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sábado, 24 de janeiro de 2009

Elvis Presley - FTD Out in Hollywood

Falar de Elvis em Hollywood é um assunto polêmico. Isso porque tendemos a cair nos extremos. O primeiro é representado pelos fanáticos fãs de Elvis que o achavam um grande ator e são capazes de escutar a trilha de "Paradise Hawaiian Style" trezentas vezes e, mesmo assim, achar todas as músicas boas, divertidas e clássicas. Essa corrente extremista é muito perigosa. São pessoas completamente desprovidas de senso crítico e os principais responsáveis pelo próprio enclausuramento de Elvis em Hollywood. Afinal, "Paradise"... só foi feito porque teve alguém que se deu ao trabalho de assistir a "Harum Scarum", não é mesmo? A outra corrente é igualmente perigosa. É representada por radicais de extrema direita, geralmente com algum conhecimento em cinema, seja ele real ou não. Detestam todos os filmes de Elvis da década de 60 e não encontram nenhuma música decente na trilha sonora.

Ambas as correntes são equivocadas e devem ser evitadas. Toda essa polêmica pode ser evitada utilizando-se de duas palavras mágicas: "bom senso". Iniciaremos nosso texto no ponto onde tudo começou. E esse lugar temporal é o ano de 1956. Elvis Presley estava sacudindo o mundo com uma música nova, revolucionária e alegre que varreu os quatro cantos do mundo e deu origem ao maior movimento de mudanças musicais já registrado. Sua repercussão se deu em todos os setores da sociedade, passando pelo vestuário, costumes, gírias, cinema e até a política. No auge de seu sucesso, com o mundo nas mãos, Elvis foi atrás de realizar o seu maior sonho: ser um grande ator. Não fazia muitos anos desde que ele, à época um pobre menino sulista, trabalhava de lanterninha nos cinemas locais, só para poder assistir aos filmes de graça, pois não tinha dinheiro para comprar a entrada. Agora, com 21 anos Elvis era o maior nome da música mundial e Hollywood continuava sendo a sua grande menina dos olhos. Com um visual e sex appeal arrebatador, Elvis logo conseguiu sua grande chance de estrear nas grandes telas com o filme "Love Me Tender" (Ama-me Com Ternura). A atuação de Elvis é claramente de um estreante, porém, surpreendentemente esforçada.

A princípio Elvis não queria misturar cinema com música, porém, Hollywood não pensava o mesmo, afinal, não fazia sentido fazer um filme com o cantor mais famoso do mundo sem fazê-lo cantar nenhuma música. O resultado foi quatro canções incluídas, dentre as quais a lendária "Love Me Tender". Mas aqui, em um filme simples, com atuações boas, e uma história razoável encontra-se um dos primeiros problemas dos filmes de Elvis: a plateia não queria saber o que Elvis fazia no filme, só queria vê-lo, de preferência cantando alguma coisa. Qualquer coisa. O hino americano, uma marchinha, ciranda cirandinha, qualquer coisa. Porém, a princípio isso não foi problema e os quatro primeiros filmes de Elvis são de uma qualidade muito boa, destacadamente "Jailhouse Rock" (O Prisioneiro do Rock) e "King Creole" (Balada Sangrenta). Qualquer crítico de cinema especializado que negar a boa atuação de Elvis nesses dois filmes deveria se aposentar imediatamente. Elvis faz papéis fortes de caras maus e durões, que estão dispostos a arriscar tudo para conseguirem o que querem. Além de roteiros fortes, um excelente elenco de apoio, atuação primorosa de Elvis, músicas simplesmente maravilhosas e sequências antológicas, os filmes de Elvis da década de 50 não só marcaram época, como também são considerados verdadeiros clássicos atualmente. Quando Elvis acabou as filmagens de "King Creole" duas coisas estavam bem claras: Elvis ainda tinha um grande caminho a percorrer e muito que desenvolver-se como ator.

O segundo fato notável era de que Elvis estava em franca expansão como ator. Provavelmente, mais 3 ou 4 filmes do nível de "King Creole" o teriam elevado à categoria de ator de primeiro escala. Isso nos leva à pergunta mais óbvia: Era Elvis um bom ator? Nunca saberemos. Ele teve o seu processo de desenvolvimento barrado no início da década de 60. Porém, uma coisa ninguém duvida: Elvis tinha potencial. 1958 marcou a ida de Elvis para o exército e talvez a maior guinada de sua carreira. Coincidentemente, no mesmo ano, Elvis perdeu sua mãe. Essa perda, juntamente com a instantânea retirada de Elvis de sua realidade dos holofotes do mundo, empreenderam mudanças nele. Em um show de 69 ele mesmo afirmou que a sensação que sentiu foi de que estava tudo acabado. Uma hora ele tinha tudo e na outra sua carreira artística simplesmente desapareceu. Quando Elvis voltou do exército ele voltou uma pessoa mais madura, mas ao mesmo tempo mais triste e principalmente desorientada. O próprio Elvis tomou consciência que tinha mudado. Consciência que seus fãs nunca tiveram. Não que isso fosse uma coisa ruim. Pelo contrário. As músicas iniciais de Elvis da década são ainda muito poderosas, clássicas e alegres. São uma espécie de continuação da década de 50, não tão cruas, mais lapidadas, porém, bem menos inocentes e mais contidas. Elvis já havia estado no limite e isso o trouxe problemas, por que ir lá de novo?! Elvis agora era mais controlado. Um bom moço, sem dúvida. Essa nova estratégia foi, é verdade, intencionada e planejada pelo Coronel Parker, mas será que Elvis queria mesmo ser aquele jovem da década de 50? O Elvis de 1960 queria ser um prolongamento do de 1958? Certamente não. Por isso Elvis tomou uma decisão radical: rompeu com os anos 50. Claro que esse rompimento tomou proporções ridículas na década de 70, mas teve seu início em 1960 quando Elvis voltou do exército. A década de 50, definitivamente a melhor de sua vida, agora lhe trazia lembranças de sua mãe e de uma época repleta de vitórias e alegrias.

Agora, depois de sua volta do exército, uma nova realidade surgiu. Mudanças também. E se tinha uma pessoa que era péssima em enfrentar mudanças essa pessoa era Elvis. Mudanças e pessoas. Essa fuga eterna de Elvis de conflitos, sejam eles artísticos ou pessoais, afundou seu casamento, arruinou preciosos anos de sua carreira e em última instância o levou à morte. E foi exatamente essa negação de nova realidade que fez Elvis fazer um filme ruim atrás do outro. O que nos leva ao início do problema: um filme chamado "G.I Blues" (Saudades de um Pracinha). Não me entendam mal. O filme não é ruim, porém, passa longe de ser bom, e sua qualidade comparada com seus antecessores é sofrível. Mas, surpreendentemente, sua trilha sonora chegou ao primeiro lugar nas paradas e lá ficou por dez semanas!!! Vejam, aqui está um filme regular, com algumas músicas boas e a maioria apenas mediana. O próprio Elvis não gostou do filme. E o resultado foi esplêndido. Parte do faturamento veio do fato dos fãs estarem há dois anos desejando material cinematográfico do cantor.

