Em 1966 Elvis Presley completou dez anos de carreira em Hollywood. Os executivos da MGM então resolveram elaborar um intenso projeto de marketing para celebrar a data com muito material promocional, posters, álbuns, comerciais, folders etc. No centro das comemorações estava a realização de mais um filme de Elvis na produtora: Spinout (Minhas três noivas, no Brasil). As filmagens começaram em fevereiro de 1966 e duraram dois meses. Para contracenar com Elvis foram chamadas três beldades da época: Shelley Fabares (que já havia atuado ao lado de Elvis), Debora Walley (que chegou a ter um casinho com Elvis no set de filmagem) e Diana McBaine. Na direção o "pau-pra-toda-obra" dos estúdios Norman Taurog. Infelizmente os executivos da MGM não quiseram se arriscar e resolveram apostar na velha fórmula dos filmes anteriores de Elvis, que já estavam bastante desgastados pela crítica e até mesmo pelos fãs, que vinham exigindo através do fanzine "Elvis Monthly" mudanças na carreira de Elvis. Ou seja, muitos fãs estavam mais lamentando esse "aniversário" do que comemorando tal data. A falta de inovação da carreira de Elvis o levou a um impasse: ele tinha que mudar o rumo que vinha tomando há tempos ou afundaria de vez e se tornaria apenas uma "lenda viva" sem relevância artística.
Os primeiros sinais já tinham aparecido no ano anterior com as más bilheterias de seus últimos filmes. O público estava cansado dos mesmos roteiros, dos mesmos enredos e o pior de tudo: da má qualidade do material musical apresentado nesses filmes. E Elvis tinha consciência disso, porém preso a muitos contratos cinematográficos desde a primeira metade dos anos 60 o cantor se viu amordaçado não só aos grandes estúdios como também à sua própria gravadora que lançava todas as trilhas sonoras - e que por sua vez também estava presa à obrigações com os estúdios de cinema. Por incrível que isso possa parecer a melhor coisa a acontecer na carreira de Elvis nesse período era um grande fracasso no cinema! E o que todos de certa forma já previam finalmente aconteceu! Spinout foi lançado em novembro de 1966 e afundou nas bilheterias! Nem todo o marketing do mundo o salvou de ser um dos piores fracassos da carreira de Elvis! Até mesmo os fãs resolveram boicotar o lançamento e isso acabou sendo muito bom, pois acendeu de vez a luz vermelha nas organizações Presley - não dava mais para seguir essa velha linha "Trilha / Filme". Para se ter uma ideia do tamanho da bomba, basta afirmar que o filme não conseguiu ficar nem entre os 50 mais vistos do ano (alcançando a 57ª posição).
A trilha sonora, por outro lado, já trazia alguns pontos positivos. Ao contrário do filme, que é destituído de valor artístico, a parte musical de Spinout traz pela primeira vez em muitos anos de trilhas sonoras fracas, uma seleção bastante interessante de momentos e até mesmo algumas músicas excelentes da carreira de Elvis - "Down in the Alley", "I'll Remember You" e "Tomorrow is a long Time" de Bob Dylan. Isso se deveu a um fator que ocorreu nos bastidores da RCA Victor em 1966. Pela primeira vez em bastante tempo Elvis contava com um bom produtor à disposição: Felton Jarvis. Ao contrário de outros produtores, que pouco somavam, Jarvis chegava com muita vontade de mostrar serviço. Os primeiros resultados de seu trabalho saíram justamente nessa trilha sonora, nas canções que entraram como Bonus Song (embora a direção musical das músicas do filme tenham ficado sob o comando de George Stoll, o mesmo produtor de outras trilhas de Elvis como Viva Las Vegas). De qualquer forma, na parte que lhe tocava, Felton Jarvis resolveu embelezar as músicas de Elvis com novos arranjos, acrescentando novos instrumentos e vocalização. Enfim, finalmente havia um sopro de ar fresco pairando dentro dos estúdios da RCA Victor.
