sábado, 3 de junho de 2017

O Mago das Mentiras

Esse filme conta a história real do magnata de Wall Street Bernie Madoff (interpretado por Robert De Niro). Esse sujeito deu um golpe no mercado financeiro dos Estados Unidos avaliado em 65 bilhões de dólares! Os investidores que confiaram nele perderam tudo, as economias de uma vida, por causa da fraude que Madoff criou e escondeu por anos e anos! Essa história é impactante porque demonstrou duas coisas importantes: existia muita corrupção no meio político e financeiro dos Estados Unidos e os meios de fiscalização do governo falharam completamente ao não detectarem o tamanho dessa fraude. De uma forma ou outra Madoff virou sinônimo de ladrão no mercado de capitais, a tal ponto que toda a sua família acabou sendo destruída por esses acontecimentos que se seguiram após seus crimes serem descobertos. A sua história já foi tema de livros e séries, mas aqui ganhou uma nova visão, focada não apenas nos crimes que ele cometeu, mas também no impacto deles em sua própria família. Madoff tentou preservar seus dois filhos e sua esposa dos crimes que estava fazendo no mercado, porém como podemos ver no filme tudo isso foi em vão. O roteiro explora os tempos de riqueza e desgraça em cenas intercaladas, usando de flashbacks para mostrar sua vida antes e depois da queda final.

A direção é do excelente veterano Barry Levinson. Ele andava meio sumido ultimamente. Nos últimos anos só dirigiu poucos filmes. Aqui ele exercita novamente seu talento para contar boas histórias. Auxiliado por um elenco acima da média, conseguiu alcançar seus objetivos. Robert De Niro novamente tem uma boa atuação em sua carreira (algo que vinha lhe faltando em seus últimos filmes). Ele consegue em muitos momentos sumir dentro de seu personagem. A maquiagem e a caracterização também o deixaram muito parecido fisicamente com Madoff. A atriz Michelle Pfeiffer também é outro destaque. Ela interpreta a esposa do magnata, uma mulher envelhecida, arruinada, que tenta sobreviver após a tragédia que se abate sobre ela e seus filhos. No final a mensagem que fica é a que a ganância não corrói apenas as finanças de uma pessoa, mas sua alma também.

O Mago das Mentiras (Estados Unidos, 2017) Direção: Barry Levinson / Roteiro: Diana Henriques, Sam Levinson / Elenco: Robert De Niro, Michelle Pfeiffer, Alessandro Nivola, Hank Azaria, Kristen Connolly, Nathan Darrow / Sinopse: O filme conta a história de um magnata de Wall Street que deu um golpe enorme no mercado financeiro americano. A fraude atingiu a incrível cifra de 65 bilhões de dólares, levando milhares de investidores à ruína completa. Roteiro baseado em fatos reais.

Pablo Aluísio.

A Cabana

Esse filme tem um roteiro bem diferente. Com uma mensagem de espiritualidade (mais até do que de religiosidade), essa produção conta a história de um pai de família que se vê diante de uma grande tragédia em sua vida, quando sua pequena filha é sequestrada e morta por um serial killer pedófilo. Ele obviamente fica arrasado depois disso. Devastado também espiritualmente, ele se pergunta como Deus, sendo bom, onipresente e onipotente, deixa que atrocidades como essa aconteçam. Tentando superar esse trauma ele então decide ir sozinho até a cabana remota e isolada onde sua filha foi assassinada e lá acaba tendo uma experiência fora do comum. Para gostar desse filme o espectador vai ter que criar uma cumplicidade e tanto, mesmo se for uma pessoa bem religiosa. Isso acontece porque o próprio Deus é um dos personagens. Ele se revela ao pai da garotinha morta na imagem de uma mulher negra, interpretada pela talentosa Octavia Spencer. Seu objetivo é tentar explicar porque sendo todo poderoso deixou que um crime daqueles fosse cometido. O mais curioso de tudo é que Ele não está só. Jesus e o espírito santo também se revelam nas figuras de um jovem rapaz (o único que se aproxima um pouquinho da imagem do Jesus histórico) e uma jovem com traços orientais que representa o espírito santo em pessoa. A trindade se faz presente não apenas como metáfora espiritual ou teológica, mas como personagens reais, que interagem com o protagonista.

