Páginas

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

Paul Newman - Hollywood Boulevard - Parte 1

A estreia de um jovem Paul Newman no cinema se deu justamente nesse épico  improvável de 1954, "O Cálice Sagrado". Vestido com os típicos trajes da época romana, Newman era certamente o ator errado no filme errado. Para quem vinha de uma sólida formação no Actor´s Studio aquele filme ao estilo sandálias e areia não lhe fazia jus em nada. Ele interpreta um escravo grego, bom artesão, que acaba se envolvendo de forma plenamente casual com o cálice usado por Jesus Cristo em sua última ceia ao lado dos doze apóstolos. O filme jamais convence, ficando abaixo da média das produções bíblicas dos anos 50 do tipo "Sansão e Dalila" com Victor Mature.

Para piorar o que já era bem ruim, Paul Newman acaba completamente ofuscado por Jack Palance que interpreta Simão, o mago, um personagem citado na própria bíblia, um farsante, mistura de mágico com ilusionista, que enganava as pessoas na antiguidade, se fazendo passar por algo que ele não era. Há ainda a bela Pier Angeli, uma atriz que ficou mais conhecida por ter sido o grande amor de James Dean do que por qualquer outra coisa. Era uma starlet, nada talentosa em termos dramáticos, que conseguia chamar a atenção por causa de sua beleza exótica, bem italiana.

O diretor Saville também estava pouco preocupado com fidelidade histórica e trouxe ao filme uma estranha direção de arte, com cenários pouco comuns para o cinema da época. São em última análise cenários teatrais estilizados, usando aspectos pós-modernistas em seu conceito, que ficaram mais do que deslocados dentro do filme. Philip Johnson, o diretor de arte, desenhou uma cidade antiga que em nada lembrava a Jerusalém dos grandes filmes épicos. Olhando sob um certo ponto de vista isso poderia até ter sido interessante mas a realidade é que simplesmente não funciona, deixando uma sensação de algo falso ao espectador.

A crítica não gostou e muito menos Paul Newman que em um gesto de profunda humildade reconheceu seu erro escrevendo um pedido de desculpas ao seu público em um jornal de Nova Iorque. No texto Newman reconhecia que sua atuação tinha sido ruim e que ele poderia fazer melhor. Também confessava que não havia gostado nem do roteiro e nem da proposta do filme, e que só depois quando conferiu nas telas pode se conscientizar e entender o quanto estava ruim tudo aquilo. Para o público em geral tinha sido mesmo uma decepção, uma vez que Newman estava sendo apontado como a grande revelação de Hollywood. Mas tudo bem, bola pra frente. No final Paul Newman tranquilizava a todos dizendo que iria melhorar em sua próxima atuação, promessa que aliás cumpriu.

Pablo Aluísio.

7 comentários:

  1. Paul Newman
    Hollywood Boulevard - Parte 1
    Pablo Aluísio.

    ResponderExcluir
  2. Estou pra comprar sua biografia há anos!

    ResponderExcluir
  3. Excelente livro, inclusive lançado no Brasil...

    ResponderExcluir
  4. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  5. Tenho visto vídeos biográficos sobre o Paul Newman no you tube e, principalmente, lido alguns artigos, que mostram que, a despeito do seu aparentemente solido casamento com a Joanne Woodward, ele era um bissexual devasso, que teve casos fervorosos com muitos homens famosos das décadas de 50/60, e com muitas mulheres também. Coisa brava, com declarações dele sobre os amantes que me surpreenderam pela sordidez; acho que muito devido a imagem que eu sempre tive dele em todos esse anos passados.

    ResponderExcluir
  6. Eu conhecia casos extraconjugais com mulheres...

    ResponderExcluir