Provavelmente, se Elvis estrelasse um documentário sobre a vida do bicho preguiça, ele seria um sucesso. Conclusão tirada pelos lacaios de Hollywood e o raposa Parker: Elvis precisa aparecer em filmes leves. A lógica cinemtográfica de Elvis estabeleceria mais uma nova conclusão com a filmagem de "Flaming Star" (Estrela de Fogo). O filme é bem acima da média, com grandes atores e um excelente diretor, além de uma convincente atuação de Elvis. Um novo detalhe na indústria Presley surgiu: o filme conteria poucas canções. Na verdade apenas 4, o mesmo número de seu filme inicial "Love Me Tender". Porém, pela primeira vez em um filme de Elvis as canções baixaram muito o nível. Apenas "Summer Kisses, Winter Tears", que acabou sendo cortada, tem algum mérito. "Flaming Star" é muito sem sal e "Britches" e "A Cane and High Starched Collar", incluída no filme em uma seqüência totalmente desnecessária, são do nível de pérolas trash futuras como "He´s Your Uncle Not Your Dad". E o ritmo... Meu Deus que country capenga e de mau gosto. Aliás, country nada, é sem classificação essas duas porcarias, que são de longe, as primeiras músicas realmente péssimas da discografia de Elvis. "G.I Blues", com uma história meio boboca e muitas canções foi um sucesso financeiro e "Flaming Star", sem quase nenhuma música com boa atuação de Elvis e roteiro forte, apesar de ter agradado a críticos, foi um relativo fracasso.

Conclusão dois: Elvis teria que estrelar filmes leves sem grandes pretensões cinematográficas. Nada de metê-lo em filmes sérios e sem canções. Financeiramente não compensava. O filme seguinte de Elvis foi "Wild In The Country" (Coração Rebelde) onde foi praticamente boicotado pelo raposa Parker e os estúdios. O que poderia ter sido um ótimo filme tornou-se uma película confusa, com atuações estranhas por parte de todo o elenco. Foi a última vez que Elvis seria levado à sério em Hollywood. "Blue Hawaii" (Feitiço Havaiano) veio em seguida e sepultou de uma vez por todas as pretensões de Elvis em ser um grande ator. Ele passaria os sete anos seguintes, metido em filmes com dezenas de garotas, cenários deslumbrantes, roteiros capengas e muitas músicas ruins. Os anos 60 chegaram e com eles mudanças musicais profundas se operaram. Os Beatles e outros roubaram a cena e elevaram o rock à categoria de arte, de uma forma nunca imaginada. Mas Elvis se recolheu em seu canto e só retornaria com força total sob a orientação de Steven Binder em uma noite de junho de 1968.

Muito se especula de quem seja a culpa desse verdadeiro desastre na carreira de Elvis chamado Hollywood. Tem-se que culpar o Coronel, que nunca viu a música de Elvis como arte, por ter transformado a carreira de Elvis em um circo, em troca de alguns trocados. Os estúdios da época e seus chefões por terem destruído uma das mais promissoras carreiras cinematográficas que poderia ter existido. O público que pagou para ver "Blue Hawaii" e derivados, se deliciando em ver Elvis cantando para crianças pentelhas, garotas bonitas, animais e às vezes até para os próprios caras em quem batia, como ele mesmo enfatizou. E o próprio Elvis que nunca superou seu medo de confrontação pessoal, além de nunca aceitar o fato de que ele é quem deveria ter pulso em sua carreira. Sem contar que Elvis nunca entendeu que em Hollywood para conseguir bons papéis é preciso muito esforço e dedicação, além de uma certa dose de exigência.

A FTD fez um grande trabalho em garimpar o que há de menos doloroso nesses anos sombrios. Não que músicas boas não tenham sido feitas, porém, é fato que elas foram exceção. O CD não tem nenhuma canção realmente medíocre, apenas algumas não tão boas como "This Is My Heaven". Porém, aqui você vai encontrar verdadeiras pérolas perdidas, como "Lonely Man", "Puppet On A String" e "King Of The Whole Wide World". Claro, não é indicado para todo mundo, mas para aqueles que desejam entender mais um pouco do processo que levou um dos maiores artistas do século passado a sofrer tamanha humilhação durante tanto tempo. Talvez a resposta esteja naquele ditado: quem muito se abaixa mostra os fundos. Aqui estão as músicas do cd Out In Hollywood analisadas uma por uma:

01. MEXICO (take 7) - O CD tem início com essa musiquinha do filme "Fun in Acapulco" (O Seresteiro de Acapulco) de 1963. Por essa época a qualidade dos filmes iria começar a baixar e Elvis não iria fazer uma sessão decente até a gravação do excelente "How Great Thou Art" em 1966, uns três anos depois. 1963 marcou também como o primeiro ano de Elvis sem um primeiro lugar nas paradas, e o preparativo da invasão britânica que iria tomar forças de vendaval no ano seguinte. O filme em si não é dos piores, com uma ótima leading lady, a deliciosa bond girl Ursulla Andress, e uma cena antológica em que Elvis “pula” de um penhasco. O pula está entre aspas porque a cena, claro, foi feita por um dublê. Aliás, apesar de se passar teoricamente no México, Elvis nunca saiu dos EUA para filmar nada, o que gerou rumores de que Elvis era preconceituoso contra os latinos. Nada mais longe da verdade. Elvis mal sabia o que era um latino!!! O real motivo de ele não ter viajado foi, além de baratear o custo, o mesmo motivo que o levou a nunca se apresentar fora dos Estados Unidos: a situação ilegal em que seu empresário Coronel Tom “Raposa” Parker se encontrava, visto que ele era um imigrante holandês. A trilha sonora tem, em sua predominância, músicas imitando sons latinos. E eu enfatizo o "imitando". Canções como "The Bullfighter Was a Lady" soam tão artificiais como corante de framboesa. Aliás, será que no México existem touradas??? Hum... pensei que era na Espanha. Mas tudo bem, para todo bom americano latino é a mesma coisa, e esse grande lapso ficou bem exposto no filme. Mas, Elvis não teve culpa de nada disso. O descrédito fica com os escritores. A trilha tem bons momentos como a ótima "Bossa Nova Baby", medianas como "You Can´t Say No in Acapulco" e a desastrosa "There´s no Room to Rhumba in a Sports Car"!!! Acreditem esse é o título da música. "Mexico" fica no meio termo. É bem instrumentada e tem uma melodia agradável. O problema é que no filme ela é apresentada em um dueto com um moleque pentelho, o que a estraga severamente. Nesse take Elvis canta as partes do garoto, o que a torna bastante melhor. Na verdade, não querendo se arriscar em lançar um dueto tosco de Elvis, a gravadora retirou os vocais da criança, o que deixou a música na versão oficial péssima, com verdadeiros rombos em todo o seu decorrer. Essa versão é muito melhor. Agora convenhamos, a ideia de se colocar Elvis, o Rei do Rock, cantando sobre senhoritas com um pivete em uma bicicleta, em uma música que mistura o inglês com o espanhol não é das melhores.

