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segunda-feira, 13 de junho de 2011

Papa Leão X

A morte do grande Papa Júlio II abriu um vácuo de poder em Roma. Seu sucessor teria que ser igualmente grandioso. As principais famílias nobres da Europa disputavam o trono de São Pedro na época. Ter um Papa em sua linhagem familiar era seguramente uma grande honra. Assim na disputa pela sucessão de Júlio II a poderosa, rica e influente família Médici se sagrou vitoriosa, dando o trono do Papado para um de seus membros: Giovanni di Lorenzo de' Medici que se tornou o Papa Leão X em março de 1513. Como membro de uma das famílias nobres mais ricas de toda a Europa, Giovanni cresceu recebendo a melhor educação possível para a época. Seus professores ao longo da vida eram mestres da filosofia, das artes e da política. Ele era em razão disso extremamente culto e um dos jovens mais preparados da Europa, tanto que se tornou Cardeal muito jovem ainda.

Esse Papa realmente tinha que ter um preparo intelectual fora do comum porque ele enfrentou um dos grandes desafios na história da Igreja Católica: o desmembramento da fé cristã. Durante séculos, por mil e quinhentos anos,  a Europa viveu unida apenas sob uma única fé: o catolicismo. Agora Leão X precisava enfrentar algo novo, impensável anos atrás. Um grupo de reformistas liderados por Martinho Lutero estava divulgando ideias por todo o continente que dariam origem à reforma protestante. Os reformistas denunciavam a corrupção na cúpula da Igreja Católica e propunham uma reforma radical em seus dogmas, ritos e crenças. A Igreja já havia enfrentado muitos problemas antes, inclusive com invasões de exércitos brutais em seus domínios, mas jamais havia enfrentado uma guerra no mundo da teologia, das ideias religiosas.

Leão X foi um dos papas mais jovens da história. Ele subiu ao poder no Vaticano com apenas 37 anos de idade! Isso aliado aos desafios que tinha que enfrentar colocava em risco os rumos da poderosa Igreja Católica. Assim que assumiu o jovem Papa precisou enfrentar o fracasso do quinto Concílio de Latrão que foi reunido para trazer inovações para a Igreja, mas que concretamente fez muito pouco. Em pouco tempo se chegou na conclusão que havia sido um fracasso teológico. Os problemas porém iam além dos meros fracassos internos. O mundo cristão ocidental estava ameaçado pelo avanço dos guerreiros muçulmanos. O poderoso império Otomano estava prestes a invadir a cristã Hungria, ameaçando invadir a Europa Ocidental. Leão X então precisou reunir todos os grandes monarcas europeus para que eles organizassem seus exércitos para combater os islâmicos antes que fosse tarde demais. Planos para uma grande cruzada foram elaborados, porém no final o Papa conseguiu respirar aliviado ao perceber que os exércitos húngaros tinham conseguido destruir os exércitos invasores do Islã.

Outra crise, essa de natureza doméstica, perturbava a paz de Leão X. Em sua época a península itálica ainda não formava um único Estado (o que futuramente aconteceria com a fundação da Itália). Assim existiam várias cidades-estados, tais como Milão, Nápoles, Veneza, etc, sempre brigando entre si. Leão X exercia assim uma posição de árbitro no meio de tantos conflitos, algo que o desgastou enormemente. Dois porém foram grandes legados do Papa Leão X. O primeiro dizia respeito à escravidão. O Papa condenou publicamente o tráfico de negros para serem usados como mão de obra escrava nas colônias americanas. Para o Papa isso era um completo absurdo. Outra inovação veio do direito canônico pois o Papa Leão X promoveu mudanças para evitar que os postos de cardeais fossem ocupados apenas por fatores puramente políticos. Para ser cardeal agora era necessário passar por anos e anos de dedicação eclesiástica. Ironicamente o Papa Leão X encerrava um modelo que de certo modo havia lhe favorecido no passado. Depois de muitas lutas internas e externas, de política e teologia, o Papa morreu de forma repentina em dezembro de 1521, com apenas 45 anos de idade, o que despertou suspeitas de que ele teria sido envenenado. Algo que nunca foi historicamente confirmado.

Pablo Aluísio.

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