quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Roman J. Israel, Esq.

Por seu trabalho nesse filme o ator Denzel Washington está concorrendo ao Oscar esse ano. Seu trabalho é excepcional. É aquele tipo de atuação em que o ator desaparece em seu personagem. Na realidade você pouco se lembrará do Denzel Washington quando assistir ao filme. Só verá mesmo seu personagem pela frente. Denzel interpreta um advogado que por anos trabalhou nas sombras de um pequeno escritório, agindo mais no bastidores. Quando seu chefe sofre um AVC ele é informado que a firma de advocacia será fechada. Para que Roman não fique desempregado acaba sendo levado por um jovem advogado para trabalhar em seu próprio escritório. O novo estilo de advocacia não o agrada. Pior do que isso, indo contra sua própria ética pessoal e profissional ele acaba cometendo um deslize em um dos casos criminais em que trabalha. Algo que coloca em risco sua licença para a advocacia e sua própria vida.

"Roman J. Israel, Esq." foi produzido pelo próprio ator Denzel Washington. Claramente ele viu muito potencial nesse personagem. Com cabelos longos, modo de ser nada convencional, desandando para o esquisito e estranho, óculos grandes demais e cafona, seu advogado foge dos padrões. Antigo ativista dos direitos civis, ele nem consegue mais encontrar um espaço dentro dos novos movimentos sociais (a cena em que ele é ofendido por uma jovem negra durante uma palestra retrata bem isso). Sentido-se deslocado no trabalho e até mesmo entre os ativistas da nova geração, ele acaba se dando a si mesmo uma "folga" em seus valores morais, ficando com a recompensa pela captura de um criminoso, cujo paradeiro ele acaba sabendo no exercício de sua profissão de advogado. Com isso a situação foge do controle.

Obviamente o filme vai atrair mais aos que são da área jurídica. O trabalho de Roman abre margem para muitas discussões legais, inclusive a ação que ele sonha propor para acabar com a verdadeira "linha de montagem" de acordos com a promotoria, algo que faz com que inocentes se declarem culpados para fugir dos julgamentos, onde sempre são ameaçados com penas bem maiores, caso sejam vencidos. A insensibilidade dos juízes e sua arrogância também ganham espaço no roteiro. Além disso há a sempre discutível questão da comercialização absurda da advocacia nos Estados Unidos. O novo empregador de Roman é um advogado que só pensa em números, em aumentar a quantidade de clientes, sem se preocupar realmente com o bem estar deles. Interpretado por Colin Farrell ele é a imagem do novo advogado vendedor, que nada tem a ver com o velho advogado de Roman, um sujeito que estava mais preocupado em mudar o mundo com os seus princípios e valores jurídicos.

Roman J. Israel, Esq. (Roman J. Israel, Esq, Estados Unidos, 2017) Direção: Dan Gilroy / Roteiro: Dan Gilroy / Elenco: Denzel Washington, Colin Farrell, Carmen Ejogo / Sinopse: Roman J. Israel (Denzel Washington) é um advogado da velha escola que após a morte de seu antigo patrão precisa encontrar um novo emprego. Ele então passa a trabalhar para o jovem advogado George Pierce (Colin Farrell) que está mais preocupado em ficar rico do que com qualquer outra coisa. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Ator (Denzel Washington). Também indicado ao Globo de Ouro e ao Screen Actors Guild Awards na mesma categoria.

Pablo Aluísio.

O Paradoxo Cloverfield

Mais um filme da franquia "Cloverfield", só que dessa vez produzido por uma parceria entre a Paramount e a Netflix. A marca "Cloverfield" pertence hoje ao diretor J. J. Abrams que tem se esforçado para colocar pelo menos um filme novo por ano no mercado. Ele não dirige, mas na maioria das vezes produz e dá sugestões nos roteiros. Aqui temos uma equipe de astronautas que orbitam a Terra em uma estação espacial internacional. O objetivo da missão é colocar para funcionar um sistema de produção de energia, já que o planeta vive justamente uma crise de fontes de energias renováveis. No começo as tentativas falham, até que o sistema finalmente se estabiliza, isso até literalmente entrar em colapso. A explosão que se segue acaba causando uma espécie de fenda no espaço tempo dimensional, fazendo com que os membros da tripulação sejam transportados para uma dimensão paralela, onde nem tudo faz muito sentido.