02. CROSS MY HEART AND HOPE TO DIE (take 6) - Vou direto ao ponto: "Girl Happy" (Louco Por Garotas) é um dos meus filmes favoritos de Elvis. Calma, antes de criticar a minha pessoa deixe-me explicar. Sei que a trilha possui músicas fracas como "Wolf Call" e a horrenda "Fort Lauderdale Chamber of Commerce". Sei que a voz de Elvis não estava lá essas coisas nesse ano e sua paciência nas gravações dessa trilha pela primeira vez em toda sua carreira foi embora. Seu tédio é notável no filme e nas músicas. Também é de meu conhecimento que o filme é um "beach movie" dos mais bobos, inocentes e superficiais. E como esquecer das ridículas cenas de Elvis fingindo tocar baixo, fingindo estar tocando violão quando o som que sai é de uma guitarra, ou então quando ele está tomando sol com blusa de botão azul e uma calça preta e sapatos sociais, como se fosse para uma festa de gala?! Esse são alguns dos defeitos mais graves e toscos do filme. Mas não ligo. O filme é um senhor trash, porém, super simpático. O roteiro é divertido, possui cenas engraçadas (a parte em que Elvis se veste de mulher e ainda continua com seu topete é muito surreal e ridiculamente engraçada), tiradas hilárias e um clima tão alto astral que fica difícil não se tornar um idiota completamente sem senso crítico ao assistir o longa. Claro também que enquanto Elvis estava fazendo podreiras divertidas como essa a cena musical pegava fogo. Mas vamos aos fatos, "Girl Happy" passa a léguas da ruindade de "Harum Scarum" (Feriado no Harém), da apatia de "Clambake" (O Barco do Amor) ou do absurdo de "Kissin Cousins" (Com Caipira Não se Brinca). O filme é bom? De jeito nenhum, na verdade para quem não é fã de Elvis fica difícil engolir um longa tão bobinho e mal feito. Porém, para quem quer se divertir com besteiras sessentistas completamente fora da nossa realidade essa é uma boa pedida. "Cross My Heart and Hope to Die" vem desse filme. É uma música mediana que não incomoda, porém, fica empalidecida se comparada com clássicos do cantor. É um pop típico dos filmes de Elvis na época, com um ótimo riff de baixo. Esse take é quase igual ao master, com exceção de um erro de ritmo da banda no fim da música, que a acelera na hora errada. Tranquila, agradável e inofensiva, porém, com um leve toque sexy, "Cross My Heart" não se destaca na trilha, mas é uma boa pedida no mar de porcarias que Elvis estava cantando na época.

03. WILD IN THE COUNTRY (take 11) - Quando foi filmar "Wild In The Country" (Coração Rebelde), em novembro de 1960, Elvis estava em um excelente momento em sua carreira. "Are You Lonesome Tonight" iria logo entrar para as paradas e se tornar a terceira música de Elvis a alcançar o primeiro lugar no ano. "G.I Blues" (Saudades de um Pracinha) havia sido um sucesso estrondoso e "Flaming Star" (Estrela de Fogo) era um ótimo filme que deu a oportunidade para Elvis de mostrar seu talento como ator. E ele acabara de sair de uma triunfante sessão de gravação que produzira seu primeiro e excepcional álbum gospel "His Hand in Mine". Definitivamente, as coisas estavam indo bem. O roteiro original de "Wild In The Country" era bom e o filme não era para conter canções. Porém, alguém deu um jeito de inserir três músicas no filme: "Wild In The Country", a bela "In My Way" e a divertida "I Slipped I Stumbled I Fell". Apesar de não produzir nenhum hit, a trilha de "Wild In The Country" era uniformemente boa, bem intimista, talvez refletindo o filme e as canções nele postas não prejudicaram o resultado. O roteiro inicial era bem dramático, porém, o Coronel resolveu fazer algumas mudanças e suavizar a coisa ao máximo. Para completar ocorreu um grave problema com a cena final. O final era dramático com a personagem principal feminina, interpretada pela belíssima Hope Lange morrendo. Aqui entra outro problema do filme. Após um mostra inicial ocorreu uma reação negativa da plateia com a cena que teve que ser refilmada com Hope sobrevivendo. Resumindo: avacalharam um bom roteiro em potencial e o que era bom virou um dos mais confusos filmes de Elvis que não possuía clímax, com uma história estagnada e embaralhada, com vários bons personagens nunca desenvolvidos. A interpretação de Elvis está ok. Ele poderia ter dado um tom menos educado e mais sombrio ao personagem. Esse na verdade era o erro onde a Elvis Presley Industries estava começando a pecar. Tudo estava muito suave, muito família. O personagem de Elvis era bem mais complexo do que o que o filme mostra. "Wild In The Country" foi a última oportunidade dada a Elvis de provar que era um bom ator. Mas o Elvis falhou. O Coronel falhou. Os roteiristas falharam. E principalmente a platéia falhou, desprestigiando esse pequeno esforço cinematográfico e o preterindo no lugar de "Blue Hawaii", filme responsável pela nova prisão de Elvis Hollywood. Mas a trilha, como disse, é boa, sendo a canção tema, sem dúvida, o destaque. A leve guitarra elétrica tocada no dedilhado é lindíssima e a letra bastante singela. Uma pequena homenagem a raízes humildes, na verdade. O primeiro take dessa música é curioso, tendo seu arranjo bem mais complexo e Elvis tentando subir uma oitava acima, O resultado foi ruim e o arranjo pomposo foi abandonado. Elvis também se manteve na sua oitava. Esse take é bem próximo ao original com apenas algumas quase imperceptíveis mudanças na guitarra.

04. ADAM AND EVIL (take 16) - O ano de 1966 veio e com ele o ultimato do mundo da música de que as transformações ocorridas nos últimos anos não só haviam modificado tudo, como tinham vindo para ficar. E não por coincidência os anos de 1964 e 1965 foram abissais para Elvis em termos de queda da qualidade de material. A coisa iria piorar e muito. Percebendo as mudanças no mercado e vendo a queda nas vendas ter início, os produtores de Elvis tentaram fazer algumas mudanças no próximo filme do cantor. A começar pela trilha que deveria conter mais rocks, em vez de cânticos árabes, músicas dos anos 20 ou temas havaianos pra lá de bregas. Apesar de realmente ser um pouco superior a outras trilhas "Spinout" (Minhas Três Noivas) oscila entre o muito bom ("Am I Ready" e "I´ll Be Back"), o apenas mediano ("Stop Look And Listen") e o trash total (a horrorosa e mortífera "Beach Shack"). "Adam and Evil" fica no intermediário. Esse rock bastante peculiar segue a cartilha de tentar balançar a trilha de Elvis tentando reviver glórias passadas. A música em si não é ruim, tem um ótimo ritmo, uma boa pegada de bateria e uma letra curiosa. Mas é só. Não entra na categoria das melhores músicas de Elvis, apesar de passar longe de incomodar. O interessante sobre essa música é que ela foi a mais trabalhosa da sessão. O take aqui presente é o primeiro completo em muito, simplesmente porque Elvis não conseguia achar o tom certo na parte em que canta o verso “ but you´re the devil I don´t want to live without”. Ele mesmo comenta no estúdio essa ser a nota mais difícil de sua vida inteira!!! O CD "Spin in Spinout" mostra a crescente dificuldade de Elvis na música take após take. Até que enfim ele acerta na 16ª tentativa... que ainda não é o master que viria na tentativa de número vinte!!! Aqui os produtores da "Follow That Dream" botaram trechos de várias músicas cantaroladas por Elvis na sessão como "Flowers on the Wall" (presente no filme "Pulp Fiction"). O Coronel tentou promover o filme como o triunfal aniversário de 10 anos de Elvis no cinema, porém os próprios fãs, sabendo da necessidade de mudanças boicotaram a produção que se tornou o maior fracasso de bilheteria de Elvis em Hollywood. Uma pena, pois o filme não é dos piores. Esse boicote deveria ter ido para algo como "Kissin Cousins" ou "Paradise Hawaiian Style".

