Páginas

quinta-feira, 5 de março de 2020

Dolittle

Antes de mais nada, esqueça completamente os filmes feitos com esse personagem que foram estrelados por Eddie Murphy. Realmente aqui temos um novo recomeço, sem ligação nenhuma com os filmes anteriores. O que foi uma boa ideia. O estúdio investiu 175 milhões de dólares nessa nova produção. Foi uma aposta alta. O filme porém tem decepcionado nas bilheterias em seus primeiros dias de exibição  Apesar do marketing milionário, as pessoas não estão indo ao cinema para assistir ao filme. Isso pode significar que não haverá franquia, ficando tudo por aqui mesmo, apenas em um filme. Sem grandes lucros, sem novos filmes.

Esse novo filme procura ser mais fiel ao personagem original, por isso toda a história é passada na era vitoriana. Isso deu uma direção de arte (design de produção) de primeira linha para o filme. Tecnicamente é um daqueles filmes bem bonitos de se assistir, com computação gráfica perfeita. Os animais estão todos lá. Aquele clima de obra infantil, para libertar a imaginação das crianças, também está presente. Afinal são animais falantes, coisa que os pequenos adoram. Pena que esqueceram de escrever um roteiro melhor. Tudo soa genérico e sem graça. É um filme bonito, sem dúvida, mas igualmente sem alma.

Robert Downey Jr não encontrou o tom certo para sua atuação. Ela vai soar bem esquisito para as crianças (que afinal de contas é o público alvo desse filme). O ator tem tendência a soar caricato, mesmo em outros filmes. Aqui ele perdeu a linha completamente. Ficou até mesmo estranho, esquisito, bizarro mesmo. O desastre só não é completo por causa de um detalhe técnico do filme. Ele acabou sendo salvo pela galeria de animais que o cerca, como um urso polar, uma girafa, um gorila, etc. As crianças vão prestar mais atenção nesses bichos digitais do que no protagonista. Outro aspecto que me chamou a atenção foi a edição. Parece que o filme foi cortado meio às pressas, para não ultrapassar uma hora de meia de duração (para não cansar a criançada). Isso deu uma rapidez nada interessante ao filme. Parece mais pressa de terminar do que qualquer outra coisa. Enfim, temos aqui um filme que não agradou muito nem o público e nem muito menos a crítica. Não foi dessa vez que acertaram nessa adaptação.

Dolittle (Dolittle, Estados Unidos, Inglaterra, China, 2020) Direção: Stephen Gaghan / Roteiro: Stephen Gaghan, Dan Gregor, baseados na obra de Hugh Lofting / Elenco: Robert Downey Jr, Antonio Banderas, Michael Sheen, Emma Thompson, Ralph Fiennes  / Sinopse: O Dr. John Dolittle (Robert Downey Jr) decide se isolar do mundo após a morte de sua esposa. Seu isolamento é interrompido quando a rainha manda que ele vá até o palácio. Ela está morrendo de uma doença misteriosa. Dolittle, que tem a capacidade de falar com os animais, descobre que ela foi envenenada. Assim ele parte em uma grande aventura em busca do fruto da árvore do Éden, que salvará a vida da monarca.

Pablo Aluísio. 

12 comentários:

  1. Nunca gostei de Robert Downey Jr, Nos anos 80 ele foi um dos maiores drogados da história de Hollywood. Dizem que se recuperou e que está limpo. Eu não acredito muito nisso. Nos filmes geralmente ele aparece com olhar vidrado.

    ResponderExcluir
  2. Eu me lembro de um tempo em que ele aparecia mais em páginas policiais do que nos cadernos de cultura dos jornais. O Homem de Ferro meio que salvou a vida dele. Agora, se ele está limpo ou não, depois de ser viciado em drogas tão pesadas, aí já um dos segredos guardados a sete chaves por Hollywood.

    ResponderExcluir
  3. Pablo:
    O Robert Downey Jr. é o responsável pela descaraterização, completa, do Sherlock Holmes e do Homem de Ferro.
    Só porque esse palhaço ganhou, a 30 anos, um Oscar (esse merecido) por Chaplin, deram carta branca pra ele fazer o que bem entendesse. Deu nisso, destruição de personagens icônicos.

    ResponderExcluir
  4. A pior tragédia para um idiota é ser bem sucedido. Essa frase me lembra muito o Bob Jr.

    ResponderExcluir
  5. Off topic:
    A Netflix nunca deu lucro na vida. Vive de investidores que acreditam (não sei como) no seu potencial futuro, que nunca chega.
    Eu acabei de ver, mais uma das suas produções originais, o filme "Troco em Dobro", em que desperdiçam Mark Wahlberg e Alan Arkin num dos filmes mais mal feitos e amadores que já vi, com um roteiro risível de tão sem imaginação, idiota e previsível e cheio de furos. Pra você ter uma idéia, eu que, não sou roteirista, me peguei no meio do filme tentando achar motivos justificáveis para para as ações idiotas do personagem principal. Quando eu achei nada podia piorar diante na maior quantidade de clicheria e personagens improváveis, em um só filme, na última cena, eles não a entender que isso é um piloto de uma série.
    Pablo, tenha certeza, a Netflix acha que seu pioneirismo no streaming a torna imune a concorrência, mas do jeito que ela vem fazendo seus filmes,(vide "A Ultima Coisa eu Ele Queria) isso não vai durar muito e essa empresa será vendida pra outra mais competente, ou virará pó.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Tem concorrência forte vindo por ai. A Netflix não vai ficar nessa vida boa por muito tempo. Espere e verá.

      Excluir
  6. Eu acompanho a carreira do Robert desde os anos 80. Assim como aconteceu com o DiCaprio, eu já o conhecia antes dele virar famoso. Isso nos tempos das comédias adolescentes dos anos 80. Aliás não sei como ele conseguiu sobreviver naqueles anos de loucura completa.

    ResponderExcluir
  7. Bom, até o momento o filme faturou 76 milhões dentro do mercado americano e pouco mais de 140 milhões no marcado internacional. O problema é que o filme custou 175 milhões. Os produtores esperavam uns 400, 500 milhões de dólares de bilheteria. Isso muito provavelmente não vai acontecer.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Precisam de três vezes o investimento para apurar lucro. Talvez só daqui uns anos, contando com o mundo todo.
      Serge Renine.

      Excluir