Pois é, o roteiro é bem pretensioso. Usando das teorias de multi dimensões ele tenta criar sua trama. Funciona apenas em termos. Há situações bem interessantes, como aquela em que o braço de um membro da equipe é devorado pelas paredes da nave, ou então da surreal situação de viver agora em uma dimensão onde os mortos estão vivos e etc. Mesmo assim a intenção de soar científico demais vai cansando o espectador, ao mesmo tempo em que o roteiro parece cair nas suas próprias armadilhas. Quando tudo ameaça ficar confuso demais para o espectador médio há uma saída pela lateral, apelando para os bons e velhos monstros (sim, como todo filme "Cloverfield" há monstros que você só vai ver mesmo na última cena!). No geral achei um filme com um roteiro promissor que nunca cumpre suas promessas. O filme vai avançando, avançando e nada de muito interessante acontece, causando uma certa frustração no espectador. A produção é boa, a estação espacial é bem feita, porém o lado físico alternativo realmente cansa. É um "Cloverfield" menor dentro da franquia.

O Paradoxo Cloverfield (The Cloverfield Paradox, Estados Unidos, 2018) Direção: Julius Onah / Roteiro: Oren Uziel / Elenco: Gugu Mbatha-Raw, David Oyelowo, Daniel Brühl / Sinopse: A Tripulação de uma estação orbital tenta colocar em funcionamento um sistema de produção de energia, mas a experiência dá errado, criando uma fenda dimensional dentro do espaço, fazendo com que todos eles sejam transportados para uma estranha e bizarra realidade alternativa.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

O Terceiro Milagre

Assisti esse filme pela primeira vez em VHS há muitos anos. Agora ele está sendo relançado em DVD. Como já não me lembrava muito bem da história, tudo acabou soando como se tivesse vendo pela primeira vez. O enredo é bem interessante. Ed Harris interpreta um padre que é enviado pelo Vaticano para realizar as investigações preliminares sobre o que estaria acontecendo numa paróquia em Chicago. Uma estátua da Virgem Maria estaria chorando lágrimas de sangue. Com isso também muitos milagres estariam acontecendo. Uma mulher em especial teria sido a intercesora junto a Deus da cura de uma garotinha que sofria de uma doença incurável. Estaria ali a manifestação de uma santa americana? Cabe ao padre Frank Shore (Ed Harris) descobrir.

O interessante é que ele já havia desmascarado falsos milagres antes, mas agora acaba descobrindo que algo realmente divino estaria acontecendo naquela paróquia. O roteiro do filme é muito bom porque disseca em detalhes os trâmites de um processo de investigação desse tipo dentro da Igreja Católica. É realmente um processo canônica com direito a defensor da causa, advogado do diabo (aquele que vai tentar colocar abaixo os sinais de santidade) e uma autoridade do alto clero, geralmente um cardeal, dirigindo todos os trabalhos. Além disso o personagem do padre interpretado por Ed Harris é muito bem construído pelo roteiro. Um homem que começa a ter crises de fé, a duvidar de tudo, mas que acaba sendo confrontado com sinais da presença de Deus. Esse aliás seria o terceiro milagre do título, uma vez que para ser santo o indicado precisa de três milagres comprovados. O primeiro teria sido a cura da garotinha, o segundo um evento realmente fantástico ocorrido numa pequena cidade da Eslováquia durante a II Guerra Mundial e o terceiro, bem interior, acontecido dentro da alma desse padre. Enfim, um filme realmente muito bom, digno de uma revisão caso você o tenha assistido há tantos anos, como foi o meu caso. Se nunca o assistiu, então não deixe passar em branco.

O Terceiro Milagre (The Third Miracle, Estados Unidos, 1999) Direção: Agnieszka Holland / Roteiro: John Romano / Elenco: Ed Harris, Anne Heche, Caterina Scorsone / Sinopse: Roteiro baseado no romance escrito por Richard Vetere. O Vaticano envia um padre para realizar investigações preliminares sobre supostos milagres atribuídos a uma americana, morta há alguns anos, em uma escola católica, onde uma estátua de Maria, mãe de Jesus, supostamente estaria tecendo lágrimas de sangue. Filme indicado ao prêmio de melhor filme em língua inglesa do Mar del Plata Film Festival.

Pablo Aluísio.

Entrando Numa Fria

Título no Brasil: Entrando Numa Fria
Título Original: Meet the Parents
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio:  Universal Pictures
Direção: Jay Roach
Roteiro: Greg Glienna, Mary Ruth Clarke
Elenco: Ben Stiller, Robert De Niro, Teri Polo, Owen Wilson, Blythe Danner, Nicole DeHuff

Sinopse:
Greg Focker (Ben Stiller) é um cara comum que pretende se casar em breve. Antes de fazer seu pedido de casamento ele decide conhecer a família de sua noiva e descobre que o pai dela, Jack Byrnes (Robert De Niro), pode ser o pior de seus pesadelos. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Música Original ("A Fool In Love").