05. LONELY MAN (take 4) - Delicada, bela e melancólica são alguns dos adjetivos que podem ser empregados para essa belezura gravada para o filme "Wild In The Country" (Coração Rebelde). "Lonely Man" reflete bem toda a atmosfera intimista do filme e fala de um homem totalmente desiludido, extremamente machucado pela vida e não mais desejoso de viver. O homem da canção é posto como se fosse um andarilho que “vai de cidade em cidade procurando algo que não consegue encontrar”. A sensação de auto abandono e falta de esperança é extremamente latente durante toda a canção e culmina no final quando é revelado que o homem é o próprio narrador da música. Definitivamente, uma das mais melancólicas gravações da carreira de Elvis, melancolia esta acentuada por um estranho acordeão. Se você nunca percebeu nada disso que eu falei sobre a música, não se preocupe. A interpretação de Elvis é tão suave e singela, que todo esse sofrimento e sua real essência são bastante atenuados, ficando quase imperceptíveis. Ganhou uma versão ainda mais triste, só com o violão, porém, nunca lançada. Foi cortada do filme injustamente e lançada como single, lado B da ótima "I Fell So Bad", alcançando a razoável 32ª posição. Os fãs estranharam essa alien no mundo de Elvis da época.

06. THANKS TO THE ROLLING SEA (take 3) - Se você quiser procurar músicas com temas estranhos é só checar as trilhas de Elvis. Você verá música sobre animais ("A Dog´s Life", "Dominic"), temas árabes ("Golden Coins", "Mirage"), temas mexicanos ("Guadalajara" e "Vino Dinero Y Amor"), músicas para crianças ("Cotton Candy Land", "Confidence", "Five Sleepyhead") entre outras bizarrices. Essa música é quase um canto de idolatração ao mar!!! Ao mar!!! Mas vamos por partes, a canção tem um ótimo ritmo, Elvis está cantando muito bem, diga-se de passagem, e se eu fosse um pescador adoraria cantarolá-la em minhas pescarias matinais ou noturnas. Mas meu povo, vamos aos fatos, quem está cantando é Elvis Presley, o cara que praticamente inventou a música moderna. Quem em sua sã consciência iria fazer isso com um cantor de tal porte?! Como disse, a música não é de todo ruim, mas o tema é que me desagrada bastante. Foi gravada para o ridículo "Girls! Girls! Girls!" Em uma cena igualmente estúpida com Elvis pescando peixe e cantando essa baboseira para os seus amigos pescadores. Um desperdício.

07. WHERE DO YOU COME FROM (take 13) - A trilha de "Girls! Girls! Girls!" (Garotas, Garotas, Garotas) é uma montanha russa com absolutos clássicos ("Return to Sender"), músicas alegres e ritmadas (a ótima tema e a irônica "I Don´t Want to be Tied"), músicas com temas ridículos e de péssimo gosto ("Song of the Shrimp", "The Walls Have Ears") e bonitas baladas, como a ótima "Because of Love" e essa aqui. "Where do You Come From" é a típica canção mediana de Elvis. Possui uma melodia bonita, mas que ao mesmo tempo não consegue transmitir um pingo de sinceridade, parecendo muito forjada. Possui uma letra bonitinha, mas cuja simplicidade aqui não contribui em nada para a canção. Resumindo, música de laboratório, feita para preencher lugares vazios do álbum, mas que não chega a incomodar. Agora vejam vocês que entre tantas músicas legais da trilha como as acima citadas para fazer par com a excelente "Return to Sender", no single promocional, adivinhem qual a RCA escolheu? Dou um passe de 10 anos sem assistir "Kissin Cousins" para o ganhador! Ah, acertou quem falou "Where do You Come From". Fraquíssima, até para um lado B, a música conseguiu a ridícula 99ª posição nas paradas, a pior de Elvis, até então. Esse take é até melhor que o original com Elvis mais seguro com a canção.

08. KING OF THE WHOLE WIDE WORLD (take 3) - Gravada para o filme "Kid Galahad" (Talhado Para Campeão), "King Of The Whole Wide World" é uma daquelas músicas que faz você se orgulhar de ser fã de Elvis. Alegre, frenética, com uma letra simples, porém, extremamente pra cima, vocais de Elvis extremamente inspirados e a banda afinadíssima, "King Of The Whole Wide World" é um dos mais perfeitos exemplos das músicas ao estilo “levanta defunto” pelas quais Elvis sempre vai ser lembrado. A letra não poderia ser mais verdadeira, afirmando que quem é rico nunca se contenta com sua riqueza por maior que ela seja e quem é pobre sempre leva uma vida mais simples. Destaque absoluto para a voz de Elvis que lembra muito as loucas músicas dos anos 50 e para o excepcional Boots Randolph destruindo no sax, em um de seus melhores solos. Com certeza um das melhores músicas de toda a carreira de Elvis, e ainda um tesouro escondido. Talvez não tenha feito muito sucesso pela péssima promoção pessoal da RCA que a lançou em um EP, alcançando a apenas razoável 30ª posição, em 1962, quando Elvis estava começando a ter alguns de seus compactos passando despercebidos pela mídia. A única crítica vai para a ridícula cena em que ela é cantada no filme, com Elvis na traseira de um caminhão. Mas isso não a estragou. Teve uma versão um pouco menos ritmada tentada por mais de 30 takes. O take aqui apresentado é o antecessor do master da segunda versão, e só é diferente no solo de Boots Randolph, um pouco inseguro ainda, mas não menos genial. Para mostrar para fãs bobões dos Beatles, sem dúvida.

