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sábado, 9 de maio de 2009

Textos Avulsos - Edição III

Cinemas da minha vida
Os cinemas da minha vida são todos de João Pessoa - PB. Eu não sou paraibano, mas paulista, porém na minha adolescência e juventude fui morar nessa cidade. Os principais cinemas da minha juventude não existem mais. Foram desativados. Um virou igreja evangêlica, o outro virou loja de sapatos. Que pena, mas sempre vão ficar na minha memória. Eu era um jovem nos anos 80 e aprendi a amar cinema frequentando esses cinemas. Os que mais frequentei foram:

Cinema Municipal - Era o principal cinema da cidade, com quase mil lugares! Esse grande cinema pertencia a um só grupo, de propriedade de Luciano Wanderley. Fui muito ao Municipal, praticamente todas as semanas. Nesse cinema eram lançados os principais filmes da temporada. Eu morava no centro e o cinema ficava tão perto da minha casa que ia a pé até ele. Jamais vou esquecer das sessões de "Coração Satânico" com Mickey Rourke e os filmes de Stallone. Era jovem e fã do ator. Quanta saudade!

Cinema Plaza - Ficava pertinho do Municipal, no quarteirão vizinho. O Plaza era um bonito cinema, tinha dois andares, mas na minha época de juventude nos anos 80 já estava meio decadente. Exibia filmes adultos durante a semana. Só no fim de semana é que eram exibidos filmes melhores. Assisti muitos filmes de Chuck Norris nesse cinema. E me lembro de duas sessões que me marcaram muito: "ET" (vi o filme pela primeira vez nesse Plaza) e "Seven" que foi o último filme que vi no Plaza pois ele foi fechado pouco tempo depois.

Cinema Tambaú - Esse cinema ficava em um hotel cinco estrelas na praia. Era longe de onde eu morava e só tinha sessões noturnas. Por isso fui poucas vezes lá. Eu me lembro de ter assistido um filme antigo de terror com o Vincent Price e o primeiro filme de Bruce Willis, "Encontro às Escuras". Eu era fã dele da série "A Gata e o Rato" que passava na Globo. Também assisti "Misery", o clássico de Stephen King nessa mesma sala.

Cinema Banguê - Esse cinema ficava no Espaço Cultural de João Pessoa. Também era fora de rota para mim. Porém me recordo de duas sessões marcantes nesse cinema, quando vi "Nada é Para Sempre", lindo filme com Brad Pitt e "The Commitments - Loucos pela Fama". Fui com meu amigo Guilherme, velho companheiro de sessões de cinema, meu colega cinéfilo desde a quinta série no colégio Marista Pio X. Tempos bons que não voltam mais!

Curiosidades sobre sessões de cinema:
Houve uma briga dentro do cinema enquanto  assistia um filme de Jim Carrey. O filme era "Desventuras em Série". Duas mulheres brigaram no meio da sessão - e mesmo assim não acenderam as luzes. Nunca descobri o que tinha acontecido e pra falar nem queria saber. Pena que esse barraco acabou estragando tudo e olha que o filme nem era tão bom assim. Dinheiro jogado fora.

Nesse mesmo ano, estou falando de 2004, assisti um filme sozinho no cinema e quando digo sozinho, era sozinho mesmo. A sessão só teve um pagante, esse mesmo que vos escreve. Se tratava de "Em Busca da Terra do Nunca" com o Johnny Depp. Nesse ano de 2004 eu fui bastante no cinema, porque gostava e porque como tinha acabado a universidade tinha todas as tardes livres. E sessão durante a semana era preço promocional. Bons tempos aqueles, hoje sinto saudades desse tempo.

Outra coisa que vale a pena citar é que nesse ano, nessa época, as sessões começavam em horários em que se podia sair de um filme e entrar em outro. Hoje em dia os programadores já não prestam atenção nisso. Um erro. Todas as sessões precisam guardar uma certa simetria, assim quem quiser pode assistir duas ou até três sessões de cinema de uma vez! 

Revista Cinemin
A primeira revista de cinema que comprei na minha vida foi a Cinemin. Se a minha memória não me falha agora essa revista dos anos 80 era publicada pela editora EBAL. Era uma revista de impressão simples, onde apenas a capa era colorida, sendo todo o interior formado com fotos em preto e branco. Se a Cinemin não tinha nenhum luxo em termos de encadernação, fotos, etc, ela compensava isso em ótimas matérias, muitas delas enfocando cinema europeu, etc.

