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sexta-feira, 20 de outubro de 2006

O conservador John Wayne

Durante toda a vida o ator John Wayne foi um conservador de direita na política. Ele votou em todos os candidatos republicanos de sua época e fez até campanha por grande parte deles. A agenda política de John Wayne tinha muito a ver com seus personagens nas telas de cinema. Ele valorizava os valores patrióticos e morais de seu passado. Isso significava torcer o nariz para o feminismo, para o controle de armas de fogo e para os ideias liberais. Nem vou citar o pensamento da esquerda socialista pois esse tipo de ideologia para John Wayne significava simplesmente uma traição à pátria. Na época um slogan popular entre os conservadores americanos pregava: "Comunista bom é comunista morto!". Certamente o republicano Wayne assinaria embaixo dessa frase.

Um fato aliás marcou profundamente o ator durante a década de 1960. Quando os Estados Unidos começaram a afundar pra valer na Guerra do Vietnã, com milhares de jovens americanos sendo mortos nas florestas daquele país, Wayne nadou corajosamente contra a corrente da opinião popular. Protestos contra a guerra começaram a eclodir por toda a América, mas Wayne novamente fincou posição e se declarou a favor da guerra. Para John Wayne aquela era uma guerra contra o avanço do comunismo na Ásia e por isso seria uma guerra justa, que deveria ser vencida a todo custo pelas forças armadas de seu país. Duramente criticado pela imprensa Wayne não se intimidou. Fez propaganda para a compra de bônus de guerra e até produziu do próprio bolso um filme ideologicamente alinhado com seu pensamento chamado "Os Boinas Verdes". Era uma propaganda nada sutil de apoio à guerra.

Bem no meio da polêmica estudantes da Universidade de Harvard (um dos centros liberais nos Estados Unidos) resolveram enfrentar o ator em um debate público. Eles o convidaram pensando que Wayne não iria jamais. Ledo engano. O ator não apenas compareceu para enfrentar face a face todos os críticos da academia como fez mais: indo ao encontro dentro de um tanque de guerra! Claro que isso tudo despertou uma grande repercussão na imprensa da época. No final sua presença carismática encantou os estudantes presentes no debate, muito embora eles, como era de se esperar, não mudassem de lado. Aliás John Wayne também não recuou também nem um centímetro de suas convicções políticas.

Essa sua forma de pensar o levou também a ter sérios atritos em Hollywood com um liberal de carteirinha: Marlon Brando. Esse era o extremo oposto de Wayne. Defendia o direito dos índios, dos homossexuais, dos negros e de todos aqueles que fizessem parte de algum tipo de minoria oprimida. Não que John Wayne fosse racista (seus casamentos com mulheres latinas provava isso), mas os posicionamentos de Brando, sempre causando polêmica na imprensa, o irritava profundamente. A suprema ofensa de Brando para Wayne foi a recusa em receber o seu Oscar de melhor ator por "O Poderoso Chefão". Quem Marlon Brando pensava ser, desrespeitando a Academia de cinema? Tal foi sua irritação que chegou a dizer publicamente que daria um soco na cara de Brando caso o visse pela frente. Eram como água e vinho. Jamais poderiam se misturar.

Pablo Aluísio.  

3 comentários:

  1. Cine Western - Pablo Aluísio
    O Conservador John Wayne
    Todos os Direitos Reservados.

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  2. "Comunista bom é comunista morto" isso teria salvo o Brasil da tragédia atual.

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