09. LITTLE EGYPT (take 21) - Se teve um ano que fez diferença na carreira de Elvis foi o ano de 1964. De forma negativa, infelizmente. A qualidade do material gravado diminuiu consideravelmente e os filmes de Elvis passaram a usar e abusar de sua fórmula. Para completar a América começava a pegar fogo com o início da Guerra do Vietnã e as consequências práticas do assassinato de Kennedy. Os protestos por mudanças sociais feito pelos negros e outras minorias se intensificou. A América começou a virar gente grande. No cenário musical é que a coisa deu uma reviravolta. A juventude americana, até então desamparada com o rock, se apegou a uma nova força musical que aportou nos EUA em fevereiro: os Beatles, que começaram a maior revolução musical desde Elvis, quebrando recorde por cima de recorde. A RCA entrou em verdadeiro desespero. Se as músicas de Elvis não mais chegavam ao número 1 em 1963, agora elas não entrariam nem no top 10. A gravadora apelou para uma política de quantidade, sem nenhum critério de qualidade ou ordem lógica, no que diz respeito aos singles. Tanto é que no ano de 1964, foram lançados singles com músicas de filmes de Elvis, restos dos anos 50 e singles promocionais do álbum "Elvis is Back" e "Pot Luck", sendo o primeiro de quatro anos antes!!! Alguns conseguiram chegar ao top 20, porém, músicas como "Kiss Me Quick" afundaram na 34ª posição e os lados B de Elvis passaram a ter dificuldades de entrar no HOT 100. As paradas musicais tiveram uma reviravolta muito violenta com os Beatles massacrando todos os seus oponentes. O que 1956 foi para Elvis, 1964 foi para os Beatles, em escalas bastante semelhantes. Os filmes de Elvis, ao contrário e não merecidamente, continuavam a lucrar. Na verdade foi em 64 que Elvis obteve seu maior êxito comercial nos cinemas, com o ótimo "Viva Las Vegas" (Amor à Toda Velocidade). Para piorar as coisas, naquele mesmo ano Elvis leu, com profunda chateação, uma notícia em um jornal afirmando que os seus filmes, de baixo custo e alta rentabilidade estavam patrocinado filmes de grande porte dos estúdios!!! Foi nesse clima caótico, em meio a mudanças musicais que Elvis entrou em março de 1964 pra filmar "Rostabout" (O Carrossel de Emoções). O filme em si é bem legal e a trilha é junto com a de Viva Las Vegas a melhor da década de 60. Surpreendentemente, livre de chatices (com exceção da horrorosa "Carny Town" e umas duas outras musiquinhas fracas) o álbum possuía boas baladas como a lindíssima "Big Love, Big Heartache" e "It´s a Wonderful World" (única música de Elvis que chegou perto de ser indicada ao Oscar), divertidos rocks como a agitada "Hard Knocks" e a otimista "There´s a Brand New Day On the Horizon", além da diferente e ótima "One Track Heart". Na Inglaterra, já completamente tomada pela beatlemania, a trilha alcançou a baixa, para a época, 12ª posição. Porém, nos EUA a trilha surpreendeu e alcançou o primeiro lugar em pleno domínio dos Beatles!!! O último primeiro lugar de um álbum de Elvis até 1973 quanto voltaria ao topo com "Aloha From Hawaii". "Little Egypt" é outra grande canção desse filme. Cortesia da dupla dinâmica Leiber / Stoller, que escreveram grandes clássicos do rock para Elvis na década de 50. A canção é acima da média para uma trilha de Elvis e conta a história verídica de uma dançarina bastante famosa do século retrasado. Acontece que uma outra dançarina com homônima tentou processar Elvis por estar usando o seu nome, porém, ela perdeu a causa. Elvis, apesar de involuntariamente ter rompido com a dupla de compositores gravaria algumas de suas músicas no decorrer de sua carreira como essa, tendo sido "Bossa Nova Baby" a que se deu melhor, ao ser, em 1963, um top 10 americano. Bem ritmada, com uma ótima letra, "Little Egypt" merecia um lançamento em single que nunca ocorreu, devido ao sucesso da trilha!!! Vai entender a RCA! Obteve uma explosiva mini versão para o especial de 1968. Esse take é bem diferente do oficial, mais compassado e um pouco mais rápido.

10. WONDERFUL WORLD (take 7) - O ano de 1968 viria a ser um dos mais marcantes da carreira de Elvis e oficializaria sua volta à cena musical. Porém, o ano começou meio que no desespero, com a indústria Elvis Presley no fundo dos fundos. Lançamentos superiores como "Guitar Man" e "Big Boos Man" mostraram que nem músicas boas estavam se dando bem nas paradas. As últimas sessões em Nashville na década provaram ser um fracasso, com Elvis completando apenas 2 músicas, em vez de o álbum pretendido. "Stay Away Joe" (Joe é Muito Vivo) provaria ser um grande fracasso de bilheteria e a trilha de "Speedway" (O Bacana do Volante) naufragaria em ambos os lados do atlântico. Se artisticamente as coisas iam de mal a pior, pessoalmente Elvis estava muito bem. Casado no ano anterior, Elvis se tornou pai em fevereiro pela primeira vez. Foi nesse contexto misto que Elvis entrou no set de seu novo filme "Live a Little, Love a Little" (Viva Um Pouquinho, Ame um Pouquinho) em março de 1968. Particularmente acho o filme muito estranho. Não diria que ele é de todo ruim, pois foi o filme que claramente rompeu com a fórmula de filmes de Elvis nos anos 60, cujo último representante foi "Speedway" (O Bacana do Volante). Seu antecessor, "Stay Away Joe" (Joe é Muito Vivo) havia sido uma clara mudança na carreira cinematográfica de Elvis. Por pior que seja, temos que lhe dar crédito por mostrar algo diferente, como Elvis galinhando o tempo todo no filme, ao contrário do galante romântico dos anteriores que por mais garotas que pegasse sempre era comportado. O sexo está bem implícito e o clima por mais country que seja, tem um ar de anos 60 sujo. "Live a Little, Love a Little" consolida essa tendência, e é de longe um dos filmes mais adultos de Elvis, onde ele xinga, transa com a sua parceira (fato que não acontecia antes) e onde o filme inteiro Elvis exala um ar maduro e adulto, nunca visto em sua carreira. Era a atmosfera do especial de 1968 pairando no ar. Fora que Elvis estava mais bonitão e mais em forma do que nunca. Porém, o potencial do filme é destruído por um roteiro fraco e extremamente bizarro e surreal, com passagens bem confusas. Mas o forte do filme é sua trilha sonora. Apenas 4 canções foram incluídas e todas de nível muito bom. É o único filme de Elvis da década de 60 que possui uma trilha 100%. "Wonderful World" é a mais fraquinha delas, porém não deixa nada a desejar. Uma espécie de prima pobre de "What a Wonderful World", essa canção clama por uma observação mais acurada de nossa parte, para chegarmos à conclusão de que vivemos em um mundo maravilhoso. Com uma bonita letra e uma melodia extremamente desenvolta, a canção é beneficiada de vocais inspirados de Elvis que no ano de 68 parecia transformar em ouro tudo que tocava. Porém, "What a Wonderful World" era inocente demais para sua época, os amargos e violentos anos 60, e talvez por esse motivo tenha caído no esquecimento. O take aqui apresentado é muito similar ao original. Um curioso momento do CD.

