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sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Marilyn Monroe - Adorável Pecadora

Esse foi o penúltimo filme de Marilyn Monroe. O estúdio Fox queria realizar mais um grande musical, só que numa levada mais moderna, deixando de lado as plumas e paetês dos antigos filmes de Marilyn nesse gênero. Era para ser algo mais moderno, mais de acordo com a época. Para tanto a Fox não mediu esforços e nem dinheiro. Contratou o diretor George Cukor para a direção e importou o galã francês Yves Montand para ser o par romântico de Marilyn. Como coadjuvante o sempre bom e correto Tony Randall também foi escalado.

Tudo estava bem organizado e pronto para se tornar um novo clássico do cinema, só que Marilyn não estava bem. Por essa época ela havia perdido o controle sobre as pílulas que tomava. Se antes isso já lhe causava problemas no set de filmagens, agora a situação piorou. Marilyn não conseguia chegar na hora certa para filmar suas cenas e esquecia completamente seus diálogos. Era uma bomba relógio. Logo pela manhã, para se levantar, ela tomava uma grande taça de champanhe que misturava com remédios. Uma péssima combinação.

A vida pessoal da atriz também vinha mal. Seu casamento com Arthur Miller estava por um fio. Ela havia se cansado dele, de sua personalidade tímida e introvertida, além do estado de submissão que havia entrado em seu relacionamento. Segundo pessoas próximas Arthur Miller havia se transformado em um carregador de malas de Marilyn. Cansada dele ela decidiu ter outros casos amorosos, o traindo de forma ostensiva e pública. O próprio Yves Montand se tornou um de seus amantes. Ele também era casado, mas para Marilyn isso tinha pouca importância. Ela queria ainda se provar como mulher, de que podia ter o homem que quisesse como bem entendesse.

No meio de tantos problemas o filme não ficou bom. Os atrasos e os problemas de produção se refletiram na tela. Marilyn estava fora de forma o que levou o diretor a optar que ela usasse um figurino que escondesse suas gordurinhas a mais. Longos casacos de lã na cor escura foram usados. Tudo para esconder o fato de que também ela estivesse grávida durante as filmagens. Seria mais uma gravidez mal sucedida da atriz? Até hoje os biógrafos discutem isso, já que Marilyn deixou tudo escondido, longe da imprensa. De qualquer forma Adorável Pecadora segue importante por afinal trazer Marilyn Monroe em um dos seus últimos papéis no cinema. Como puro musical porém deixa inegavelmente a desejar.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Marlon Brando - Sayonara

O filme "Sayonara" de 1957 foi um daqueles momentos diferenciados na filmografia de Marlon Brando. Ele interpretava um militar americano que era enviado até o Japão e se apaixonava por uma garota japonesa. O cenário era o pós Segunda Guerra Mundial quando o Japão tentava se reconstruir de um conflito devastador. Os americanos, inimigos até pouco tempo atrás, estavam ali para ajudar nessa reconstrução. Havia um código de ética rígido entre os militares, trazendo entre outras regras, a proibição de envolvimento amoroso entre os americanos e os nativos da ilha. Claro que algo assim iria trazer alguns problemas.

Em uma trama essencialmente romântica, sem a presença de grandes cenas dramáticas, Brando apenas passeou pelo filme. Aliás o termo "passeio" é bem conveniente, afinal o ator aceitou participar do filme justamente pelo fato de poder conhecer o Japão, lugar que lhe atraía, principalmente pelo fator cultural. Brando tinha verdadeira paixão pelo modo de vida e a cultura dos povos orientais.

Assim essa oportunidade de viajar de graça (recebendo um belo cachê, aliás) para ir ao Japão o atraiu imediatamente. Ele definitivamente não iria deixar algo assim passar em branco. O filme em si acabou sendo apenas uma desculpa para viajar até lá, no distante pais do sol nascente. O ator também percebeu que o diretor Joshua Logan passava por uma depressão, o que de certa forma o fez dirigir suas próprias cenas. Brando criou uma certa compaixão pelo que o cineasta vinha passando e decidiu que não iria incomodá-lo com pequenas coisas.

Embora seja um bom filme, "Sayonara" passa bem longe de seus melhores momentos no cinema. Brando estava jovial, com ótima aparência física, mas não parecia muito interessado em atuar bem. Além disso o roteiro não lhe exigia muita coisa. Unindo o útil ao agradável, Brando gastou seu tempo nas ilhas japonesas fazendo basicamente turismo, visitando diversas cidades. Além disso acabou tendo inúmeros namoricos com as belas japonesas que participaram do filme. Também acabou dando algumas entrevistas, fazendo contato com a cultura nipônica que ele tanto admirava. Anos depois diria que havia se tornado ator pelos ótimos salários e pelas oportunidades de conhecer o mundo. Não deixava de ter razão.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City

Essa franquia já chegou ao limite. O que fazer depois de tantos filmes? A solução encontrada pelos produtores foi dar um reboot em tudo, voltando ao passado, para contar as origens de tudo o que aconteceu nos filmes até aqui. A história se passa no final dos anos 80. Raccoon City é uma pequena cidade abandonada à própria sorte. Ali nasceu a Umbrella Corporation, empresa de produtos químicos. Usando crianças órfãs como cobaias, eles começam uma série de pesquisas que, como todos sabemos, vai para um caminho muito errado. Lembrou o Dr. Mengele e os nazistas. A protagonista é uma dessas órfãs que cresceu e está de volta na cidade. Ao lado dela se juntam alguns policiais, um novato e uma pobre criatura que foi cobaia no passado. O problema é que produtos químicos contaminaram também a água da cidade. A partir daí, como era de se esperar, surge o caos. Zumbis surgindo em cada canto escuro de Raccoon City. Quem vai conseguir sobreviver?

Apesar da boa ideia de se voltar ao passado, o roteiro nunca consegue sair muito das amarras do que já foi visto nessa linha de filmes. Aquele visual de alta tecnologia dos filmes anteriores ficou de lado, até porque o filme se passa nos anos 80, mas fora isso o roteiro preferiu mesmo seguir na velha fórmula. De maneira em geral eu gostei da ambientação do lugar, sempre escuro, sempre chovendo. O clima ideal para bons filmes de terror. Pena que o roteirista e diretor Johannes Roberts (do bom "Os Estranhos: Caçada Noturna") preferiu apostar em clichês batidos, com direito até mesmo a um monstrengo gigante no final. A conclusão final é que se esse é um recomeço, o diretor não foi ousado o suficiente, talvez por pressão do próprio estúdio.

Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City (Resident Evil: Welcome to Raccoon City, Estados Unidos, 2021) Direção: Johannes Roberts / Roteiro: Johannes Roberts / Elenco: Kaya Scodelario, Robbie Amell, Hannah John-Kamen / Sinopse: Em Raccoon City surgiu a Umbrella Corporation. Em um orfanato local estranhas experiências são realizadas, usando crianças órfãs como cobaias. E a situação fica ainda mais fora de controle quando substâncias químicas perigosas contaminam a água da cidade, causando caos e terror por todas as ruas.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Não Olhe para Cima

Dois cientistas do campo da astronomia (interpretados por Leonardo DiCaprio e Jennifer Lawrence) descobrem a existência de um novo cometa. No começo ficam felizes com a descoberta, afinal no mundo da astronomia isso é algo importante na vida de qualquer profissional da área. Só que a alegria dura pouco. Eles logo descobrem também que a rota do cometa vem direto em direção ao nosso planeta Terra. E agora, o que fazer? Logo uma questão que deveria ser tratada apenas pela ciência se torna politizada. E aí é o caos... os cientistas querem seguir o que diz a ciência para salvar o planeta, os conservadores liderados por uma presidente idiota (Meryl Streep) adotam uma postura de negacionismo com o slogan "Não Olhe para Cima". Pronto, a humanidade está literalmente com os dias contados. Estamos todos ferrados!

Esse é o filme do momento. Todo mundo está falando, debatendo, trocando ideias. Fazia tempo que a Netflix não lançava algo tão polêmico. A boa notícia é que é um bom filme, que faz pensar! É simplesmente impossível não perceber a analogia que esse inteligente roteiro faz com o mundo polarizado e imbecilizado em que vivemos. E aqui sobram críticas e farpas para todos os lados. Enquanto os dois cientistas tentam alertar para o perigo do cometa, os telejornais e o público em geral só se importam com as coisas mais imbecis, como o namorico de uma cantora adolescente pop e um cantor de rap! Você vai dar boas risadas, mas se tiver mais inteligência vai rir mesmo de nervoso, porque embora absurdas as situações, são plenamente condizentes com o momento atual. E você também pode trocar o cometa pela pandemia, aquecimento global ou qualquer outro tema desses e verá que faz o mesmo sentido.
 
E as redes sociais? Se tornam o maior meio de estupidez jamais visto. Enquanto o cometa avança em direção ao planeta Terra, as pessoas só se preocupam com memes, besteiras e imbecilidades. E surgem milhares de teorias da conspiração, uma mais idiota do que a outra! Dá nos nervos! Penso que se uma situação como a mostrada no filme realmente fosse verdade seria exatamente assim que iria acontecer. Vivemos em uma era tão estúpida! É triste, mas é a mais pura verdade! Então o roteiro mira e acerta em muitos alvos e se sai maravilhosamente bem em meu ponto de vista. É um filme que parece simples, mas que nas entrelinhas expressa tantas verdades que você ficará surpreso.

