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sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Eles e Elas

Marlon Brando era um dos maiores atores de sua época. Porém não sabia cantar. Frank Sinatra era o rei da música, chamado de The Voice (a Voz) pelos críticos musicais. Como ator porém muitas vezes deixava a desejar. Assim teríamos um filme perfeito unindo esses dois talentos. Pelos menos foi assim que pensaram os executivos da Metro-Goldwyn-Mayer (MGM). Só que as coisas definitivamente não saíram bem como os produtores desejavam. Esse musical chamado "Eles e Elas" acabou se tornando um dos filmes mais singulares das carreiras de Brando e Sinatra. A trilha sonora foi gravada usando as diversas tentativas de Brando em cantar bem. Entre as inúmeras desafinadas os produtores conseguiram pincelar pequenos momentos. Depois editaram tudo e o espectador acabou mesmo acreditando que Brando era um cantor, mesmo que meramente mediano.

Já Frank Sinatra não gostou nada da experiência. Ele era um ator pragmático, que queria resolver tudo em apenas um ou dois takes. Porém ao contracenar com Marlon Brando precisou ter paciência em dobro para lidar com os métodos do Actor Studio. Isso acabou criando uma antipatia mútua entre Brando e Sinatra no set de filmagens. No final das gravações eles estavam praticamente sem se falar. Para Brando o ator Frank Sinatra não passava de um cantor tentando atuar sem passar muita vergonha. Ele achava Sinatra bem ruim. Para Sinatra, Brando era superestimado pela crítica. Ele também tinha achado as performances vocais de Marlon um verdadeiro desastre. Como nenhum deles estava disposto a abrir mão de seus egos monumentais a tensão imperou no estúdio. De uma maneira ou outra o público gostou do filme e ele foi até indicado ao Oscar, apesar da crítica não ter apreciado muito. Quem diria que algo assim poderia dar tanto certo no final?

Eles e Elas (Guys and Dolls, Estados Unidos, 1955) Direção: Joseph L. Mankiewicz / Roteiro: Jo Swerling, baseada no peça escrita por Abe Burrows / Elenco: Marlon Brando, Frank Sinatra, Jean Simmons, Vivian Blaine / Sinopse: Uma bela garota acaba servindo de pretexto para uma aposta nada ética. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Direção de Fotografia (Harry Stradling Sr), Melhor Direção de Arte (Oliver Smith, Joseph C. Wright), Melhor Figurino (Irene Sharaff) e Melhor Música (Jay Blackton, Cyril J. Mockridge). Filme vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Musical ou Comédia e Melhor Atriz (Jean Simmons).

Pablo Aluísio. 

7 comentários:

  1. Cinema Clássico
    Eles e Elas
    Pablo Aluísio.

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  2. Os dois já desprezavam mutualmente antes desse filme. Nas biografias de ambos, alfinetadas não faltam.

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  3. Choque de egos. Um queria ser melhor do que o outro, jogando no campo do adversário. Aí realmente não dá. Nem Sinatra poderia almejar ser tão bom ator como Brando, como esse também não tinha a menor chance de cantar melhor do que o "velhos olhos azuis"

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    1. Exato. Como diz aquela música erudita: "ado, ado, ado, cada um no seu quadrado".

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  4. Algumas vezes esses artistas não conseguem ver suas próprias limitações. Ninguém nasce talentoso para tudo! Nem o gênio Da Vinci. Então essas pessoas precisam mesmo entender esse aspecto e baixar a bola.

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    1. Muito boa lembrança Pablo! E olha que o Leonardo Da Vince era genial em muitas áreas e talvez seja o gênio mais completo de todos os tempos.

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