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sábado, 2 de janeiro de 2016

Sean Connery - Com 007 Só Se Vive Duas Vezes

Sean Connery foi realmente o melhor James Bond da história? Bom, essa é uma pergunta que não teremos uma resposta definitiva. Vai depender do gosto pessoal de cada um, do estilo que cada cinéfilo prefere. Ontem assisti novamente - fazia anos que tinha visto pela última vez - o quinto filme de James Bond com Sean Connery, "Com 007 Só Se Vive Duas Vezes" (You Only Live Twice, 1967). Olhando por um ponto de vista atual não podemos deixar de perceber que o roteiro é certamente totalmente formulaico - no caso seguindo a fórmula dos filmes do agente secreto. Há sempre um vilão completamente insano por trás, com instalações de fazer inveja a muitos países, colocando em prática planos maquiavélicos de destruição do mundo. Nesse em particular o velho conhecido Blofeld (interpretado por Donald Pleasence) quer nada mais, nada menos, do que causar uma guerra nuclear entre os Estados Unidos e a União Soviética (o velho império russo sob as rédeas do comunismo). Dá para ser mais maléfico do que isso? Certamente não. Parece até mesmo aqueles planos de vilões de desenhos animados. Como aqueles dois ratinhos que sempre perguntavam no começo de cada episódio: "O que vamos fazer hoje, cérebro?" - "Vamos destruir o mundo, meu caro Pinky!".

Claro que uma produção tão antiga apresenta situações que hoje beiram o ridículo, porém o espectador precisa entender que isso faz parte do charme nostálgico do próprio filme. Em uma das situações mais absurdas Bond foge de um grupo de criminosos que estão atrás dele e da agente Aki (Akiko Wakabayashi). A intenção é cumprir a ordem de um importante industrial japonês que está sob as ordens da Spectre. Pois bem, Bond e sua colega escapam em alta velocidade porém como estão praticamente desarmados, Bond pede ajuda ao serviço secreto do Japão que, ora vejam só, surge no horizonte com um helicóptero equipado com um enorme imã. O carro dos criminosos é então içado pelo poder do magnetismo e depois jogado em alto mar, assim sem muito esforço. A cena, extremamente divertida, também me fez lembrar dos antigos desenhos de Hanna-Barbera. Em outro momento Bond destrói quatro helicópteros armados pilotando uma pequena aeronave que mais parece um ultraleve. É a tal coisa, vale tudo pela diversão.

Sean Connery na época em que o filme foi produzido já estava com a decisão tomada de abandonar James Bond. Afinal de contas ele tinha receios de ficar marcado para sempre por um único papel. Depois que rodou "Marnie" ao lado do mestre Alfred Hitchcock, Connery criou a consciência de que sua carreira poderia ir muito além de James Bond. E verdade seja dita, ele se esforçou muito para não ser estigmatizado para sempre. A boa notícia é que ele conseguiu pois hoje em dia o nome Sean Connery tem força suficiente para ser lembrado por inúmeros outros grandes filmes além da marca James Bond. Isso porém em nada diminui sua importância dentro da franquia, a ponto inclusive de ser muitas vezes apontado por inúmeros fãs como o melhor ator de toda a saga - uma afirmação que hoje em dia teria certo receio de expor sem parar para pensar muito antes.

Deixando tudo isso de lado temos que admitir que o filme é obviamente muito divertido e funciona muito bem ainda, mesmo após tantos anos. Um de seus maiores charmes é ser justamente politicamente incorreto. Na década de 1960 essa chatice ainda não havia invadido os roteiros e por isso James Bond poderia agir como James Bond sem se preocupar com críticas vazias. Numa das cenas Bond é apresentado por seu anfitrião no Japão, o agente Tiger Tanaka (Tetsurô Tanba), a um grupo de lindas gueixas japonesas. Elas estão ali para dar um banho em Bond. Então Tanaka lhe diz: "No Japão os homens sempre estão acima das mulheres e elas ficam felizes em lhes servir" ao qual Bond, igualmente cínico, lhe responde: "Nada mal, quando me aposentar irei morar aqui no Japão". Já pensou algo assim nos dias de hoje? Enfim, pura diversão escapista com tudo aquilo que você espera de um bom filme de James Bond.

Pablo Aluísio.

5 comentários:

  1. Avaliação:
    Direção: ★★★
    Elenco: ★★★
    Produção: ★★★
    Roteiro: ★★★
    Cotação Geral: ★★★
    Nota Geral: 7.9

    Cotações:
    ★★★★★ Excelente
    ★★★★ Muito Bom
    ★★★ Bom
    ★★ Regular
    ★ Ruim

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  2. Pablo, no indicio do post você pergunta "Sean Connery foi realmente o melhor James Bond da história?" mas no post em si fala mais do filme com 007 Só se Vive Duas Vezes preferindo não ser enfático na resposta deixando por conta do gosto de cada um.

    Pois bem, peço licença para dar meu pitaco. Eu penso que ele foi sim o melhor 007 por uma questão simples. O Sean Connery conseguia ser boa pinta e charmoso sem perder a imprescindível aura de perigo que um assassino do MI6 deveria ter, alem do fato que o James Bond é bem vestido e fino porque se trata do disfarce de um assassino em um homem de negócios comum, não poruqe é um fresco. Até por isso e arma eleita, logo no segundo filme, como ideal para tal disfarce era a Walter PPK 40, que é leve, pequena não fazendo volume e roupas finas e ajustadas por alfaiates. Os outros James Bond perderam algumas dessas características e ficaram: babacas patetas (Roger Moore), relativamente frágeis fisicamente (Pierce Brosnan),ou brutamontes sem charme (Daniel Craig). Por esses detalhes o Sean Connery é o 007 mais próximo com o 007 dos livros e com um acréscimo; o 007 dos livros tem uns problemas psicológicos que foram limados do 007 do Sean Connery tornando-o ainda mais cínico e frio.

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  3. É isso aí, penso assim também. O Sean foi o melhor embora os filmes dele não sejam mais os melhores.

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  4. Muito bom seu ponto de vista Serge, por essa razão eu fiz a pergunta no post, mas deixei a resposta em aberto. Na linhagem de atores que interpretaram Bond existem dois apagados (George Lazenby e Timothy Dalton), um que nunca se levou à sério (Moore), dois mais recentes, competentes, mas pouco celebrados (Brosnan e Craig) e o mais cultuado de todos eles (Connery). Os anos passam e penso que esse quadro não mudará. Já virou uma espécie de opinião dominante entre cinéfilos.

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