quarta-feira, 3 de julho de 2013

O Demolidor

Na época de vacas magras da carreira de Stallone, os anos 90, ele tentou se voltar para os filmes de ação ambientados no futuro. Certamente estava de olho nos sucessos de bilheteria do rival Arnold Schwarzenegger, que sempre se deu muito bem nesse universo. Além de Sly o filme ainda trazia em seu elenco duas outras estrelas em ascensão: a simpática Sandra Bullock, para atuar nas cenas de alivio cômico e Wesley Snipes como o vilão da estória, um perigoso criminoso do século XX que é trazido de volta à vida depois de muitos anos. O mundo em que ele retorna é bem diferente daquele em que viveu, pois a criminalidade praticamente desapareceu e os policiais do futuro não têm muita coisa importante a fazer por causa disso. A trama é levemente baseada no famoso livro “Brave New World” de autoria de Aldous Huxley mas não espere nada de muito profundo ou marcante, já que “O Demolidor” é um filme de muita ação e não pretende ser mais do que isso.

Em termos de boas cenas de pancadaria e pirotecnia até que o filme se sai bem. O problema é que as piadinhas de certa forma minam o resultado final. Se “O Demolidor” tivesse adotado um tom mais sério e focado, principalmente investindo melhor no duelo dos dois principais personagens o filme teria sido bem melhor recebido pelo público e pela critica. Do jeito que está agradou apenas parcialmente o público de Stallone e em contrapartida não conseguiu trazer, por exemplo, as fãs de Sandra Bullock para as filas nas bilheterias dos cinemas. Por falar em Sandra Bullock ela recebeu mais uma de suas inúmeras indicações ao Framboesa de Ouro de pior atriz. De fato ela parece bem fora de seu ambiente nesse filme, mostrando que sua personagem, uma policial do futuro, não faz a menor falta na trama principal. Na época recordo que “O Demolidor” funcionava muito melhor no mercado de vídeo, algo que se repete atualmente. Visto como um programa descontraído e descompromissado o filme funciona razoavelmente bem. Não leve muito à sério e se divirta.

O Demolidor (Demolition Man, Estados Unidos,1993) Direção: Marco Brambilla / Roteiro:  Peter M. Lenkov, Robert Reneau / Elenco: Sylvester Stallone, Wesley Snipes, Sandra Bullock / Sinopse: No futuro um perigoso criminoso do passado é trazido de volta à vida causando muitos problemas para as forças policiais daquela época.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Star Trek – Além da Escuridão

Após violar uma das regras mais importantes da federação (aquela que determina que nenhuma expedição pode influir no destino e desenvolvimento natural das civilizações de outros planetas) o jovem Capitão Kirk (Chris Pine) acaba sendo punido pela frota estelar. Ele perde o comando da Enterprise e é removido para outra nave, ocupando dessa vez o posto de primeiro oficial. Quando tudo parecia perdido, uma reviravolta do destino muda os rumos de sua carreira novamente. Um ex-capitão da frota se rebela e se torna um terrorista e uma ameaça, atacando outras naves, criando problemas diplomáticos com os Klingons e o mais ousado de tudo: promovendo ataques na própria sede da frota estelar em San Francisco. Após um atentado que quase mata a todos o comandante geral Marcus (Peter Weller) resolve reabilitar Kirk para que esse vá até um ponto remoto do universo em busca do rebelde. Ao lado de Spock (Zachary Quinto) e toda a sua tripulação a Enterprise então parte para os confins da galáxia para colocar as mãos no insurgente, ao mesmo tempo em que tenta não despertar uma nova guerra interplanetária pois estará em território dominado pelo Império Klingon. Para sua surpresa o que parecia ser uma missão simples, de busca e prisão, acaba se revelando muito mais e Kirk se vê no meio de uma rede complexa de conspirações envolvendo a alta cúpula da Frota Estelar.