No final tirei duas conclusões importantes. A primeira é que o mundo atual é o horizonte perfeito das idiotices, tanto das pessoas em geral como também dos que foram eleitas por elas. A pior situação para uma nação é ser liderada por uma idiota como a presidente interpretada por Streep. Pessoas vão morrer por esse tipo de escolha errada na hora de votar. E assim surge a segunda grande lição do roteiro. Não votem em imbecis para altos cargos, pois no final quem será mais prejudicado será você mesmo, quem sabe até mesmo perdendo a própria vida. Parece radical? Não, é só uma verdade mesmo.

Não Olhe para Cima (Don't Look Up, Estados Unidos, 2021) Direção: Adam McKay / Roteiro: Adam McKay, David Sirota / Elenco: Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence, Meryl Streep, Cate Blanchett, Jonah Hill, Rob Morgan / Sinopse: Dois cientistas tentam alertar o mundo do perigo que se aproxima na forma de um enorme cometa que está vindo em direção ao nosso planeta. Só que isso vai ser quase impossível em um mundo onde as pessoas só se importam com celebridades vazias e os que detém o poder político são altamente estúpidos.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Por um Corredor Escuro

Katherine 'Kit' Gordy (AnnaSophia Robb) é uma garota rebelde. Depois de muitos problemas e cansados do jeito de ser dela, os pais decidem que ela vai para um daquelas escolas tradicionais, no sistema de internato, onde eles esperam que ela fique sob supervisão, onde aprenderá o valor da disciplina. Só que Kit acaba percebendo que há coisas estranhas naquele lugar. A escola funciona em uma velha casa do estilo vitoriano. Tudo é muito escuro e sombrio. Assim que as aulas começam as demais alunas começam a apresentar habilidades que parecem fora do normal. Uma delas pinta excelentes quadros, a outra escreve poesia de extrema qualidade. Até mesmo Kit começa a tocar piano excepcionalmente bem, muito longe de suas poucas habilidades. O que estaria acontecendo?

Esse filme de terror e suspense apresenta os mesmos problemas de várias outras produções recentes do gênero. É a mesma situação que já vi várias vezes antes. O filme até começa muito bem, apresentando os personagens e tudo mais. Porém conforme vai avançando para seu final vai perdendo o toque, a sutileza. A impressão que tenho é que os roteiristas acreditam que o público dos dias atuais precisa de tudo bem explicadinho. Subestimam a inteligência de quem está assistindo ao filme. O filme deixa a sugestão de lado, para estragar tudo em um final muito exagerado. Não precisava disso.

Por um Corredor Escuro (Down a Dark Hall, Estados Unidos, 2018) Direção: Rodrigo Cortés / Roteiro: Michael Goldbach, Chris Sparling / Elenco: AnnaSophia Robb, Uma Thurman, Isabelle Fuhrman / Sinopse: Uma garota rebelde é enviada para uma escola tradicional e conservadora e descobre que aquele é um lugar perigoso, que esconde segredos sinistros e sombrios.

Pablo Aluísio.

domingo, 26 de dezembro de 2021

Sob Suspeita

Um rico advogado chamado Henry Hearst (Gene Hackman) e sua bela esposa Chantal Hearst (Monica Bellucci) acabam sendo acusados de um crime envolvendo a morte de uma criança, uma menina de 12 anos encontrada morta na ilha de San Juan, em Porto Rico. O casal estaria ali para participar de uma arrecadação de fundos para os desabrigados de um furacão que teria devastada a ilha do Caribe. Só que agora eles se encontram em uma situação extremamente delicada. Afinal teriam mesmo algo a ver com o crime? Ou tudo seria uma grande cilada armada por inimigos do advogado nos Estados Unidos? Morgan Freeman interpreta o policial Victor Benezet, que se torna o responsável pelas investigações do assassinato.

Um bom filme, valorizado (isso fica claro pela simples leitura da ficha técnica da produção) pelo ótimo elenco. O trio central é realmente acima da média. Gene Hackman (hoje em dia, aposentado) é um dos destaques porque seu personagem fica sempre no fio da navalha, levando o espectador a ora acreditar em sua inocência, ora pender para o lado daqueles que o acusam do crime. Morgan Freeman dispensa maiores comentários, pois sempre foi ótimo e Monica Bellucci está belíssima no filme, naquele ano em seu auge de beleza. Assim fica a dica desse bom thriller policial, com uma trama bem bolada que só se desvenda na última cena.

Sob Suspeita (Under Suspicion, Estados Unidos, 2000) Direção: Stephen Hopkins / Roteiro: Claude Miller, baseado no livro de John Wainwright / Elenco: Morgan Freeman, Gene Hackman, Monica Bellucci, Thomas Jane / Sinopse: Um advogado americano é acusado de um crime violento e bárbaro envolvendo uma criança. Seria inocente ou culpado das graves acusações?

Pablo Aluísio.

Dominação

Assisti a esse terror e suspense há bastante tempo, mais precisamente ainda nos tempos das locadoras VHS. O título original "Lost Souls" é bem adequado. É a história de uma garota chamada Maya Larkin (Winona Ryder) que começa a desenvolver um comportamento estranho e fora dos padrões. Ela sempre foi uma pessoa religiosa, porém agora as coisas parecem fugir do controle. O Padre Lareaux (John Hurt) logo percebe o que está acontecendo: ela está sob possessão de um demônio, um espírito imundo vindo diretamente das profundezas do inferno. Pior do que isso, tudo pode ser apenas uma grande preparação para a chegada da besta, o anticristo 666.

Bom, filmes sobre possessões do diabo ou se tornam clássicos (como "O Exorcista") ou então caem no ridículo. Dificilmente ficam apenas no meio termo. Esse "Dominação" acabou ali entre o previsível e o ruim. No fundo acabou se tornando um filme simplesmente esquecível (afinal quem ainda se lembra dele?). De bom mesmo temos apenas a boa interpretação de John Hurt, que sempre foi aquele tipo de ator que sempre fazia valer a pena qualquer filme em que estivesse no elenco. Já Winona Ryder se limita a fazer caretas de pavor! Se o tema lhe interessa, arrisque, porém saiba de antemão que o filme não é realmente grande coisa!

Dominação (Lost Souls, Estados Unidos, 2000) Direção: Janusz Kaminski / Roteiro: Pierce Gardner, Betsy Stahl / Elenco: Winona Ryder, John Hurt, Ben Chaplin, Sarah Wynter / Sinopse: Jovem garota começa a apresentar um estranho comportamento, o que leva um padre a crer que ela está sendo possúida pelo Diabo.

Pablo Aluísio.

sábado, 25 de dezembro de 2021

Surpresas do Amor

Nunca falha! Todo ano, em época natalina, os canais programam aquela enxurrada de filmes de Natal. A maioria desses filmes é bem fraca, sendo bem sincero. Salva-se pouca coisa. Esse "Surpresas do Amor" é meramente mediano. Uma comédia que até diverte através de situações constrangedoras em que se envolvem os personagens. Aliás eu gosto de chamar esse tipo de filme justamente assim, uma comédia de situações de constrangimento. Na história um casal de namorados precisa visitar 4 casas na noite de Natal. A casa de seus pais que estão separados. A garota é interpretada pela atriz Reese Witherspoon. O papel de namorado dela é do ator Vince Vaughn. E, como todos sabemos, visitar os parentes no Natal pode ser uma experiência bem chata, constrangedora é a palavra ideal.

Assim Brad (Vince Vaughn) fica sabendo pelos parentes da namorada que seu apelido era "Katie Piolho". Que na adolescência ela era gordinha, que tinha uma amiga lésbica que era obviamente apaixonada por ela. Que tinha trauma daquele brinquedo chamado "Pula-Pula". Ele também não se sai melhor. Sua família é totalmente disfuncional. O pai é um sujeito bronco e seus irmãos são toscos. São lutadores de Vale-Tudo. Assim que entra na casa do pai a porrada começa, do nada! Durante o filme eu dei umas três risadas sinceras. O constrangimento pode ser uma boa ferramenta de humor. Assim, em meu caso, foi sem dúvida até um boa diversão.

Surpresas do Amor (Four Christmases, Estados Unidos, 2008) Direção: Seth Gordon / Roteiro: Matt Allen, Matt Allen / Elenco: Vince Vaughn, Reese Witherspoon, Robert Duvall, Sissy Spacek, Jon Voight, Mary Steenburgen / Sinopse: Durante o feriado de Natal um casal de namorados precisa visitar 4 casas e isso tudo se torna uma experiência mais do que desastrosa.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Tudo por Dinheiro

Outro filme que assisti no cinema. Aqui as razões para ter ido para o cinema já são mais óbvias. Qualquer filme em cartaz com a presença de Al Pacino já era motivo suficiente para contar com minha presença na plateia. Claro que os grandes dias de ator já tinham ficado para trás. Eu gostaria, por exemplo, ter ido assistir aos seus filmes nos anos 70, onde ele realmente atuou em grandes clássicos do cinema. Só que isso não foi possível. Então sempre que havia um novo filme do Pacino nos cinemas eu iria conferir. A história girava em torno do mundo das apostas esportivas. Claro que nem sempre os resultados surgiam de forma honesta e espontânea, fruto do puro espírito desportivo. Havia algo por trás, afinal pequenas fortunas giravam nesse mundo.

Matthew McConaughey interpretou o jogador de futebol americano que viu sua carreira ser destruída após uma séria lesão (algo muito comum nesse violento esporte). Al Pacino era o figurão, o velho tubarão que conhecia todos os atalhos para ganhar muito dinheiro nesse campo das apostas, algumas até ilegais. É um filme bom, interessante, mas nenhum clássico do cinema. Curiosamente o grande ator em cena, aquele que tem as melhores cenas e a maior chance de atuação é o próprio Matthew McConaughey. Al Pacino aqui funcionou apenas como um coadjuvante de luxo, nada mais. Seria de certa maneira uma constante em sua carreira a partir daqui.