Comentários:
Robert De Niro foi um dos grandes atores americanos nos anos 70. Sua filmografia dessa década só tem clássicos. O problema é que o tempo passou e ele, precisando se manter como um nome comercialmente interessante para Hollywood, começou a atuar em comédias bobocas. Essa considerei sempre uma das piores. Além de ser estrelada pelo chatinho do Ben Stiller, ainda criou uma franquia, com uma sequência pior do que a outra. Essa comediazinha fez inesperado sucesso, mas nem tanto. Basta consultar os números. Custou 55 milhões de dólares e no fim faturou algo em torno de 166 milhões. Fez sucesso, deu lucro, mas não foi um blockbuster. De qualquer forma acabou se tornando o primeiro de muitos filmes irritantes. Só lamento pela presença de Robert De Niro cujo trabalho aqui se resumiu em interpretar um paizão chato, cheio de caretas. Pelo tamanho de seu talento ele merecia aparecer em filmes melhores, bem melhores do que esse besteirol sem graça.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

The Post: A Guerra Secreta

Em tempos de Fake News o diretor Steven Spielberg resolveu levantar um pouco a bola da chamada grande imprensa. Para isso ele foi ao passado buscar um momento crucial na história do jornal The Washington Post. Na ordem do dia estava o desastroso envolvimento dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã. Após vários presidentes a situação só piorava. Nixon estava na Casa Branca e a imprensa estava sempre em busca de algo para mostrar os erros de sua administração. E de repente começam a vazar cópias de relatórios secretos do Pentágono, um estudo que deixava claro que os americanos jamais venceriam a guerra. Pior do que isso, os documentos provavam que o governo mentia descaradamente para a sociedade. Claro que algo assim nas mãos de jornalistas fariam grande estrago, só que eles também estavam de certa forma de mãos atadas pois eram documentos classificados como de segurança nacional. Divulgá-los seria crime.

No centro da decisão ficam a verdadeira dona do Post, Kay Graham (Meryl Streep) e seu principal editor, Ben Bradlee (Tom Hanks). Esse último queria ir até as últimas consequências, publicar tudo e depois se fosse o caso brigar nos tribunais pelo direito de liberdade de expressão da imprensa. Ela havia tomado conta dos negócios após a morte do marido, não tinha experiência em tocar um grande jornal como aquele e temia criar atritos com suas amizades no alto escalão do poder em Washington. Mais do que isso. Tudo acontecia quando ela havia decidido abrir o capital da empresa, colocando ações à venda no mercado. Diante desse enredo Spielberg acaba fazendo mais uma vez grande cinema. É interessante notar sua grande capacidade narrativa. Atos até banais como o de dar a ordem de se colocar em ação as máquinas que imprimiam os exemplares dos jornais ganham tons épicos, graças ao talento do diretor. O ponto central passa a ser as pressões de se ir em frente (com risco de prisão) ou não, dar um passo atrás. O roteiro, que é muito bom, só falha um pouco no aspecto jurídico. Esse entrave entre o Post e o governo dos Estados Unidos deu origem a uma ação importante dentro da jurisprudência da Suprema Corte, mas Spielberg passa longe de explorar os detalhes jurídicos e técnicos dessa decisão. Ele preferiu dar uma agilidade maior ao seu filme tomando outro rumo, indo por outro caminho. Não faz mal. "The Post" é sim um belo filme sobre coragem e jornalismo de verdade, algo cada vez mais raro hoje em dia.

The Post: A Guerra Secreta (The Post, Estados Unidos, 2017) Direção: Steven Spielberg / Roteiro: Liz Hannah, Josh Singer / Elenco: Meryl Streep, Tom Hanks, Sarah Paulson, Bob Odenkirk, Bruce Greenwood, Tracy Letts, Jesse Plemons / Sinopse: Baseado em fatos reais o filme mostra os bastidores da publicação pelo The Washington Post de uma série de documentos secretos do governo americano durante os anos 70 e a repercussão que isso causou nos meios jurídicos e jornalísticos daquele país. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme e Melhor Atriz (Meryl Streep). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Direção, Melhor Ator (Tom Hanks), Melhor Atriz (Meryl Streep), Melhor Roteiro e Melhor Trilha Sonora (John Williams).

Pablo Aluísio.

