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sexta-feira, 31 de maio de 2024

Atlas

Título no Brasil: Atlas
Título Original: Atlas
Ano de Lançamento: 2024
País: Estados Unidos
Estúdio: ASAP Entertainment
Direção: Brad Peyton
Roteiro: Leo Sardarian, Aron Eli Coleite
Elenco: Jennifer Lopez, Simu Liu, Sterling K. Brown

Sinopse:
Quando criança, Atlas Shepherd (Lopez) mexeu na programação do robô doméstico de sua casa. Isso acabou gerando uma máquina que começou a pensar por si mesma, avaliando que a humanidade deveria ser destruída. Anos depois, agora adulta, Atlas precisa deter o avanço de um plano de robôs rebelados que estão mesmo dispostos a destruir cada ser humano na face do planeta Terra. 

Comentários:
O filme foi massacrado pelos críticos. Um exagero! Percebi que os críticos mais velhos ficaram extremamente furiosos porque o novo Mad Max fracassou nos cinemas e esse novo filme Atlas fez sucesso. Uma espécie de ressentimento e revanchismo. Ficaram ofendidos! Não tem nada a ver. Cada filme deve ser analisado por si mesmo. Atlas não quer revolucionar nada, nem ser um filme que discute questões existenciais sobre Inteligência Artificial. É apenas um filme pipoca, feito para a pura diversão. É um filme de robôs gigantes de guerra enfrentando robôs rebeldes e revolucionários por causa da IA. Nada mais do que isso. E olhando sob esse ponto de vista digo que gostei do que assisti. É bem produzido, tem ótimos efeitos especiais e de computação gráfica e sua história simples funciona muito bem. Se a geração mais jovem não conhece Mad Max e nem está interessada em conhecer é outra coisa. Atlas agradou justamente por ser mera diversão. Nesse aspecto está de bom tamanho. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 30 de maio de 2024

Vestígios do Dia

Vestígios do Dia
Revi esse excelente filme de James Ivory. O filme continua maravilhoso a cada releitura. Na verdade o tema principal não é apenas a fleuma e o mundo das grandes propriedades vitorianas de uma Inglaterra prestes a embarcar nos horrores da Segunda Guerra Mundial. Tudo isso é um pano de fundo ricamente ilustrado, porém não o tema central do filme. 

Na verdade o cerne de seu argumento vem da impossibilidade de um homem, no caso o mordomo Mr. Stevens (brilhantemente interpretado por Anthony Hopkins), de assumir suas emoções e de expressá-las. Criado para ser um profissional de extrema educação e gentileza, quase a um ponto obsessivo, ele não consegue mais sair do papel, nem mesmo para assumir um relacionamento com a governanta Miss Kenton (Emma Thompson) que também está apaixonada por ele. Assim temos o melhor filme sobre amor não concretizado da história do cinema (e isso definitivamente não é algo irrelevante).

Além desse aspecto emocional principal temos também um subtexto bem interessante. O mordomo de Hopkins trabalha para um Lord prestes a cair em desgraça no Reino justamente por tentar a todo custo construir uma aliança com os nazistas. O filme explora bem isso com suas duas linhas narrativas. Na primeira vemos Stevens no auge da casa onde trabalha, com a chegada de importantes políticos e chefes de Estado. A casa resplandece de brilho e glamour. Já na segunda linha encontramos tudo mudando, a aristocrata casa sendo colocada em leilão e o velho mordomo em viagem de reencontro ao seu passado (algo que novamente não trará frutos satisfatórios).

Tudo acaba caindo nas mãos de um americano, em bom momento de Christopher Reeve no cinema. Ele obviamente tem um outro modo de ver o mundo e de agir, fugindo completamente dos rígidos padrões britânicos de educação e estilo. Isso claro vai contrastar completamente com Mr. Stevens e sua refinada classe. Enfim, são muitos subtextos enriquecedores. Assim "Vestígios do Dia" continua sendo uma obra prima da sutileza, das frases não ditas e dos sentimentos não expressados. Um filme realmente emocionante ao seu próprio modo.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 29 de maio de 2024

The Beatles - A Hard Day's Night - Parte 3

The Beatles - A Hard Day's Night - Parte 3
Esse álbum dos Beatles levou muito tempo para ficar pronto. Eles levaram praticamente seis meses para completar o disco. Não que os Beatles tivessem ficado todo esse tempo dentro do estúdio gravando as canções. Pelo contrário. Eles tiveram que cumprir tantos compromissos que ficou complicado para eles terminarem o álbum. Só para se ter uma ideia eles tiveram que interromper as gravações para sua primeira turnê americana, a mesma que deu origem à Beatlemania nos Estados Unidos e no mundo.

E a correria foi tão grande que quando as filmagens de seu primeiro filme terminaram eles não tinham sequer gravado a música título do disco, a canção "A Hard Day's Night". Por essa razão não existe nenhum cena no filme mostrando os Beatles tocando essa música. Eles simplesmente não tinham gravado a faixa durante as filmagens. Só depois de pronta é que os editores a colocaram no filme, mas apenas nos créditos iniciais. Uma loucura incrível. E como todos sabemos a música também foi composta meio às pressas, em quartos de hotel das turnês. Quem deu a dica foi Ringo, exausto de tantos compromissos. Ele apenas fez um trocadilho espirituoso em cima da maneira de falar e pensar de John Lennon. Deu certo.

"You Can't Do That" também foi gravada na pressa. A EMI queria lançar um single o mais rapidamente possível. Já que o disco não conseguia ficar pronto era necessário colocar alguma coisa nova no mercado para faturar em cima da imensa popularidade dos Beatles. Assim eles se reuniram de forma urgente dentro da EMI e gravaram essa música que seria colocada como Lado B de  "Can't Buy Me Love". Como se pode perceber a pressão em cima do grupo era grande, principalmente por parte da gravadora. Eles tinham que compor e gravar em ritmo quase industrial. Manter o pique para tantas solicitações de material era complicado.

Quando chegou em junho de 1964 o filme estava praticamente pronto, mas o disco ainda não. Os Beatles precisavam gravar ainda cinco ou seis faixas para o lado B do disco. John e Paul tinham decidido não colocar nenhum cover no álbum, mas apenas composições próprias. Então eles correram para criar um lado inteiro para o que seria a trilha sonora do filme. "Things We Said Today" foi composta dentro dos estúdios da BBC, onde os Beatles tinham seu próprio programa musical, onde tocavam e conversavam com os ouvintes e o DJ. Enquanto estavam esperando sua vez de entrar, eles apressadamente fizeram a música. Depois foi uma questão de tempo para finalizá-la em Abbey Road, poucos dias depois.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 28 de maio de 2024

Clint Eastwood e o Western - Parte 4

Clint Eastwood e o Western - Parte 4
Depois do grande sucesso de seus filmes de faroeste rodados na Itália, Clint Eastwood voltou para a Califórnia. Ele tinha alguns planos, o mais ambicioso deles era criar sua própria companhia de filmes. Conversando com um amigo mexicano ele foi aconselhado a não fazer isso. O sujeito lhe disse que ele iria à falência em pouco tempo e que iria ficar mal, cheio de dívidas. Em sua língua espanhola ele falou para Clint que aquele era um mal paso (um mal passo) que ele iria dar em sua vida. 

Clint aproveitou a situação para dar o nome para sua empresa. Como forma de piada a chamou de Malpaso Productions, usando da mesma expressão que seu "amigo" havia dito em sua conversa. Clint então alugou um pequeno escritório e contratou uma secretária que no final das contas iria trabalhar com ele por décadas e décadas. Era o ano de 1967 e Clint tinha grandes ambições pela frente. 

A ideia de Clint era relativamente simples. Usando de sua fama conquistada no cinema europeu, ele iria aos grandes estúdios de Hollywood pedir um financiamento para a produção de seus próprios filmes. Iria dirigir, escrever os roteiros e produzir seus filmes. Depois com o filme pronto ele iria dar para o estúdio distribuir nos cinemas. Depois de alcançar o custo da produção, recuperando o investimento, o estúdio iria lhe repassar o lucro do filme, dividido meio a meio. 

Naquele tempo isso parecia ser ousado demais, entretanto o tempo iria demonstrar que era uma excelente forma para Clint fazer os filmes que queria, o tornando além disso um homem muito rico, dono dos direitos autorais de seus próprios filmes, uma maneira de fazer cinema que iria acompanhar toda a sua trajetória em Hollywood. Ele obviamente ainda iria fazer muitos filmes de faroeste, mas não queria se resumir a esse gênero. Queria fazer todos os tipos de filmes. E acabou assim se tornando uma verdadeira lenda na indústria cinematográfica. 

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 27 de maio de 2024

As Cartas de Grace Kelly - Parte 10

As Cartas de Grace Kelly - Parte 10
Grace estava empolgada para filmar seu novo filme, a aventura "Mogambo" que seria filmado no Quênia, na África. Ela estava mais curiosa do que qualquer outra coisa. Nunca tinha ido no continente africano e achava tudo muito exótico e selvagem. Mas assim que chegou nas locações no Hell's Gate National Park percebeu que não seria algo fácil. O calor era sufocante! Os mosquitos comiam vivos os membros da equipe e elenco, inclusive ela! O diretor John Ford era um tipo durão, que falava com muita rudeza com seus atores e atrizes. A muito educada Grace Kelly não gostou do jeito dele, apesar de ser um dos grandes diretores de Hollywood. 