Tudo por Dinheiro (Two for the Money, Estados Unidos, 2006) Direção: D.J. Caruso / Roteiro: Dan Gilroy / Elenco: Matthew McConaughey, Al Pacino, Rene Russo, Armand Assante / Sinopse: Dois homens, um ex-jogador de futbol americano chamado Brandon (Matthew McConaughey) e um investidor com fama de vigarista conhecido como Walter (Al Pacino) entram no mundo das apostas esportivas. O objetivo é ficar rico o mais rapidamente possível.

Pablo Aluísio.

Armações do Amor

Assisti no cinema! Olhando para um passado até recente fico surpreso com o fato de ter ido ao cinema ver filmes que eu já sabia que eram meramente medianos ou fracos mesmo. Era um outro tempo, com ingresso barato e não havia qualquer sinal de pandemia no ar. Não havia risco de vida ao ir ao cinema! Pois bem, trata-se de uma comédia romântica um tanto banal. Provavelmente o que me levou a ir ao cinema foi mesmo a dupla central. Sempre gostei tanto do trabalho de Matthew McConaughey como da atriz Sarah Jessica Parker. Além disso o elenco de apoio era excepcionalmente bom. Basta conferir os nomes envolvidos, contando com, entre outros, Zooey Deschanel, Bradley Cooper e Kathy Bates. Para quem gosta de cinema o elenco já era uma boa desculpa para pagar um ingresso de cinema.

Só que infelizmente, como era de se esperar, o roteiro não era mesmo muito bom. O gênero comédia romântica já mostrava sinais de desgaste após anos e anos de filmes usando a mesma fórmula batida e já conhecida de todos. De qualquer foram o público feminino garantiu o lucro para o estúdio. Um filme considerado até caro para os padrões desse tipo de produção (custou 50 milhões de dólares), conseguiu faturar nas bilheterias mais de 200 milhões, ou seja, um bom resultado comercial. Artisticamente falando porém o resultado se revelou bem fraco.

Armações do Amor (Failure to Launch, Estados Unidos, 2006) Direção: Tom Dey / Roteiro: Tom J. Astle, Matt Ember / Elenco: Matthew McConaughey, Sarah Jessica Parker, Kathy Bates, Zooey Deschanel, Bradley Cooper / Sinopse: Com trinta e tantos anos o folgadão Trip (Matthew McConaughey) nem pensa em se casar. Então pessoas próximas a ele armam um plano para ver se ele finalmente sobe o altar da igreja para se casar de uma vez por todas.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Poderosa Afrodite

Esse filme de Woody Allen é até hoje um desvio na rota da obra do diretor. Como tudo o que envolve Allen há aqueles que odeiam o filme e outros que o adoram. Não é motivo nem para tomar uma posição radical e nem outra. Na verdade é uma boa comédia, bem mais leve do que a fase mais intelectual que o cineasta atravessou nas décadas de 70 e 80. Não tem grande roteiro e nem é uma obra de arte, mas tem a Mira Sorvino interpretando a personagem Linda Ash, uma atuação que (pasmem!) lhe valeu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante numa das maiores zebras da história de Hollywood! Para muitos foi um prêmio para consagrar Allen, mas discordo disso, já que ele também estava concorrendo na categoria de Melhor Roteiro e não venceu. Assim não tem muita lógica afirmar que Mira foi premiada para homenagear Allen.

Na verdade essa premiação é um daquelas surpresas complicados de explicar por motivos racionais. Simplesmente aconteceu! Ela é carismática, mas jamais deveria ter sido premiada tão cedo na carreira (com certeza não por essa atuação). Aliás verdade seja dita, pois para ela teria sido muito melhor não ter vencido já que Sorvino acabou se tornando um dos maiores exemplos da "maldição do Oscar", onde atores ou atrizes são premiados precocemente, bem no começo da carreira e depois afundam feio na carreira. Outro exemplo? Cuba Gooding Jr. Muitas vezes o Oscar pode ser o aviso de que tudo acabou, por mais incrível que isso possa parecer.

Poderosa Afrodite (Mighty Aphrodite, Estados Unidos, 1995) Direção: Woody Allen / Roteiro: Woody Allen / Elenco: Woody Allen, Mira Sorvino, F. Murray Abraham, Helena Bonham Carter, Olympia Dukakis / Sinopse: Jornalista investigativo descobre a existência de um garoto com QI acima da média. Seria um gênio precoce. Só que sua mãe é uma mulher bem medíocre em todos os aspectos. Como explicar algo tão desigual? Filme premiado pelo Oscar na categoria de melhor atriz coadjuvante (Mira Sorvino).

Pablo Aluísio.

Inesquecível

Quem lembra desse filme? Pouca gente, mostrando que ele pode ser muita coisa, menos inesquecível. Enfim, vamos em frente. Essa é uma ficção B que tenta se sustentar com uma ideia que os roteiristas certamente acharam genial ou inovadora (embora, vamos ser sinceros, não foi para tanto!). David Krane (Ray Liotta) vê sua vida ruir após a morte da esposa, brutalmente assassinada. O crime porém fica sem solução por falta de testemunhas ou provas. Desesperado, Krane resolve experimentar uma estranha fórmula química desenvolvida pela Dra Martha Briggs (Linda Fiorentino) que lhe permite ter acessos às memórias de sua esposa morta. A partir daí ele acaba entrando numa situação alucinante onde não consegue mais distinguir loucura, insanidade e realidade dos fatos!

A ideia é até legalzinha, me fez lembrar imediatamente de "O Vingador do Futuro" aquele filme dirigido por Paul Verhoeven e estrelado por Arnold Schwarzenegger e Sharon Stone onde havia uma situação bem parecida. A diferença básica é que esse aqui procura manter mais o pé no chão, não sendo tão fantasioso quanto o segundo, que inclusive foi baseado na obra de Philip K. Dick. De uma forma ou outra fica claro que o filme só foi produzido por causa da presença de Ray Liotta, ainda desfrutando do sucesso e prestígio de filmes como "Os Bons Companheiros". Pena que ele também nunca tenha se tornado uma estrela de primeiro escalão. O filme porém ainda vale como curiosidade, mesmo que depois de pouco tempo você venha a esquecer dele completamente. Nada inesquecível.

Inesquecível (Unforgettable, Estados Unidos, 1996) Direção: John Dahl / Roteiro: Bill Geddie / Elenco: Ray Liotta, Linda Fiorentino, Peter Coyote / Sinopse: Após a morte da esposa um homem consegue acessar todas as suas lembranças pessoais. Filme premiado pelo Cognac Festival du Film Policier na categoria de Melhor Direção.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

O Silêncio

Um terror da Netflix? É isso mesmo. O filme começa quando um grupo de exploradores de cavernas abrem uma fenda que estava há séculos lacrada. Para a surpresa (e desgraça) deles, surge uma espécie de animal pré-histórico, um tipo de Pterossauro carnívoro em tamanho mirim que ganha o mundo. Eles se reproduzem em velocidade, são cegos, mas atacam os seres humanos através do barulho que fazem. E trazem o completo caos ao nosso mundo. Sim, é um filme de monstros que até tem bons momentos. Para individualizar a tragédia o roteiro foca em cima de apenas uma família, o da garota com problemas auditivos Ally Andrews (Kiernan Shipka). Ao lado dos pais e da avó eles fogem de onde moram, por não ser mais seguro, caindo na estrada. Na viagem encontram todos os perigos, que surgem não apenas por causa dos monstrengos, mas também em razão de outros seres humanos. Filme on the road, com bichinhos assassinos da pré-história voando por cima dos personagens. É isso aí.  

Por falar nos bichanos, são até bem feitos. O roteiro ainda traz algumas surpresas que ajudam a manter o interesse do espectador, entre eles um grupo de religiosos fanáticos que com sorrisos tentam atrair a família de Ally. Só que na verdade são pedófilos vorazes, gente da pior espécie, a escória vestida de preto, que tentam se passar por bondosos. Pois é, desconfie de religiosos fanáticos. Geralmente são pessoas perigosas mesmo. O veterano Stanley Tucci é o nome mais conhecido do elenco. Ele interpreta o pai da família em desespero. Você vai reconhecer a jovem Kiernan Shipka se algum dia assistiu a série "Mad Men". Ela cresceu, não é mais uma criança e convence bem em seu papel. No final o roteiro deixa a porta aberta. Claro, era algo de se esperar. Os produtores estão de olho em futuras continuações. Quem viver (ou sobreviver), verá...

O Silêncio (The Silence, Estados Unidos, 2019) Direção: John R. Leonetti / Roteiro: Carey Van Dyke, Tim Lebbon / Elenco: Stanley Tucci, Kiernan Shipka, Miranda Otto, Kate Trotter, John Corbett / Sinopse: Uma família norte-americana tenta sobreviver ao ataque de monstros alados que ressurgem diretamente dos tempos pré-históricos.

Pablo Aluísio.

Cabana do Inferno

Bom, nessa altura da vida, se você é um cinéfilo veterano, já sabe que essa história de cabana na floresta é mais do que batida. E poucos filmes que assisti ao longo da minha vida são mais claros nesse sentido do que esse "Cabana do Inferno". Parece até que os roteiristas leram a fórmula básica desse tipo de produção de terror e a copiaram ipsis litteris, tal como se estivessem copiando uma receita de bolo tradicional. Só que obviamente aqui estamos falando de um filme, de arte, não de um alimento com alto teor calórico. O diretor e roteirista Eli Roth é mais talentoso do que isso, mas aqui resolveu colocar tudo mesmo no controle remoto, com praticamente nada de original. Apenas cumpriu tabela, sem se importar muito com o resultado final.

