho, em forma de coração, se for autêntico, aumenta e muito o valor de cada disco, porém é bom ter cuidado com falsificações, que rodam a dezenas e dezenas pela internet.

Outro aspecto digno de nota desse álbum é que em seu lançamento original não houve singles extraídos de seu repertório. Ao longo dos anos a RCA Victor sempre procurava lançar compactos das trilhas sonoras, tanto para divulgar o álbum em si, como também para promover os filmes. Com essa trilha sonora isso não aconteceu. Só após alguns anos é que a música "Wooden Heart", considerada o grande hit do disco, foi lançada em dois singles diferentes: Blue Christmas / Wooden Heart (1964) e Puppet on the String / Wooden Heart (1965). Como se pode perceber ela virou lado B em ambos os casos. Tudo para promover os compactos na Europa, onde essa faixa acabaria se tornando um dos grandes sucessos comerciais da carreira de Elvis Presley.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis is Back! - Discografia Americana

Elvis Is Back! (1960)
Esse bom disco, como todos sabemos, foi o primeiro LP lançado por Elvis depois que ele deixou o serviço militar na Alemanha. O título "Elvis is Back! (Elvis está de volta!, em português) era bem auto explicativo. A versão original americana do disco de 1960 tinha capa dupla e foto invertida na contracapa. Um furinho na capa principal indicava que o fã de Elvis poderia usar a capa do álbum como poster para colocar na parede do quarto. E é de se imaginar quem iria fazer uma coisa dessas!

Dentro da capa dupla do vinil havia uma bem cuidada galeria de fotos de Elvis tiradas na Alemanha, com uniforme militar e tudo mais. O exército dos Estados Unidos certamente adorou essa publicidade praticamente grátis nesse material. O Coronel Parker também estava investindo pesado na nova imagem de Elvis Presley, que agora surgia como bom cidadão americano, cumpridor de seus deveres.

Um fato curioso sobre esse álbum é que em 1960, ano de lançamento original do disco, nenhum single foi extraído de seu repertório. Porém nos anos seguintes a RCA Victor começou a pincelar faixas desse disco para o lançamento de singles tardios, em um tipo de marketing complicado de entender. Por exemplo, o single "Such A Night / Never Ending" foi lançado em 1964. Esse compacto simples lançado em julho de 1964 conseguiu alcançar a décima sexta posição entre os mais vendidos da Billboard. Foi promovido pela RCA como um "lançamento especial das férias de verão". "Never Ending" era uma faixa inédita dentro da discografia de Elvis até aquele momento.
 
E pensou que iria parar por aí? Que nada, um ano depois a mesma RCA Victor repetiu a dose com o single "Easy Question / It Feels So Right", outro single que conseguiu se sair muito bem nas paradas, apesar de só trazer reprises. Chegou ao décimo primeiro lugar entre os mais vendidos da Billboard, uma ótima colocação para material que já havia sido lançado antes no mercado. "Easy Question" era do disco "Pot Luck" de 1962.

Por fim, a RCA ainda utilizaria duas faixas do "Elvis is Back!" na trilha sonora do filme "Tickle Me". As músicas "Dirty, Dirty Feeling" e  "It Feels So Right" foram usadas nesse filme que não contava com uma trilha sonora própria. Ao invés de Elvis entrar em estúdio para gravar novas músicas, como aconteceu em todos os seus filmes, o Coronel Parker achou que isso não tinha importância, reaproveitando uma série de músicas de Elvis de outros discos para colocar como trilha sonora dessa produção. Ainda bem que isso só aconteceu nesse filme, porque imagine uma década lançando trilhas sonoras com reprises. Seria mesmo o fim da picada.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2005

Elvis Presley - Elvis in a Private Moment

Durante os anos em que Elvis Presley passou na Alemanha, prestando o serviço militar, ele nada gravou de forma oficial, profissional, para sua gravadora RCA Victor. Mas será que ele não gravou nada de maneira amadora, caseira? Esse CD lançado pelo selo Follow That Dream é interessante porque traz uma série de registros amadores de Elvis, cantando e tocando enquanto estava na Alemanha. Quando esse CD foi lançado muitos reclamaram de sua qualidade sonora sofrível, porém essa é uma crítica injusta e isso por causa do contexto histórico em que essas faixas foram gravadas.