“Star Trek – Além da Escuridão” é o novo filme da franquia Jornada nas Estrelas a chegar nos cinemas. Falar sobre esse universo Star Trek é complicado e até desnecessário tamanha a sua importância dentro da cultura pop. São inúmeros os filmes, as séries, os livros, a influência e as demais vertentes dessa maravilhosa saga que nasceu na TV nos anos 60 e depois invadiu os cinemas, os quadrinhos e tudo mais a que tinha direito. A boa notícia para os fãs é que desde a retomada da franquia nos cinemas não há maiores sobressaltos. O cineasta J.J. Abrams se mostra muito preciso e talentoso ao lidar com a mitologia. Ele já tinha mostrado muito domínio em seu primeiro filme e repete o êxito aqui. O roteiro é ágil, bem escrito e se apóia em um personagem muito querido dos fãs, um vilão que surgiu ainda na série clássica e que agora retorna para resgatar sua posição dentro dessa série (cuja identidade não revelarei aqui no texto para não estragar a surpresa de quem ainda não viu o filme). Já do lado da tripulação original temos uma muito bem-vinda participação especial de Leonard Nimoy, o eterno Spock da série e dos primeiros filmes no cinema. Sua aparição é pequena, é verdade, mas seu carisma encherá de alegria os fãs mais saudosistas. Para quem gosta de efeitos especiais a produção é tecnicamente impecável, inclusive homenageando em sua direção de arte muitas das concepções que Gene Roddenberry usou nos primeiros episódios na TV. Os nativos primitivos de um planeta isolado que surgem logo na primeira cena do filme parecem ter saído de algum episodio da série clássica original. Enfim, só resta elogiar e recomendar. “Star Trek – Além da Escuridão” é realmente um excelente filme da eterna franquia Jornada nas Estrelas. Vida longa e próspera aos novos filmes.

Star Trek - Além da Escuridão (Star Trek Into Darkness, Estados Unidos, 2013) Direção: J.J. Abrams / Roteiro: Roberto Orci, Alex Kurtzman / Elenco: Chris Pine, Zachary Quinto, Zoe Saldana, Leonard Nimoy, Karl Urban / Sinopse: A Entrerprise sob o comando do capitão Kirk (Pine) é enviada a um setor distante do universo para capturar um ex-membro da frota estelar que agora está rebelado, promovendo ataques terroristas contra o alto comando da federação.

Pablo Aluísio.  

Avalon High

Filme produzido pela Disney para seu canal a cabo nos Estados Unidos. É baseado em um livro bem popular entre os adolescentes americanos escrito por Meg Cabot. O enredo é obviamente direcionado ao público jovem: A bonita e simpática Allie Pennington é transferida para uma nova escola. O local inicialmente se revela cheio de novidades mas nada a prepararia para o que acaba descobrindo pois seus novos colegas de classe são na verdade reencarnações da corte do Rei Arthur. Apaixonada pelo quarterback da escola ela acaba se envolvendo em muitas aventuras!

Pois é, pelo enredo já deu para ver que dificilmente um adulto vá curtir essa estória. Como se trata de um produto Disney não espere nada de muito ousado mas em compensação também não espere por algo mal feito. A produção segue o padrão do estúdio, muito embora adaptado para o universo das TVs a cabo, o que significa um orçamento mais modesto. O elenco é praticamente desconhecido do público brasileiro, todo formado por uma garotada ao estilo Disney: belas garotas e rapazes de boa aparência. O enredo tem romance e fantasia nas doses certas para os adolescentes. Quem já sintonizou alguma vez na vida o canal Disney Channel saberá muito bem o que lhe espera. Não chega a aborrecer como alguns programas que vemos ali mas para o público teen vai soar bem mais ideal. Só não recomendo para quem tem mais de 16 anos.
   
Avalon High (Idem, Estados Unidos, 2011) Direção: Stuart Gillard / Roteiro:  Julie Sherman Wolfe, Amy Talkington / Elenco: Britt Robertson, Gregg Sulkin, Joey Pollari, Devon Graye / Sinopse: Garota novata em escola descobre uma nova realidade em sua vida, ao mesmo tempo em que se envolve em muitas aventuras ao lado de seus novos colegas.