Nunca assisti nada igual a esse filme. A trindade sendo representada como personagens, como pessoas reais, é certamente algo original. O problema é que apesar de todas as belas intenções do roteiro o que podemos perceber é que teologicamente o texto é bem fraco. A mensagem de perdão e esperança até que é muito bem-vinda, porém a pergunta principal do protagonista (Por que Deus deixa que o mal exista?) não é muito bem respondida do ponto de vista teológico. O roteiro procura ter uma postura não alinhada às religiões tradicionais, sendo mais espiritualista, mas falha mesmo ao tentar responder uma questão tão crucial. Não é assim um filme para todos os públicos e nem esgota as questões filosóficas e de teologia que propõe. No final das contas não vai resolver a equação de natureza divina que ousou levantar. Isso é algo que inegavelmente fica pelo meio do caminho...

A Cabana (The Shack, Estados Unidos, 2017) Direção: Stuart Hazeldine / Roteiro: John Fusco, Andrew Lanham / Elenco: Sam Worthington, Octavia Spencer, Tim McGraw, Megan Charpentier, Alice Braga / Sinopse: Pai de família arrasado emocionalmente depois do assassinato de sua filha tem uma experiência surreal ao se encontrar com a própria trindade divina (pai, filho e espírito santo) na mesma cabana onde a criança foi morta por um assassino em série.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Vida

A referência mais óbvia dessa nova ficção é a série "Aliens". Curiosamente enquanto o último filme dessa franquia deixou muito a desejar, esse "Life" conseguiu surpreender. A trama se passa toda dentro de uma estação orbital internacional. Eles recebem uma amostra do solo de Marte onde conseguem localizar uma pequena célula alienígena. Ora, essa seria certamente uma das maiores descobertas científicas da história pois provaria que de fato há vida fora da Terra! Inicialmente a nova criatura chamada de Calvin, se comporta muito bem. Exposta a testes ela começa a crescer de forma rápida e assustadora. Quando um dos cientistas tenta manipulá-la dentro do laboratório ela demonstra ter uma força descomunal, quebrando todos os dedos do pesquisador. A partir daí se instala o caos. A espécime desconhecida vai adquirindo cada vez mais força e complexidade, demonstrando até mesmo ter inteligência acima da média.

E então começa o jogo de sobrevivência, com os tripulantes tentando matar a forma de vida de Marte enquanto ela começa a eliminar um a um dentro da estação espacial. Eu nunca pensei que iria escrever isso, mas a verdade é que Ridley Scott deveria assistir a esse filme para aprender a fazer um bom filme desse estilo. Claro que a todo tempo percebemos que há uma clara influência dos filmes de monstros espaciais dos anos 50, mas isso é uma qualidade e não um defeito. O diretor Daniel Espinosa optou por realizar um filme rápido, eficiente e muito bom no quesito diversão. O roteiro é muito bem escrito, desenvolvendo situações de suspense na velha fórmula gato e rato, onde apenas a espécie mais forte e bem adaptada pode sobreviver. Simples lei do universo onde o mais forte consegue seguir em frente na evolução. Diante disso "Life" é um bom exemplo do que se deveria fazer dentro da franquia "Aliens". Um roteiro inteligente, eficiente e que cumpre o que promete. Muitas vezes pretensão demais acaba estragando um filme. Aprenda a lição Ridley Scott!

Vida (Life, Estados Unidos, 2017) Direção: Daniel Espinosa / Roteiro: Rhett Reese, Paul Wernick / Elenco: Jake Gyllenhaal, Rebecca Ferguson, Ryan Reynolds, Hiroyuki Sanada, Ariyon Bakare / Sinopse: Tripulantes de uma estação espacial precisam lidar com uma estranha e desconhecida forma de vida encontrada em uma amostra tirada diretamente do solo de Marte. A espécime tem uma taxa de crescimento absurdo e demonstra ser uma criatura predadora, com comportamento violento e letal.