O filme contava ainda com Ava Gardner e Clark Gable. Grace gostou logo de cara de Ava, mas não gostou de Gable. Ele era um daqueles galãs da velha Hollywood e como tal vivia dando em cima das atrizes e qualquer mulher que se aproximasse dele. Parecia que havia uma obrigação em sua mente, de que deveria conquistar cada mulher que conhecia. Grace não gostava dele, achava o ídolo de Hollywood um grande canastrão e fazia chacota de seus avanços em relação a ela. 

Pior do que isso, Grace descobriu que o grande galã de Hollywood era banguela e que usava uma dentadura! Para ela aquele era o fim. Ela tinha má vontade até mesmo de ficar perto dele. Para complicar o que já era complicado o filme logo estourou o orçamento, as filmagens eram complicadas por causa da mudança da luz solar e do clima tropical. Foram tantos os problemas enfrentados que os estúdios de Hollywood iriam desistir de filmar no continente africano nos anos seguintes. Era mais rápido e fácil filmar tudo dentro dos grandes estúdios em Hollywood. 

Então a direção da MGM mandou a equipe voltar da África. O resto das cenas seriam filmadas nos estúdios da companhia em Los Angeles. Para Grace Kelly foi um alívio pois ela não estava mais suportando o calor, as picadas de mosquitos, os animais selvagens, etc. Assim que as filmagens terminaram ela voou para Nova Iorque e se hospedou no melhor hotel da cidade. Queria descansar no luxo! Afinal ela era uma estrela de Hollywood. Filmar na África nunca mais estaria na sua agenda de trabalho. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 26 de maio de 2024

A Paixão do Imperador Adriano

Vários imperadores romanos foram homossexuais. Essa era uma tradição que vinha desde Júlio César cujas inscrições pelas ruas de Roma diziam: "César, homem de muitas mulheres, mulher de muitos homens". Fazia parte do jogo político ter relações homossexuais com figuras importantes para subir na carreira política. O imperador Adriano porém se notabilizou por ter elevado a homossexualidade ao sagrado divino. Ele subiu ao poder após a morte de Trajano, um imperador nascido fora de Roma. Adriano também era natural da província da Hispânia (atual Espanha) e para muitos romanos não passava de um estrangeiro dentro do próprio Império. Segundo várias fontes Adriano teria conspirado com a própria mulher de Trajano para se tornar imperador. Uma vez entronado no poder supremo começou a perseguir violentamente todos aqueles que pudessem simbolizar uma ameaça ao seu poder.

Embora fosse casado com uma importante mulher romana, Adriano gostava mesmo da companhia de jovens rapazes. Ele foi um homossexual praticamente assumido o que causava escândalo em certos setores da sociedade romana. A questão era que Adriano amava a arte grega, sua literatura e seu modo de vida. Naquela época o homossexualismo era extremamente difundido entre os gregos e ser gay era praticamente um pré requisito para ser um verdadeiro grego. Com o poder em mãos Adriano se jogou numa vida de pura luxúria homossexual. Viajou praticamente durante todo o seu período como imperador, ficando pouco tempo na capital do império, Roma. Durante essas viagens Adriano se entregou a todos os tipos de prazeres pervertidos. Centenas de jovens bonitos, todos menores de idade, foram para a cama com ele. Sim, além de ser homossexual, Adriano também era pedófilo, como havia sido Tibério antes dele.

Um desses meninos porém virou a cabeça do imperador. Ele se chamava Antínuos e era considerado um dos jovens mais bonitos da Grécia antiga. Adriano se apaixonou completamente pelo rapazola. Mandou que os principais poetas romanos lhe escrevessem longos poemas de amor e passou a exibir ostensivamente sua paixão por onde passava. Seu romance porém foi breve. Durante uma viagem pelo Egito Antínuos sofreu um acidente, caindo do navio imperial, se afogando nas águas barrentas do Rio Nilo. A morte de seu amado abalou profundamente o Imperador que inconsolável resolveu que todos os habitantes do império romano deveriam tratar seu jovem namorado como a um verdadeiro Deus dali para frente. Inaugurou estátuas sagradas em honra a Antínuos, mandou construir templos em sua honra e assumiu de maneira completamente pública seu grande amor homossexual pelo jovem (que segundo fontes não teria nem ao menos 17 anos de idade ao morrer). Pela primeira vez na história um Imperador romano era ostensivamente homossexual e pedófilo, para todos verem.

Duas religiões porém se negaram a aceitar Antínuos como um Deus! A primeira foi o Judaísmo. Era impossível para um judeu aceitar um rapaz como aquele, homossexual e pederasta, como uma divindade que estivesse no mesmo patamar que seu amado Deus único! Adriano ficou possesso com isso e mandou seus exércitos praticamente destruírem Jerusalém. A guerra que se iniciou foi uma das mais violentas da história culminando com a destruição de vários templos judaicos, profanações de seus lugares sagrados, crucificações em massa e morte. Adriano praticamente destruiu a cidade, expulsou os judeus sobreviventes e mudou o nome de Jerusalém para Élia Capitolina. O culto ao Deus dos judeus foi proibido. Orações só poderiam ser feitas agora para seu jovem namorado falecido. Para completar e mostrar força mandou destruir um importante templo judeu, erguendo em seu lugar um recinto religioso dedicado a orações para Zeus e seu amante juvenil, Antínuos.

Outra religião nascente que também trouxe muitas resistências a Adriano foi o Cristianismo. Seus seguidores acreditavam que Jesus era o Messias enviado por Deus. Crucificado por Roma ele teria ressuscitado do mundo dos mortos para a salvação da humanidade. Havia uma forte moralidade dentro do cristianismo que combatia de forma veemente o homossexualismo que Adriano tanto tentava propagar no império. Bastou isso para que o imperador ordenasse inúmeras perseguições a líderes cristãos. Qualquer um que fosse reconhecido como membro dessa seita religiosa deveria ser crucificado ou jogado aos leões nas arenas romanas. Quando Adriano soube que o tal Jesus Judeu havia sido crucificado no lugar chamado de Gólgota ordenou imediatamente que no mesmo lugar fosse erguido em templo em honra a Afrodite, a Deusa do Amor e do Erotismo. Adriano também mandou editar leis que ordenavam a prisão de qualquer religioso que se levantasse contra os seus padrões de comportamento. Bastava a citação de que o homossexualismo seria um pecado mortal para que o insurgente fosse condenado às mais duras penas do Império Romano.

Após a morte do imperador o culto ao novo deus Antínuos foi desaparecendo do Império. Os próprios imperadores que o sucederam chegaram na conclusão que era um absurdo transformar um jovem rapaz homossexual, amante de Adriano, em uma divindade. Muitos inclusive alegaram que fatos assim só serviam para destruir ainda mais a religião pagã e politeísta do antigo Império. Com isso Antínuos foi paulatinamente desaparecendo dos grandes templos, caindo rapidamente em esquecimento. Enquanto isso o Cristianismo baseado na vida daquele pobre homem morto em Jerusalém foi ganhando cada vez mais adeptos até se tornar a maior religião do mundo em todos os tempos.

Pablo Aluísio.

sábado, 25 de maio de 2024

Elvis Presley - Elvis Country - Parte 1

Elvis Presley - Elvis Country - Parte 1
A primeira vez que ouvi "Snowbird" eu pensei se tratar de alguma música de trilha sonora lá por volta de 1968, 1969, por aí. Realmente essa canção ficaria completamente dentro do contexto musical das outras que Elvis havia gravado para filmes de Hollywood nessa época. É uma música bem pueril, diria até bucólica, ideal para aquele momento em que o movimento hippie tomava conta das ruas da Califórnia. Sem dúvida era uma faixa para dialogar com esse tipo de público. Um cabeludo qualquer de San Francisco naqueles anos iria curtir essa canção com absoluta certeza! 

Só que ao invés de ser uma música de Hollywood, ela era na verdade mais uma gravação da chamada Maratona de Nashville. Essa foi uma longa sessão realizada por Elvis em 1970 nos estúdios da RCA Victor na conhecida capital da música country. Elvis gravou tantas músicas que elas iriam dar origem a diversos álbuns do cantor naqueles anos, entre eles esse "Elvis Country" que como o título já deixava bem óbvio, era formado apenas por músicas desse estilo, algo que estava começando a predominar no repertório de Elvis. 

E de todas esas faixas a mais caipira era "Little Cabin on the Hill" que sem a menor sombra de dúvidas foi escrita para um público bem Hillbilly. Uma ironia que um artista que se tornou mundialmente conhecido pelo mais urbano de todos os gêneros musicais, o Rock, tinha também esse lado rural bem acentuado. Claro que Elvis nunca foi um caipira vivendo nas montanhas, mas esse tipo de sentimento muitas vezes falava fundo em seu coração. Então o tema não era apenas conhecido dele, mas se mostrava também muito familiar, por suas próprias origens lá na pequenina e caipira cidade sulista de Tupelo na década de 1930. 