Elvis Presley - Spinout (1966)
Stop Look and Listen
Adam and Evil
All That I Am
Never Say Yes
Am I Ready
Beach Shack
Spinout
Smorgasbord
I'll Be Back
Tomorrow Is a Long Time
Down in the Valley
I'll Remember You
Elvis Presley - Spinout (1966): Vocais: Elvis Presley / Guitarra: Scotty Moore / Guitarra: Hilmer J. "Tiny" Timbrell / Guitarra: Tommy Tedesco / Baixo: Bob Moore / Bateria: Murrey "Buddy" Harman / Bateria: D.J. Fontana / Piano: Floyd Cramer / Saxophone: Homer "Boots" Randolph / Backup Vocals: The Jordanaires (Gordon Stoker, Hoyt Hawkins, Neal Matthews e Ray Walker) / Direção Musical: George Stoll / Gravado no Radio Recorders, Hollywood / Data de Gravação: 16 e 17 de março de 196 / Data de Lançamento: outubro de 1966 / Melhor posição nas charts: # 18 (EUA) e # 17 (lançado na Inglaterra com o nome de California Holiday).
Pablo Aluísio - Janeiro de 2005.
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terça-feira, 27 de janeiro de 2009
domingo, 25 de janeiro de 2009
Elvis Presley - Paradise, Hawaiian Style (1966)
Agosto de 1966, o filme "Paradise, Hawaiian Style" (No Paraíso do Havaí, no Brasil) é lançado nos cinemas americanos. O filme foi filmado em locação nas ilhas havaianas de Oahu, Kauai e Mauí. Com direção de D. Michael Moore e produção de Hall Wallis a Paramount tentava repetir o sucesso de Blue Hawaii, lançado cinco anos antes. Porém o tiro saiu pela culatra e os resultados financeiros não atingiram as expectativas. Paradise foi apenas o 40º filme de maior bilheteria do ano, segundo a Variety, um resultado extremamente fraco, ainda mais quando se esperava repetir o imenso sucesso de Blue Hawaii.
Isso sem dúvida refletia todo o desgaste da carreira do cantor em Hollywood. O que escrever sobre "Paradise, Hawaiian Style"? Esse é um material tão inconsistente e falso que fica até difícil começar a apontar seus defeitos. Em primeiro lugar é um projeto que tenta imitar descaradamente Blue Hawaii (Feitiço Havaiano, 1961), aliás com a metade dos dólares gastos no filme anterior (ordens do Coronel). Elvis nem se importou muito em atuar bem e está visivelmente desinteressado e fora de forma. O filme, como muitos outros desse período, foi realizado às pressas para economizar na produção - para se ter uma ideia em pouco mais de 2 semanas todas as cenas de Paradise já estavam prontas e a equipe de filmagem de volta aos Estados Unidos.
O que mais impressiona é saber que houve falhas na produção do filme, pois a Paramount sempre procurava fazer um produto bem feito. Os grandes sucessos de Elvis após voltar do exército tinham sido justamente nesse estúdio, mas infelizmente os dias de Blue Hawaii e G.I. Blues pareciam distantes. "Feitiço Havaiano", por exemplo, foi o maior sucesso da carreira de Elvis nos cinemas durante os anos 60. O coronel Parker sempre achou esse filme de Elvis o "produto perfeito". Então uma sequência (ou quase isso) seria inevitável. Pelo menos era de se esperar que viesse daí algo ao menos bem produzido mas não foi isso que aconteceu pois "No Paraíso do Havaí" passava longe disso se tornando apenas uma tentativa mal feita de repetir todo aquele sucesso. Em tese realmente tudo não passava de uma má ideia pois no final das contas o coronel Parker e a Paramount apenas colocaram Elvis para imitar ele mesmo!