Pablo Aluísio. 

Máquina de Guerra

Esse é o mais recente filme do astro Brad Pitt e também o primeiro feito para ser exibido exclusivamente pelo Netflix. O roteiro é baseado numa história real, um fato até recente que aconteceu com o general de quatro estrelas Stanley McChrystal. Esse alto oficial do exército foi designado pelo presidente Obama para ir até ao Afeganistão. Como se sabe os americanos estão há anos naquele distante e isolado país. Como quase sempre acontece os militares dos Estados Unidos sabem muito bem como entrar em um país estrangeiro, mas sempre entram em apuros para sair de lá. É o famoso atoleiro, como o que aconteceu no Vietnã. Assim o general foi para as bases americanas no Afeganistão para literalmente colocar ordem na bagunça. Só que ao chegar lá compreendeu que aquilo era um problema sem solução. O Talibã ainda dava as cartas em certas províncias e a moral das tropas era bem baixo. O personagem interpretado por Brad Pitt se chama Glen McMahon e é uma paródia do general real. Ele tem vários maneirismos, anda de forma grotesca e sempre tem expressões faciais caricaturais. Pitt o interpreta com um pé no humor, embora o filme não seja uma comédia. É irônico, mas não assumidamente humorístico. De certa maneira é até uma inteligente crítica sobre a presença do exército americano em determinados rincões isolados e perdidos no mapa. Em determinado momento o general tenta ganhar o apoio do povo afegão, mas tudo vai por água abaixo. Como o próprio narrador do filme deixa claro nenhuma nação invadida vai celebrar a presença de seus invasores.

Em termos gerais é um bom filme, mas tem alguns problemas. O maior deles vem de sua duração excessiva. O filme teria maior agilidade com uma metragem mais enxuta, até porque seu enredo é basicamente de bastidores da guerra e não da guerra propriamente dita. Tudo é construído em torno do imenso oceano de burocracia e politicagem que o velho general tem que lidar. Ele quer vencer a guerra, mas aos poucos vai percebendo que a máquina de guerra americana está atolada, sem condições de seguir em frente. No final a mensagem é clara: não importa a qualidade dos militares para vencerem uma guerra, sem vontade política nada realmente sai do lugar.

Máquina de Guerra (War Machine, Estados Unidos, 2017) Direção: David Michôd / Roteiro: David Michôd, baseado no livro escrito por Michael Hastings / Elenco: Brad Pitt, Anthon Hayes, John Magaro  / Sinopse: General americano experiente (Brad Pitt) sofre com seus superiores para colocar ordem na situação das tropas americanas estacionadas no Afeganistão. Pior do que isso, seus subordinados acabam falando demais para uma conhecida revista de música pop dos Estados Unidos, criando uma grave crise no comando militar da região.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 1 de junho de 2017

O Chamado 3

Não tinha expectativa nenhuma para esse filme. Zero, nada. Afinal o fato dele ser a terceira sequência dos filmes de horror com a personagem Samara não significava muita coisa. "O chamado 2" é de 2005, então porque esperaram tanto para levar essa franquia em frente? Coisa boa não poderia ser. Bom, me equivoquei novamente. O filme até me surpreendeu. Tudo bem, ele começa bem ruinzinho. Aquela velha fórmula: alguém acha a fita com Samara, assiste ao vídeo e então recebe uma ligação com uma voz sinistra dizendo: "Sete dias". Quem assiste ao filme só tem sete dias de vida.  Nada de novo. Quem assiste ao filme agora (na verdade uma velha fita VHS como nos velhos filmes) é um professor universitário (curiosamente interpretado pelo ator Johnny Galecki, o Leonard da série "Big Bang Theory", aqui em papel sério). Ele então decide fazer uma pesquisa sobre essa estória e seus alunos começam a morrer. Quem salva o filme da mesmice é a namorada de um dos alunos que resolve investigar o passado de Samara. O que estaria por trás daquela imagem da garota saindo de um poço no meio de uma floresta?

