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domingo, 22 de agosto de 2021

Reds

Ontem revi o filme "Reds". É interessante que cada vez que se vê um filme novamente se muda a percepção sobre ele. Da outra vez que escrevi sobre "Reds" eu chamei mais a atenção para o lado político do filme. Afinal a história de um jornalista americano que vai até a Rússia para viver in loco as mudanças na sociedade durante a revolução russa realmente é um dos pontos fortes de seu roteiro. Entretanto dessa vez prestei mais atenção na personagem da esposa do jornalista John Reed (Warren Beatty), a também escritora Louise Bryant (Diane Keaton). Alguém tem dúvida que ela realmente amava muito esse homem? Que mulher teria coragem de viajar sozinha para a Rússia, em plena era do terror pós revolucionário, para tentar encontrar seu amado que havia desaparecido naquelas longas planícies? Em termos puramente emocionais poucas vezes o cinema mostrou uma mulher tão apaixonada e obstinada como essa. É um amor épico, sem dúvida.

E ainda dentro da perspectiva desse relacionamento outra coisa me chamou a atenção. O casal era comunista, socialista, progressista, se você preferir essa última palavra. Eles gostavam de ser ver como pessoas modernas em um relacionamento aberto. Ele poderia ter suas amantes, ela poderia ter seus momentos com outros homens quando bem entendesse. Porém essa convicção social mal chegou na página 2 como vemos no filme. Em pouco tempo de casados eles já brigavam pelas traições cometidas, em uma postura que ficaria bem adequada em um casal burguês, mas não em socialistas como eles. Enfim, revi o filme com novos olhos, novos ângulos. E sai plenamente satisfeito, o que mostra que sem dúvida, "Reds" é um grande filme sobre um grande amor que por acaso se passou durante a revolução russa.

Reds (Reds, Estados Unidos, 1981) Direção: Warren Beatty / Roteiro: Warren Beatty, Trevor Griffiths / Elenco: Warren Beatty, Diane Keaton, Jack Nicholson, Maureen Stapleton, Jerzy Kosinski / Sinopse: Casal americano de jornalistas decide viajar até a Rússia no exato momento em que está eclodindo uma revolução comunista no país. Socialistas por convicção, eles acabam entrando no olho do furacão que atinge aquela grande nação. Filme vencedor do Oscar nas categorias de melhor direção (Warren Beatty), melhor atriz coadjuvante (Maureen Stapleton) e melhor direção de fotografia (Vittorio Storaro).

Pablo Aluísio.

5 comentários:

  1. Excelente filme .Mostra bem as posições políticas dos protagonistas mas não "passa pano" pro Regime Socialista.

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  2. Pablo:
    Uma coisa já se tornou uma verdade empírica: essas ondas "progressistas" de anarquismo, comunismo, libertinagem, etc, nunca dão certo porque as pessoas não são assim. Só na cabeça de certos "filósofos" é possível enquadrar um ser tão complexo quando é o ser humano em formatos de vida, de convivência, tão simplórios, na verdade quase mongoloides, se levarmos em consideração apenas as emoções que nos comandam com as suas inumeráveis nuances.

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  3. Jobson,
    Realmente, isso fica claro quando ela se decepciona com o que está acontecendo na Rússia. Ela desencanta, fica decepcionada, mas aí já é tarde demais...

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  4. Serge,
    No começo eles tentam ser "moderninhos", etc. Se relacionar com quantas pessoas quiseram porque essa coisa toda de fidelidade é coisa de classe burguesa, mas daí... a teoria não consegue se impor na prática...

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