"Tomorrow Never Comes" era mais pretensiosa e diria até mesmo épica. Aquele tipo de música que começa um tanto intimista, mas que vai crescendo a cada nota musical, até finalmente chegar em um clímax de pura apoteose. Foi justamente esse tipo de estrutura melódica que atraiu Elvis que estava decidido a mostra todo o seu poderio vocal nos anos 70. Ele queria não apenas ser conhecido por suas canções de rock e pop, mas também ter o devido reconhecimento como um dos grandes cantores da cultura norte-americana. No final ele estava certo. Os anos iriam trazer esse reconhecimento para ele. 

Pablo Aluísio. 

The Beatles - A Hard Day's Night - Parte 2

The Beatles - A Hard Day's Night - Parte 2
Os Beatles gravaram esse álbum no meio de uma correria sem fim. Eles tinham turnês para fazer, cenas para filmar e além de tudo encontrar tempo para gravar as canções do disco que futuramente seria a trilha sonora original. E mais curioso de tudo é que todas as músicas seriam compostas pela dupla Lennon e McCartney. Mesmo que ainda fossem jovens eles já sabiam do valor de seu trabalho musical e por isso determinaram que não haveria músicas de outros nesse álbum.

E no meio de toda essa agitação eles ainda tinham fôlego para compor belas baladas como "I Should Have Known Better". Essa música seria usada como faixa 2 do lado A do disco original britânico, ou seja, os Beatles colocavam fé na música. Acertaram bem no alvo pois a música se tornou um hit, um sucesso instantâneo do grupo assim que chegou nas rádios inglesas e americanas. O tema era de arrependimento, porém obviamente numa levada mais juvenil, adolescente, afinal esse era o público dos Beatles na época. Jovens não pensam muito bem em seus atos, são impulsivos, mas era melhor pensar um pouco melhor antes de fazer alguma bobagem. Esse era o tema da música.

Embora George Harrison não tenha composto nenhuma música para esse disco, John Lennon o escalou para cantar a bucólica "I'm Happy Just to Dance with You". Tema simples, bem romântico, ideal para bailinhos, onde o sujeito apaixonado ficava feliz apenas por dançar com a garota que amava. A voz de George e sua conhecida timidez que lhe valeu o apelido de "O Beatle quieto" combinou bem com a letra e a melodia. Os Beatles porém pouco trabalharam em cima dessa canção, se tornando apenas um bom complemento para o disco de uma forma em geral.

E fechando o lado A do disco original britânico surgia a boa faixa "Tell Me Why" onde o destaque vinha dos vocais dos Beatles. Todo mundo cantando junto em Abbey Road. Imagine um casal de adolescentes em crise. Ele quer saber porque o relacionamento vai tão ruim, por que ela o trata tão mal. Afinal o que ele fez? Um tema ideal para as fãs que gritavam pelos Beatles na época, ou melhor dizendo, para os fãs, uma vez que a letra vinha em primeira pessoa, de um namorado perplexo pelo que vinha acontecendo nos últimos dias. Pelo visto o pobre coitado acabou mesmo sem respostas...

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 24 de maio de 2024

Rebecca - A Mulher Inesquecível

Título no Brasil: Rebecca - A Mulher Inesquecível
Título Original: Rebecca
Ano de Lançamento: 2020
País: Estados Unidos
Estúdio: Working Title Films
Direção: Ben Wheatley
Roteiro: Jane Goldman, Joe Shrapnel
Elenco: Lily James, Armie Hammer, Kristin Scott Thomas

Sinopse:
Um milionário inglês, homem viúvo e solitário, dono de uma bela mansão no interior da Inglaterra, acaba se apaixonando por uma jovem de classe social inferior. Ele a conhece em um hotel enquanto tentava se recuperar da morte de sua esposa, algo que havia acontecido recentemente. Depois de um breve romance, acaba se casando com ela, a levando para morar em sua bela casa, algo que vai abalar o lugar, uma vez que a presença da antiga senhora ainda se faz muito presente. 

Comentários:
Essa história é o que eu costumo chamar de suspense à moda antiga. O livro original é bem antigo, então isso garante elegância, bom gosto, sutileza. Elementos que inexistem nos filmes de suspense nos dias atuais onde tudo parece se resumir em sangue e tripas. Aqui não, a história vai sendo tecendo aos poucos, os personagens são bem trabalhados e desenvolvidos. Tudo é muito sutil, investindo no clima do suspense, na sugestão, nas sombras noturnas. Nada de frivolidades banais que vemos tanto nos dias de hoje. Eu gostei dessa nova versão dessa velha história. Funcionou muito bem! Claro que jamais irei comparar esse remake com o filme clássico original. Seria covardia! Mas de qualquer forma uma coisa é certa: essa produção soube contar bem essa história. Solidão, amargura, isolamento, tudo está na tela. Não faltou nada, nem o suspense que continua muito bem mostrado nesse filme. Aliás é sempre bom lembrar que histórias inglesas de fantasmas reais ou imaginários vivendo nos corredores daquelas velhas mansões vitorianas geralmente já formam um filão cinematográfico à prova de falhas. E esse filme mostra mais uma vez que essa é uma verdade não escrita. Simplesmente assista ao filme. Você não vai se arrepender! 

Pablo Aluísio.

Ted Bundy: Mente Assassina

Título no Brasil: Ted Bundy: Mente Assassina
Título Original: Ted Bundy: American Boogeyman
Ano de Lançamento: 2021
País: Estados Unidos
Estúdio: Voltage Pictures
Direção: Daniel Farrands
Roteiro: Daniel Farrands
Elenco: Chad Michael Murray, Holland Roden, Jake Hays

Sinopse:
Ted Bundy, um criminoso e psicopata violento, começa a cometer uma série de crimes em diversos estados diferentes. Atravessando os Estados Unidos ele faz vítimas por onde passa e suas vítimas geralmente se enquadram em um perfil bem definido, jovens mulheres de cabelos negros! 

Comentários:
Um filme ruim! Veja, a história do serial killer Ted Bundy não precisa de nenhum adicional para resultar em um bom filme. Esse psicopata era tão maluco que tudo o que se precisa para um bom filme de terror já se encontra em sua história real. Não precisavam mexer. Mas como tem muito roteirista burro e sem criatividade em Hollywood nos dias de hoje resolveram acrescentar elementos inexistentes na história real. Tudo muito ruim, sem lógica, sem nexo. Pioraram o que já estava feito, já estava pronto. Bastava contratar um pesquisador, colocar os fatos da história real e pronto, já tinham uma história completa para contar. Mas não, decidiram melar tudo. E o filme não é ruim apenas por causa do roteiro péssimo, mas também pela produção fraca. Abaixo de filme B e olha que a produtora é boa, uma companhia cinematográfica que tem experiência em filmes de terror. Complicado entender porque erraram tanto! 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 23 de maio de 2024

Noites Brutais

Título no Brasil: Noites Brutais
Título Original: Barbarian
Ano de Lançamento: 2022
País: Estados Unidos
Estúdio: BoulderLight Pictures
Direção: Zach Cregger
Roteiro: Zach Cregger
Elenco: Georgina Campbell, Bill Skarsgård, Justin Long

Sinopse:
Um ator de Hollywood é acusado de assédio sexual contra uma colega de trabalho. Quando ela o denuncia, seu mundo parece cair. Ele é logo cancelado pela internet e corre para levantar dinheiro para se defender nos tribunais. Então decide viajar até Detroit, onde comprou uma casa como investimento. Seu plano agora é vender a casa. E essa ideia logo se revela um péssimo passo dado, porque os porões dessa antiga casa escondem segredos terríveis e assustadores. 

Comentários:
Por mais incrível que pareça o que mais achei interessante nesse terror foi o fato de que a história se passa numa casa em Detroit. Essa cidade foi uma das mais ricas dos EUA, mas depois que a indústria automobilística foi embora de lá virou um lugar praticamente abandonado, cheio de casas vazias e ruas cheias de crime. E a casa que é o palco onde a história de terror se desenvolve foi uma bela casa nos anos 50, com seus gramados verdes esmeralda. Só que depois da crise acabou virando um circo dos horrores em seus porões. Outra coisa digna de nota. Não ache a história do filme muito fora da realidade. Esse tipo de coisa já aconteceu na crônica policial dos Estados Unidos. Por mais bizarro e demente que possa parecer, já ocorreu na vida real, não é inverossímil. Nunca subestime a maldade e a perversidade de uma mente psicopata! Enfim, um terror plenamente plausível, onde o lado mais sórdido e cruel desses psicóticos surge em sua mais pura crueza. É um filme de horror para conferir, sem dúvida nenhuma. 

Pablo Aluísio.

Jester - A Morte Sorri

Título no Brasil: Jester - A Morte Sorri
Título Original: The Jester
Ano de Lançamento: 2023
País: Estados Unidos
Estúdio: Cinematic Productions
Direção: Colin Krawchuk
Roteiro: Colin Krawchuk, Michael Sheffield
Elenco: Michael Sheffield, Lelia Symington, Delaney White

Sinopse:
Um homem se mata numa ponte, se enforcando. Suas duas filhas, de famílias diferentes, se encontram em seu funeral. O que parece ser apenas um enterro triste de um membro da família acaba sendo o estopim de uma série de aparições de uma estranha figura mascarada, que não fala, mas que parece ter todos os tipos de más intenções. 

