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quarta-feira, 28 de setembro de 2005

Elvis Presley - Elvis e Frank Sinatra

São considerados os maiores cantores do século XX. Sinatra conhecido como “The Voice” gravou álbuns maravilhosos, alguns deles entre os melhores da história da música americana. Presley surgiu com o Rock em meados dos anos 50. Era considerado um artista único, revolucionário, que ajudou a quebrar certas estruturas que amarravam a musicalidade americana até aquele momento. Curiosamente, embora fossem grandes astros, jamais se deram muito bem. Frank Sinatra surgiu bem antes, quando estourou em Nova Iorque, levando suas fãs à loucura no Teatro Paramount. Também fez parte de grandes orquestras e se tornou de certa forma o primeiro grande popstar dos EUA. Ultrapassou a linha de mero cantor para se tornar uma celebridade. Por essa época Elvis era apenas um garotinho. Apenas nos anos 50 surgiu no mundo musical o jovem Presley. Com dança e performances desafiadoras era a antítese do que Sinatra representava. Provavelmente isso tenha levado Frank a soltar farpas contra Elvis e toda aquela nova geração de roqueiros. Para quem interpretava grandes obras escritas por Cole Porter e cia, aquelas músicas estridentes realmente soavam como “tambores na selva tocados por selvagens”.

Em 1960 quando Elvis voltou do exército, Sinatra finalmente deu o braço a torcer, pagando uma pequena fortuna para Presley cantar algumas poucas músicas em seu programa televisivo. Foi uma aproximação um pouco problemática, afinal Elvis definitivamente não gostava de Sinatra, mas no final tudo deu certo. A verdade é que embora não fossem rivais diretos (Sinatra tinha um outro estilo musical e um outro público, bem diferente do de Elvis), eles nunca conseguiram se entrosar. Frank Sinatra fazia mais o estilo do sujeito criado nas ruas das grandes cidades, filho de italianos pobres, tinha criado todo aquele estilo meio malandro de quem sempre está querendo tirar proveito dos outros. Elvis Presley teve uma origem bem diferente, criado em pequenas cidades do sul rural, cresceu sob a proteção de uma mãe que certamente não o deixou vivenciar as coisas que Sinatra aprendeu desde cedo em sua vida. O mais discrepante de tudo era que Elvis era profundamente religioso enquanto Sinatra fazia piadinhas com a Bíblia. Pessoas tão diferentes assim certamente nunca seriam amigas.

Isso talvez explique o fato de ambos terem trabalhado somente uma vez na vida, justamente nesse programa de TV. Ao longo dos anos 60 Sinatra bem que tentou outras parcerias. Entrou em contato várias vezes com o Coronel Parker sugerindo que queria trabalhar ao lado de Elvis no cinema. Ofertas foram feitas mas jamais se concretizaram. Sinatra confidenciou a amigos que desconfiava que Parker nem sequer passava suas propostas para Elvis e por isso resolveu procurar Presley pessoalmente no set de filmagens de “Frankie e Johnny”. Elvis como sempre foi muito educado e polido e ouviu as sugestões de Sinatra para estrelar um filme ao seu lado. Prometeu pensar mas nunca deu uma resposta direta, aceitando ou recusando a idéia. Só a partir desse encontro Sinatra teve certeza que o problema não era o Coronel mas o próprio Elvis, que definitivamente não ia com sua cara. De qualquer modo de um jeito ou outro Elvis abriu as portas não para Sinatra mas para sua filha, Nancy, no filme “Speedway”. Provavelmente fez isso para Frank parar de mandar novas propostas de trabalho juntos.

O curioso é que na década de 70 Elvis foi para Las Vegas, o verdadeiro QG de Sinatra e o Rat Pack. Mesmo assim não houve novamente uma boa aproximação entre ambos. Pra falar a verdade Elvis gostava bem mais de Dean Martin, cantor que admirava e que tinha uma boa amizade. Durante as filmagens de “Saudades de um Pracinha” (G.I. Blues, 1960) Dean Martin havia promovido uma festa surpresa para Elvis e desde então eles se tornaram bons colegas. Em 1977 após a morte de Elvis, Sinatra declarou que “Havia perdido um grande amigo”. Curioso, já que Elvis definitivamente nunca realmente quis ser amigo de Sinatra.

Pablo Aluísio. 

7 comentários:

  1. Rock Clássico
    Elvis e Sinatra
    Pablo Aluísio.

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  2. Pablo:

    Eu já li uma biografia não autorizada do Sintra e na verdade ele era tão, ou mais, filhinho da mamãe que o Elvis. Apesar da pobreza da família o Sinatra não sentia nada disso, pois a sua mãe se virava como aborteira, dona de bar, ou qualquer outra coisa para dar de tudo para o filho: comida, roupas, dinheiro, brinquedos e tudo o mais. Essa de cara durão das ruas ele inventou pra dar uma de gostoso depois de adulto. Lembra da fixação dele em estar sempre junto com mafiosos tais como o Sam Giancana e até em Cuba com o Lucky Luciano e outros, o que até lhe rendeu muitos problemas? Pois é.
    Quando criança ele era um sujeitinho franzino e embonecado pela mãe, essa é a verdade.
    Para você ter uma idéia, ele era uma especie de Kiko do seriado Chaves.

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  3. Pois é, concordo com você nisso. Todos nós acabamos criando personagens sobre si mesmos. O do Sinatra era o mafioso temido. Ele inclusive contratou um negão de quase dois metros para sempre andar ao seu lado, intimidando quem cruzasse seu caminho. Já com a máfia americana de verdade ele teve seus problemas, alguns bem graves.

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  4. Neste programa de TV do Sinatra, que eu tenho em DVD, a parte mais legal é quando o Sinatra divaga perguntado ao Elvis, "como seria se eu tivesse gravado Love me Tender em vez de você?" no que o Joey Bishop responde: "dois milhões a menos de discos vendidos ".

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  5. Cada vez que eu vejo esse show tenho a impressão que o Elvis está muito a vontade ali, com pleno domínio da cena, até mais que o próprio Sinatra. Nada mal para um caipira, um sujeito que não tinha o coolness dos caras que andavam com ele, como dizia o Sinatra.

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  6. Esse show foi gravado em um hotel da Flórida. Depois de viver congelado no norte de Alemanha o sol da Flórida fez bem a Elvis. Melhorou seu humor, claro!

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