Pois bem... e qual seria essa fórmula básica? Na história cinco jovens universitários decidem alugar uma cabana isolada em uma floresta. Querem curtir o fim de semana, com muita bebida, sexo e drogas. Algo que é típico da idade. Só que uma vez isolados no meio do nada (embora o lugar em si seja bonito) começam a acontecer coisas inexplicáveis. Não, não é o ataque de uma entidade sobrenatural. Está mais para a infecção de um vírus mortal que todos desconhecem. Achou alguma semelhança com o mundo atual? Pois é, parece mesmo que agora estamos vivendo dentro de um filme de terror... quem diria...Corram para as colinas...

Cabana do Inferno (Cabin Fever, Estados Unidos, 2002) Direção: Eli Roth / Roteiro: Eli Roth, Randy Pearlstein / Elenco: Jordan Ladd, Rider Strong, James DeBello / Sinopse: Cinco universitários decidem curtir, alugando uma isolada cabana na floresta. Só que não demora muito e o desespero começa a tomar conta de todos. Agora tentarão lutar por suas vidas contra um inimigo invisível.  

Pablo Aluísio.

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Garotos Incríveis

Esse filme foi bastante badalado em seu lançamento, chegando inclusive a vencer um Oscar na categoria de Melhor Canção Original por "Things Have Changed" de Bob Dylan. Apesar de muito elogiado pela crítica nunca consegui gostar muito do filme e olha que tive muita boa vontade. O enredo passado em um meio universitário, com diálogos mais bem escritos do que o usual, poderia ser um diferencial. O problema é que o ritmo me soou fora do compasso, não fluindo naturalmente. Outro aspecto que me fez desanimar em relação a essa produção foi o papel de Michael Douglas. Ele aqui interpreta um professor intelectual que tenta potencializar os sonhos de seus pupilos. Esse tipo de personagem não combinou muito bem com o ator. Primeiro porque é complicado enxergar Douglas como um membro da academia. Segundo porque ao longo dos anos você vai criando uma imagem dele, até mesmo por causa de seus filmes anteriores, que pouco se encaixa aqui nessa história.  O filme realmente destoa do que o ator fez por anos.

De bom mesmo resta apenas o elenco mais jovem. Tobey Maguire, antes de se tornar o Homem-Aranha na primeira trilogia do personagem no cinema, está muito bem. Idem para uma ainda adolescente Katie Holmes. Por fim temos aqui um raro papel bem coadjuvante de Robert Downey Jr. Não é demais lembrar que o ator passou anos e anos tentando superar sua dependência química e isso significava muitas vezes encarar um projeto apenas como coadjuvante de luxo - nem que fosse para apenas ganhar o dinheiro suficiente para pagar as clínicas de rehab. Então é isso. Um roteiro até interessante que foi rodado de forma um tanto controvertida e pouco convincente. Infelizmente é lento e muitas vezes se perde o interesse. O mundo universitário americano, o melhor do mundo, merecia algo melhor.

Garotos Incríveis (Wonder Boys, Estados Unidos, 2000) Direção: Curtis Hanson / Roteiro: Steve Kloves, baseado no romance de Michael Chabon / Elenco: Michael Douglas, Tobey Maguire, Frances McDormand, Robert Downey Jr, Katie Holmes / Sinopse: Um professor universitário tenta inspirar seus alunos, potencializando seus sonhos pessoais para o futuro. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Edição (Dede Allen) e Melhor Roteiro Adaptado (Steve Kloves).

Pablo Aluísio.

Susie e os Baker Boys

Quando se consegue unir boa música e cinema com elegância o resultado costuma ser dos melhores. Veja o caso desse drama romântico musical. Com uma trilha muito fina e de bom gosto e uma história interessante servindo de cenário, tudo soa muito prazeroso aos ouvidos e aos olhos. O enredo mostra dois irmãos músicos, Jack Baker (Jeff Bridges) e Frank Baker (Beau Bridges). Durante muitos anos eles conseguiram sobreviver cantando e se apresentando em pequenos clubes noturnos de Nova Iorque. O tempo passou e naturalmente  tudo começou a se tornar mais complicado, como conseguir arranjar os mesmos trabalhos de antes. Para dar uma turbinada na dupla eles então resolvem contratar uma bela cantora para se apresentar junto a eles, Susie Diamond (Michelle Pfeiffer). Nasce assim o grupo Susie e os Baker Boys. Apesar do bom sucesso inicial as coisas começam a se complicar quando eles acabam confundindo aspectos profissionais com a vida pessoal de cada um.

Além da já citada ótima trilha sonora o filme ganha muito também por causa da presença de Michelle Pfeiffer. Ainda jovem e muito bonita, ela chama todas as atenções para si, roubando o filme dos irmãos Bridges, que também são ótimos, mas que não conseguem se sobressair por causa do brilho de Michelle. Com aquela beleza natural dela seria realmente impossível para eles se destacarem. Ainda assim vale destacar e citar o talento musical que todos os atores demonstraram em cena. Além de Michelle Pfeiffer cantar muito bem, Jeff Bridges demonstrou que tinha realmente um talento musical digno de aplausos. Anos depois ele chegaria a gravar seus próprios álbuns, alguns realmente muito bons. Country music de qualidade.

Susie e os Baker Boys (The Fabulous Baker Boys, Estados Unidos, 1989) Direção: Steve Kloves / Roteiro: Steve Kloves / Elenco: Jeff Bridges, Michelle Pfeiffer, Beau Bridges. / Sinopse: Dois irmãos músicos se unem a uma talentosa cantora. Juntos acabam fazendo sucesso em restaurantes e casas de show de luxo em Nova Iorque. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor atriz (Michelle Pfeiffer), melhor direção de fotografia (Michael Ballhaus), melhor edição (William Steinkamp) e melhor música (Dave Grusin).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Stillwater

Matt Damon interpreta o pai que tem uma filha presa na França. Ela foi julgada e condenada pela morte da própria namorada. Inconformado, o pai decide viajar para Marselha onde a filha cumpre pena. Durante uma das visitas ela conta a ele que dentro da prisão ouviu histórias sobre a verdadeira identidade do assassino. Então esse americano, que nem sabe falar francês, decide agir por conta própria. Inicialmente ele procura ajuda na advogada da filha, mas não encontra apoio. Percebendo que as autoridades locais também não vão lhe ajudar em um caso considerado encerrado, ele decide investigar tudo sozinho. Vai até bairros violentos em busca de informação. Tenta aproximação com imigrantes, muitos deles envolvidos com o mundo do crime e como era de se esperar acaba se dando mal também, apanhando desses jovens de forma violenta e covarde. Apesar de tudo ele decide seguir em frente em sua luta obsessiva para inocentar sua filha. Ele parte em uma espécie de cruzada pessoal para que ela deixe a prisão.

Gostei do roteiro desse filme. Pode parecer, à primeira vista, uma espécie de filme de ação ou algo parecido. Não é nada disso. Está mais próximo do drama. Todos os personagens são bem desenvolvidos, bem trabalhados no roteiro. E esse ritmo mais ponderado resultou em filme até mais longo do que poderia ser. Em minha opinião um corte mais eficaz cairia bem. Outro aspecto interessante é que lá pelo final a história tem uma reviravolta para subverter esse tipo de enredo que poderia soar meio batido. As coisas não são como aparentam ser. Alguns personagens que pareciam ser tão íntegros e inocentes realmente não são. Achei uma mudança das mais positivas. Mais próxima da realidade do mundo em que vivemos.

Stillwater - Em Busca da Verdade (Stillwater, Estados Unidos, 2021) Direção: Tom McCarthy / Roteiro: Tom McCarthy, Marcus Hinchey / Elenco: Matt Damon, Camille Cottin, Abigail Breslin, Lilou Siauvaud / Sinopse: O filme conta a história de Bill (Matt Damon), um pai americano que luta para provar a inocência da filha que está presa na França, condenada por homicídio. Seria ela mesma uma pessoa inocente?

Pablo Aluísio.

Falando de Sexo

Um casal em crise tenta aconselhamentos com uma especialista, só que por trás de tudo existe uma grande engrenagem para faturar muito dinheiro com divórcios. Essa é uma comédia de humor negro que até tem seus momentos, mas que de maneira em geral apresenta um morno e mediano grau de verdadeira comicidade. O curioso é que tirando Bill Murray que sempre foi realmente um ator de comédias, todo o resto do elenco nunca teve muita aproximação com esse tipo de gênero cinematográfico. A atriz Lara Flynn Boyle interpretando uma analista, uma especialista em tratamento de casais em crise, uma mulher sem qualquer ética profissional, por exemplo, poucas vezes (ou nenhuma vez) atuou em comédias verdadeiras. Por essa razão ela fica meio deslocada.

James Spader é outro estranho no ninho. Seu personagem é um tipo meio abobado, inocente útil, que nunca funciona direito. O James Spader tem tudo, menos cara de bobalhão. Não iria dar certo de jeito nenhum mesmo. Seu papel nesse filme deve ter sido o mais constrangedor de sua carreira. O único que saiu bem, como era de esperar, foi mesmo o Bill Murray. Esse é do ramo mesmo. Ele interpreta um advogado cínico, cheio de atitudes absurdamente inescrupulosas. O papel caiu como uma luva para o jeitão de Murray. Enfim, posso dizer que esse é um daqueles filmes que tinham o roteiro certo, mas com um elenco errado, acabou não dando certo.