Comentários:
Mais um filme de terror com um tipo mascarado. Eu não diria que o vilão seria mais um daqueles palhaços assassinos, mas sim um mímico, aqueles tipos que fazem apresentações em parques de diversões sem falar uma palavra sequer. É um filme de baixo orçamento, mas que não chega a ser uma porcaria, pelo contrário, vi coisas interessantes por aqui. O uso de um certo argumento psicológico envolvendo a morte do pai de duas irmãs, soa até bem escrito. Uma delas ficou para trás pois o pai formou uma nova família e a negligenciou quando ainda era adolescente. A mágoa ficou. E esse tal de Jester usa justamente esse aspecto, esse trauma familiar dela, para assustar e criar o seu terror. É um tipo paranormal, não é apenas um ser humano comum. Entre mortos e feridos até que o filme é interessante, embora não seja nenhuma maravilha do gênero terror. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 22 de maio de 2024

Friends: A Reunião

Título no Brasil: Friends: A Reunião
Título Original: Friends: The Reunion
Ano de Lançamento: 2021
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Russell Norman, Ben Winston
Roteiro: David Crane, Marta Kauffman
Elenco: Jennifer Aniston, Courteney Cox, Lisa Kudrow, Matt LeBlanc, Matthew Perry, David Schwimmer

Sinopse:
Quase 20 anos depois, o elenco da série de grande sucesso de audiência Friends volta a se reunir no mesmo estúdio onde os episódios foram gravados no passado. E eles também acabam concedendo uma entrevista relembrando os velhos tempos. 

Comentários:
Durante muitos anos se especulou se haveria um filme de Friends para o cinema. A Warner queria lançar esse filme, afinal o potencial de bilheteria era gigantesco, mas parte do elenco da série recusou o convite. Eles queriam que aquele final, exibido no último episódio da série, fosse o definitivo. Nada de retornar para continuar a história daqueles seis amigos que moravam em Nova Iorque. Como o filme não saiu do papel resolveu-se promover essa reunião do elenco original. É a tal coisa, esse tipo de reunião sempre resulta nas mesmas coisas. Eles estão agora maduros, coroas, então há um choque quando imagens da série são exibidos, afinal eles eram todos jovens radiantes nos anos 90. E esse tipo de comparação cruel se torna ainda mais complicada para Matthew Perry. Visivelmente doente e inchado, ele realmente não estava nada bem, muito pelo contrário. Então é isso, não achei muito bom, na realidade achei até bem melancólico e com um certo toque meio depressivo também, apesar deles tentarem investir em uma piada atrás da outra. De qualquer forma serviu como uma espécie de despedida final, até porque Matthew Perry morreria algum tempo depois. Sob esse ponto de vista pelo menos serviu para alguma coisa. 

Pablo Aluísio.

A Morte de Matthew Perry

Matthew Perry
O ator Matthew Perry escreveu um livro muito relevante antes de morrer. Intitulado "Amigos, Amores e Aquela Coisa Terrível" ele contou sobre aspectos dramáticos de sua vida. A maioria das pessoas o conhecem por causa da série "Friends". Aliás foi nesse programa que ele atingiu o ápice de sua carreira, se tornando rico e famoso. Chegou ao ponto de ganhar mais de 1 milhão de dólares por episódio. Porém nada disso parecia fazer diferença pois ele era dependente químico. A dependência de drogas e álcool é justamente o que ele chamou de "Aquela Coisa Terrível" que faz parte do título de seu livro. 

O texto foi uma forma de terapia e encorajamento para todos os que passavam pelos mesmos problemas que ele passou. O abuso de drogas e bebidas acabou com sua saúde física e mental. Ele tentava superar todos esses dramas quando escreveu o livro e estava convicto que iria vencer, mas infelizemnte como todos sabemos, não foi bem isso que aconteceu no final de tudo. 

Perry admite que as drogas afastaram os amigos, destruiu seus relacionamos amorosos e por fim o levou a ter muitos problemas de saúde. Ele chegou a ficar com o coração parado por cinco minutos numa dessas graves crises e só não morreu porque gastou muito em tratamentos hospitalares. Ele afirma no livro que apenas seus internamentos lhe custaram mais de 7 milhões de dólares! Ainda assim ele não descreve como boas as experiências que teve nessas clínicas de alto custo nos Estados Unidos. 

De qualquer forma a verdade é que ele nunca superou o problema com as drogas. Seu vício era tão grande que ele chegou a perder quase todos os dentes da boca. Isso para um ator que vivia de sua imagem deve ter sido uma experiência traumática demais. Em uma das suas últimas aparições em "Friends: A Reunião" que reuniu os seis atores da série, podemos perceber como ele estava mal. Visivelmente inchado, fazendo força para aparentar bem no filme, algo que não conseguiu. 

A batalha de Matthew Perry contra as drogas acabou na sua casa. Ele tinha uma grande banheiras de hidromassagem e estava tao drogado ao entrar nela que acabou perdendo a consciência, afundando, morrendo afogado. A autópsia revelou todos esses detalhes recentemente. Ele morreu não apenas pelo afogamento, mas também pela grande quantidade de drogas, de um tipo fortíssimo, inclusive usado para fins veterinários. Foi um triste fim para um ator que parecia ter tudo, mas que no final das contas foi vencido pelas drogas. 

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 21 de maio de 2024

Godzilla e Kong: O Novo Império

Título no Brasil: Godzilla e Kong: O Novo Império
Título Original: Godzilla x Kong: The New Empire
Ano de Lançamento: 2024
País: Estados Unidos
Estúdio: Legendary Entertainment
Direção: Adam Wingard
Roteiro: Terry Rossio, Adam Wingard
Elenco: Rebecca Hall, Brian Tyree Henry, Dan Stevens

Sinopse:
Algo está abalando o mundo. O Titã Godzilla reaparece, pronto para enfrentar um novo desafio, outro monstro gigantesco. Enquanto isso King Kong também está inquieto. De uma espécie sociável, ele precisa de outros gorilas gigantes e sai em busca disso, algo que vai mudar o equilíbrio entre os Titãs, colocando em risco o próprio planeta Terra. 

Comentários:
Esses filmes dessa franquia são ruins... não chego em outra conclusão. Eu sei que juntar esses dois monstros é algo irresistível para quem curte esse tipo de filme. Não me entendam mal, eu também gosto de ver esses filmes de vez em quando. O problema é o roteiro. Inventaram uma mitologia sem pé e nem cabeça para encher linguiça nos filmes que torna tudo muito indigesto. É uma tal de Terra oca (só faltou a tal da Terra Plana), um monte de esquisitices que só atrapalham o desenvolvimento da ação. E vamos convir, esse tipo de filme é aquele em que os espectadores querem ver a porrada entre os dois monstros. Basicamente isso. Só que aqui encheram o filme com outros monstros de segundo escalão, uns personagens bobocas (como aquela tribo zen que vive dentro da Terra oca!) e outras tolices em série. Não, assim não dá. Eu nem consegui gostar do primeiro filme e esse segundo me pareceu bem pior. Nem a briga entre os dois Titãs se salva! Assim não dá mesmo pra ser feliz...

Pablo Aluísio.

Lua de Mel a Três

Título no Brasil: Lua de Mel a Três
Título Original: Honeymoon in Vegas
Ano de Lançamento: 1992
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Andrew Bergman
Roteiro: Andrew Bergman
Elenco: Nicolas Cage, Sarah Jessica Parker, James Caan
 
Sinopse:
Detetive particular meio tonto e sem noção vai para Las Vegas para finalmente se casar com sua noiva. Ele pretende cumprir sua palavra pois prometeu que se casaria com ela algum dia. Só que em uma Vegas cheia de imitadores de Elvis, ele acaba se envolvendo em muitos problemas, inclusive com um violento mafioso local. 

Comentários:
Assisti a esse filme ainda nos anos 90 quando ele chegou nas locadoras de vídeo. É uma comédia até bem tolinha, sem maiores pretensões artísticas. E isso é curioso porque naquela época o Nicolas Cage até tinha um certo status de ator cult, só fazendo filmes bem artísticos. De repente ele surgiu nessa comédia romântica meio boboca. Um produto totalmente comercial, bem diferente do que ele vinha apresentando nos cinemas. Para não dizer que foi apenas um filme sem nenhuma importância até que tem lá suas curiosidades. Uma delas, mais estética do que qualquer outra coisa, foi ver o Cage com fantasia de cover de Elvis Presley. Logo ele que alguns anos depois iria se casar com a filha do cantor, Lisa Marie Presley.  Voltas que o destino dá; Fora isso realmente nada demais. Você vai dar algumas risadinhas amarelas e tudo vai ficar por aí mesmo. Enfim, uma bola fora do Cage. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 20 de maio de 2024

Zona de Interesse

Título no Brasil: Zona de Interesse
Título Original: The Zone of Interest
Ano de Lançamento: 2023
País: Reino Unido
Estúdio: A24
Direção: Jonathan Glazer
Roteiro: Jonathan Glazer, Martin Amis
Elenco: Christian Friedel, Sandra Hüller, Johann Karthaus, Luis Noah Witte, Nele Ahrensmeier, Anastazja Drobniak

Sinopse:
O filme recria a estranha e bizarra atmosfera do cotidiano, do dia a dia da família do comandante do campo de concentração de Auschwitz, o oficial da SS Rudolf Höss. Sua casa ficava bem ao lado dos muros do campo de extermínio da Alemanha Nazista. Filme  vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Som. 