A pobre qualidade técnica das gravações – algumas realmente praticamente inaudíveis - é fruto de suas origens. Isso era de se esperar desse tipo de gravação, pois elas foram feitas pelo próprio Elvis em um pequeno gravador de mão, na presença de amigos em ocasiões festivas em sua casa, onde obviamente ele não estava muito interessado em qualidade sonora ou qualquer coisa semelhante. 

São três as origens dessas gravações. A primeira leva traz várias canções gravadas informalmente por Elvis na Alemanha enquanto estava servindo o exército. Essas são as piores faixas em termos de qualidade sonora. Porém é de se destacar sua importância histórica uma vez que no período em que esteve na Alemanha Elvis nada gravou de forma profissional. Assim ele surge em casa, cantando de forma bem relaxada, sem compromisso. Curiosamente algumas das músicas iriam aparecer em seus discos oficiais em gravações na RCA, algumas muito tempo depois, já na década de 1970.

O CD é completado com mais gravações caseiras, dessa vez registradas já na década de 1960. Algumas das músicas foram gravadas por Elvis na sua casa em Malibu, famosa estação de verão para astros de Hollywood. Aqui a melhora de qualidade sonora já é sensível, embora nada memorável. Finalizando o repertório temos o último lote de canções gravadas em 1966 quando Elvis já estava em uma situação particularmente complicada da sua carreira, se limitando a gravar músicas para suas trilhas sonoras, algumas bem fracas.

É fato conhecido que seus discos tiveram uma queda acentuada de qualidade principalmente após 1965. Fico até sensibilizado ouvindo esses últimos registros pois o que parece acontecer é quase um desabafo por parte do cantor. Já que ele não conseguia mais gravar músicas de qualidade nos estúdios, terminava por fazer gravações com excelentes canções em sua casa. Era seu gosto pessoal, ele gostava daquelas músicas, só não encontrava espaço para gravá-las em seus discos na época. Em suma é isso. Certamente você não encontrará nesse CD do selo FTD nada de bom em termos de qualidade sonora, porém em se tratando de história o título está simplesmente recheado de boas surpresas.

FTD Elvis in a Private Moment
Loving You / Danny Boy /I'm Beginning To Forget You / Beyond The Reef / Sweet Leilani / If I Loved You / Lawdy Miss Clawdy / I Wonder, I Wonder, I Wonder / He / When The Swallows Come Back To Capistrano / She Wears My Ring / Sweet Lealani / Moonlight Sonata / Blue Hawaii / Hide Thou Me / Oh How I Love Jesus / Fools Rush In / Its A Sin To Tell A Lie / What Now My Love / Blowin' In The Wind / 500 Miles / I, John / I'll Take You Home Again, Kathleen I Will Be True / Apron Strings / It's Been So Long Darling / I'll Take You Home Again, Kathleen There's No Tomorrow / The Titles Will Tell.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - A Big Hunk O' Love / My Wish Came True

Finalmente, depois de três tentativas frustradas, Elvis Presley finalmente conseguiu chegar ao primeiro lugar da Billboard com seu novo single trazendo as músicas "A Big Hunk O' Love" no lado A e "My Wish Came True" no lado B. A canção principal havia sido gravada um ano antes em Nashville, só chegando ao mercado em junho de 1959. O sucesso de “A Big Hunk O´Love” vinha para fortalecer ainda mais o nome de Elvis dentro do mercado. Ele estava há pouco menos de um ano de dar baixa no exército e sua volta era considerada uma última esperança para os roqueiros dos anos 50.

Uma série incrível de eventos havia se abatido sobre os pioneiros do rock e agora Elvis parecia ser a última tábua de salvação do gênero. A verdade porém é que a própria música americana havia mudado. O que predominava nas paradas agora eram canções juvenis, falando de amores adolescentes, cantadas por ídolos que não tinham mais a postura de rebeldes como os roqueiros de meados da década de 1950. De certa forma Elvis iria embarcar nessa onda após seu retorno das forças armadas, porém esse single, gravado antes dele ir para a Alemanha, mantinha a chama acessa do verdadeiro Rock americano.