Falando de Sexo (Speaking of Sex, Estados Unidos, 2001) Direção: John McNaughton / Roteiro: Gary Tieche / Elenco: Lara Flynn Boyle, James Spader, Bill Murray, Jay Mohr, Melora Walters / Sinopse: Um casal em crise acaba colocando para girar, sem saber, uma verdadeira máquina de lucro que vive do divórcio de pessoas como eles. Psicólogos, analistas, advogados e escroques de todos os tipos querem sua parte na divisão dos bens daquele casal.

Pablo Aluísio.

domingo, 19 de dezembro de 2021

Da Terra à Lua

Essa minissérie foi produzida por Tom Hanks. O ator havia ficado muito interessado na jornada que levou os primeiros homens à Lua, então nada mais natural do que contar a saga do projeto espacial Apollo. Dividido em episódios temáticos, a série é perfeita em vários sentidos. Não apenas por resgatar toda a história, mas também por mostrar os desafios que a ciência precisou enfrentar para vencer esse grande obstáculo de se colocar um ser humano andando nas areias da Lua. Obviamente Tom Hanks ficou inspirado após atuar em Apollo 13. Ele ficou perplexo ao saber que nada nesse sentido havia sido feito antes. Então através de sua produtora em parceria com a HBO resolveu contar toda a história. O material além de importante do ponto de vista histórico, ficou perfeito como produto de entretenimento.

O projeto Apollo foi muito bem sucedido. Não apenas colocou o primeiro homem na Lua como também foi um projeto sem mortes, sem eventos fatais, como havia acontecido tragicamente antes com o projeto Mercury. Em plena guerra fria os Estados Unidos tinham grande motivação política para vencer a corrida espacial da União Soviética. Foi uma questão bastante ligada a essa rivalidade entre as super potências internacionais. Infelizmente depois que o homem finalmente caminhou na Lua o projeto foi perdendo o interesse e apoio popular. As últimas missões foram canceladas pelo Congresso americano, eram caras demais. De qualquer forma a "maior aventura do homem" está detalhada aqui. Item de colecionador para se ter na coleção pessoal.

Da Terra à Lua (From the Earth to the Moon, Estados Unidos, 1998) Direção: Tom Hanks, David Frankel, David Carson / Roteiro: Remi Aubuchon, Amy Brooke Baker / Elenco: Tom Hanks, Nick Searcy, Lane Smith, David Andrews / Sinopse: Minissérie em 12 episódios que conta em detalhes o projeto Apollo da Nasa que levaria o primeiro homem a pisar na Lua. Premiado pelo Primetime Emmy Awards em 3 categorias.

Pablo Aluísio.

sábado, 18 de dezembro de 2021

Um Homem Determinado

O presidente dos Estados Unidos Franklin Delano Roosevelt não foi apenas o líder americano que enfrentou a II Guerra Mundial. Ele também enfrentava uma grande batalha interna, de índole pessoal. Ele lutava contra a poliomielite (paralisia infantil). O roteiro desse filme se concentra exatamente nesse aspecto de sua vida particular. Enquanto liderava os Estados Unidos em momentos de crise, como a grande depressão, ele também procurava tratamentos para sua doença. Alguns desses tratamentos eram alternativos. Ele, por exemplo, se sentia muito bem quando se banhava nas águas termais de Warm Springs, que inclusive dá título original ao filme. Muitas das cenas se passam nesse lugar onde o presidente conseguia relaxar e se sentir revigorado. A poliomielite de Roosevelt era inclusive de conhecimento de poucas pessoas próximas. O povo americano em geral desconhecia essa informação.

Essa foi uma produção da HBO Films. Por essa razão só foi exibido nesse canal por assinatura na época de seu lançamento original. Não é um filme muito conhecido, justamente por esse aspecto. Entretanto não vá pensar que se trata de um telefilme com pouco recursos ou algo parecido. A HBO sempre primou por um alto padrão de qualidade em suas produções. Penso inclusive que o filme é tão bom nesse ponto que poderia ter sido lançado nos cinemas sem maiores problemas. Esse conceito de que todo telefilme tem produção pobre e inferior é uma coisa que vem lá dos anos 60 e 70 e hoje em dia não passa de um preconceito sem qualquer razão de ser.

Um Homem Determinado (Warm Springs, Estados Unidos, 2005) Direção: Joseph Sargent / Roteiro: Margaret Nagle / Elenco: Kenneth Branagh, Cynthia Nixon, David Paymer / Sinopse: O filme conta a história real do presidente Franklin Delano Roosevelt (Kenneth Branagh) e sua luta para amenizar os efeitos da poliomielite (paralisia infantil) em sua vida pessoal. Filme premiado pelo Primetime Emmy Awards em cinco categorias.

Pablo Aluísio.

A Nova Cinderela

Mais uma versão da Cinderela? Pois é, parece ser um conto de fadas de apelo eterno. Só não espere por algo grandioso e luxuoso com foi aquela versão dirigida por Kenneth Branagh em 2015. Essa versão, produzida 11 anos antes, tinha pretensões bem mais modestas. Queria apenas aproveitar a velha e conhecida estorinha para turbinar uma comédia romântica das mais habituais. No enredo romantizado uma adolescente americana, tiranizada por sua madrasta, uma figura das mais asquerosas, procurava por um amor em sua vida solitária. Em tempos modernos ela não iria conhecer seu príncipe em um baile suntuoso realizado em um palácio, mas sim na internet. E o encontro? Que tal numa festinha adolescente de Halloween da escola?

A jovem atriz Hilary Duff teve seus momentos de Cinderela no cinema. Antes de virar estrelinha adolescente em filmes como esse, ela ficou conhecida entre o seu público numa série de filmes e programas do Disney Channel. Depois a transição para o cinema aconteceu de forma bem natural. O problema de carreiras como a dele é que possuem prazo de validade. Enquanto são jovens e bonitas, tudo corre bem. Depois que passam dos 30 anos as coisas complicam e muito. Nunca mais ouvi falar dela. Espero que tenha encontrado um bom caminho depois que o estrelato chegou ao fim.

A Nova Cinderela (A Cinderella Story, Estados Unidos, 2004) Direção: Mark Rosman / Roteiro: Leigh Dunlap / Elenco: Hilary Duff, Chad Michael Murray, Jennifer Coolidge / Sinopse: A história de uma garota moderna, uma adolescente dos tempos atuais, com claros sinais de identificação com a história do contos de fadas da Cinderela.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Imperdoável

Temos aqui um bom drama da Netflix. A atriz Sandra Bullock interpreta uma personagem chamada Ruth Slater. Após 20 anos numa prisão ela finalmente ganha a liberdade. Ruth havia sido condenada por matar um xerife durante um ato de despejo. Agora nas ruas novamente ela tenta reorganizar sua vida. Com ajuda do agente da condicional arranja emprego numa fábrica de processamento de alimentos (peixes). Ainda arranja trabalho numa ONG que constrói abrigos para moradores de rua. Só que seu maior desejo é rever sua irmã mais nova. Na época do crime ela era apenas uma criança de cinco anos. Depois que Ruth foi presa a menina foi levada para um orfanato e depois adotada por um casal. Agora é uma jovem pianista, prestes a entrar na universidade. Seus pais adotivos não querem que ela reencontre a irmã mais velha, mas Ruth faz questão sobre isso, o que poderá lhe trazer ainda mais problemas de ordem legal.

Só que os problemas de Ruth não param por aí. Os filhos do xerife que ela matou estão em busca de vingança e sem perceber isso ela acaba virando um alvo. Um filme muito bom, com roteiro bem escrito. O destaque, como não poderia deixar de ser, vai para o trabalho de atuação de Sandra Bullock. Ela traz uma tensão para sua personagem que incomoda. Com o rosto sempre fechado, tenso, ela tenta sair do estigma que a perseguirá pelo resto de sua vida, a de ser uma assassina e uma condenada pela justiça. Gostei da abordagem do roteiro em desenvolver e mostrar as dificuldades que uma pessoa enfrenta ao sair da prisão. Não é fácil se reerguer na vida depois de algo assim. Um belo trabalho de todos os envolvidos nesse que já pode ser considerado um dos bons filmes do ano. Deixo aqui meus aplausos.

Imperdoável (The Unforgivable, Estados Unidos, 2021) Direção: Nora Fingscheidt / Roteiro: Peter Craig, Sally Wainwright / Elenco: Sandra Bullock, Viola Davis, Vincent D'Onofrio, Jon Bernthal, Richard Thomas / Sinopse: Depois de ficar 20 anos na prisão cumprindo pena, Ruth Slater (Sandra Bullock) ganha a liberdade. A vida fora das grades porém se revelará cheio de desafios a se superar. Filme baseado na série "Unforgiven".

Pablo Aluísio.

A Profecia

Fui assistir, na época de seu lançamento original, a esse remake do clássico de terror no cinema. Não achei tão ruim como a crítica afirmava na época. Pelo contrário, achei um filme muito bem organizado em termos de roteiro, coeso mesmo. Como se sabe o filme original (que repito, é um clássico) acabou dando origem a uma série de sequências e continuações, cada vez mais fracas, algumas bem ruins. Velho problema que acontece com filmes de terror que fazem sucesso comercial. Então os executivos decidiram que não havia mais como levar essa franquia capenga em frente. O melhor caminho era mesmo produzir um novo filme, um novo recomeço. Nesse aspecto posso dizer que acertaram em cheio.