Comentários:
Esse filme mostra bem a demência nazista. Tudo o que o espectador vê é uma incômoda normalidade do dia a dia de uma família alemã. Tudo estaria normal se a casa deles não ficasse ao lado do campo de concentração de Auschwitz. O pai era o comandante do campo. Enquanto ele conversa com a esposa e filhos ouvimos ao fundo o furor dos grandes fornos crematórios para onde eram enviados os corpos dos judeus mortos nas câmeras de gás. Algo realmente terrível. Também se ouve ao fundo, meio abafado, tiros e gritos vindos do campo. Esse excelente trabalho de ambientação sonora acabaria levando o Oscar na categoria de melhor som, sendo que o filme também foi premiado como o melhor filme estrangeiro do ano. Dois prêmios mais do que merecidos. Ambientação sonora perfeita! Enquanto o horror do holocausto acontece por trás dos muros a esposa do comandante fica trocando figurinhas de futilidade com sua mãe, mostrando toda a perversidade psicótica daquela gente. É realmente assustador. E por essa razão esse filme é realmente especial. Uma enorme lição de história mostrando que o ser humano é capaz de ignorar até mesmo o sofrimento de milhares de vítimas na maior atrocidade já ocorrida na história da humanidade, desde que isso venha de alguma forma em benefício de seus próprios interesses pessoais. 

Pablo Aluísio.

Batman: Morte em Família

Título no Brasil: Batman: Morte em Família
Título Original: Death in the Family
Ano de Lançamento: 2020
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros, DC Comics
Direção: Brandon Vietti
Roteiro: Jim Aparo, Bob Brown
Elenco: Bruce Greenwood, Vincent Martella, John DiMaggio

Sinopse:
Várias histórias envolvendo personagens da galeria da editora em quadrinhos DC Comics, em especial o primeiro conto, mostrando a terrível morte do Robin, quando o Batman enfrenta uma série de criminosos perigosos! 

Comentários:
Para quem não acompanha quadrinhos vai ser até mesmo uma surpresa saber que um dos jovens que vestiram o uniforme do Robin foi morto em campo de combate. Essa é a primeira história mostrada nesse verdadeiro mix da DC Comics em forma de animação. Esse primeiro desenho é muito bom, bem interessante, entretanto eu destacaria mesmo a última história. Ela mostra um jovem pintor fracassado que não consegue vender nenhum quadro de sua arte pessoal. Então um dia ele recebe uma visita mais do que mórbida, mais do que sombria. É a própria morte! Eu achei uma história e tanto, muito bem escrita. Assim acabei achando essa a melhor animação, apesar do Batman obviamente ser o chamariz principal para quem vai conferir essas animações em série. 

Pablo Aluísio.

domingo, 19 de maio de 2024

Imperador Romano Trajano

Imperador Romano Trajano
Trajano foi escolhido para ser o sucessor pelo próprio Imperador Nerva. Ele o adotou e determinou que assim que morresse, Trajano seria o novo imperador. Uma decisão que iria se revelar sábia com o passar dos anos pois certamente Trajano foi um dos imperadores romanos mais marcantes da história. Trajano foi desde o começo que subiu ao poder um imperador ponderado, racional, que não se arriscava em aventuras ou em maluquices como tinha acontecido com imperadores loucos como Nero ou Calígula. Ao contrário disso Trajano valorizava o Senado e as instituições romanos e por isso acabou se tornando muito bem sucedido. 

Trajano começou seu império tentando seguir os passos de seu antecessor Nerva. Ele investiu em melhorias na própria Roma, restaurando antigos edifícios públicos, revitalizando o fórum romano, considerado o verdadeiro coração político do império e também mandou reconstruir antigas pontes e estradas romanas que estavam em mal estado. Nesse aspecto acabou conquistando a aprovação do povo pois havia fatos concretos provando a competência do novo imperador. 

De formação militar Trajano também precisou enfrentar diversas rebeliões por todo o império. A mais complicada de resolver foi na província da Dácia, onde um líder rebelde se revoltou contra os romanos, chamando o império para uma guerra frontal. Foi uma rebelião complicada de sufocar, ceifando a vida de milhares de legionários. A Dácia se localizava na região onde hoje se encontra um país chamado Romênia. Foi tão grave a guerra travada ali que Trajano elaborou um plano de colonização com romanos após a vitória. Por essa razão a Dácia passou a se chamar România, algo como a pequena Roma. 

De rebelião sufocada em rebelião controlada as tropas de Trajano foram parar muito longe. Após conquistar o Oriente Médio, com a destruição dos exércitos árabes rebeldes, Trajano foi parar na fronteira com reinos indianos. Era o mesmo local onde um dia Alexandre, o Grande havia estado. Mostrando a grandiosidade do Império Romano, que naquele momento histórico se encontrava em sua expansão territorial máxima! 

Trajano até cogitou em tentar tomar a Índia, mas tal como Alexandre, ficou doente. Até hoje se especula o que teria acontecido com o Imperador. Uma das teses afirma que ele contraiu Malária, outra que foi envenenado após um banquete. Acamado, fervendo em febre, Trajano ordenou que seus legionários o levassem de volta para Roma, sua cidade querida, onde queria morrer. Não houve tempo, o grande imperador Trajano morreu no meio da viagem e nunca mais reviu com seus olhos a cidade eterna. 

Pablo Aluísio. 

Rainha Nefertiti

Rainha Nefertiti
Nerfetiti foi rainha do Egito Antigo há três milênios. Ela era a esposa do Faraó Amenofis IV que acabaria sendo mais conhecido na História pelo segundo nome que adotou, Akhenaton. O que fascina em relação a essa rainha é que um busto de sua época, em excelente estado de conservação, foi descoberto nas areias de um antigo templo e levado para um importante museu de Berlim. Até hoje a arte impressiona os visitantes. E impressiona ainda mais a beleza dessa Rainha do passado. 

O curioso é que os historiadores não sabem muito sobre essa Rainha. Nefertiti, cujo nome significa "A Bela Chegou" pode ter sido uma princesa estrangeira pelo qual o jovem Faraó do Egito se apaixonou. Com ela teve seis filhos. Dizia-se que era tão bela que muitos a consideravam a encarnação da Deusa da Beleza na mitologia do Egito. A mesma Deusa que promovia a cheia do Rio Nilo, 

Ainda hoje se debate se o rei Tutancâmon era o sétimo filho de Nerfertiti. Embora ela fosse a Rainha consorte do Faraó, esse como todo Rei da Antiguidade tinha muitas esposas secundárias. Assim O Rei Tut poderia ser muito bem filho de algumas dessas outras mulheres. Ou também é provável que ele fosse filho de Nefertiti. Como a Múmia e a Tumba dessa Rainha ainda não foi descoberta só um exame de DNA confirmaria ela como a mãe do chamado Faraó Menino. 

Nerfetiti foi tragada pelo caos que tomou o Egito Antigo após o seu marido, o Faraó Akhenaton ter abolido todos os antigos deuses do panteão da religião do Egito. Ele determinou que haveria apenas um Deus, o Deus Sol, Aton, que ele venerava. Isso enfureceu a classe de sacerdotes que após alguns anos finalmente conseguiu destruir o governo desse Faraó. A partir daí a Rainha também desapareceu dos registros antigos. Não se sabe qual foi seu final, mas uma coisa é certa, ela se tornou eterna por causa da beleza do busto que foi descoberto nas areias perdidas do Egito. 

Pablo Aluísio. 

sábado, 18 de maio de 2024

The Beatles - A Hard Day's Night - Parte 1

The Beatles - A Hard Day's Night - Parte 1
Esse álbum foi lançado bem no auge da Beatlemania. Para as fãs que gritavam pelo grupo nos shows foi um deleite ter à disposição 13 novas canções inéditas, todas elas escritas pela dupla Lennon e McCartney. De fato foi um dos álbuns mais vendidos dos Beatles, até porque as vendas foram impulsionadas pelo sucesso do filme. O público via os Beatles nas telas de cinema e depois comprava essa trilha sonora nas lojas de discos. Era a dobradinha comercial perfeita na visão do empresário Brian Epstein e da gravadora EMI.

E o disco vinha mesmo cheio de novidades interessantes, músicas que iam do mais puro rock, passando pelo pop, indo parar no lado mais romântico da banda. Na coleção de belas baladas nenhuma se comparava a "If I Fell", um dos grandes sucessos do álbum. Essa foi uma composição conjunta entre John e Paul. Essa balada ganhou bastante destaque no filme, em uma boa cena, bem elaborada pelo diretor Richard Lester. O cineasta quis trazer algo de casual, como se os Beatles ainda estivessem se preparando para a apresentação, numa espécie de ensaio, onde John ao violão dava os primeiros acordes enquanto Ringo ainda motava sua bateria. Funcionou, embora os Beatles não fossem atores profissionais conseguiram fazer a cena sem problemas, sem doses excessivas de canastrice.