11. THIS IS MY HEAVEN (take 4) - Parece que o encontro de Elvis com os Beatles em 27 de agosto de 1965 não lhe gerou muita fonte de inspiração. Do contrário ele não teria entrado no set de filmagem dois dias depois para afundar sua carreira em níveis assombrosos ao atuar no PÉÉÉÉSSIMO "Paradise Hawaiian Style". Enfatizei o "péssimo", pois além do filme ser muito ruim, me recuso a acreditar que algum ser humano que se preze neste planeta se digne a ouvir esse material e o ache pelo menos atrativo. Com exceção de "Sand Castles", a trilha é pura música trash, uma atrás da outra. Ao contrário de outras trilhas que possuem duas ou três músicas interessantes, esse disco é um desperdício total e definitivamente Elvis nunca esteve tão longe da Sun Records como aqui. O revolucionário da década de 50 que 10 anos antes cantava propostas sensuais de sexo rápido como "Baby Let´s Play House", agora era obrigado a cantar sobre uma vendedora de mamão! Acima do peso, totalmente no piloto automático e contando com um dos roteiros mais capengas e chulos de todos os tempos, lá se foi o antes rei do rock gravar músicas sobre cachorros e criancinhas que querem namorar em "Datin". Muitos críticos costumam dizer que fora "Sand Castles", "This is My Heaven" é a outra música boa da trilha. Discordo totalmente, essa pseudo-balada possui um ritmo insuportavelmente arrastado que não chega a um clímax, é um meio termo entre música havaiana e pop absurdo. O take aqui apresentado é igualmente ruim. Para ser esquecida e reesquecida!!!

12. SPINOUT (take 2) - "Spinout" é uma música interessante. Não pelas suas qualidades, que não são muitas, mas por ser a típica música mediana de Elvis. Sabe aquelas músicas que você acaba de escutar e não se lembra dela, nem do ritmo, nem da letra? Mas ao mesmo tempo também não diz que ela é ruim? Pois é. "Spinout" é assim. Impossível de ser criticada ferozmente, mas também completamente impossibilitada de ser elogiada. Música tema do maior fracasso de Elvis no cinema, a canção tem um ritmo até interessante, porém, que não se desenvolve. A letra é até razoável, porém, também não é lá essas coisas. Foi erroneamente lançada como lado A (!) do único single que representou a trilha, mesmo o filme possuindo excelentes canções como a bombástica "I´ll Be Back" ou a linda "Am I Ready". A posição nas paradas? Adivinhem! Dou um disco original de "Paradise Hawaiian Style" para quem acertar! Claro foi também mediana, mal atingindo o top 40, na......quadragésima posição!!!

13. ALL THAT I AM (take 2) - A trilha de "Spinout" (Minhas Três Noivas) é surpreendentemente livre de músicas ruins. Bom, ou quase. A terrível "Beach Shack" está aí para nos provar o contrário. Mas, a maioria das outras canções é acima da média da época. "All that I Am" é uma baladinha com um estilo meio bossa nova bem interessante. Não figura entre as melhores de Elvis, mas com certeza cai bem em uma ouvidinha esporádica. Possui uma ótima introdução de violão e um ritmo bem agradável. Curiosidade: foi a primeira música de Elvis a contar com o apoio de um violino. Cortesia de Felton Jarvis, que estreava como produtor de Elvis. Foi um grande sucesso na Europa e na Inglaterra onde foi lançada como lado A, sabiamente. Nos EUA a canção ficou com a mixuruca 41ª posição e ainda teve o desprestígio de ser o lado B de "Spinout". Vale a pena ser descoberta.

14. WE´LL BE TOGETHER (take 10) - Explorar a carreira de Elvis em Hollywood vai trazê-lo várias alegrias. Porém, muitas tristezas também. E, algumas coisas inusitadas. Por exemplo, essa simples canção, com Elvis cantando um versinho em espanhol. A música é ok. Não incomoda muito e tem uma melodia bem graciosa, além de um simpático solo de bandolim. Porém, é só. Com um arranjo muito meloso e completamente descaracterizado da maioria das músicas de Elvis, porém não das que ele estava gravando na época, a canção não chega a empolgar e soa meio brega por vezes. É originária do fraquíssimo "Girls! Girls! Girls!" Esse take acaba com Elvis dizendo com a sua característica voz de palhaço: “quase!” Realmente, a versão apresentada aqui é muito boa. Ainda vou além, esse poderia muito bem se o master. Passará despercebida na primeira ouvida.

15. FRANKIE AND JOHNNY (take 1) - Se existe um ano que merece ficar no esquecimento na carreira de Elvis esse é o ano de 1965. Para comprovar esse fato, basta lembrar que "Paradise Hawaiian Style" e "Harum Scarum" são ambas desse período. Elvis, nesse ano, atingiu o auge de sua hibernação musical, não gravando nada além de trilha bobonas. Enquanto isso, a mini saia, a Guerra do Vietnã e a consolidação da invasão britânica aconteciam. Sem mencionar a revolução nas letras das músicas causada por um sujeito chamado Bob Dylan. Mas Elvis permanecia cego perante todas essas mudanças que ocorriam. "Não enfrentar os problemas e fingir que eles não existem" - esse era o lema de Elvis. É desse ano também o filme Frankie And Johhny (Entre a Loira e a Ruiva). Superior ao seu antecessor e ao seu sucessor, o filme não é lá essas coisas, mas passas longe de ser um dos piores. A trilha sonora é bem peculiar com a maioria das músicas usando arranjos dos anos 1920, seguindo a ambientação da película. Agora imaginem vocês, em meados de 1966, quando foi lançado, com a revolução cultural batendo na porta, o quão ridículo e ultrapassado a trilha desse filme deve ter sido considerada. O resultado se fez nas paradas, onde ela alcançou ainda a honrosa 20ª posição, a pior de um álbum de Elvis na década. A trilha em si, apesar de conter momentos péssimos, como a horrenda "Chesay" ou a mortificante "Look Out Brodway", não é das piores. Na verdade algumas músicas se sobressaem como o excepcional blues "Hard Luck", a absurdamente bela "Begginer´s Luck" e a inocente e animada "Shout it Out". A música título é boa e conta a história do filme em menos de 3 minutos. A história é aparentemente inspirada em um fato real ocorrido em 1899 no Missouri. Bem ritmada e com excelente letra, "Frankie And Johnny" não faz feio. Porém, ela é vítima de suas próprias origens. Sendo uma música antiga e com uma melodia bastante próxima às músicas de cabaret, a canção pareceu datada mesmo à sua época de lançamento, com um incomodo trombone como introdução. Na verdade a música é toda orquestrada. A RCA não pensou assim e a lançou como single alcançando a razoável 25ª posição. O take aqui apresentado é o primeiro e tem algumas diferenças em relação ao master. A voz de Elvis ainda está insegura durante toda a música e quase some na parte final, devido a problemas técnicos.

