Páginas

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

The Doors - As Portas da Percepção

O lendário líder do grupo The Doors sempre estará envolto em mistérios. O rock sempre teve, em minha opinião, um lado negro, um aspecto enigmático, que nos causa a sensação de que há algo muito maior do que nós imaginamos. Essa é a impressão que tenho sobre o grupo de rock The Doors. Eu nunca os assisti ao vivo. Meu contato com a banda sempre veio através de seus discos e filmes. Em relação às composições posso dizer que são realmente geniais, um verdadeiro monumento musical. Se Jim Morrison fosse um automóvel ele certamente seria um Lamborghini clássico, daqueles bem raros e caros. Jim tinha um jeito único de compor e se apresentar. Era algo interessante, seu charme era também perigoso, tal como uma serpente que você sabe ser bela, mas que também pode lhe matar.

O ícone líder dos Doors só entrou no Rock and Roll Hall of Fame em 1993, talvez por ser perigoso demais. Ele era aquele tipo de cantor carismático que ofuscava todos os demais membros do grupo, tal como se fosse um Elvis Presley ou um Mick Jagger do rock psicodélico em fins dos anos 1960. É o tipo de artista que não lhe deixa com vergonha de admitir que é um verdadeiro ícone do rock em toda a sua essência. O legado de Jim Morrison não se resume porém aos seus discos ou gravações. Sua influência no comportamento e no modo de agir dos roqueiros foi profundo e visceral. Seus shows eram, conforme ele gostava de dizer, uma festa de amigos, de preferência sem convite nenhum, onde os tipos mais indigestos se encontravam para testar os limites da liberdade hedonista de seu tempo. Dentro da simbologia de Morrison existia justamente essa mensagem: a de que o excesso levaria aos portões da sabedoria. E Jim, provou com sua vida que acreditava plenamente nisso. Ele cometeu todos os excessos que você possa imaginar. Ganhou sabedoria? Seus escritos provam que sim, porém ele ganhou também uma passagem para o outro lado, como gostava de dizer e sondar.

Uma das coisas mais significativas da obra dos Doors é que eles nunca subestimaram seu público. Os Doors sabiam que como banda de rock iriam ter muitos jovens em sua platéia, mas isso não os furtavam de rechear suas letras de filosofia e teologia. Como eram universitários eles tinham uma bagagem intelectual acima da média e resolveram jogar tudo em suas letras (que também podem ser lidas tal como se fossem poemas, já que Jim também se considerava um poeta). Por isso o som dos Doors jamais vai deixar de tocar, nem que as portas da percepção um dia venham a ser fechadas.

The Doors ‎- Live In Miami 1969 - Todos que conhecem a história dos Doors sabem que Jim Morrison literalmente surtou em Miami. Ele estava bêbado e drogado quando seu grupo começou o show na cidade. Depois de algumas músicas tocadas sem o cantor - que era "ressuscitado" pelos promotores do evento nos bastidores - Jim adentrou ao palco com um enorme chapéu de cowboy, uma garrafa de whisky na mão e uma cabra! Coisa mais bizarra não poderia haver em um concerto de rock! E se você pensou que as loucuras pararam por aí, bom, não pararam! Jim começou a insultar o público, depois ameaçou tirar as calças até o chefe de polícia de Miami decidir que tudo aquilo tinha ido longe demais. Os policiais subiram ao palco e Jim foi preso ali mesmo, na frente de todo mundo! Esse caos completo foi registrado por poucas câmeras Super 8 e alguns fãs que gravaram tudo em seus equipamentos antigos (não se esqueça que estamos falando de 1969). Os registros amadores de toda essa confusão podem ser ouvidos aqui nesse CD. Não pense que ouvirá algo bom do ponto de vista musical. Na verdade o CD traz mesmo é o caos daquele desastroso concerto dos Doors. As poucas músicas tocadas corretamente o foram pelos demais membros da banda pois a partir do momento que Jim subiu ao palco a coisa toda saiu do controle. Caos é uma palavra amena demais para definir o que realmente aconteceu naquela noite em Miami.

The Doors ‎- Live In Miami 1969 
1 Back Door Man    
2 Five To One    
3 Touch Me    
4 Love Me Two Times    
5 When The Music's Over    
6 Wake Up    
7 Light My Fire

The Doors - Live At The Isle Of Wight Festival 1970 - Para quem gosta dos Doors está chegando nas lojas um DVD bem interessante. Trata-se de " Live At The Isle Of Wight Festival 1970" trazendo o concerto que o grupo fez no festival da ilha de Wight. Eu particularmente nunca gostei muito desse show. Jim Morrison, cheio de problemas pessoais, não parecia muito animado no concerto. Pendurado no microfone, como se fosse uma muleta, ele parecia nitidamente apenas cumprir uma obrigação. Não havia a mesma fúria de antes, dos tempos áureos do grupo. Aqui Jim parece mais preocupado em não causar problemas do que qualquer outra coisa. Ele estava sendo processado por causa de uma apresentação explosiva na Flórida, onde havia sido acusado de baixar as calças, mostrando seu pênis. Na Ilha de Wight ele se comportou, talvez em excesso. A boa notícia é que acabou cantando bem. Por isso gosto de dizer que esse show é melhor sendo ouvido do que assistido. Como CD ele funciona muito bem. Para assistir cai na monotonia várias vezes. A iluminação do palco também não ajuda, Imitando luzes de cabarets parisienses, tudo parece escuro demais, complicado de ver. Na penumbra o antigo Rei Lagarto virou um mero animal de estimação com coleira e tudo. Quem diria...

The Doors - Live At The Isle Of Wight Festival 1970
1. Roadhouse Blues / 2. Introductions / 3. Back Door Man / 4. Break On Through (To The Other Side) / 5. When The Music's Over / 6. Ship Of Fools / 7. Light My Fire / 8. The End / Across The Sea / Away In India / Crossroad Blues / Wake Up / Extras: 'This Is The End' - 17 minutos de entrevistas realizadas pelo diretor original do filme, MurrayLerner, vencedor do Oscar, com Krieger, Densmore e gerente original da Doors Bill Siddons.

Pablo Aluísio.

Um comentário:

  1. Music! - Pablo Aluísio
    The Doors - As Portas da Percepção
    Todos os Direitos Reservados.

    ResponderExcluir