Outra música escrita por Paul que fez muito sucesso foi "Can't Buy Me Love". Na edição original ela vinha como a última faixa do Lado A do disco, por isso não se esperava muito dela em termos de sucesso nas rádios. Só que nos Estados Unidos ela foi escolhida praticamente como o carro-chefe do disco, se tornando um dos grandes hits dos Beatles na terra do Tio Sam.  Os executivos da Capitol (a gravadora americana que lançava os discos dos Beatles na América) tinham uma visão mais apurada de seu mercado do que os ingleses. John Lennon chegou a colaborar em sua criação, porém em pequenas doses, conforme ele mesmo diria anos depois numa entrevista. Para Paul foi gratificante ver seu sucesso no outro lado do Atlântico. Era a prova de que ele sabia fazer, mesmo sem querer, grandes sucessos, aquelas músicas que não cansavam de tocar nas rádios. Um hit perfeito.

E mostrando que Paul realmente dominou em termos de composições para esse álbum, vale destacar outra bela canção romântica chamada "And I Love Her". Era uma criação de Paul McCartney, o eterno romântico dos Beatles. A bonita letra foi escrita para Jane Asher, a namorada de Paul, a garota ruiva que todos pensavam iria se tornar sua esposa em poucos anos. É incrível que seu relacionamento com Jane, que serviu de inspiração para tantas músicas românticas dos Beatles, não tenha se transformado em casamento. Em algum momento a coisa desandou entre o casal, para decepção de muita gente que vivia ao lado deles naquela época. O próprio John Lennon (que já era casado) tinha certeza que isso iria acontecer. Outra composição que Paul McCartney fez praticamente sozinho, levando ela praticamente pronta para os estúdios de Abbey Road em Londres. Essa rotina de Paul levar novas músicas de amor já compostas integralmente levou John Lennon anos depois a pensar sobre esse período, essa fase dos Beatles. Ele disse: "Parecia que Paul sempre surgia como o Beatle romântico, com alma de veludo e que eu só tinha rocks vibrantes para apresentar ao grupo. Era algo natural que acontecia. Eu tinha que fazer um contrabalanço a Paul. Já que ele compunha muitas canções românticas eu tinha que cuidar do lado mais roqueiro dos discos. Por isso fiquei com essa imagem nos primeiros LPs dos Beatles".

Pablo Aluísio.

Frank Sinatra - Songs for Swingin' Lovers!

Frank Sinatra - Songs for Swingin' Lovers!
Em 1956 o Rock explodiu nas paradas de sucesso de todo o mundo. Artistas como Elvis Presley, Bill Haley e Chuck Berry dominavam a programação dos rádios. Os jovens também compravam os discos desses cantores, colocando seus álbuns entre os mais vendidos. Frank Sinatra sentiu a mudança e não gostou! Era um novo ritmo musical que ele nem entendia direito. Sinatra ficou rabugento, dando declarações ofensivas ao rock. Chegou a afirmar que o Rock nada mais era do que o hino de todos os delinquentes do planeta. No fundo o cantor, que havia reinado sozinho nas paradas de sucesso até então, estava enciumado. Ele não gostava de rock, achava uma barulheira infernal e não estava disposto a ser polido, falando para quem quisesse ouvir que ele odiava esse novo estilo musical. 

E foi no meio desse turbilhão de acontecimentos que a Capitol produziu esse álbum. Os executivos da gravadora da Califórnia estavam preocupados, pois Sinatra corria o risco de virar rapidamente um artista ultrapassado, coisa de gente velha. E de certa maneira essa era uma mudança inevitável mesmo. Então a Capitol optou por um repertório alegre, dançante, com o melhor do swing e do jazz. O disco não caiu nas graças do público em geral. Em parte por causa do jeito nada educado de Sinatra, de suas declarações mal humoradas e em parte porque o próprio estilo musical do disco trazia uma sonoridade que já não agradava aos jovens dos anos 50. O principal sucesso do disco, "You Make Me Feel So Young", por exemplo, era uma música cuja letra refletia o pensamento de um coroa que se apaixonava por uma mulher mais jovem! Sinatra tinha mesmo virado coisa de velho! De qualquer forma uma coisa é certa, esse é um excelente ábum e fez jus ao grande talento do cantor. Item de colecionador, sem dúvida. 

Frank Sinatra - Songs for Swingin' Lovers! (1956)
You Make Me Feel So Young
It Happened in Monterey
You're Getting to Be a Habit with Me
You Brought a New Kind of Love to Me
Too Marvelous for Words
Old Devil Moon
Pennies from Heaven
Love Is Here to Stay
I've Got You Under My Skin
I Thought About You
We'll Be Together Again
Makin' Whoopee
Swingin' Down the Lane
Anything Goes
How About You?

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 17 de maio de 2024

Uma Vida - A História de Nicholas Winton

Título no Brasil: Uma Vida - A História de Nicholas Winton
Título Original: One Life
Ano de Lançamento: 2023
País: Reino Unido
Estúdio: BBC Films
Direção: James Hawes
Roteiro: Lucinda Coxon, Nick Drake
Elenco: Anthony Hopkins, Helena Bonham Carter, Lena Olin, Johnny Flynn

Sinopse:
Em 1939, um jovem burocrata britânico de escalão inferior do governo inglês chamado Nicholas Winton, decide salvar a vida de crianças na Checoslováquia que naquele momento histórico estava sendo invadida por tropas do Regime Nazista de Hitler. Muitos anos depois dessa sua iniciativa humanitária, ele decide publicar seus registros e acaba tendo uma grande e grata surpresa! 

Comentários:
Mais um bom filme, com história edificante, valorizada mais uma vez pela primorosa atuação do grande Anthony Hopkins. Confesso que fiquei um pouco surpreso com a idade avançada do ator. Ele está mesmo bem velhinho, mas atuando com toda a dignidade. O filme tem duas linhas narrativas, uma no passado e outra na velhice do protagonista, naquele momento vivendo como idoso em seus últimos anos de vida (essa parte do filme se passa nos anos 80). Ele foi um homem acima de tudo muito bem intencionado que lutou para salvar a vida de crianças na Checoslováquia ocupada pelos nazistas. Ele lutou muito para arranjar passaportes ingleses para essas crianças indefesas, pois os nazistas queriam enviar todas elas para os seus campos de extermínio. Apesar de todas as dificuldades, ele conseguiu salvar mais de 600 crianças o que certamente o transformou em um dos muitos heróis anônimos no salvamento dessas crianças indefesas e inocentes na Segunda Guerra Mundial. Salvou a vida delas da barbárie nazista. Um homem que salva uma vida, salva o mundo inteiro, como diz o famoso ditado de direitos humanos e como é bem demonstrada nessa bela história de humanismo. Em tempos de ressurgimento da mentalidade fascista o filme se torna mais do que recomendado. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 16 de maio de 2024

Brad Pitt e as Lendas da Paixão

Revi "Lendas da Paixão". Quando o filme foi lançado originalmente em 1994 tive a oportunidade de assistir nos cinemas. Digo que não fiquei particularmente impressionado. Ficou aquela sensação de se tratar de um "novelão" americano, com muito sentimentalismo fora do tom. Hoje em dia me soou bem melhor. Talvez o cinema atual esteja tão sem inspiração que até um filme dos anos 90 que não me impressionou muito no passado, agora se torne bem melhor.

A palavra "saga" pode inclusive ser bem usada aqui. A história é justamente a saga de uma família de três irmãos. O pai (interpretado por Anthony Hopkins) foi um coronel do exército americano durante as chamadas guerras indígenas. Ele ficou tão perplexo com a forma que o governo tratou os nativos que pediu baixa e foi viver numa fazenda no sopé da montanha com seus filhos pequenos. A esposa não aguentou a austeridade daquela vida e foi embora. Assim os meninos foram criados soltos, no meio daquela natureza exuberante.

O protagonista real do filme é justamente um dos filhos, o mais selvagem e indomável deles, chamado Tristan (em boa atuação de Brad Pitt). Ele conhece a futura esposa de seu irmão mais novo e até fica interessada por ela, mas se contém. Tudo muda quando os irmãos vão para a Europa, lutar na I Guerra Mundial. O caçula morre metralhado em um arame farpado e mesmo Tristan tendo feito tudo para protegê-lo não consegue salvar sua vida. De volta aos Estados Unidos ele finalmente se casa com aquela que iria se casar com seu irmão. Porém é um daqueles personagens trágicos, que não consegue lidar nem consigo mesmo. Por isso após alguns meses ganha o mundo, indo trabalhar em veleiros que viajam pelos mais distantes oceanos.

