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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

O Absolutismo - A Ascensão de Luís XIV

Dois monarcas europeus se tornaram símbolos máximos do absolutismo. O primeiro foi Henrique VIII da Inglaterra. O segundo foi Luís XIV da França. Esses reis governaram sem limites. Não havia divisão de poderes. A ordem desse tipo de monarca era a lei. E isso incluia seus caprichos, injustiças e violações de direitos humanos de toda ordem. E como não havia limites para seus poderes, toda a riqueza de suas nações lhes pertencia pessoalmente. Por isso também viviam em palácios luxuosos, com paredes folheadas a ouro, quadros pintados pelos maiores artistas. Luxo e riqueza absolutas, enquanto grande parte da população passava fome, pagando pesados impostos.

O filme "O Absolutismo - A Ascensão de Luís XIV" conta parte dessa história. Um belo filme assinado pelo talentoso cineasta Roberto Rossellini. No enredo Luís XIV, Rei absolutista da França, precisa lidar com as crises de seu governo, as intrigas palacianas e as paixões dentro da corte, enquanto organiza muito luxo e riqueza para ostentar de forma suntuosa nos corredores de seus palácios reluzentes. Não é para menos que o monarca passaria para a história conhecido como "O Rei Sol". É o cinema reconstruindo uma era de excessos, de exploração e também de muita injustiça. Uma palavra mal colocada na frente desse tipo de monarca poderia resultar em uma execução sumária.

O interessante é que o roteiro enfoca basicamente os primeiros anos do reinado do "Rei Sol", Luís XIV (1643-1715), o maior monarca absolutista da França. É sem dúvida um belo filme que se concentra nos detalhes de cotidiano da corte do afetado monarca francês. Apreciei a reconstituição histórica e a rica produção desse filme. Mostra acima de tudo que debaixo das perucas e dos babados, o Rei era um homem também extremamente inteligente e ciente do que ocorria em seu país e não apenas o alienado fútil e alheio ao mundo ao redor que geralmente emerge das páginas de alguns livros de história.

Outro aspecto que deve ser considerado é que no cinema europeu, de uma forma geral, temos um outro ritmo, um tipo diferente de dramaturgia. Nada de licenças poéticas e invencionices, tão comuns em filmes americanos. Roberto Rossellini procura ser o mais realista possível, sem arroubos insanos ou espaço para coisas desnecessárias. No final de tudo o que temos é de fato um filme realmente excepcional, muito recomendado e bem fiel aos fatos históricos reais. É uma lição histórica importante, mostrando inclusive o contexto em que iria surgir as primeiras obras iluministas, que iriam denunciar justamente as injustiças desse tipo de poder absoluto.

O Absolutismo - A Ascensão de Luís XIV (La Prise de Pouvoir Par Louis XIV, França, 1966) Estúdio: ORTF / Direção: Roberto Rossellini / Roteiro: Philippe Erlanger, Jean Gruault / Elenco: Jean-Marie Patte, Raymond Jourdan, Silvagni / Sinopse: O filme "O Absolutismo - A Ascensão de Luís XIV" é uma superprodução histórica do mestre Roberto Rossellini e conta a história do rei francês que se tornou símbolo de uma era em que a mera vontade dos monarcas não tinha limites, era a lei absoluta. Filme indicado no Cahiers du Cinéma como melhor filme do ano.

Pablo Aluísio.

5 comentários:

  1. Cinema Clássico
    O Absolutismo - A Ascensão de Luís XIV
    Pablo Aluísio.

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  2. Hoje esse arremedo de democracia que vivemos parece ruim, mas viver sob a tutela de um monarca absoluto é o inferno e o combustível perfeito para uma sublevação. Dá pra entender um pouco a raiva dos vitoriosos na queda da Bastilha.

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  3. A democracia tem seus problemas? Certamente os tem. Porém ainda é o sistema político mais racional. Ninguém pensaria em voltar ao passado, vivendo sob tirania.

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  4. Durante muitos anos pensei que esse Louis XIV fosse homossexual, o que explicaria em parte essa obsessão dele na moda, nos luxos, etc. Só recentemente, lendo um livro sobre ele, descobri que era o extremo oposto. Ele era mulherengo e pegou algumas doenças venéreas com seus exageros de alcova.

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  5. Lord Erick, você provavelmente ficou impressionado com os sapatinhos de cristal que ele usava. Realmente a moda da época era extrema, podendo ser confundida com a moda drag dos nossos dias. A verdade é que ele era promíscuo, com mulheres, claro. Transava até com as esposas de seus próprios ministros, pois um rei absolutista podia tudo. Entre suas amantes mais famosas pode-se citar, entre outras, Louise de La Vallière, Madame de Montespan e Madame de Maintenon.

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