Não mudaram a premissa básica da história. Segue sendo a história de um garoto que desde o seu nascimento chama a atenção pelo estranho comportamento. Filho de um homem respeitável, um funcionário público (uma clara referência com a história de Hitler), esse menino chamado Damien se mostra fora do convencional. O diretor John Moore, que já havia dirigido bons filmes como "Atrás das Linhas Inimigas" e "O Voo da Fênix" entregou um produto que pode ser considerado no mínimo eficiente. O destaque vai para o suspense, sempre valorizado. Não se rendeu ao fácil, aos efeitos digitais em série. Talvez esse seja mesmo o grande mérito dessa nova "A Profecia".

A Profecia (The Omen, Estados Unidos, 2006) Direção: John Moore / Roteiro: David Seltzer / Elenco: Liev Schreiber, Julia Stiles, Seamus Davey-Fitzpatrick / Sinopse: A história de um garoto, que ao que tudo indica poderá se tornar o Anticristo no futuro, a Besta do apocalipse. Filme remake do clássico filme de terror "A Profecia".

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

No Limite do Mundo

O filme conta a história real do navegador inglês James Brooke (Jonathan Rhys Meyers). No século XVIII ele chegou em Bornéu, uma ilha maior em extensão territorial do que a própria Inglaterra. Só que o povo que ali vivia ainda era muito simplório e primitivo, pelo menos dentro da mentalidade de um europeu da época. No começo Brooke apenas queria estudar a fauna e a flora local pois tinha a intenção de publicar um livro sobre esse tema quando retornasse para Londres. Só que o tempo foi passando, ele foi ficando amigo dos nativos e para sua surpresa acabou sendo nomeado como uma espécie de Rajá local, um tipo de monarca daquele povo. Seus amigos que viajavam ao seu lado acharam tudo um absurdo, mas Brooke acabou assumindo sua nova posição com grande dedicação e responsabilidade. E quando a Marinha Real chegou na região acabou encontrando um Rei inglês dominando aquela terra esquecida por Deus.

Essa história acabou se tornando popular na Inglaterra na época, dando origem a uma série de livros e contos baseados nessa situação inusitada de um europeu que se tornava Rei em terras distantes. O livro "Heart of Darkness" de Joseph Conrad foi inspirado nesse caso. Anos depois esse livro seria adaptado ao cinema no clássico "Apocalypse Now". Outra referência cultural óbvia é "O Homem Que Queria Ser Rei" com Sean Connery. Assim nota-se perfeitamente a importância cultural da história de James Brooke. Dito isso, esse filme "No Limite do Mundo" conta bem sua história. Só não vá esperar por uma grande produção. O filme foi realizado no limite do que era necessário para o enredo, sem luxos. Ainda assim gostei do resultado. A história, o mais importante, merecia mesmo ser contada em um bom filme.

No Limite do Mundo (Edge of the World, Estados Unidos Inglaterra, 2021) Direção: Michael Haussman / Roteiro: Rob Allyn / Elenco: Jonathan Rhys Meyers, Josie Ho, Dominic Monaghan / Sinopse: O filme conta a história real de um explorador britânico que acaba virando Rei em uma região distante da civilização ocidental. Foi o homem que virou rei de povos dos mares do Sul.

Pablo Aluísio.

Guardiões da Noite

Caso curioso. Um filme russo sobre vampiros! Isso mesmo, uma mistura bem interessante. Com o fim da União Soviética a Rússia finalmente se abriu para a cultura ocidental. E os vampiros vieram nesse pacote. Agora não vá pensando que por esse tipo de razão esse filme seria péssimo ou algo parecido. Absolutamente nada a ver. O filme é muito bem produzido, inclusive contou com a participação de técnicos em efeitos especiais importados diretamente de Hollywood. O resultado acabou sendo dos melhores. Aqui no Brasil o filme fez sucesso, ganhou edição nacional em DVD, mas quem curtiu também ficou a ver navios porque os filmes que vieram depois não chegaram no Brasil. No meu caso foi justamente o que aconteceu. Só vi o primeiro filme! Até hoje não consegui achar os demais para assistir. Como se fala "Que lástima!" em russo?
   
E qual é a história que esses contos vampirescos nos conta? Em Moscou dois grupos rivais de vampiros se enfrentam nas noites escuras da cidade. Aliás pegando o gancho devo dizer que se existe um problema maior nesse filme esse seria justamente em seu roteiro. Muitas vezes as situações não são devidamente explicadas, fazendo com que o espectador tenha que se esforçar para se situar no meio daquelas criaturas de dentes afiados. De qualquer maneira com um pouquinho de paciência e dedicação as coisas começam a se encaixar. Só não espere por um final fechado. Como é o primeiro de uma trilogia, a história não tem desfecho definitivo.

Guardiões da Noite (Nochnoy dozor, Rússia, 2004) Direção: Timur Bekmambetov / Roteiro: Timur Bekmambetov / Elenco:  Konstantin Khabenskiy, Vladimir Menshov, Mariya Poroshina / Sinopse: Vampiros russos se caçam e se matam nas noites escuras e desertas de uma Moscou simplesmente assustadora. O último e mais velho vampiro se tornará o Lord protetor de um novo clã de criaturas da noite.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Eles Não Envelhecerão

Nessa altura você que está lendo esse texto já deve ter assistido ao documentário "Get Back" do Peter Jackson. Muito se comentou sobre a tecnologia usada para restaurar velhos rolos de filmes de 50 anos atrás, quando os Beatles ainda existiam. Pois bem, essa tecnologia inovadora, que chegou a usar até mesmo inteligência artificial, foi criada na verdade para esse documentário anterior dirigido pelo mesmo cineasta. O tema aqui é a Primeira Guerra Mundial. Jackson aceitou o convite para coordenar uma grande equipe que iria recuperar velhos filmes e áudios que foram feitos justamente durante essa guerra terrível. Havia dois tipos básicos de arquivos. Um era formado por filmes, a maioria deles mudo. O outro era um imenso acervo de áudios captados em entrevistas com veteranos da Primeira guerra. Unindo os dois, usando de tecnologia moderna de edição e recuperação de filmes, Peter Jackson conseguiu finalizar mais esse ótimo documentário histórico. Os próprios soldados que viveram tudo aquilo contam suas experiências, histórias, etc.

Algumas coisas me chamaram muito a atenção. A primeira delas foi a idade precoce dos soldados ingleses. Muitos deles mentiam sobre sua idade na hora do alistamento. O resultado disso foi que muitos adolescentes (alguns com meros 15 anos!) foram enviados para o front de batalha de uma das guerras mais terríveis da história. Claro que muitos desses adolescentes não tiveram a menor chance. Duraram muito pouco tempo na linha de frente. Outra coisa que me deixou estarrecido foram os detalhes sobre a total falta de higiene nas trincheiras. Simplesmente não existia qualquer cuidado sanitário. Muitos morriam de doenças sem nem mesmo entrar em combate. Por isso essa guerra também deu origem a muitas pandemias, uma delas a gripe espanhola que mataria milhões de pessoas nos anos seguintes. Doenças relacionadas a carrapatos, piolhos, vermes e outros parasitas também tiveram uma explosão de casos! Algo realmente estarrecedor de conhecer.

A Inglaterra perdeu quase 1 milhão de soldados na Primeira Guerra Mundial. Entre os mortos estava o próprio bisavô do diretor. O filme aliás foi dedicado a ele. Por isso Peter Jackson e sua equipe vasculharam centenas de arquivos para elaborar uma cena que causa impacto. Primeiro vemos determinados soldados sorridentes, brincando uns com os outros, relaxando, de bom humor. Logo depois Peter Jackson colocou a imagem desses mesmos soldados mortos na lama do campo de batalha. Lá estavam todos eles, destroçados por alguma bomba ou gás jogado pelo inimigo. É um impacto e tanto no espectador. Tudo para lembrar que uma guerra é antes de tudo algo triste, a se lamentar, a se evitar. Afinal aqueles jovens soldados morreram ali, muitos de forma simplesmente horrível. Vários corpos nunca foram recuperados. Eles nunca tiveram a chance de envelhecerem. Foram sepultados em pleno campo de batalha. A guerra é antes de tudo uma monstruosidade. E essa, no final de tudo, é a grande lição histórica desse filme imperdível.

Eles Não Envelhecerão (They Shall Not Grow Old, Inglaterra, 2018) Direção: Peter Jackson / Roteiro: Peter Jackson / Elenco: Thomas Adlam, William Argent, John Ashby / Sinopse: Documentário histórico narrado por veteranos da Primeira Guerra Mundial, com imagens reais restauradas por moderna tecnologia cinematográfica. Filme indicado ao BAFTA Awards na categoria de melhor documentário.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Velozes & Furiosos 8

Título no Brasil: Velozes & Furiosos 8
Título Original: The Fate of the Furious
Ano de Produção: 2017
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: F. Gary Gray
Roteiro: Gary Scott Thompson, Chris Morgan
Elenco: Vin Diesel, Jason Statham, Dwayne Johnson, Michelle Rodriguez, Charlize Theron, Kurt Russell, Scott Eastwood

Sinopse:
O grupo que se notabilizou nos sete filmes anteriores vai se dispersando aos poucos. Alguns decidem viajar para lugares exóticos, outros se casam. Porém tudo muda quando surge em cena uma perigosa mulher, uma vilã que vai tornar imperativo a reunião novamente dos membros que atuaram juntos no passado.

