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domingo, 22 de novembro de 2020

Farsa Trágica

Todo cinéfilo que se preze, sabe que Vincent Price foi um dos maiores nomes dos filmes de terror na era clássica do cinema americano. Alto, elegante, geralmente emprestava sua peculiar imagem para fitas que marcaram época. Na vida pessoal era um homem muito culto, amante das artes e de fino humor. Seu bom humor inclusive pode ser conferido aqui em "Farsa Trágica" onde Vincent não se furta de rir de si mesmo. Afinal de contas saber lidar com sua imagem cinematográfica a ponto de rir dela, sem traumas ou desculpas, é o que diferencia os grande mitos dos meros narcisistas da tela. Nessa produção Vincent Price interpreta Waldo Trumbull, um agente funerário bem picareta. Ele finge enterrar as pessoas em elegantes caixões vendidos a preço de ouro para logo depois jogar os pobres falecidos na terra nua, com o objetivo de vender o mesmo caixão várias vezes para outros clientes, por anos a fio. Ele é ajudado por seu subalterno, Felix Gillie (Peter Lorre), um pobre diabo, que aguenta todas as humilhações possíveis simplesmente porque nutre uma paixão pela mulher de seu patrão. Beberrão, sem papas na língua, o personagem de Price é assumidamente um pilantra que não pensa duas vezes ao passar a perna em seus clientes.

As coisas porém andam de mal a pior. Ele tem cada vez menos enterros e sua funerária corre o risco até de ser despejada por não pagar o aluguel há um ano! Pressionado pelo proprietário do imóvel (em magistral interpretação de Basil Rathbone, o eterno interprete de Sherlock Holmes), não resta outro alternativa ao personagem de Price a não ser procurar por soluções mais radicais. Já que seu ramo é o da morte e as pessoas estão vivendo muito mais do que o esperado, ele decide então dar uma ajudinha aos velhinhos da cidade! Em situações de puro humor negro, o agente funerário começa a ele mesmo matar seus futuros "clientes". Como se pode perceber "Farsa Trágica" é uma comédia de terror das mais espirituosas e engraçadas. Vincent Price está cercado por um elenco magistral, onde vários grandes mitos dos filmes de terror da era de ouro de Hollywood estão reunidos. O grande Boris Karloff, por exemplo, está hilário como o sogro muito velho de Price. O veneno aqui é usado em cenas bem divertidas. Com esse papel ele mostra que tinha um especial talento para comédias. Sem dúvida é um dos mais divertidos filmes do gênero. Ah, e antes que me esqueça, vale a citação também do gatinho Rhubarb que consegue roubar várias cenas com sua "atuação". Enfim, não deixe de assistir a essa deliciosa e divertida comédia de humor negro no mais puro estilo britânico.

Farsa Trágica (The Comedy of Terrors, Estados Unidos, 1963) Direção: Jacques Tourneur / Roteiro: Richard Matheson / Elenco: Vincent Price, Peter Lorre, Boris Karloff, Basil Rathbone / Sinopse: Agente funerário (Price) quase falido resolve dar cabo dos velhinhos da cidade para conseguir mais "clientes" para seus serviços. O plano porém dá errado quando um deles volta da tumba para acertar suas contas com ele.

Pablo Aluísio.

5 comentários:

  1. Cinema Clássico
    Farsa Trágica
    Pablo Aluísio.

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  2. A vida realmente imita a arte. Na década de '80 eu li um excelente livro sobre a Yakuza, a "máfia" japonesa, e numa parte um componente de uma gang, que o livro descreve como muitíssimo elegante ao se vestir, rouba uma lápide de mármore e fica procurando um sujeito com o mesmo nome para vender a um preço melhor que as das funerárias. E eu que achei que uma coisa dessas só podia acontecer no Japão.

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  3. Que história bizarra!!!
    Realmente não há limites para certos picaretas... rsrsrs

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  4. Eu acredito que o Vincent Price nunca se levou à sério Sempre havia um ar de deboche e canastrice divertida.

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  5. Isso me faz lembrar do Dr. Phibes... rsrsrs

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