O filme só melhora mesmo a partir desse ponto. O espectador acaba conhecendo vários aspectos do passado sombrio de Samara. As circunstâncias de seu nascimento, a morte de sua mãe, a identidade de seu pai. Tudo muito bem costurado pelos roteiristas que estão de parabéns por terem fugido do esquema dos filmes anteriores. Os sustos já não são tão previsíveis e Samara acaba recebendo uma nova identidade, uma nova forma de vê-la mais objetivamente. Seria ela uma vítima e não uma criatura das trevas? Esse tipo de pergunta que o roteiro levanta acabou salvando o filme de se tornar uma grande porcaria caça-níqueis. Esse diretor espanhol F. Javier Gutiérrez assim conseguiu surpreender aos fãs não apenas da série como aos fãs de terror em geral, porque o filme, que repito começa muito mal, acaba terminando muito bem. Claro que os produtores deixaram a porta aberta para futuras continuações, mas nem isso estraga "O Chamado 3", um filme que tinha tudo para ser muito ruim, mas que foi salvo pelas boas ideias de seu roteiro.

O Chamado 3 (Rings, Estados Unidos, 2017) Direção: F. Javier Gutiérrez / Roteiro: David Loucka, Jacob Estes / Elenco: Matilda Anna Ingrid Lutz, Alex Roe, Johnny Galecki / Sinopse: Após um professor universitário elaborar uma pesquisa sobre Samara e vários alunos morrerem depois de assistirem ao seu vídeo, a namorada de um deles resolve procurar pelo passado da garota morta. Só assim, ela pensa, poderá quebrar o círculo de mortes envolvendo aquela aparição assombrada.

Pablo Aluísio.

Sin City: A Dama Fatal

Quase dez anos depois do lançamento de "Sin City" eis que surge essa sequência tardia. Como era de se esperar os fãs de quadrinhos odiaram (provavelmente formam o grupo mais chato que existe dentro da cultura pop) e a crítica em geral, com receios dessa gente, acabou malhando o filme. Por isso adiei bastante o filme, só assistindo ontem, quase três anos após seu lançamento. Meu conselho é: ignorem a opinião dos leitores de quadrinhos e ignorem até mesmo os críticos de plantão. Não há nada de errado nesse "Sin City: A Dama Fatal" como tanto se falou. Pelo contrário, o filme é até muito divertido.

Dirigido pela dupla  Frank Miller e Robert Rodriguez, o filme segue os passos do primeiro. A linguagem é aquela que já conhecemos. A intenção dos realizadores é fazer com que o público tenha a sensação de que está lendo uma história em quadrinhos na tela do cinema. Poucas vezes criou-se uma simbiose tão forte em termos de linguagem ligando a sétima com a nona arte. As sequências do filme parecem desenhos das comics, com o farto uso do contraste entre o preto e o branco. É, como escrevi, basicamente o sistema que foi usado no primeiro filme. Não compreendo porque o primeiro foi tão elogiado e esse tão criticado se usam a mesma maneira de se contar o enredo. Pura rabugice dessa gente.

Tudo vai acontecendo de maneira fragmentada. Todas as estórias parecem ter apenas um ponto em comum: a presença do personagem brucutu Marv (interpretado por Mickey Rourke embaixo de forte maquiagem). Ele fica quase sempre no bar de strippers onde se apresenta sua musa, a bela Nancy (Jessica Alba), que agora passa por um momento complicado da vida. Consumida pelo desejo de vingança ela bebe além da conta. Seu alvo é um senador corrupto com quem ela quer acertar velhas dividas. A tal dama fatal do título é uma das melhores coisa do filme. Interpretada por Eva Green (em generosas cenas de nudez), ela é a principal razão para se assistir a esse filme. Como o próprio título sugere, ela é de fato uma mulher fatal, aquele tipo de beldade que parece sempre pronta a transformar todos os homens que encontra em seus capachos. Tudo com interesses escusos e imorais. Só vendo para crer. Então é isso, apesar de toda a avalanche de críticas negativas que o filme sofreu em seu lançamento, recomendo sem receios esse "Sin City 2". É violento, incisivo, mas principalmente divertido. Pode assistir sem qualquer tipo de aversão e preconceito.