Comentários:
Paul Walker morreu em um grave acidente de carro. Foi um grande choque mundial, ainda mais para seus colegas de profissão. Seu último filme nessa franquia foi "Velozes & Furiosos 7". Por essa razão muitos acreditavam que era o fim da franquia nos cinemas. Só que em Hollywood o valor das bilheterias sempre fala mais alto. Demorou um pouco a convencer parte do elenco original a voltar, mas depois de muita negociação eles retornaram. O resultado foi esse oitavo filme. Em termos de roteiro não há muita mudanças em relação aos filmes anteriores. Praticamente tudo do mesmo. O diferencial veio mesmo na contratação de um elenco coadjuvante de peso que contava com gente como Charlize Theron e Kurt Russell, além do filho de Clint, Scott Eastwood. Nem preciso dizer que ele realmente não chega nem nos pés do grande pai em termos de carisma e presença de cena. Já a Theron, bem, não esperava ver ela atuando em filmes como esse. É uma surpresa e tanto no final das contas. As cenas continuam muito bem elaboradas e as viagens internacionais ao redor do mundo, passando inclusive por Cuba, ajuda a manter o interesse. Fora isso, é realmente uma continuação produzida bem na linha dos filmes anteriores, sem maiores novidades.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Music!

Bom, vamos falar um pouco sobre o que andei ouvindo por esses dias. Eu me peguei ouvindo alguns discos de Madonna. Eu não tenho a coleção completa de seus álbuns, mas tenho muita coisa que ouvi muito pouco em todos esses anos. Por esses dias ouvi pelo menos 4 CDs da Madonna. Comecei pelos dois clássicos "Like a Virgin" e "Like a Prayer". O primeiro ouvi todo. É puro anos 80. Nostalgia acima de tudo. O segundo só conferi algumas faixas. Tem uma maravilhosa música título, mas as demais achei bem mais ou menos - sendo bem sincero. Algumas ficaram muito datadas, no aspecto bem negativo dessa expressão.

Depois peguei dois CDs mais recentes dela. Aquele em que ela está vestida de cowgirl na capa, chamado "Music" eu nunca tinha ouvido direito. Embora a capa leve a pensar que teria country music nas músicas, isso é um engano. Todas as faixas que ouvi são de tecno pop. Vou mais além, é tecno pop gay, algo feito bem para seu público LGBT, um dos mais fiéis da cantora. Muito embalo, mas não reconheci nenhuma das faixas. Certamente não foram grandes hits. Por fim coloquei algumas faixas (as primeiras) de CD "Bedtime Stories" para ouvir. Esse material já conheço melhor, Já tinha ouvido esse CD com maior frequência em um passado mais recente.

Eu estou recuperando meu hábito de ouvir CDs, algo que perdi maior contato depois do surgimento do streaming. Pois bem, dos Beatles ouvi dois discos à prova de falhas. O primeiro foi "Help". Grande disco, muito superior ao filme que é simplesmente horrendo em minha opinião. No cinema Help envelheceu seus 50 e tantos anos. No disco continua com ar de frescor juvenil. Depois ouvi novamente o "Revolver". Obra-prima que só perde um pouco por causa da música indiana do George Harrison. Chato demais. Porém pulando essa faixa o resto é puro rock clássico da melhor qualidade.

Do Elvis Presley puxei o álbum "Raised On Rock / For Ol' Times Sake" para ouvir mais uma vez. Achei curioso como mesmo após tantos anos não consegui mudar de opinião sobre ele. A opinião continua a mesma desde que eu comprei o primeiro vinil, ainda nos anos 80. Acho um disco terrivelmente depressivo. Tirando a faixa principal, que considero muito interessante pelo ritmo e principalmente pela letra, todo o restante do repertório traduz o espírito que Elvis tinha na época. Algo muito fundo do poço, quase na base do desespero. Casamento destruído, excesso de drogas, desilusão com a própria vida. Elvis não escreveu nenhuma daquelas letras, mas elas eram o retrato mais fiel dele do que alguém poderia imaginar. As músicas são bem arranjadas e belamente tristes, mas tem que ter o espírito certo e saber o contexto histórico para realmente curtir aquela fossa toda.

Pablo Aluísio.

domingo, 12 de dezembro de 2021

Uma Noite de Crime: A Fronteira

Nunca havia assistido um filme dessa franquia, então decidi começar por esse mais recente. A premissa é das mais absurdas. Imagine que o governo dos Estados Unidos decrete um lapso anual de 12 horas onde tudo será permitido. Não existirá mais crimes, ninguém será mais punido nesse intervalo de tempo. Agora imagine o que iria acontecer na fronteira entre Estados Unidos e México nessas 12 horas. Grupos de supremacistas brancos, fortemente armados, iriam para as ruas para na visão deles "limpar a América" da escória humana. E quem seria essa escória? Ora. na mente de um racista claro que seriam os imigrantes pobres latinos, os negros, os índios. Todo tipo de minoria deveria ser exterminada nessas 12 horas. Afinal não haveria punição nem mesmo para os crimes mais violentos. Pela sinopse já deu para sentir o peso do argumento do filme, não é mesmo? Entretanto é melhor não ir se empolgando muito.

Esse tipo de visão distópica daria margem a uma interessante discussão social sobre os rumos que o racismo toma nos Estados Unidos, inclusive nos dias atuais. Só que esse filme não foi feito para isso. O nome de Michael Bay na produção explica bem esse aspecto. O que importa não é o debate sobre racismo, mas sim aproveitar na tela várias e várias cenas de ação e matança. Só que nem isso conseguiram acertar direito. Existe uma cena na parte final do filme, passada no deserto, que é pura imitação de "Mad Max". Aliás essa parte final do filme é destituída de maior interesse. A única coisa realmente boa é a ironia de ver um monte de gente fugindo para o México porque os Estados Unidos se tornaram terra de ninguém. Quem poderia imaginar?

Uma Noite de Crime: A Fronteira (The Forever Purge, Estados Unidos, 2021) Direção: Everardo Gout / Roteiro:James DeMonaco / Elenco: Ana de la Reguera, Tenoch Huerta, Josh Lucas / Sinopse: O governo americano decide dar total liberdade ao povo americano por 12 horas. Só que a celebração da liberdade acaba se transformando em anarquia violenta, com grupos racistas caçando minorias raciais na fronteira do México. A caçada humana acaba saindo do controle total quando os racistas declaram que só vão parar quando matarem o último imigrante latino que encontrarem pela frente.

Pablo Aluísio.

sábado, 11 de dezembro de 2021

Mr. Jones

Uma renomada psiquiatra acaba se envolvendo emocionalmente com seu próprio paciente, o maníaco-depressivo Mr. Jones (Richard Gere). Além de ferir o código de ética de sua profissão, ela logo entenderá que também está caminhando por um caminho perigoso por causa do estado mental de seu novo affair. Esse foi um romance dramático que teve uma recepção fria em seu lançamento. Não se tornou um sucesso de bilheteria (bem ao contrário disso) e tampouco conseguiu levantar alguma polêmica em torno de seu argumento. Na verdade foi mais uma tentativa de revitalizar a carreira do galã Richard Gere, naquela altura da carreira já sentindo os desgastes naturais do tempo. O elenco contava com boas atrizes, em especial Anne Bancroft que nunca foi devidamente reconhecida por seu talento dramático. Lena Olin estava muito bonita e charmosa no filme. Ela anda mais do que sumida ultimamente. Uma pena já que sempre a considerei uma das atrizes suecas mais interessantes que já atuaram em Hollywood.

Apesar de toda a negatividade por parte dos críticos na época, eu gostei do filme. Achei interessante, com tema relevante. É de se admirar que o filme tenha sido tão mal recebido de maneira em geral, uma vez que o cineasta Mike Figgis já havia trabalhado e sido muito bem sucedido ao lado de Richard Gere no excelente drama policial "Justiça Cega" três anos antes. "Mr. Jones" obviamente nunca chegou a ser tão bom como o filme anterior, mas também passava muito longe de ser tão ruim como os críticos da época disseram. Embora haja alguns erros na questão da caracterização da sanidade mental do personagem, o fato é que no quesito romance tudo fluiu muito bem, se tornando naturalmente interessante para as fãs do galã Gere. E no final das contas isso era o que realmente importava para seu fã clube feminino.  

Mr. Jones (Mr. Jones, Estados Unidos, 1993) Direção: Mike Figgis / Roteiro: Mike Figgis, Eric Roth / Elenco: Richard Gere, Lena Olin, Anne Bancroft / Sinopse: O filme conta a história de Jones (Richard Gere), um homem com problemas psicológicos que acaba se apaixonando por sua terapeuta, uma mulher sensível e sensual. Qual seria o limite ético para essa delicada situação? Filme com roteiro baseado em fatos reais.

Pablo Aluísio

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Inimigo Íntimo

Rory Devaney (Brad Pitt) é um jovem irlandês ligado ao grupo terrorista IRA (Exército Republicano Irlandês, muito ativo na época) que vai até Nova Iorque com o objetivo de comprar armamento pesado para a luta de sua organização dentro da Irlanda. Uma vez lá acaba se hospedando com uma falsa identidade na casa de um policial, Tom O'Meara (Harrison Ford), que em pouco tempo começa a desconfiar das suas atividades em solo americano. Bom, como é de esperar em Hollywood a intenção dos produtores ao realizar esse filme foi unir dois astros do cinema, campeões de bilheteria na época, o jovem Pitt e o veterano Ford. Claro que era uma boa ideia do ponto de vista comercial. Além disso seria bem interessante unir duas gerações de atores em apenas um filme. A questão é que se você é um cinéfilo experiente sabe logo de antemão que nem sempre um elenco famoso garante um excelente filme. É bem o caso desse "Inimigo Íntimo".