Enquanto Elvis estava no exército uma leva de ídolos adolescentes foi surgindo e dominando as paradas. Cantores e compositores como Neil Sedaka, Paul Anka, Frankie Avalon, Fabian, Pat Boone e Ricky Nelson eram os novos ídolos da juventude enquanto os roqueiros pioneiros iam sumindo do mapa. Eu gosto de chamar essa geração de "movimento algodão doce", porque de certa maneira eles se encaixavam bem nessa descrição. Os novos cantores juvenis eram bem diferentes de Elvis e dos roqueiros pioneiros. Todos surgiam impecavelmente bem vestidos, cabelos penteados, a imagem do genro que toda mãe de boa família da América queria ter. Não havia um pingo de rebeldia nesses novos artistas da música.

Enquanto eles subiam nas paradas, o pioneiros do rock afundavam cada vez mais. Jerry Lee Lewis escandalizou a sociedade ao se casar com uma prima de apenas 13 anos, que para piorar parecia ainda mais jovem! Chuck Berry foi preso por supostamente ter enviado uma prostituta branca além da fronteira do estado (o que configuraria tráfico de pessoas), Buddy Holly, Ritchie Valens e Big Booper tinham morrido em um acidente de avião sendo seus corpos encontrados em um milharal nevado, Johnny Cash abraçara a country music de forma definitiva e finalmente Little Richard havia decidido abandonar tudo para se tornar apenas um pastor evangélico.

Para ser bem sincero esse rock“A Big Hunk O' Love” só chegou ao topo da parada por causa da força do nome de Elvis. Essa era uma canção completamente diferente do que estava fazendo sucesso na época. Foi de fato o último rock genuíno a liderar a Billboard até a chegada de uma nova leva de roqueiros nos anos 60. O Pop romântico havia ocupado o espaço do rock pioneiro. O curioso é que Elvis ao sair do exército também seguiria de certa forma também por essa tendência. Mas essa é uma outra história que contaremos depois...

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2005

Elvis Presley - Elvis Gold Recerd Vol. 2 - Discografia Americana

Elvis Presley - Elvis Gold Recerd Vol. 2 - Discografia Americana - Todos sabem que uma das estratégias comerciais mais utilizadas por Tom Parker era vender a mesma música duas vezes. No caso das últimas gravações de Elvis antes de ir para o exército ele se superou, vendendo as faixas três vezes seguidas. Inicialmente as canções foram lançadas em singles, que de modo em geral venderam muito bem. 

 Não contente Parker depois reuniu todos os compactos em um só álbum dando origem ao disco “Elvis Gold Records vol 2”. Não satisfeito ainda faturou mais uma vez as lançando pela terceira vez dentro da série de compactos duplos “The Touch of Gold” que saiu em três volumes. 

Curiosamente o terceiro volume dessa série não trazia mais canções do lote gravado em Nashville mas sim as faixas "Too Much", "All Shook Up", "Don't Ask Me Why" (do filme "King Creole") e "Blue Moon Of Kentucky" (da Sun), músicas exaustivamente lançadas antes. Como porém faz parte da coleção "A Touch of Gold" mantivemos aqui nessa classificação. Como havia 50 milhões de fãs de Elvis, Parker sabia que poderia vender muito bem a mesma coisa. Pois é para Parker não havia tempo a perder pois sempre havia uma chance de faturar algo novamente, bastava colocar uma nova capa e pronto! Coisas de Tom Parker...

50.000.00 Elvis Fans Can´t Be Wrong - Elvis Gold Records vol. 2
I NEED YOUR LOVE TONIGHT
DON'T
WEAR MY RING AROUND YOUR NECK
MY WISH CAME TRUE
I GOT STUNG
ONE NIGHT
A BIG HUNK O' LOVE
I BEG OF YOU
(NOW AND THEN THERE'S) A FOOL SUCH AS I
DONCHA' THINK IT'S TIME

Singles que deram origem a este disco:
Don't / I Beg Of You (1958)
Wear My Ring Around Your Neck / Doncha Think It's Time (1958)
One Night / I Got Stung (1958)
A Fool Such As I / I Need Your Love Tonight (1959)
A big Hunk O'Love / My Wish Came True (1959)