Pablo Aluísio.

domingo, 30 de junho de 2013

Um Cara Quase Normal

Jack Giamoro (Ben Affleck) é um sujeito bem sucedido. Tem sua própria agência de talentos, uma ótima casa, carros modernos e uma linda esposa, a ex-top model Nina (interpretada pela não menos maravilhosa deusa loira Rebecca Romijn). Tudo parece correr às mil maravilhas até que de repente as coisas começam a dar errado. Clientes deixam sua agência, as receitas caem, o pai sofre um derrame e por fim, para arruinar de uma vez por todas a sua ascensão pessoal e profissional, sua mulher tem um caso com um de seus mais importantes clientes. Tudo parece desmoronar de uma vez na cabeça do agora pobre coitado Jack. Essa é a premissa inicial desse “Um Cara Quase Normal”. Como era de se esperar o título nacional é dos mais estúpidos e certamente muitos deixaram de ver esse filme por essa razão. Quem se aventurar porém terá uma boa surpresa pois "Man About Town", seu título original, é uma película bem interessante, mostrando os dois lados da mesma moeda, onde o sucesso e o fracasso ficam bem próximos.

O elenco é liderado por Ben Affleck. Bom, já sabemos que ele é muito mais talentoso como diretor do que como ator pois sua lista de atuações canastras é longa. Aqui pelo menos ele não compromete. Seu papel é de um jovem homem de negócios com muita sede de poder e dinheiro que em determinado momento de sua vida tem uma revelação e começa a entender que no fundo isso não tem tanta importância como ele pensava. Sua vida mais parece um castelo de cartas que vai ao chão ao menor sinal de mudanças. Sua reviravolta no modo de pensar curiosamente começa quando ele decide entrar em um curso de escrita, ministrado por um professor com ares de charlatão (ótimo papel nas mãos de John Cleese, ator e comediante de mão cheia). Quando começa a escrever um diário com suas impressões da vida (uma das tarefas do tal curso) começa a finalmente entender os rumos de sua existência. Em essência temos aqui um filme divertido, leve, mas que também traz algumas questões interessantes. Esqueça o idiota titulo nacional e assista para tirar suas próprias conclusões.

Um Cara Quase Normal (Man About Town, Estados Unidos, 2006) Direção: Mike Binder / Roteiro: Mike Binder / Elenco: Ben Affleck, Rebecca Romijn, John Cleese / Sinopse: Jack (Affleck) é dono de uma agência de talentos que de repente vê os principais aspectos de sua vida pessoal e profissional ruir.

Pablo Aluísio.

Karate Kid

Eu sempre costumo dizer que alguns filmes já encontraram suas versões definitivas no cinema, por isso não é necessário tentar realizar remakes. Apenas a ganância em busca de caça-níqueis justifica a existência de certas produções. Um exemplo claro disso aconteceu com Karate Kid. A estória já havia encontrado seu veículo perfeito pois virou até franquia na década de 80. Infelizmente em crise completa de criatividade Hollywood resolveu ressuscitar o personagem nessa obra bufa, sem carisma, sem razão de existência, sem qualidade nenhuma. Para piorar o que já era uma idéia ruim o novo Karate Kid nada mais é que do uma tentativa (das mais desesperadas e toscas) do paizão Will Smith em transformar seu filhote Jaden Smith em astro instantâneo.

O enredo é muito parecido com o que já conhecemos. Dre Parker (o chatinho do Jaden Smith) se muda com a mãe para Pequim. Lá acaba se interessando por uma jovem garota chamada Meiving (Wenwen Han). O problema é que esse inocente e doce romance acaba irritando profundamente um valentão chamado Cheng, que não hesita em agredir Parker por sua ousadia de tentar conquistar a jovem de seus sonhos. Para aprender a se defender ele começa a ser treinado pelo Sr. Han (Jackie Chan, pagando mico), que através de sua arte marcial e filosofia tentará transformar o garoto em um grande lutador. É a mesma estória dos filmes anteriores só que agora maquiada para parecer algo diferente. Não colou. Nada de muito marcante acontece e o saldo final é mais do que negativo. É o tipo de filme que não soma em nada, não acrescenta nada de novo. Por isso é bem melhor rever os filmes originais, que eram bem melhores e muito charmosos com todo aquele estilo que só o cinema dos anos 80 conseguia reproduzir. Essa aqui é uma obra fajuta e descartável, sem a menor importância.

Karate Kid (idem, Estados Unidos, 2010) Direção: Harald Zwart / Roteiro: Christopher Murphey, Robert Mark Kamen / Elenco: Jaden Smith, Jackie Chan, Taraji P. Henson / Sinopse: Garoto americano após sofrer agressões na China resolve aprender artes marciais com um velho e sábio professor.