Sin City: A Dama Fatal (Sin City: A Dame to Kill For, Estados Unidos, 2014) Direção: Frank Miller, Robert Rodriguez / Roteiro: Frank Miller / Elenco: Mickey Rourke, Jessica Alba, Josh Brolin, Eva Green, Joseph Gordon-Levitt, Rosario Dawson, Bruce Willis, Ray Liotta, Christopher Lloyd / Sinopse: Marv (Mickey Rourke) acaba se envolvendo em inúmeros problemas, principalmente quando é procurado por Dwight (Josh Brolin). Ele quer vingança contra uma mulher pelo qual se apaixonou e que o usou para fins ilegais e imorais. Filme indicado ao Jupiter Award e ao Women Film Critics Circle Awards.

Pablo Aluísio.

domingo, 28 de maio de 2017

O Falcão dos Mares

Durante as chamadas Guerras Napoleônicas no século XIX, a armada real britânica decide enviar um navio de guerra, o HMS Lydia, para os mares do Atlântico Sul. Sob comando do Capitão Horatio Hornblower (Gregory Peck) a embarcação deverá cruzar o Cabo da Boa Esperança indo em direção ao Oceano Pacífico, se dirigindo para a América Central onde a coroa tem interesses em desestabilizar a região, formada por inúmeras colônias espanholas. Como Espanha e Inglaterra estão em lados opostos nos conflitos armados na Europa caberá ao Capitão enviar armas e munição para um revolucionário local chamado Don Julian Alvarado (Alec Mango), conhecido entre seus seguidores como El Supremo. Após uma jornada longa, que dura meses e custa muito em termos de tripulação e mantimentos, finalmente o Capitão Hornblower e sua exausta tripulação chegam ao seu destino. Logo no encontro inicial o comandante inglês percebe que o revolucionário faz o estilo caudilho, violento, cruel e sanguinário. Um sujeito completamente desprezível, arrogante, egocêntrico e megalomaníaco. Mesmo assim Hornblower resolve cumprir o que lhe fora ordenado quando deixou a Inglaterra. Nesse ínterim surge um outro navio de guerra nos mares da região, uma poderosa nau com sessenta canhões pertencentes ao Reino de Espanha. Caberá ao Lydia enfrentar esse desafio, destruindo o inimigo para garantir os interesses britânicos no continente. O que Hornblower não contava é que o tabuleiro de xadrez da política na metrópole poderia mudar a cada instante, transformando antigos inimigos em aliados e vice versa.

"O Falcão dos Mares" é seguramente um dos maiores clássicos de filmes de aventura da história do cinema britânico. Uma produção espetacular com excelente roteiro e um elenco magistral, com destaque absoluto para Gregory Peck. Ele interpreta esse austero Capitão Inglês que é enviado para os confins do mundo conhecido com objetivos militares e políticos bem claros. Uma vez em seu destino, ele descobre que nada parecia ser o que ele esperava. Encontra um novo mundo cheio de guerras, brigas internas e conflitos. O líder revolucionário que poderia significar uma esperança para aqueles povos não passa de um bufão pomposo e sem escrúpulos. A população das colônias está também doente e desamparada, com uma epidemia de febre amarela. É justamente fugindo dela que surge a bela Lady Barbara Wellesley (Virginia Mayo). Ela pretende retornar para Londres no navio comandado por Hornblower. O problema é que aquela seria uma embarcação militar, não adequada para acomodar passageiros. Mesmo assim, por ser uma cidadã britânica, se torna obrigatório para o Capitão levá-la de volta ao lar, não sem antes se envolver em vários problemas decorrentes de uma viagem como essa. O filme tem excelente fotografia e cenas de combates entre navios que até hoje impressionam o espectador. Usando diversas técnicas (filmagens em estúdio e locações, embarcações reais, maquetes extremamente realistas e truques de câmeras) o espectador é levado a crer estar mesmo presenciando uma aventura nos mares naquela era tão turbulenta. O ponto alto do filme acontece quando o HMS Lydia enfrenta o orgulho da Marinha Real Espanhola, o navio Natividad. Uma cena de combate marítimo que está entre os melhores já realizados. Enfim, grande clássico, produção irrepreensível e história empolgante. Um grande filme, acima de qualquer crítica negativa que se queira fazer.