Compactos Duplos extraídos deste disco:
A Touch of Gold vol 1 (Hard Heard Woman / Good Rockin Tonight / Don't / I Beg Of You)
A Touch of Gold vol 2 (Wear My Ring Around Your Neck / Treat Me Nice / One Night / That's All Right)
A Touch of Gold vol 3 (Too Much / All Shook Up / Don't Ask Me Why / Blue Moon Of Kentucky)

Pablo Aluísio. 

domingo, 13 de fevereiro de 2005

Elvis Presley - For LP Fans Only - Discografia Americana

For LP Fans Only (1959)
THATS ALL RIGHT
LAWDY,MISS CLAWDY
MISTERY TRAIN
PLAYING FOR KEEPS
POOR BOY
 MY BABY LEFT ME
SHAKE, RATTLE AND ROLL
I WAS THE ONE
YOU'RE A HEARTBREAKER
I'M LEFT,YOU'RE RIGHT,SHE'S GONE

Singles que deram origem a este disco:
That's All Right / Blue Moon of Kentucky (1954)
Milkcow Blues Boogie / You're a Heartbreaker (1955)
Baby Let's Play House / I'm Left, You're Right, She's Gone (1955)
I Forgot to Remember to Forget / Mystery Train (1955)
Heartbreak Hotel / I Was The One (1956)
Shake, Rattle and Roll / Lawdy, Miss Clawdy (1956)

Nota: Como aconteceu constantemente com a direção de arte dos álbuns de Elvis Presley esse LP também sofreu algumas modificações com o passar do tempo. Em cada nova edição os desenhistas da gravadora incorporam algo, modificam alguma coisa. No caso do disco “For LP Fans Only” isso é bem perceptível. O álbum original era bem mais simples do que os posteriores. Havia apenas a foto de Elvis (sem qualquer moldura). Seu nome também estava ausente da capa (a primeira vez que isso ocorreu na carreira de Elvis). Na edição da década de 80 (selo Pure Gold) uma bonita moldura azul foi adicionada. Respeitou-se a idéia original da capa sem qualquer menção ao nome do cantor. Já uma outra edição lançada alguns anos depois a BMG trocou a moldura completa azul por apenas uma, na parte de cima do disco, essa completamente branca. Por fim o nome de Elvis finalmente foi adicionado em edições no formato CD mais recentes. A foto central foi reduzida e elegantes molduras brancas laterais adicionadas. Só a seleção musical não sofreu alterações (ainda bem). 

Pablo Aluísio.

sábado, 12 de fevereiro de 2005

Elvis Presley - A Date With Elvis - Discografia Americana

A Date With Elvis (1959)
BLUE MOON OF KENTUCKY
YOUNG AND BEAUTIFUL
(YOU'RE SO SQUARE) BABY I DON'T CARE
MILKCOW BLUES BOOGIE
BABY LET'S PLAY HOUSE
GOOD ROCKIN' TONIGHT
IS IT SO STRANGE
WE'RE GONNA MOVE
 I WANT TO BE FREE
I FORGOT TO REMEMBER TO FORGET
 

Singles que deram origem a este disco:
That's All Right / Blue Moon of Kentucky (1954)
Good Rockin Tonight / If I Don't Care if the Sun Don't Shine (1954)
Milkcow Blues Boogie / You're a Heartbreaker (1955)
Baby Let's Play House / I'm Left, You're Right, She's Gone (1955)
I Forgot to Remember to Forget / Mystery Train (1955)

A Date With Elvis: Não houve mudanças significativas na capa de “A Date With Elvis” ao longo dos anos. Com direção de arte simples e agradável, com Elvis em um carro olhando para trás e três fotos adicionados na parte inferior, o design seguiu em futuras reedições do disco, seja no vinil, seja no CD. A última edição em vinil no Brasil ocorreu em 1982 na série “Pure Gold” da RCA. Na era do CD houve poucas reedições, nos EUA apenas duas, fato fácil de explicar pois “A Date With Elvis” nada mais é do que uma coletânea e esse tipo de lançamento fica logo ultrapassado sendo superado por coletâneas posteriores mais completas.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - FTD Loving You

Essa é a edição especial dupla da trilha sonora de Loving You lançada pelo selo FTD. Como sempre tudo muito caprichado e de bom gosto. Material gráfico de primeira, muitas fotos interessantes internamente e todos os detalhes que os fãs de Elvis sempre gostam de saber (ficha técnica, data de gravação etc). Sempre gostei desse disco, não apenas pela qualidade musical (impecável em minha opinião) como também pelo próprio filme que é muito bom e nostálgico para os fãs do cantor. O CD vem com muito material demonstrando que muita coisa da sessão foi salva. Não deixa de ser uma excelente notícia já que infelizmente algumas sessões preciosas não sobreviveram ao tempo (como takes de algumas canções de Elvis em sua primeira sessão na RCA).