16. I NEED SOMEBODY TO LEAN ON (take 8) - Todos nós sabemos como Elvis era bom de baladas. Basta nos lembrarmos de seu vozeirão em clássicos absolutos como "My Way" ou "Bridge Over Troubled Water". Porém, Elvis também conseguia cantar outro tipo de balada. Aquele tipo bem calmo, quase sussurrando. "Are you Lonosome Tonight" é o maior exemplo. Pois bem, para a trilha do ótimo "Viva Las Vegas" (Amor à Toda Velocidade) Elvis exercitou novamente seu dom de baladeiro com essa canção lindíssima. Simples, com uma suave guitarra e um piano melancólico, a música consegue puxar tanto para o blues como para o jazz, sendo única na carreira de Elvis. Calmamente cantando, quase sussurrando a triste letra, Elvis poucas vezes soou mais sincero. Cortesia dos ótimos Doc Pomus e Mort Shuman que nesse filme contribuíram com suas duas últimas grandes canções, sendo a outra a louca e ultra clássica "Viva Las Vegas". "I Need Somebody to Lean On" é uma senhora balada e uma que poucos conseguiriam cantar. O master original possuía uma pequena diferença de equalização que fazia a voz de Elvis soar como se estivesse distante do microfone. Esse take apresentado corrige o problema. Sentimos cada suspiro de Elvis o que faz com que a música se torne ainda mais linda. Tão bom quanto o master, esse take é ótimo e a música uma das melhores do CD.

17. THE MEANEST GIRL IN TOWN (take 9) - Na carreira de Elvis existem algumas categorias de músicas curiosas. Por exemplo, existem aquelas músicas que possuem letra capenga e ritmo artificial, ou seja, são ruins de doer. Porém, mesmo assim, Elvis entrega uma performance tão incrivelmente inspirada que toda a ruindade da canção fica disfarçada. Como exemplo, citemos a horrorosa "If I´m a Fool" ou a fraquinha "Padre". Em outros casos, a canção é boa, porém, a banda ou Elvis simplesmente não estava inspirada e o resultado é uma canção com potencial, cujo resultado final fica além do esperado. É o caso de "Raised On Rock" e dessa canção do filme "Girl Happy" (Louco Por Garotas). Com um ótimo ritmo agitado e dançante e uma letra legal, "The Meanest Girl in Town" é estragada pela banda que, com exceção do ótimo solo de sax do sempre perfeito Boots Randolph, está no piloto automático. A guitarra está muito fraquinha, a bateria inexistente e o resto da instrumentação está tão apagada da gravação que difícil analisá-los. E a performance de Elvis é triste e desempolgada, além de sua voz não estar nem 50% do seu normal. Falta aquele feeling na música, aquela pegada. Esse take é melhor que o master, por possuir um solo mais inspirado de sax. A banda parece aparecer um pouco mais. Mas nada que se destaque. Uma ótima canção que foi desperdiçada, sem dúvida.

18. NIGHT LIFE (take 3) - "Viva Las Vegas" (Amor à Toda Velocidade) não é só o melhor filme de Elvis da década de 60. É também o mais alegre, descompromissado e melhor dirigido. Some a isso uma co-estrela da altura de Ann Margret, um tórrido caso de romance fora das telas e você terá um filme deliciosamente divertido. E para completar a trilha ainda é a melhor da década também. Claro que algumas porcarias como "Do The Vega" foram escritas para o filme, mas felizmente não foram lançadas e pouco são lembradas quando se fala em "Viva Las Vegas". Com clássicos absolutos como a música título e "What I´d Say", baladas de alto nível ("Today Tomorrow and Forever" e "I Need Somebody To Lean On"), rocks agitados e alegres ("C´mon Everybody" e "If You Think I Don´t Need You"), a trilha é realmente excelente. Porém, nem tudo que foi produzido foi aproveitado. "Night Life" foi uma das músicas descartadas. Uma espécie de alter ego de classe baixa de "Viva Las Vegas" (as letras são muito parecidas), "Night Life" possúi uma ótima letra e uma melodia bem suja, cortesia do irregular trio Giant, Baum e Kaye que aqui entregam um trabalho de bom nível, porém que não conseguiu acompanhar o patamar da trilha. Nesse take Elvis claramente erra a letra e ao fim é possível ouvi-lo falando com o produtor sobre isso. Uma canção boa, porém, que fica perdida em meio a trabalhos superiores.

19. PUPPET ON A STRING (take 7) - Essa bela e delicada balada é odiada por alguns fãs. O motivo disso não sei, pois a acho linda e extremamente bem cantada por Elvis, que impõe aquela doçura na voz necessária para não deixar a música piegas. Com um ritmo que lembra uma canção infantil "Puppet On a String" é uma música classicamente romântica, mas tem algo diferente nela. E o que, sempre me perguntei. Ao assistir ao filme entendi. Sem querer Elvis meio que incorporou o personagem Russel ao cantá-la. Explico-me. No filme, Russel é um bom vivant, mulherengo e um solteiro convicto, sempre atrás de um rabo de saia. Quando conhece a personagem de Shelley Fabares, uma menina boazinha, mas com um corpo e rosto deslumbrante, apesar de sua pouca idade, Russel fica enlouquecido e completamente apaixonado, exatamente por Valerie, personagem de Shelley, ser diferente de todas as mulheres com quem ele se relacionava, maduras, sexies e maliciosas. Quem é homem entende o nosso apego a essas menininhas inocentes e frágeis que aparecem em nossas vidas. Isso acontece com o personagem de Elvis (você nunca pensou que leria uma análise psicológica de um personagem de um filme de Elvis na década de 60, não é mesmo?). E o momento em que ele canta a música para Valerie, é exatamente quando ele está mais vulnerável e fragilizado. O que nos leva o assunto da música, que fala de um sujeito idêntico ao do personagem de Elvis no filme, surpreendentemente apaixonado por uma garota e totalmente entregue a ela, porém de uma forma até pueril. Dessa vez os escritores da Hill & Range, Sid Tepper e Roy C. Bennet, acertaram em cheio e produziram um número em total consonância com o filme, mas que não perde nada ao ser executada fora dele. O público da época a acolheu bem, quando lançada como single, alcançando o 14º lugar. Porém, ela foi logo depois esquecida por Elvis e pelo grande público. Uma pena. Nesse take, Elvis ainda está bem inseguro na canção, fugindo ligeiramente do tempo. Um típico alternate take.

20. HEY LITTLE GIRL (take 1 e 2) - Sempre gostei bastante das músicas de Joy Byers. Com uma leveza inocente e um ritmo, em sua maioria alucinante, suas músicas podiam ser animados rocks como a excelente "C'mon Everybody" ou "Hard Knocks", passando por tenras baladas como "Please Don't Stop Lovin' Me". Além disso, ele é responsável por uma das melhores e menos aproveitadas músicas da carreira de Elvis, a maliciosa "Let Yourself Go". Raríssimas músicas desse autor são verdadeiramente ruins. Nessa categoria, na verdade só me recordo do lixo tóxico, chamado "Hey Hey Hey". Joy deve ter tomado um ácido muito ruim ou coisa parecida para escrever tamanha porcaria. Mas a maior parte do seu trabalho é bom. Existem, contudo, duas músicas razoáveis, que não incomodam, mas também não fazem história: a insossa "She's a Machine" e esta de "Harum Scarum", "Hey Little Girl". Aliás, diga-se de passagem que a 'única música decente da trilha desse “filme” é de Joy, a evocativa "So Close Yet So Far", onde Elvis tem uma interpretação primorosa. O resto da trilha é horrível. "Hey Little Girl" possui ótimo ritmo, uma das características das músicas de Joy, porém tem uma letra fraquíssima, que se não incomoda, deixando a desejar. Possui rima artificial e um solo de guitarra que envergonharia até o guitarrista do Roberto Carlos. Porém, a introdução de piano tem uma pegada legal e o vocal de Elvis no master está bom. Esses dois takes são bem diferentes do original, devido a entonação de Elvis. Prefiro a usada no master mais forte e vigorosa, dando alguma vida a essa música um pouco apagada, mas que passa longe de ser das piores.

