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quarta-feira, 1 de novembro de 2006

James Stewart

James Stewart foi a prova que o homem comum também poderia se tornar um astro em Hollywood. Ele não tinha a altura e a beleza de um Rock Hudson, nem a coragem de um John Wayne, mesmo assim brilhou nas telas e teve uma filmografia tão ou mais rica do que esses dois mitos da era de ouro do cinema americano. Na verdade Stewart era um sujeito bem simples, comum, interiorano, que teve a rara sorte de trabalhar com alguns dos melhores cineastas de todos os tempos em filmes clássicos que jamais serão esquecidos. Provavelmente o diretor que o tornou imortal foi Frank Capra. Quando Stewart chegou em Hollywood, vindo do interior, sendo filho de um dono de lojas de ferragens, ele não encontrou as portas dos estúdios abertas para ele.

Na verdade Stewart amargou um bom tempo como figurante e depois como coadjuvante em filmes de pouca expressão. Sua sorte mudou quando Capra viu nele justamente aquela que era sua maior marca registrada: o jeito e a imagem do homem comum, do trabalhador operário de bom coração. Eram os tempos da grande depressão, a economia americana estava arruinada, com muito desemprego e pobreza. Para o otimista Capra a única forma de levantar a nação era levantando sua autoestima, sua moral. Por isso ele resolveu filmar uma série de roteiros que traziam mensagens positivas ao povo americano, sempre levando seu ânimo, trazendo uma carga única de esperança. Para interpretar seus protagonistas Capra não poderia ter encontrado ator mais ideal. Assim James Stewart começou a virar um astro com "Do Mundo Nada se Leva", uma verdadeira ode ao pensamento positivo. Depois vieram mais clássicos absolutos como "A Felicidade Não Se Compra" e "A Mulher Faz o Homem". Todos esses filmes são verdadeiras obras primas do cinema.

Em busca da mesma empatia outros mestres do cinema resolveram escalar James Stewart em seus filmes, especialmente o mestre do suspense Alfred Hitchcock. Sempre que surgia o personagem do cidadão comum, honesto e trabalhador, que se via numa situação excepcional, o velho Hitch telefonava ao ator sabendo se ele estava disponível. "Festim Diabólico", "Janela Indiscreta" (talvez a grande obra prima ao lado de Hitchcock), "O Homem que Sabia Demais" e "Um Corpo que Cai" são obras primas que por si só já valeriam a imortalidade de Stewart na sétima arte. Isso porém foi apenas uma parte de sua carreira, quando interpretava tipos urbanos em tramas de suspense que até hoje seguem insuperáveis.

Por fim, como se já não bastasse realizar tantos clássicos ao lado de Capra e Hitchcock, James Stewart também brilhou no mais americano de todos os gêneros cinematográficos: o Western. Ele foi um dos mais regulares atores do estilo, participando de inúmeras produções com destaque para os filmes que rodou ao lado de John Ford e Anthony Mann. Com esse último tinha uma relação de amizade e ódio. De todos os diretores com quem trabalhou foi o que mais gostou de atuar, segundo suas próprias palavras. Certamente ao lado de Mann ele não chegou ao ponto de estrelar filmes tão importantes como "O Homem que Matou o Facínora" (considerado um dos dez melhores faroestes de todos os tempos), mas rodou produções que ficaram na memória como "Winchester 73" e "Um Certo Capitão Lockhart". Foi realmente uma dupla inesquecível. Embora tenha concorrido por cinco vezes ao Oscar só foi premiado uma única vez, por "Núpcias do Escândalo". James Stewart faleceu em 1997 deixando uma filmografia realmente inigualável. Provavelmente tenha sido o ator que mais participou de obras primas do cinema ao longo da história. Nesse quesito ele realmente foi único. Nada mal para alguém que se dizia ser apenas um homem comum, com bons sentimentos.

Pablo Aluísio.

4 comentários:

  1. Respeito o trabalho tanto de John Wayne como rock Hudson mas Jimmy foi realmente insuperável e quanto ao quesito beleza sou mais o sorriso doce e os olhos azuis do Jimmy do que qualquer tributo físico dos outros dois nomes já citados!

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  2. A beleza realmente é algo muito particular, dependendo bastante dos olhos de quem vê. Agradeço a visita e comentário, Claudia.
    Abraços, Pablo Aluísio.

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  3. Por coincidência eu assisti recentemente O Homem que Matou o Facínora, ótimo filme, mas confesso que nunca achei o James Stewart um homem de Western. Parece que fazia sempre um papel de vitima mesmo sendo o herói, como, por exemplo, no já citado O Homem que Matou o Facínora. O James era uma espécie de Tom Hanks da sua época. Agora, quando ele estava nas mãos e nas estórias do Hitchcock, como em Festim Diabólico, ou Janela Indiscreta, já é outra coisa, aí ele era o centro das ações. Mas é um gosto meu, que pra Western prefiro um John Wayne, Gary Cooper, ou mesmo Clint Eastwood. Um ator que fazia personagens iguais ao James Stewart era o Gregory Peck, mas não parecia um coitado. Sei lá... coisa de personalidade de cada um.

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  4. Eu já penso um pouco diferente. Gosto muito dos filmes de faroeste do James Stewart. O curioso é que ele geralmente usava um mesmo chapéu, filme após filme, um velho modelo conhecido como Arkansas. Isso criava uma certa identidade com o público já que ficava subentendido que não importava qual era o personagem, sempre ali estaria o James Stewart e nada mais. Virou uma marca registrada dentro do universo western.

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