O Falcão dos Mares (Captain Horatio Hornblower R.N, Inglaterra, 1951) Direção: Raoul Walsh / Roteiro: Ivan Goff, Ben Roberts / Elenco: Gregory Peck, Virginia Mayo, Robert Beatty, Alec Mango / Sinopse: Para causar desestabilização política na América Central o Rei Eduardo da Inglaterra decide enviar uma embarcação militar com armas e munições para ajudar na luta dos revolucionários locais que desejam se libertar da dominação espanhola. Caberá ao virtuoso Capitão Horatio Hornblower (Gregory Peck) levar o HMS Lydia e seus tripulantes nessa perigosa viagem. No caminho encontram uma inglesa chamada Barbara Wellesley (Virginia Mayo) que deseja voltar para Londres. A viagem porém não será das mais tranquilas.

Pablo Aluísio.

sábado, 27 de maio de 2017

O Ocaso de uma Alma

Título no Brasil: O Ocaso de uma Alma
Título Original: Good Morning, Miss Dove
Ano de Produção: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Henry Koster
Roteiro: Eleanore Griffin, Frances Gray Patton
Elenco: Jennifer Jones, Robert Stack, Kipp Hamilton, Robert Douglas, Chuck Connors, Peggy Knudsen
  
Sinopse:
O filme narra a história de Miss Dove (Jennifer Jones). Após a morte de seu pai ela se vê em uma situação bem complicada. O pai deixou muitas dívidas com um banco e ela precisa arranjar um trabalho de qualquer maneira e o mais rapidamente possível! Acaba se tornando professora de uma escola para crianças de sua cidade. Os anos passam e Miss Dove acaba se tornando uma das pessoas mais queridas da comunidade, até que um dia, em plena sala de aula, ela passa mal, indo parar em um hospital.

Comentários:
O grande destaque desse filme é a interpretação inspirada da atriz Jennifer Jones. Ela interpreta uma professora desde a sua juventude até sua velhice, quando é internada às pressas em um hospital. No leito de seu quarto ela começa a perceber como é uma pessoa querida dos moradores daquele lugar. Quase todos são ex-alunos dela, desde o médico que a atende, passando pela enfermeira, indo até um jovem pobre que acabou se tornando um policial. Grande parte das histórias de cada um é contada em flashbacks, enquanto Miss Dove espera pelo resultado de seu exame. O filme é nostálgico, mostrando e valorizando a figura de uma professora que dedicou toda a sua vida ao ensino das crianças. De geração em geração, todos acabam prestando uma homenagem a ela no hospital onde está internada. É um filme bonito, com o roteiro valorizando aspectos importantes na vida de uma mulher que abriu mão de muitas coisas, até de parte de sua vida pessoal, para se dedicar à arte de ensinar. É interessante também por mostrar uma outra visão desse tipo de profissional que hoje em dia anda tão desvalorizado. Nas pequenas cidades dos Estados Unidos dos anos 50 a realidade era bem diferente, tanto em disciplina na sala de aula, como também no prestígio dessa professora única interpretada pela talentosa Jennifer Jones. O filme assim fica mais do que recomendado para os cinéfilos que apreciam o cinema clássico em sua fase mais inspiradora.

Pablo Aluísio.