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quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

A Oitava Página

Os verdadeiros agentes de inteligência britânicos são bem diferentes de James Bond. Um bom exemplo podemos ver nesse filme. Johnny Worricker (Bill Nighy) é um burocrata, um servidor público cuja função muitas vezes se resume em ler milhares de páginas de relatórios de inteligência. Os pontos mais importantes ele passa então, de forma resumida, para seus superiores. E é justamente na oitava página de um desses relatórios que surge uma informação importante. Nele se fica sabendo que o primeiro-ministro da Inglaterra tem pleno conhecimento de atividades de torturas promovidas pelos americanos em várias de suas prisões espalhadas pelo mundo. Além de ser um crime, se divulgada tal informação certamente levaria à derrubada do governo. Ralph Fiennes interpreta o primeiro-ministro, um sujeito nada ético, que só pensa em acobertar tudo de uma vez por todas.

A atriz Rachel Weisz (ótima como sempre!) interpreta a vizinha do agente inglês. Ela tanto pode ser uma mulher que está verdadeiramente interessada nele (apesar da diferença de idade) como também uma agente infiltrada pelo serviço de inteligência da Síria. Afinal seu irmão foi morto naquela guerra sangrenta e ela, obviamente, busca por alguma justiça. Um bom filme, com nuances mais psicológicas, numa trama bem mais intelectual. Nada parecido com a linha dos filmes de James Bond, com aquele agente de pura ficção, em cenas de ação impossíveis. Esse realismo é sem dúvida o grande atrativo dessa produção.

A Oitava Página (Page Eight, Inglaterra, 2011) Direção: David Hare / Roteiro: David Hare / Elenco: Bill Nighy, Rachel Weisz, Ralph Fiennes, Tom Hughes / Sinopse: Agente veterano do serviço real de inteligência do Reino Unido descobre que o primeiro-ministro sabe sobre torturas promovidas pelo governo americano e nada fez, escondendo a informação. Com isso sua situação dentro da agência começa a ficar delicada e até mesmo perigosa.

Pablo Aluísio.

3 comentários:

  1. Pablo:
    Acho que nessa época de filmes "videogames" ninguém quer espiões realistas, pelo menos a molecada, que é quem enche cinemas no Spider-Man, não.

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  2. A vida de um burocrata não é lá muito emocionante. No cinema James Bond funciona melhor... rsrsrs

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