Alexandria

Esse filme se propõe a ser uma biografia para o cinema da filósofa, matemática e astrônoma Hipátia de Alexandria que teria vivido no século IV. Mulher extremamente culta e inteligente, acabou sendo atinginda por fatos que nem diziam respeito a ela pois não era religiosa. O que acontecia em Alexandria na época em que viveu é que havia uma ruptura violenta com o sistema de crenças, com o desaparecimento do paganismo da cultura romana e o surgimento do cristianismo. Para jogar ainda mais fogo na situação havia ainda a classe dos judeus, que batiam com ambas as religiões, criando um caldeirão de intolerância religiosa em todos os setores da sociedade.

Resgatar a figura de Hipátia é muito louvável no meu ponto de vista, mas é a tal coisa: faça um resgate honesto da história, não invente bobagens. Infelizmente o roteiro desse filme está cheio de erros históricos. Só para citar um deles, o pior de todos. No filme a famosa biblioteca de Alexandria é destruída por uma horda de cristãos fanáticos. Para a grande maioria dos historiadores isso jamais aconteceu. Os verdadeiros destruidores da biblioteca foram os árabes sob o comando do Califa Omar. Outro erro é colocar o templo de uma antiga divindade de Roma como parte da biblioteca. Eram duas construções diferentes, localizadas em lugares diversos de Alexandria. O roteiro assim me passa uma sensação de ser uma propaganda anticristã. Claro que houve abusos e erros na história do cristianismo, porém forçar a barra, criando algo que não existiu, me soa como desonestidade intelectual.

Outro ponto que estraga o filme como um todo é a tentativa de colocar Hipátia como uma mulher mais importante para a ciência do que realmente foi. Das obras dela que chegaram até nós temos uma ideia do trabalho que ela desenvolvia, principalmente nos campos da matemática e astronomia. A colocar como descobridora do sistema solar de Kepler, que só iria ser descoberto pela ciência mil anos depois da morte dela, soa bobo e infantil, principalmente para quem conhece a história da ciência. Então é isso. O filme peca pelos erros históricos absurdos e pela má fé que o roteiro tenta passar em todos os momentos. Sou da opinião de que se vai fazer um filme histórico o faça direito, respeitando os acontecimentos, não manipulando tudo em prol de sua própria ideologia.

Alexandria (Agora, Espanha, 2009) Direção: Alejandro Amenábar / Roteiro: Alejandro Amenábar, Mateo Gil / Elenco: Rachel Weisz, Max Minghella, Oscar Isaac / Sinopse: Biografia para o cinema de Hipátia de Alexandria , professora, astrônoma e matemática que viveu entre os séculos III e IV na cidade de Alexandria, onde desenvolvia seus estudos na famosa Biblioteca da cidade. Após conflitos religiosos envolvendo pagãos, cristãos e judeus, Hipátia acabou sendo envolvida numa teia de conspirações que iriam custar muito caro para sua vida.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Trama Fantasma

Dos filmes que estão concorrendo ao Oscar de 2018, esse foi o que considerei o mais elegante, mais sofisticado. Na história temos um conceituado estilista londrino chamado  Reynolds Woodcock (Daniel Day-Lewis). Solteirão convicto, sua vida é dedicada inteiramente ao trabalho. Criando e elaborando lindos vestidos para a realeza europeia ele vai levando sua vida sem atropelos. Então para descansar um pouco decide certo dia dirigir pelo interior, parando em pequenos hotéis e hospedarias. Seu objetivo é ir até a casa de seu pai, mas no meio do caminho conhece uma garçonete chamada Alma (Vicky Krieps). Sempre com olhar de estilista ele percebe que ela tem o número certo para desfilar como modelo de sua nova coleção. No começo Woodcock a seduz e é correspondido, porém não demora muito a levá-la para seu atelier para tomar suas medidas. Certamente não foi bem um bom começo para esse relacionamento.