Assim Brad Pitt teve a oportunidade de interpretar um personagem com várias facetas em sua personalidade ao mesmo tempo... herói trágico, homem indomável, amante perfeito, cheio de sentimentos e angústias pessoais que não conseguia mais lidar. Claro que o papel caía como uma luva para ele. Com longos cabelos loiros ele fotografou muito bem nas tomadas, o que fez aumentar e muito seu fã clube feminino na época. Ele era considerado um dos grandes galãs do cinema, rivalizando com Tom Cruise. O interessante é que Pitt sobreviveu bem ao tempo, teve uma carreira produtiva, com muitos bons filmes e não caiu na armadilha de ser apenas um rostinho bonito no cinema com prazo de validade. Hoje ele está com 55 anos de idade, bem longe do jovem que vemos nesse filme. Porém o tempo lhe fez bem, pois ele sem dúvida amadureceu bastante como ator. Esse "Lendas da Paixão" é um bom exemplo do tempo em que ele efetivamente se tornou um grande astro em Hollywood.

Pablo Aluísio.

Johnny Depp - Do Inferno

Decidi rever esse filme por causa do tema. Como se sabe esse "Do Inferno" é uma adaptação cinematográfica da Graphic Novel de Alan Moore. Tudo o que se vê de inovador no roteiro se deve ao seu criador, então palmas para ele. O fato é que até hoje não se sabe com absoluta certeza sobre a real identidade de Jack, o Estripador, o mais famoso serial killer da história. E no meio dessas nuvens surgiram inúmeras teorias. Alan Moore obviamente escolheu uma delas e embora seu texto seja ficção acima de tudo, ficou muito bem orquestrado.

No filme Depp interpreta um inspetor da polícia de Londres. Ele não é um policial típico desse tipo de filme. Ao contrário de ser heroico, tem muitos problemas pessoais. É viciado em ópio e mistura absinto com laudáno, um tipo de veneno. Algo muito barra pesada, que coloca em risco a vida de quem ousasse tomar tal mistura.  Só sai de seu estado de torpor quando um crime é cometido e ele é chamado para investigar. No caso os crimes de Jack, o Estripador.

E assim Alan Moore tece a teia de sua trama. Ele adotou uma teoria amplamente difundida na cultura de livros, ensaios, etc, que ligavam as mortes de Jack com a família real britânica, nos tempos da Rainha Vitória. Um príncipe teria se apaixonado por uma prostituta de Whitechapel. Pior do que isso, teria se casado e tido um filho com ela. Um escândalo desses seria devastador naquela época. Para encobrir tudo começou um verdadeiro banho de sangue promovido justamente por um médico da corte, um sujeito com ligações com a maçonaria. As cinco prostitutas mortas teriam ligação com o caso do jovem nobre. Tudo política, no final das contas.

Embora o que se veja na tela seja mesmo puramente ficcional, Alan Moore sabe como mexer os personagens de seu tabuleiro de xadrez. Tudo é muito bem orquestrado. O Jack do filme é um refinado médico maçônico, com ares de grandeza. Sim, ele faz o serviço sujo para a realeza, mas procura também satisfazer seus instintos mais sádicos e violentos. Usando roupas finas, métodos educados, acaba seduzindo as pobres moças com uma taça de vinho e um punhado de uvas. A miséria em que elas viviam era tão grande que elas associavam esse tipo de coisa com o luxo das elites mais abastadas!

Curiosamente, há pouco tempo, foi lançado um livro em que se propôs finalmente a revelar de uma vez por todas quem de fato seria Jack. A ciência indicou o imigrante polonês Adam Kosminski como o assassino em série. Seu DNA teria sido encontrado numa das peças de roupas de uma das vítimas de Jack. Supostamente ele estava enlouquecido pela sífilis, doença que tinha contraído justamente com as prostitutas de Whitechapel. Por isso sua sede de vingança brutalizada se concretizou de forma tão violenta contra elas! Assim Jack não era um médico da corte da Rainha Vitória, mas sim um vagabundo de rua.  Mesmo assim, não abraçando a verdade histórica, "Do Inferno" funciona muito bem como cinema até hoje. O clima soturno, escuro e decadente, combina muito bem com a história de morte insana envolvendo Jack. E Depp está inesperadamente contido e sério, melhorando ainda mais um roteiro que por si só já era excelente.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 15 de maio de 2024

A Saga Highlander

Highlander tinha tudo para ser uma das grandes sagas da história do cinema. Porém tudo acabou muito cedo. Já no segundo filme já tínhamos uma ideia da lambança que os produtores e roteiristas iriam fazer. Como se sabe os filmes contam a história do Highlander Connor MacLeod interpretado nos quatro filmes por Christopher Lambert. Ele seria apenas um guerreiro do século XVI se não fosse por um detalhe: MacLeod era um ser imortal, que passaria a eternidade lutando contra outros imortais, até que sobrasse apenas um. Era o destino de todos os que não poderiam morrer pelos meios tradicionais. Muitos duelos e lutas pelos séculos, atravessando a história da humanidade.

Só que não souberam aproveitar o personagem ao longo dos filmes. Com um personagem que poderia viver em qualquer época os roteiristas jogaram ele no filme "Highlander 2 - A Ressurreição" em um mundo distópico, meio Blade Runner, meio Mad Max. Não ficou bom em nenhum aspecto. Uma péssima ideia. A ideia de copiar outros filmes ao invés de desenvolver sua própria mitologia estragou a franquia muito rapidamente. A culpa aqui pode ser creditada facilmente aos roteiristas que não capricharam, não procuraram pela originalidade. E isso foi destruindo o personagem ao longo dos filmes.

Em "Highlander 3: O Feiticeiro" o protagonista até enfrentou um bom vilão, interpretado pelo ator  Mario Van Peebles, porém o estrago estava feito. O diretor Andrew Morahan só conseguiu mesmo dirigir um filme genérico de ação. E a direção de arte, além dos efeitos especiais, deixaram muito a desejar. O quarto filme chamado "Highlander 4: A Batalha Final" já mostrava que a saga havia caído na vala comum dos filmes de pequeno orçamento.  Um diretor desconhecido chamado Douglas Aarniokoski foi contratado. A Dimension Films comprou os direitos dos personagens, mas não fez nada muito interessante com eles. Nesse quarto filme o único mérito foi fechar mesmo, de forma praticamente definitiva, a história de Connor MacLeod no cinema. Não foi em nenhuma hipótese uma grande cena, mas pelo menos o personagem encerrou sua participação na franquia original. Ele finalmente morre durante o filme. Pois é, imortais podem morrer, mas apenas se forem decapitados com uma espada por outros imortais. Regras que foram impostas no primeiro filme e seguidas desde então.

Aliás por falar no primeiro filme... esse foi mesmo o único grande filme dessa saga. Lançado em 1986, "Highlander - O Guerreiro Imortal" segue sendo um clássico dos anos 80. Além do ótimo elenco, que tinha a honra de trazer Sean Connery como coadjuvante nessa mitologia que nasceu nas terras altas da Escócia (logo ele que sempre teve grande orgulho de ser escocês), o filme ainda presenteava o público com uma trilha sonora em parte assinada pelo Queen. Além disso todos os méritos também vão para o diretor australiano Russell Mulcahy. Ele era jovem e cheio de ideias excelentes para o filme como um todo. Esse primeiro filme é daqueles em que todos os elementos parecem estar bem colocados.  Pena que com o passar dos anos nada tenha sido feito de bom dessa mitologia dos imortais. Recentemente um remake foi anunciado, mas será que podemos esperar por alguma coisa boa? É complicado acreditar que sim.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 14 de maio de 2024

Django, o Bastardo

Título no Brasil: Django, o Bastardo
Título Original: Django il bastardo
Ano de Produção: 1969
País: Itália
Estúdio: Società Europea Produzioni
Direção: Sergio Garrone
Roteiro: Sergio Garrone, Anthony Steffen
Elenco: Anthony Steffen, Paolo Gozlino, Luciano Rossi

Sinopse:
Django (Anthony Steffen) é um pistoleiro errante que chega na distante cidade de Desert City. Seu objetivo é procurar por algumas pessoas que o encurralaram anos antes em uma emboscada traiçoeira, escapando da morte por pouco. Desert City está dominado por dois irmãos, ricos e poderosos, que não admitem oposição. Um deles, Rod Murdok (Paolo Gozlino) tem velhas contas a acertar com Django.

Comentários:
Mais um western spaguetti genérico com o personagem Django. O roteiro é banal - a velha história da vingança de um pistoleiro contra seus algozes do passado - e a produção bem capenga. O ator que interpreta Django Anthony Steffen praticamente entra mudo e sai calado. O interessante é que logo o filme se torna um dos mais sangrentos com Django. Em menos de 40 minutos de filme o às do gatilho já se antecipa e mata logo pelo menos uns 30 adversários para deixar claro suas intenções. Também parece ter vindo diretamente do inferno, se tornando um ser meio sobrenatural. Como convém a todo Spaguetti esse aqui também tem lances curiosos (e involuntariamente engraçados). Antes de matar suas vítimas Django aparece com uma cruz com o nome do infeliz, com a data de sua morte e tudo mais. Gentilezas da profissão por certo! Também traz diálogos divertidos. Em determinado momento um cowboy pergunta a Django de onde ele veio. A resposta? "Eu vim do inferno, para onde pretendo levar você!". Ora, alguém duvida que os fãs de faroeste italiano não vão adorar tudo isso?