Por falar em nostalgia, comentar sobre o disco Loving You sempre é um prazer renovado pois esse foi um dos primeiros que adquiri de Elvis, ainda na época do vinil (que tenho preciosamente guardado até hoje). O curioso é que em essência o álbum Loving You nada mais é do que uma jogada (boa por sinal) da RCA Victor e do Coronel Parker. A primeira trilha de um filme de Elvis, como todos sabemos, foi Love Me Tender, lançado em compacto duplo com quatro canções em 1956. Obviamente foi um grande sucesso de vendas o que fez a RCA acreditar definitivamente nas trilhas de Elvis, transformando as sete canções do filme em um álbum ao juntar aquele material com faixas avulsas gravadas por Elvis para a gravadora em outras sessões. O resultado de tudo isso foi excelente, pois o material é dos mais acessíveis e agradáveis da carreira do cantor.

Como não poderia deixar de ser, o selo FTD aproveitou esse bom momento da discografia de Elvis e caprichou em sua edição especial, que traz não apenas a íntegra do LP original, mas também uma série de takes alternativos, outtakes e gravações específicas feitas especialmente para o filme (como as várias versões e derivações da canção tema Loving You). Nesse aspecto penso que houve um excesso de preciosismo por parte de Ernst Jorgensen, o produtor. Isso porque o segundo CD traz mais de 30 versões de apenas uma canção, a já citada Loving You. Penso que tal coisa além de comercialmente desinteressante, é desnecessária, já que até mesmo os colecionadores teriam acesso a esse material em outros lançamentos. Seria bem melhor um maior equilíbrio na escolha das faixas, procurando até mesmo valorizar ótimas faixas do disco original que não foram muito prestigiadas nesse lançamento, como Blueberry Hill.

Entre os takes mais expressivos, cito o Take A-7 de Party (ainda sem encontrar o pique necessário que conhecemos da versão oficial). É muito interessante notar que Elvis ainda está mais melódico, porém sem a energia necessária que esse rock necessita. Ficou parecendo até mesmo um R&B de passo rápido. Algo parecido acontece com o take de Mean Woman Blues. Logo no começo notamos a falta dos vocais de fundo (que tanto conhecemos da versão oficial e que se parece como pessoas conversando despreocupadamente) A ausência desse pequeno detalhe acaba deixando a versão "vazia". É incrível como um detalhe que pode soar banal muda completamente a audição de uma música, não é mesmo? Por outro lado o vocal de Elvis soa muito mais solto e espontâneo aqui e o grupo de apoio parece muito mais centrado em tocar mais concentrado. Eu devo confessar que gostei bastante do estilo de Elvis nessa versão pois ele soa juvenil e livre, bem ao estilo "Rebel Without a Cause" daqueles anos de brilhantina.

O take de Got A Lot O Livin To Do intitulado "finale" é outra boa surpresa. É a típica versão "igual, mas diferente". Como foi gravada visando o filme ela soa menos contida, mas bem mais energética. Uma das minhas favoritas, a já citada "Blueberry Hill" surge com apenas uma versão! Isso é desapontador e mostra que de certa forma existe sim um desequilíbrio na seleção das faixas. Ou isso ou realmente não havia mais nada arquivado para lançamento. Enquanto a música tema Loving You aparece com dezenas de takes, "Blueberry Hill" surge com apenas uma representante. Apesar de tudo o FTD Loving You se mostra essencial para colecionadores e fãs em geral. Impossível passar incólume por essas canções e sair ileso. O melhor rock dos anos 50 certamente está aqui. Aproveite (mesmo sabendo que existem omissões em sua seleção).

Pablo Aluísio.