Apesar do argumento interessante o resultado é bem morno e mediano, nada memorável. Provavelmente a indefinição sobre qual rumo a seguir tenha prejudicado o resultado final. O roteiro ora valoriza o lado mais dramático de sua história, com ênfase nas relações humanas, ora tenta ser um filme de ação com baixo teor de adrenalina. Sem saber direito para onde ir, acaba aborrecendo ambos os públicos. Os fãs de filmes de ação acharam tudo sem sal e o público acostumado com dramas acabou achando tudo mal desenvolvido. Some-se a isso a atuação preguiçosa de Harrison Ford e os ataques de estrelismo de Brat Pitt e você entenderá porque uma boa iniciativa acabou mesmo ficando pelo meio do caminho.

Inimigo Íntimo (The Devil's Own, Estados Unidos, 1997) Direção: Alan J. Pakula / Roteiro: Kevin Jarre, David Aaron Cohen / Elenco: Harrison Ford, Brad Pitt, Margaret Colin / Sinopse: Dois homens, com origens em comum, acabam descobrindo que estão em lados opostos da lei. Enquanto um é um policial dedicado, o outro está envolvido em atividades terroristas.

Pablo Aluísio.

Segredos do Poder

Bill Clinton foi presidente dos Estados Unidos durante praticamente todos os anos 90. Nesse filme sua figura foi ironizada. Clinton gostava de passar uma imagem jovial ao povo americano. Gostava de tocar sax usando óculos escuros e tinha uma queda por mulheres de todos os tipos. Em "Segredos do Poder" John Travolta interpreta um político chamado Jack Stanton. Ele é um porcalhão, um cafajeste imoral, que usa e abusa do seu poder para sair com o maior número de mulheres que encontra pela frente. Um caipira bonachão, não muito ético e com um cinismo absurdo que lhe traz até mesmo um certo carisma, ou seja, o próprio retrato de Bill Clinton. Esse é também, curiosamente, uma das melhores atuações da carreira de Travolta, justamente porque ele deixou a vergonha de lado para dar vida a esse escroque político com seguidores.

Embora não se assuma como uma biografia não autorizada do presidente Clinton, o filme era óbvio nesse sentido, a ponto inclusive de ter sido criticado pelo próprio Partido Democrata. A "piada" incomodou o alto escalão do poder, quem diria. Só por essa razão já valeria a pena conferir essa divertida e demolidora crítica ao mundo político americano. Ironicamente o cinema americano que sempre foi tão alinhado ao Partido Democrata tornava alvo um de seus principais políticos, o que causou surpresas na época. Afinal era de se esperar que Hollywood procurasse sempre demolir políticos Republicanos, conservadores, mas Democratas? Era uma surpresa geral mesmo. O filme é bom, entretanto com o passar dos anos muitas das bem boladas piadas do roteiro simplesmente se perderam. Uma pena.

Segredos do Poder (Primary Colors, Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, 1998) Direção: Mike Nichols / Roteiro: Joe Klein, Elaine May / Elenco: John Travolta, Emma Thompson, Kathy Bates, Billy Bob Thornton, Diane Ladd / Sinopse: Sátira em tom de comédia em cima da figura do presidente dos Estados Unidos Bill Clinton. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante (Kathy Bates) e Melhor Roteiro Adaptado.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Sua Majestade, Mrs. Brown

Até hoje os historiadores discutem a natureza do relacionamento da rainha Vitória com um de seus empregados, o Mr. Brown, que cuidava dos cavalos do palácio real. Teria sido um caso amoroso ou apenas uma amizade fraternal envolvendo uma solitária viúva e um homem que tinha a coragem de dizer tudo o que pensava para ela? É justamente a história que esse filme conta. Após a morte de seu marido, a Rainha Vitória (Judi Dench) entra em profunda depressão. Para aliviar sua dor ela acaba sendo amparada por John Brown (Billy Connolly), seu fiel cocheiro, que acaba se tornando seu grande amigo pessoal. Bom filme, muito interessante, explorando a figura de Mr. Brown, um sujeito comum que acabou virando alvo de fofocas durante a era vitoriana por causa de sua aproximação com a Rainha. Alguns historiadores defendem a tese de que havia ali algo muito maior do que a simples amizade, embora não existam provas concretas sobre isso.

Além da curiosidade histórica esse filme se destaca também pela bela atuação da atriz Judi Dench, uma dama do teatro inglês que vale qualquer ingresso. Sua atuação é sofisticada, terna e historicamente muito precisa. Um show de interpretação e bom gosto. Esse filme é um dos melhores já feitos sobre essa monarca inglesa, embora hoje em dia já existam outros filmes mostrando outras fases de sua vida e uma excelente série que inclusive já comentei aqui em nosso blog. Material, como se pode perceber, realmente não falta. O que se destaca nesse roteiro é que ele não se limita a mostrar seus grandes feitos como monarca, mas sim os aspectos mais pessoais, de sua vida privada, que a humanizam de forma maravilhosa.

Sua Majestade, Mrs. Brown (Mrs Brown, Estados Unidos, Inglaterra, Irlanda, 1997) Direção: John Madden / Roteiro: Jeremy Brock / Elenco: Judi Dench, Billy Connolly, Geoffrey Palmer / Sinopse: O filme conta parte da história da Rainha Vitória da Inglaterra. Idosa e solitária, ela acaba criando um relacionamento muito próximo com Mr. Brown, um homem rude, que acaba conquistando sua amizade. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Judi Dench) e Melhor Maquiagem.

Pablo Aluísio.

Dr. Mesmer - O Feiticeiro

O ator britânico Alan Rickman faleceu em 2016. Ele tinha apenas 68 anos de idade.  Eu pensei então em comentar algum filme dele, mas que fugisse do óbvio de citar sua atuação na franquia "Harry Potter", etc. Assim me recordei desse pouco conhecido "Dr. Mesmer". Assisti esse filme ainda na era do VHS e mesmo naquela época pouca gente viu. É uma bonita produção (toda se passando na linda Viena) que mostrava um pouco da história (real) dessa estranha, mas interessante figura do Dr. Franz Anton Mesmer. A ciência tal como conhecemos hoje, com método científico e maior rigor na dedução de suas conclusões, não era bem assim em seus primórdios. O conhecimento científico passou por uma fase em que havia uma certa mistura entre ciência e esoterismo, ciência e ocultismo e até mesmo ciência e superstição.

A história do Dr. Mesmer se desenrolou justamente nesses tempos incertos, diria até mesmo confusos, para a busca pelo conhecimento científico mais rigoroso e objetivo. Esse também foi o tipo de papel perfeito para Rickman desfilar seus trejeitos, seu olhar estupefato e sua personalidade ímpar. Ele sempre será lembrado como o Professor Severus Snape da saga Harry Potter ou então em menor escala como o vilão frio e calculista do primeiro "Duro de Matar", mas a verdade é que Rickman foi muito mais do que isso. Por isso deixo aqui o convite para que você conheça mais de sua longa filmografia (quase 70 filmes no total). Procure pelos filmes menos conhecidos, como esse. Você certamente será surpreendido de forma bastante positiva por seu trabalho que era em muitos casos realmente excepcional.

Dr. Mesmer - O Feiticeiro (Mesmer, Estados Unidos, 1994) Direção: Roger Spottiswoode / Roteiro: Dennis Potter / Elenco: Alan Rickman, David Hemblen, Anna Thalbach, Heinz Trixner / Sinopse: O filme conta a história de uma controversa figura, o Dr. Mesmer. No limiar da ciência ele ousou procurar pelas grandes respostas do universo. Filme premiado no Montréal World Film Festival na categoria de Melhor Ator (Alan Rickman).  

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Michael Collins

Drama histórico que resgata a figura do líder revolucionário irlandês Michael Collins (aqui interpretado pelo ator Liam Neeson). Esse foi um homem importante na luta pela independência da Irlanda. Sob dominação inglesa por séculos, os irlandeses começaram a colocar em prática seus ideais de independência nacional justamente na época em que Collins começou a despontar no turbulento cenário político de sua nação. O diretor Neil Jordan obviamente criou um filme patriótico, muitas vezes até ufanista, da causa irlandesa. O filme por essa razão se torna muitas vezes panfletário em demasia, o que certamente incomodará algumas pessoas. Quando um diretor adota esse tipo de postura a primeira reação do público é desconfiar da veracidade do que se vê na tela.

Há todo aquele clima de euforia nacional que atrapalha uma visão mais imparcial dos fatos históricos. Mesmo com esse pequeno deslize, temos que admitir que como pura obra cinematográfica temos aqui um bom filme. Manipuladora, até maniqueísta, mas também bem honesta já que procura trazer a visão bem pessoal de Neil Jordan da questão, mesmo que essa venha a surgir de uma forma um pouco nublada, maquiada, para varrer os aspectos negativos de Collins para debaixo do tapete histórico. Além disso o filme apresenta uma das melhores interpretações da carreira do ator Liam Neeson, nessa época ainda empenhado em atuar bem, em filmes relevantes. Hoje em dia ele literalmente se acomodou em uma série sem fim de filmes de ação. Enfim, outros tempos, outros filmes.

Michael Collins - O Preço da Liberdade (Estados Unidos, Inglaterra, Irlanda, 1996) Direção: Neil Jordan / Roteiro: Neil Jordan / Elenco: Liam Neeson, Aidan Quinn, Julia Roberts, Alan Rickman, Stephen Rea, Ian Hart, Charles Dance / Sinopse: A história de um líder político que sonhava com a liberdade da Irlanda. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Fotografia (Chris Menges) e Melhor Música Original (Elliot Goldenthal). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Ator (Liam Neeson) e Melhor Trilha Sonora (Elliot Goldenthal).

Pablo Aluísio.