Pablo Aluísio.

sábado, 29 de junho de 2013

A Identidade Bourne

Esse foi o primeiro filme da franquia Bourne. Com toques de James Bond e muita ação os filmes Bourne fizeram grande sucesso e lançaram o ator indie Matt Damon no rol dos heróis de Action Movies. Não há como negar que todos os três filmes da série são bem realizados, bem roteirizados, com ótimo enfoque na mais pura ação. Como se sabe o gênero ação vive sua fase de ouro desde a década de 80 e segue colecionando ótimas bilheterias todos os anos, sendo que se formos analisar bem praticamente todos os blockbusters de Hollwyood atualmente são de ação (até mesmo os filmes de super-heróis). Praticamente não existem exceções. Mas voltemos a Bourne. Jason Bourne (Matt Damon) acorda de repente no meio do nada, sem memória e sem saber direito quem é. Em posse de um código, que parece ser um número relativo a uma conta bancária na Suíça, ele cruza a Europa e os Estados Unidos em busca de respostas. Como todos já sabemos Bourne é um agente especial de um programa ultra-secreto do governo americano que treina apenas a elite da elite.

Matt Damon se preparou bastante para o papel, afinal esse é o tipo de filme que era uma completa novidade para ele, uma vez que construiu sua carreira em cima de filmes mais alternativos, dramas em essência. Virar um astro de filmes de ação não é para qualquer um. Conforme explicou depois em entrevistas de promoção da fita ele treinou arduamente artes marciais para se sair bem em cena. Em muitas cenas – como a luta dentro do apartamento – literalmente dispensou dublês, realizando ele próprio toda a coreografia do confronto contra seu oponente. A produção de “A Identidade Bourne” foi cara e complicada pois o filme foi filmado em diversas locações, em países diferentes. O diretor Doug Liman também nunca tinha feito nada no gênero ação, sendo seus filmes anteriores pertencentes a outros estilos. Houve um tipo de atrito inicial entre Damon e o estúdio pouco antes do começo das filmagens pois resolveu-se mudar o roteiro da noite para o dia. “Esse não foi o filme que eu topei fazer” – avisou Damon, deixando claro que abandonaria o projeto caso o roteiro fosse modificado de última hora. Depois de muitas negociações ele e o diretor Doug Liman conseguiram então impor a primeira versão do texto, que é justamente essa que o espectador conferiu nos cinemas. Assim deixamos a dica do primeiro filme Bourne – caso você seja jovem demais para conhecer que tal uma maratona nesse fim de semana com toda a trilogia? Pode ser uma boa pedida, sem dúvida.

A Identidade Bourne (The Bourne Identity, Estados Unidos, 2002) Direção: Doug Liman / Roteiro: Tony Gilroy, W. Blake Herron / Elenco: Matt Damon, Franka Potente, Chris Cooper / Sinopse: Jason Bourne (Matt Damon) é um super agente da CIA que acorda sem memória. Agora terá que correr contra o tempo para entender a complexa rede de interesses no qual está supostamente envolvido.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

A.I. Inteligencia Artificial

O projeto nasceu inicialmente como uma parceria entre dois grandes diretores, Steven Spielberg e Stanley Kubrick. Ambos queriam trabalhar juntos, se admiravam e por essa razão desenvolveram a adaptação do famoso conto chamado “Superbrinquedos Duram o Verão Inteiro” de Brian Aldiss. Foi um processo longo e demorado, por dez anos Spielberg e Kubrick trocaram notas, idéias e opiniões até que infelizmente, poucos meses antes do começo das filmagens, Kubrick morreu. Para Spielberg foi um choque pois tudo estava certo para que Stanley dirigisse o filme, com produção executiva do próprio Steven. De inicio o diretor resolveu cancelar tudo mas depois de uma conversa muito franca com a viúva de Kubrick decidiu voltar atrás. Era muita coisa para se jogar fora da noite para o dia. Além disso o projeto estava concluído e era de fato a última visão do mestre Kubrick no cinema. Em honra de sua memória Spielberg resolveu arregaçar as mangas e partir para as filmagens, afinal seria não apenas a concretização de um projeto de dez anos mas também uma homenagem ao seu mentor.

