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terça-feira, 26 de março de 2019

Rock Hudson - O Começo do Fim

Rock Hudson descobriu que estava com AIDS por um acaso. Ele havia participado de uma recepção na Casa Branca promovida pelo presidente Ronald Reagan (que havia sido ator no passado) e percebeu na foto do evento que havia uma estranha mancha em seu pescoço. No começo Rock pensou que se tratava de uma espinha inflamada, mas alertado por seu amigo e assistente pessoal Mark, resolveu ir ao médico. A consulta foi em um famoso dermatologista de Los Angeles que logo percebeu que a tal mancha não era causada por uma espinha.

Na realidade era um Sarcoma de Kaposi, um tipo raro de câncer que estava se espalhando rapidamente entre pessoas que tinham sido diagnosticadas com uma nova doença denominada AIDS (Síndrome da imunodeficiência adquirida) que atacava em especial a capacidade do organismo em se defender de doenças e enfermidades em geral. Rock ficou assustado pois sabia por matérias que havia lido na imprensa que aquela doença não tinha cura e que costumava matar em pouco tempo. O dermatologista aconselhou Rock a realizar um exame completo, com um especialista no assunto.

Uma semana depois dessa consulta o exame deu positivo para AIDS. Rock ficou apavorado. Naquele tempo ser diagnosticado com AIDS era praticamente uma sentença de morte. Pior do que isso, a doença era associada exclusivamente a homossexuais, o que destruiria publicamente a imagem do ator. Algo que ele havia passado a vida inteira escondendo (a de que na sua vida privada era gay) certamente seria explorado ao máximo pela imprensa sensacionalista quando tudo fosse descoberto e revelado pelos jornais. O primeiro a saber foi seu amigo pessoal George Nader, que obviamente guardou segredo absoluto. No íntimo George também ficou com medo de conviver com Rock pois na ignorância do surgimento da nova doença muitos tinham receio de que ela fosse transmitida no ar, como a tuberculose.

Rock ficou arrasado. Passou uma semana sem dormir, completamente deprimido em sua mansão. Uma de suas primeiras providências foi escrever uma série de cartas para homens com quem tinha transado, seus amantes. Rock queria avisá-los para que procurassem ajuda médica. O texto era objetivo e curto: "Estou escrevendo essa mensagem de forma anônima por motivos óbvios. Recentemente fui diagnosticado com AIDS. Como tivemos relações sexuais há pouco tempo sugiro que procure passar por exames médicos o mais rapidamente possível! Desejo boa sorte!". Na verdade Rock não tinha a menor ideia de quem teria lhe passado a doença. Uma das suspeitas caíram sobre Marc Christian, que vivia ao seu lado em sua mansão conhecida como "O Castelo".

Algumas semanas antes Marc havia confidenciado a Rock que já tinha feito programas com gays por dinheiro, ou seja, que havia trabalhado como prostituto em uma sauna nos arredores de Hollywood. Rock ficou pasmo, pois achava que Marc era um sujeito correto, que era exclusivamente heterossexual antes de conhecê-lo, pois tinha uma namorada fixa e tudo mais. Depois da revelação Rock criou uma clara aversão sobre o namorado. Começou a tratá-lo com uma certa repulsa. Sem contar nada a ele o enviou para exames médicos. Queria saber se Marc também tinha AIDS. Para sua surpresa o exame deu negativo. Não havia sido Marc o homem que o tinha contaminado. O drama de Rock porém estava longe de acabar. Ele soube que as pesquisas mais promissoras sobre a doença estavam vindo de Paris, na França. Assim numa manhã de domingo Rock fez suas malas e pegou o primeiro avião para a capital francesa. Aquela poderia ser uma das únicas chances que tinha de continuar vivo...

Pablo Aluísio.

3 comentários:

  1. Cinema Clássico
    Rock Hudson: O Começo do Fim
    Pablo Aluísio.

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  2. Na época se dizia que a AIDS era uma punição divina pela devassidão dos gays. Não deixou de ser; para o Rock Hudson então...

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  3. A AIDS foi associada em seu surgimento como uma doença exclusivamente dos gays, como o próprio Rock relatava em seu livro. Ter AIDS naquela época era como uma confissão de que o doente era homossexual. Depois a ciência descobriu que o vírus não fazia essa distinção, tantos gays como héteros estavam se contaminando. O estigma porém sobreviveu...

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