O roteiro assim se desenvolve, mostrando uma certa incapacidade de Woodcock em se entregar ao que sente, ao mesmo tempo em que Alma vai tentando levar em frente esse "não romance" entre eles. explorando a estranha simbiose que nasce entre o casal. Ele sempre frio, metódico, elegante, mas igualmente neurótico e ela como uma mulher comum que só deseja ter uma vida feliz ao seu lado, algo que ela logo percebe ser quase impossível. Em um filme assim o que se destaca mesmo é o elenco e ele é muito bom. A começar por Daniel Day-Lewis. Com cabelos grisalhos, em um tipo de interpretação mais introspectiva, centrada em si mesmo, Lewis é um dos principais concorrentes ao Oscar de melhor ator nesse ano. Chegou-se inclusive a se especular que esse seria seu último filme. Será mesmo? O que posso esperar é que não, já que Daniel Day-Lewis é aquele tipo de ator de raro talento que fará muita falta caso decida se aposentar. Vicky Krieps, que interpreta Alma, sua paixão improvável, também tem ótima cenas, embora nunca consiga sair da sombra gigantesca de Lewis. No geral é um filme muito, muito bom. A trilha sonora incidental é linda, quase toda em piano, com temas clássicos. Uma produção fina, especialmente indicada para quem estiver em busca de um cinema realmente classe A.

Trama Fantasma (Phantom Thread, Estados Unidos, 2017) Direção: Paul Thomas Anderson / Roteiro:  Paul Thomas Anderson / Elenco: Daniel Day-Lewis, Vicky Krieps, Lesley Manville / Sinopse: Estilista da realeza europeia acaba se enolvendo com uma garçonete que ele conhece por acaso durante uma viagem, dando começo a um relacionamente duradouro e problemático. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Daniel Day-Lewis), Melhor Atriz Coadjuvante (Lesley Manville), Melhor Música (Jonny Greenwood), Melhor Figurino (Mark Bridges) e Melhor Direção (Paul Thomas Anderson). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Ator (Daniel Day-Lewis) e Melhor Música (Jonny Greenwood).

Pablo Aluísio.

Mãe!

Esse filme foi absurdamente elogiado pela crítica em seu lançamento. Tudo fruto da inegável competência do diretor Darren Aronofsky, um cineasta que aliás gosto muito. Um verdadeiro artista da sétima arte. Dito isso, devo deixar claro também que esse filme não me agradou. Na verdade foi, até o momento, o pior trabalho de Darren Aronofsky que já assisti. Está muito longe da genialidade de "Cisne Negro" ou da emoção de "O Lutador", as duas obras primas desse diretor. Aronofsky caiu na velha armadilha de ser pretensioso demais, tentar parecer cult além da conta. O enredo começa até de forma convencional com um casal vivendo numa bela e isolada casa no campo. Curiosamente os personagens não possuem nome. Ele é apenas um escritor de livros que passa por uma crise de criatividade (isso é um clichê em personagens de escritor, não vamos esquecer disso). Ela é uma dona de casa, uma mulher que tenta dar apoio ao marido, fazendo os trabalhos domésticos enquanto ele tenta finalmente escrever um novo livro.

A esposa é interpretada por Jennifer Lawrence, o marido por Javier Bardem. Tudo caminha relativamente bem até a chegada de um estranho, um médico que vai parar na residência do casal. Interpretado por Ed Harris, esse personagem parece esconder algo. Pior é quando sua esposa também chega, fazendo com que a expressão "visitantes inconvenientes" ganhe uma nova dimensão. A coisa não para por aí. Logo chegam os filhos do casal, dois sujeitos que se odeiam e vivem brigando e daí a coisa toda vai virando um caos até tudo terminar em um final simplesmente caótico e devastador. Embora você tenha a sensação de estranheza durante todo o filme, nada vai lhe preparar para a bizarrice de seu final. É tudo muito estranho, bizarro, onde Darren Aronofsky tenta transmitir uma mensagem que provavelmente nem ele saiba qual é! É aquele tipo de filme que força uma barra para ser cult, moderninho, caindo na graça do público mais descolado. Nada errado em tentar alcançar esse tipo de objetivo. O problema é a chatice que vem com tudo isso. O saldo geral me soou bem negativo. É um filme estranho para pessoas estranhas. Não adiciona em nada nas carreiras de Jennifer Lawrence, Javier Bardem ou Ed Harris, nem muito menos para Darren Aronofsky, que acabou sendo atropelado pelo seu próprio ego.

Mãe! (Mother!, Estados Unidos, 2017) Direção: Darren Aronofsky / Roteiro: Darren Aronofsky / Elenco: Jennifer Lawrence, Javier Bardem, Ed Harris, Michelle Pfeiffer, Brian Gleeson, Domhnall Gleeson / Sinopse: Esposa (Lawrence) e seu marido escritor (Bardem) vivem em uma casa no campo quando suas vidas são reviradas de cabeça para baixo após a chegada de um estranho (Ed Harris) que diz ser médico em um hospital da região. Filme indicado ao Leão de Ouro no Venice Film Festival na categoria de Melhor Filme.

Pablo Aluísio.