21. EDGE OF REALITY (take 6) - Apesar de ter começado de forma similar a outros anteriores, com Elvis enfrentando problemas em conseguir material de qualidade e encarando uma decaída nunca antes vista em sua carreira em termos de popularidade, 1968 teve um Q a mais. Começando pela vida pessoal de Elvis que foi fortemente alterada, de uma forma positiva, pelo nascimento de sua filha. Marido e agora pai, Elvis estava no auge de sua beleza e forma física aos 33 anos. As costeletas estavam de volta e a organização Elvis Presley finalmente começou a entender que os anos 60 haviam chegado ao fim e que era inevitável fugir deles. O reflexo disso se deu nos próprios filmes, que se não melhoraram a qualidade, pelo menos, passaram a sofrer influências psicodélicas da época. "Change of Habit" (Ele e as Três Noviças) é o maior exemplo. As últimas trilhas melhoraram o nível. E os próprios compositores que antes só escreviam bobagens começaram a se adaptar aos novos tempos. É o caso do trio Giant, Baum e Kaye que foram autores de algumas das piores músicas do século passado. Porém, no fim dos anos 60, a qualidade de seu trabalho foi lançada a níveis extraordinários, como mostra essa canção aqui apresentada do filme "Live a Little Love a Little". "Edge of Reality" é uma música complexa que fala da loucura de um amor arrebatador. Com uma letra não literal, um ritmo denso e inusitado, uma orquestra afinadíssima e Elvis no auge dos vocais, a música se destaca não só na filmografia de Elvis, como também na sua própria carreira, constituindo-se um excelente exemplo de evolução musical com toques nítidos do psicodelismo. Esse take aqui apresentado é quase a cópia do original, o que não diminui a ótima experiência de ouvi-la. Nota dez.

22. BABY I DON'T CARE (take 6) - Única música dos anos 50 presente no CD, "Baby I Don´t Care" é um clássico absoluto do rock dos anos 50, cortesia dos igualmente bons Leiber e Stoller. Gravada em 1957, quando Elvis estava botando fogo na hipócrita América, para o filme "Jailhouse Rock" (O Prisioneiro do Rock) outro clássico absoluto, essa canção foi ofuscada pelo sucesso de da música título. Criminosamente não foi lançada como single, talvez por falta de tempo e abundância de material de qualidade. Possui ótimo ritmo e uma letra bem alegre. O destaque vai para o baixo, tocado pelo próprio Elvis, pela única vez em sua carreira!!! O que ocorreu foi que na sessão de gravação, Bill Black, não acostumado com o baixo elétrico, não estava conseguindo fazer a introdução. Irritado Bill jogou o baixo no chão e se retirou. Elvis, surpreendentemente, em vez de se irritar, apanhou o baixo e o tocou durante a canção inteira. Portanto, o baixo que você escuta no original é de Elvis! Por causa disso, Elvis teve que colocar sua voz posteriormente, na gravação de estúdio. O take apresentado aqui é o do master, porém, só a voz de Elvis, sem o acompanhamento musical. Uma maneira curiosa de encerrar o CD, com uma grande canção.

Recomendo esse CD para todos os amantes de Elvis em Hollywood e para aqueles que querem conhecer algumas gemas ocasionais de sua discografia e algumas podreiras bem desnecessárias. Mas, Elvis em Hollywood é assim, uma montanha russa com curvas que lhe fazem ter vontade de vomitar e outras que lhe dão uma injeção de adrenalina.

Pablo Aluísio e Victor Alves.

6 comentários:

  1. Eu gostei muito dessas analises dessa fase na carreira de Elvis e foi capaz de mostrar os problemas que muitos fãs esquecem ou fingem esquecerem. Eu particularmente gosto muito dessa fase anos 60 do Elvis, é uma faze que mostra um Elvis jovem, moderno e com energia pra dar e vender, diferente do Elvis dos anos 70 que é um Elvis triste, fora de forma, romantico demais e sem energia. Porem sou muito atento aos erros que ele e seu empresario cometeram. Para mim o erro mais grave que Elvis cometeu nessa fase foi parar de fazer turnês e se dedicar exclusivamente aos filmes e a trilhas sonoras, se ele continuasse excursionando e conciliando com o cinema ele poderia ter chegado ao topo do topo deixando os Beatles no chinelo (olha que eu sou muito fã dos garotos de Liverpool), poderia ter feito até uma turne mundial para a alegria dos fãs. Se ele não tivesse se prendido tanto aos filmes poderia ter produzido meteriais de primeira linha iguais ou até melhores do que os dos anos 50 e até filmes melhores e mais elaborados. Essa fase é a minha preferida do Elvis, uma fase que poderia ter sido muito bem aproveitada e explorada, onde ele estava jovem e cheio de energia, pena que o antiquado Col.Tom Parker não tenha visto isso e deixado Elvis se afundar em filmes e musicas abaixo de seu talento. As vezes fico imaginando Elvis fazendo um show em 1965 e uma turnê mundial em 1966 competindo com Beatles e Rolling Stones, enfim, são coisas que vão ficar só no imaginário de um fã.

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  2. Pablo, cuidado com esse Victor meu caro, ele é muito bom e vai tomar seu lugar! Ha, Ha, Ha...

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  3. Rsrsrsrsrs...

    VIctor Alves é um amigo querido, que conheço há bastante tempo, desde os tempos do antigo site. Que bom que gostaram dos textos, novos virão em breve, há muito material a se publicar, continuem acompanhando os blogs. Abraços, Pablo Aluísio.

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  4. É muito bom ler uma crítica honesta e com bom senso, conforme se prontificaram acima. Me considero um "Fanelvis", mas reconheço que existe muita coisa ruim, que se salva apenas pela voz dele que, aliás sempre considerei ser um dos grandes problemas em suas gravações. Com produções capengas, sempre deixaram a equalização dos instrumentos em segundo plano para que o Elvis se sobressaísse, como se ninguém pudesse brilhar ao seu lado, iniciando na fase RCA até seus últimos trabalhos em vida. Acredito que, mesmo uma letra ruim, com a voz dele e um bom instrumental teriam resultados muito melhores. Podemos constatar isso ouvindo alguns remixes soltos na internet.

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  5. Avaliação:
    Produção: ★★★
    Arranjos: ★★★
    Letras: ★★★
    Direção de Arte: ★★★
    Cotação Geral: ★★★
    Nota Geral: 7.8

    Cotações:
    ★★★★★ Excelente
    ★★★★ Muito Bom
    ★★★ Bom
    ★★ Regular
    ★ Ruim

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