Pablo Aluísio.

A Heroína do Texas

Título no Brasil: A Heroína do Texas
Título Original: The Texans
Ano de Lançamento: 1938
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: James P. Hogan
Roteiro: Bertram Millhauser, Paul Sloane
Elenco: Randolph Scott, Joan Bennett, May Robson

Sinopse:
Após a Guerra Civil, um ex-soldado confederado enfrenta novas batalhas, incluindo os membros de uma quadrilha de bandidos que tentam roubar uma jovem indefesa. E ele terá que ser um às do gatilho para vencer todos aqueles bandidos. 

Comentários:
Depois do sucesso comercial de "O Último dos Moicanos" o ator Randolph Scott deu um tempo nas fitas de faroeste. E isso surpreendeu muita gente já que todos esperavam que ele iria cair com tudo no gênero para aproveitar o sucesso. Apenas algum tempo depois é que ele voltaria a usar chapéu de cowboy, botas e esporas para montar seu belo cavalo branco. Isso voltaria a acontecer em "A Heroína do Texas" (The Texans), boa produção dirigida pelo cineasta James P. Hogan. O que chamava bastante a atenção aqui é que todas as atenções do roteiro iam para a mocinha do filme e não para o herói. Algo raro em um estilo cinematográfico tão voltado para o público masculino. Era algo novo e inovador, algo que poucos tinham feito em Hollywood naquele período histórico do cinema americano. A estrelinha do filme, a atriz Joan Bennett, foi até mesmo creditada na frente do astro Randolph Scott. isso mostrava também como ele poderia ser generoso com as colegas de profisssão. Ele vinha de um sucesso de bilheteria e poderia muito bem calçar seu ego de astro de western em Hollywood e exigir seu nome em primeiro lugar nos créditos do filme. Porém não fez isso. Foi bem humilde e companheiro, sendo usado até mesmo como escada da jovem atriz. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 13 de maio de 2024

O Canhoneiro do Yang-Tsé

Título no Brasil: O Canhoneiro do Yang-Tsé
Título Original: The Sand Pebbles
Ano de Lançamento: 1966
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Robert Wise
Roteiro: Richard McKenna, Robert Anderson
Elenco: Steve McQueen, Richard Crenna, Candice Bergen, Richard Attenborough, Emmanuelle Arsan, Larry Gates

Sinopse:
Marinheiro americano chega na China, no começo do século XX, para servir em um velho navio de guerra da Marinha dos Estados Unidos. Sua função é trabalhar na casa de máquinas da velha embarcação e logo surgem inúmeros problemas, entre eles um clima revolucionário que parece tomar conta da população local. Eles querem os estrangeiros fora de sua nação. Além disso o novo membro da tripulação não parece se entrosar muito bem com os demais marinheiros do navio. 

Comentários:
Um bom filme que chegou a concorrer a oito estatuetas do Oscar! Para um filme desse estilo, que priorizava a ação, era realmente algo fora da rota da Academia. O destaque do elenco vai mais uma vez para o ator Steve McQueen. Ele interpreta o protagonista, um marinheiro que precisa contornar muitos problemas. Ele não é necessariamente bem-vindo naquele navio e para piorar tudo, acaba se envolvendo numa confusão na cidade chinesa para onde vai passar um tempo de licença. E como o clima revolucionário já se instalava entre o povo chinês, sua presença se torna ainda mais perigosa e agrava o antagonismo dos chineses para com os militares americanos. E ele não poderia mesmo contar nem com o apoio de seus próprios colegas da Marinha, uns tipos meio intragáveis. É curioso porque o personagem de McQueen acaba morrendo na última cena do filme. Eu não me lembro de ter visto essa situação em nenhum outro filme desse ator. Outra novidade. Por fim uma observação. O filme tem mais de 3 horas de duração! Talvez por essa razão não tenha sido um grande sucesso comercial e raramente tenha sido exibido nos canais de filmes clássicos. Esse tipo de duração certamente vai exigir um pouco de paciência e compromisso por parte do espectador. Mas vá em frente, o resultado final é muito bom e o filme certamente vale a pena. 

Pablo Aluísio.


A Nova Viagem de Sinbad

Título no Brasil: A Nova Viagem de Sinbad
Título Original: The Golden Voyage of Sinbad
Ano de Produção: 1973
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Ameran Films
Direção: Gordon Hessler
Roteiro: Brian Clemens, Ray Harryhausen
Elenco: John Phillip Law, Caroline Munro, Tom Baker, Douglas Wilmer, Martin Shaw, Grégoire Aslan

Sinopse:
Sinbad e o vizir de Marabia, seguidos pelo mago maligno Koura, procuram as três tábuas de ouro que podem lhes dar acesso ao antigo templo do Oráculo que trará todo conhecimento aos que o encontrarem. Adaptação do clássico oriental "As Mil e Uma Noites" para o cinema.

Comentários:
Quem foi criança ou adolescente nos anos 70 e 80, certamente vai lembrar desse filme porque ele foi campeão em reprises na antiga Sessão da Tarde na Rede Globo. E como todos sabemos o que atraía a garotada nos filmes de Simbad era a galeria de criaturas criadas pelo genial mestre em efeitos visuais Ray Harryhausen. Aqui ele caprichou pois o filme traz diversos tipos de seres mitológicos, entre eles uma deusa indiana com seis braços e seis espadas, um centauro e até mesmo uma divindade de madeira, daquelas que eram colocadas nas frentes dos navios, que ganha vida e parte para a luta contra Simbad. Seres alados dos mais diversos tipos, misturas de leões e dragões, também estão no filme, mostrando bem o talento de seu criador. O roteiro tem muita magia e lutas de espadas. É tipicamente um filme da linha "espadas e feitiçaria", literatura de fantasia. O roteiro inclusive foi escrito também por Harryhausen. Como ele era o criador dos monstros mitológicos, obviamente ele determinava quando eles iriam surgir na tela. Enfim, um filme nostalgicamente saboroso que ficou ainda mais charmoso com o passar dos anos.

Pablo Aluísio.

domingo, 12 de maio de 2024

A Rainha Faraó

A Rainha Faraó
O título de Faraó no Egito Antigo era exclusivo para os Reis, para a linhagem masculina dos herdeiros ao trono. Assim duas regras eram sagradas: O Faraó só poderia ser um homem e apenas homens se tornavam Reis do Egito Antigo. As Rainhas eram apenas as esposas dos Faraós ou então Regentes temporárias e provisórias do verdadeiro Faraó que poderia estar impedido de assumir suas funções por questões de saúde ou idade. 

Bom, assim foi por milhares de anos, mas como em toda regra há exceções, também houve uma quebra dessas antigas regras sagradas nessa linhagem monárquica. A princesa Hatshepsut iria mudar todas essas regras. Ela era a filha mais velha do Faraó Tutmés II. Seu pai tinha saúde muito frágil pois sofria desde jovem com problemas sérios do coração. Por essa razão não viveu muito e teve apenas dois filhos, a própria princesa Hatshepsut e seu irmão, um garotinho de 3 anos de idade. Assim quando o Faraó morreu criou-se um grande problema. Os dois herdeiros ao trono eram jovens demais para assumir o controle de uma potência como o Egito. 

A princesa Hatshepsut com apenas 16 anos de idade assumiu o trono como Rainha Regente de seu irmão, evitando assim um golpe de Estado que se armava no horizonte. Ela iria comandar o Egito enquanto ele atingisse a idade certa para se tornar Faraó. E para surpresa de todo o Reino a jovem Rainha se saiu muito bem. Ela era inteligente e focada nos assuntos do Estado. Realmente não havia reclamações por parte do povo e tudo corria bem. 

Para agradar o clero ela também assumiu o título de esposa de Amón, o principal deus do Egito. Com isso ganhava a confiança e o apoio da classe sacerdotal. Mandou restaurar o antigo templo de Amón e cercou os sacerdotes com privilégios. Também ganhou o apoio do Exército, colocando no posto de general apenas homens honrados, honestos e que tinham provado seu valor no campo de batalha. Abriu rotas comerciais que garantiam o comércio das principais cidades do Egito. Enfim, mostrou ser de fato uma excelente Rainha.

Só que a jovem Rainha Regente também era muito ousada, dessa forma decidiu que iria assumir o trono não apenas como Regente, mas também como a primeira Faraó da história do Egito Antigo. Colocou barbas postiças e vestiu o famoso figurino dos Faraós.  O gesto chocou os sacerdotes do Templo e o povo. Era uma transgressão! Isso acabou selando o destino de Hatshepsut. Ela perdeu o apoio do povo e acabou caindo em desgraça, embora fosse uma ótima administradora, levando o Egito para um dos seus momentos de glória em toda a sua história. De certa forma essa foi uma grande pioneira na valorização do poder feminino, mostrando que também poderia ser uma boa Faraó como qualquer outro homem que tivesse vindo antes dela. Aliás foi bem melhor do que muitos Faraós do passado. Uma interessante lição de história sobre o papel das mulheres na construção desse grande império da antiguidade. 

Pablo Aluísio.