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segunda-feira, 29 de maio de 2023

Um Rei em Nova York

Um Rei em Nova York
Chaplin tinha planos de filmar uma fábula que havia escrito na Suíça onde morou em seus anos finais. Era a estorinha de uma adolescente que um dia acordava com asas. O projeto não foi em frente porque era uma produção complicada, com muitos efeitos especiais e só poderia ser produzida em Hollywood. Como ele também não queria voltar aos Estados Unidos resolveu filmar esse outro roteiro que havia escrito, uma comédia em tom de sátira sobre um monarca de um pequeno país da Europa que ia até Nova Iorque passar férias e acabava se tornando uma espécie de celebridade televisiva. Não demorava muito e acabava sendo acusado de ser um comunista infiltrado na América por direitistas fanáticos da extrema direita norte-americana. 

Chaplin aproveitava essa história ficcional para disparar algumas farpas contra a direita americana, uma vez que ele próprio havia sido acusado de ser um comunista antes de fazer as malas e ir embora definitivamente dos Estados Unidos. É um filme interessante, o último em que Chaplin realmente trabalhou com afinco como ator. Ele porém não gostou muito do produto final. Era um perfeccionista por excelência e nunca chegou a ficar contente com o corte final do filme. Sem a estrutura de Hollywood, o veterano artista se viu fazendo concessões em termos de produção que ele jamais faria em seus tempos de glória no cinema. Ainda assim considero um bom filme. Um retrato dos anos finais de Chaplin, quando ele já estava praticamente aposentado. De fato podemos considerar esse seu último filme verdadeiro atuando como ator, aparecendo em praticamente todas as cenas. Foi uma despedida digna do ator Chaplin, não há como negar. 

Um Rei em Nova York (A King in New York, Reino Unido, 1957) Direção: Charles Chaplin / Roteiro: Charles Chaplin / Elenco: Charles Chaplin, Maxine Audley, Jerry Desmonde, Oliver Johnston, Dawn Addams / Sinopse: O filme "A King in New York" cconta a história de um monarca de uma pequenino país do leste europeu que vai a Nova Iorque de férias e acaba se envolvendo em diversas confusões, tanto do ponto de vista pessoal como também político. Filme premiado pelo Cahiers du Cinéma.

Pablo Aluísio.

5 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Pois e: até pra ser genio se depende de vastos recursos financeiros, e outros mais. O que seria do gênio Elvis Presley se em vez do Tom Parker tê-lo transferido pra poderosa RCA, tivesse permanecido, na pobre Sun Records, coisa que o Elvvis poderia ter querido até por lealdade porque foi Sun Philips que o acolheu primeiro? Talvez hoje só o interior do sul dos EUA tivesse um dia visto o furacão Elvis.
    Romantismo não enche barriga.

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  3. Quem falava muito sobre isso era o Orson Welles. Dizia ele que se fosse pintor teria feito centenas de quadros, mas como cineasta havia feito apenas alguns poucos filmes. Para fazer cinema e música é preciso muito investimento, sem dúvida.

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  4. Verdade, apesar que no caso do Orson Welles, ele, praticamente sozinho, cavou a sua ruina. Sabia fazer inimigos como ninguém.

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