A primeira edição que comprei da Cinemin foi essa do filme "Jogo Bruto". Eu nem preciso dizer que como todo adolescente dos anos 80 eu também era fã dos filmes do ator austríaco Arnold Schwarzenegger. Esse filme "Jogo Bruto" foi lançado no Brasil em 1986, no mesmo ano, claro, que essa edição Cinemin chegava nas bancas. O curioso é que embora a capa fosse de um filme bem comercial, o interior da revista priorizava cinema mais cultuado, de arte. E dentro de cada edição vinha quatro pequenos posters dos filmes mais destacados do mês. Esses coloridos e em boa qualidade de papel.

Outra edição que comprei da Cinemin e me lembro bem, foi do filme "Aliens, O Resgate". Infelizmente não lembro direito das demais edições que colecionei. Talvez tenha comprado uma com o filme "Labirinto" na capa, mas agora não tenho mais certeza. A Cinemin era ruim de guardar, de colecionar, porque era muito grande, tinha formato fora dos padrões das outras revistas brasileiras da época. Por isso depois de guardar essas revistas por alguns anos resolvi me desfazer delas, algo que hoje em dia me arrependo um pouco. De qualquer maneira ficam as boas lembranças dessa minha primeira revista de cinema.

Revista SET
A revista SET foi a minha revista de cinema favorita por anos e anos. Essa edição que aparece aí ao lado foi a edição 1, com Mickey Rourke na capa. Essa revista eu guardei até os dias de hoje. Considero uma verdadeira relíquia. Eu colecionei essa revista da primeira à última edição e embora tenha me desfeito de mais de 80 por cento dessas edições, considero uma das melhores publicações sobre cinema que já foram lançadas no Brasil.

A SET na verdade não foi apenas uma, mas várias. Ela começou na Abril, depois foi para a Editora Azul, Peixes e outras mais. A primeira fase foi excelente, com ótimos jornalistas escrevendo nela, como o próprio Rubens Ewald Filho que escreveu nessa edição 1 e o casal José Emilio Rondeau e Ana Maria Bahiana. Depois dessa brilhante fase a revista foi decaindo. Houve uma fase que a SET ficou uma verdadeira porcaria. Quem levantou a revista - é bom ser justo nesse aspecto - foi o editor Roberto Sadovski.

Essa fase comandada pelo Roberto Sadovski durou anos. Ele trouxe outros assuntos para a SET tais como quadrinhos, games e música. A revista encontrou um de seus melhores momentos, até que a própria indústria de publicações de revistas entrou numa tremenda crise financeira. A Internet passou a dominar o mercado e ninguém mais comprava revistas de papel. A SET foi vendida, outro editor entrou, Sadovski saiu, brigou com esse novo jornalista e após três ou quatro edições com essa nova equipe a SET finalmente faliu. E olha que suas últimas edições foram boas, cheias de informações. E assim se acabou outra revista brasileira. A SET porém ficará nas minhas lembranças com bastante carinho. Mantive as primeiras edições e não pretendo me desfazer delas. É uma lembrança de um tempo muito bom em minha vida de cinéfilo. 

Revista Vídeo News
Relembrando agora, outra revista que foi muito popular naquela fase de ouro dos videocassetes, do VHS, foi a revista Vídeo News. Foi uma publicação de sucesso no mercado brasileiro, mas eu, pessoalmente, nunca gostei muito dessa revista. Inclusive, embora tivesse alguns exemplares, nunca a colecionei. E por quais razões eu não curtia essa revista de cinema?

Bom, além de ser mais cara, era uma revista mais direcionada para quem curtia o lado eletrônico dos equipamentos. Por exemplo, em cada revista havia matérias bem fraquinhas sobre os filmes em si, sobre os principais lançamentos nas locadoras. Não havia críticas ali, mas na maioria das vezes apenas informações técnicas sobre os novos videocassetes, as novas filmadoras, etc. Não era o tipo de informação que eu procurava ou tinha interesse.

Eu queria saber sobre os filmes, se eram bons, se tinham valor artístico. A Vídeo News parecia a Quatro Rodas, só que ao invés de carros, ela falava de equipamentos de audio visual. Achava uma revista bem chata, para falar a verdade e olha que durante anos o Rubens Ewald Filho escreveu nela. Ele sempre foi um dos meus críticos de cinema preferidos, mas nem sua presença na revista em empolgava a comprá-la.

Pablo Aluísio.

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