O enredo conta a estória de dois andróides em busca de suas próprias humanidades. O cenário é um futuro caótico, sem esperanças, em um planeta atolado em lixo e caos. Tecnicamente “A.I. Inteligência Artificial” é simplesmente perfeito. Ótimos efeitos especiais, figurinos criativos, cenários inspirados. Seu roteiro também é bem inteligente, tratando de temas intrigantes. O problema é que antes das filmagens começarem Spielberg mexeu mais uma vez no texto e resolveu criar uma extensão na estória adaptada por Kubrick. Por isso o espectador acabou ficando com a impressão de que o filme na realidade tinha dois finais – aquele escrito por Kubrick e um mais adiante escrito por Spielberg. Ninguém duvida que Steven Spielberg é um dos grandes gênios da história do cinema mas aqui ele realmente se equivocou. Deveria ter filmado tal como Stanley Kubrick deixou o roteiro antes de partir. Spielberg errou ao tentar explicar demais ao público, algo que Kubrick não queria, pois seu final deixava tudo em aberto, para a imaginação do espectador. Já Spielberg foi além do necessário tirando nesse processo parte do impacto de A.I. Mesmo assim, com esses problemas, o filme ainda vale a pena. É uma ficção acima da média embora nunca tenha de fato se tornado uma unanimidade.

A.I. Inteligência Artificial (Artificial Intelligence: AI, Estados Unidos, 2001) Direção: Steven Spielberg / Roteiro: Steven Spielberg, Ian Watson e Stanley Kubrick (não creditado), baseados no conto "Supertoys Last All Summer Long" de Brian Aldiss / Elenco: Haley Joel Osment, Jude Law, William Hurt, Frances O'Connor, Sam Robards / Sinopse: Dois andróides tentam entender sua existência em um mundo futurista dominado pelo caos e desordem.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Um Crime Americano

O abuso doméstico é uma realidade cada vez mais comum nas sociedades. Usando do poder de mando dentro das famílias certas pessoas ultrapassam todos os limites da decência e do bom senso. É justamente esse o tema central desse “Um Crime Americano”. O roteiro é baseado em fatos reais e mostra o inferno em que entraram duas jovens que são colocadas por seus pais em um lar provisório enquanto eles tentam ganhar a vida (pois trabalham em feiras itinerantes que não propiciam estabilidade e segurança para as garotas). O problema é que a mulher com quem ficam é literalmente uma louca sádica que não perde a chance de promover espancamentos por qualquer motivo que seja. Em troca de 20 dólares semanais ela se propõe a tomar conta das garotas mas qualquer desvio por parte delas é severamente punido, qualquer mínimo deslize não escapa das piores punições, inclusive físicas e psicológicas. Uma verdadeira sádica sem limites.

O curioso é que certos aspectos da história real foram amenizadas, o que deixa qualquer espectador mais atento impressionado, pois o que é mostrado em cena já parece ser violento o bastante. O filme aposta em um realismo brutal mas sem expor o público a cenas explicitas demais de espancamentos e abusos. O diretor muitas vezes prefere apenas sugerir do que escancarar aos olhos dos que assistem ao filme toda a crueza sórdida da situação enfocada. O grande destaque do elenco vai para a sempre talentosa Ellen Page. Quem acompanha sua carreira tem pleno conhecimento de seu grande carisma e talento. Quando tem bom material em mãos para trabalhar Page se saí realmente bem, algo que se repete aqui pois a humanidade que traz para seu personagem é um dos grandes trunfos da produção. “Um Crime Americano” é um filme bastante relevante, pois mostra um tema importante. Seu roteiro também serve como uma denúncia dos absurdos que podem acontecer dentro de quatro paredes. Um alerta mais do que importante para toda a sociedade.

Um Crime Americano (An American Crime, Estados Unidos, 2007) Direção: Tommy O'Haver / Roteiro: Tommy O'Haver, Irene Turner / Elenco: Ellen Page, Hayley McFarland, Nick Searcy / Sinopse: O filme narra a história real de Gertrude Baniszewski, uma dona de casa sádica que promoveu diversos abusos contra uma garota menor de idade durante a década de 1960 em Indiana, Estados Unidos.

Pablo Aluísio.