Tudo foi filmado praticamente de primeira, sem ensaio, sem cuidado, sem primor. Nessa época parece que Elvis estava mesmo em uma espécie de coma criativo, engolindo tudo o que lhe era enfiado goela abaixo. Sua incrível intuição artística parecia morta e enterrada e o astro havia se transformado em um mero boneco na mão de diretores, produtores e roteiristas! Mas as más notícias não parariam por aí. Se não bastasse o filme ser extremamente ruim e inconsistente o "Rei" ainda seria jogado em um lamaçal de músicas ruins. "Paradise" é sem sombra de dúvida uma das piores trilhas sonoras de sua carreira (se não for a pior!). A faixa título é muito ruim, com péssima letra (com um verso pra lá de estúpido: "Puxa! Como é bom estar no 50º Estado!")
E a situação só piora a partir daí pois a trilha sonora é uma ladeira abaixo, com canções de mal gosto (Scratch My Back), infantis e maçantes (Datin) constrangedoras (A Dogs Life) e mal produzidas (Stop Where You Are). Nem This Is My Heaven consegue manter a dignidade. A única e honrosa exceção no meio desse pântano de músicas ruins e baratas é mesmo a bela canção Sand Castles. E por incrível que pareça ela foi a única cortada do filme! Como pôde acontecer uma coisa dessas?! Realmente Paradise, Hawaiian Style é impressionante, pois até nisso eles se equivocaram. Não há muito o que comentar nesse momento opaco, depois dessa é melhor esquecer que nosso querido ídolo se envolveu em tamanho abacaxi, literalmente!
Elvis Presley - Paradise, Hawaiian Style (1966)
01. Paradise Hawaiian Style
02. Queenie Wahine's Papaya
03. Scratch My Back
04. Drums Of The Islands
05. Datin'
06. A Dog's Life
07. House Of Sand
08. Stop Where You Are
09. This Is My Heaven
10. Sand Castles
Elvis Presley - Paradise, Hawaiian Style (1966): Elvis Presley (vocal) / Scotty Moore (guitarra) / Barney Kessel (guitarra) / Charlie McCoy (guitarra) / Ray Siegel (baixo) / Keith Mitchell (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Hal Blaine (bateria) / Milton Holland (bateria) / Larry Muhoberac (piano) / Bernal Lewis (steel guitar) / Al Hendricksson (guitarra) / Howard Roberts (guitarra) / Victor Feldman: (bateria) / The Mello Men: Bill Lee, Max Smith, Bill Cole e Gene Merlino (vocais) / The Jordanaires: Gordon Stoker, Hoyt Hawkins, Neal Matthews e Ray Walker (vocais) / Gravado no Radio Recorders, Hollywood, California / Data de gravação: 26 e 27 de julho e 2,3 e 4 de agosto de 1965 / Produzido por Thorne Nogar / Data de lançamento: maio de 1966 / Melhor posição nas charts: #15 (USA) e #7 (UK).
Pablo Aluísio - Julho de 2005.
Isso sem dúvida refletia todo o desgaste da carreira do cantor em Hollywood. O que escrever sobre "Paradise, Hawaiian Style"? Esse é um material tão inconsistente e falso que fica até difícil começar a apontar seus defeitos. Em primeiro lugar é um projeto que tenta imitar descaradamente Blue Hawaii (Feitiço Havaiano, 1961), aliás com a metade dos dólares gastos no filme anterior (ordens do Coronel). Elvis nem se importou muito em atuar bem e está visivelmente desinteressado e fora de forma. O filme, como muitos outros desse período, foi realizado às pressas para economizar na produção - para se ter uma ideia em pouco mais de 2 semanas todas as cenas de Paradise já estavam prontas e a equipe de filmagem de volta aos Estados Unidos.
O que mais impressiona é saber que houve falhas na produção do filme, pois a Paramount sempre procurava fazer um produto bem feito. Os grandes sucessos de Elvis após voltar do exército tinham sido justamente nesse estúdio, mas infelizmente os dias de Blue Hawaii e G.I. Blues pareciam distantes. "Feitiço Havaiano", por exemplo, foi o maior sucesso da carreira de Elvis nos cinemas durante os anos 60. O coronel Parker sempre achou esse filme de Elvis o "produto perfeito". Então uma sequência (ou quase isso) seria inevitável. Pelo menos era de se esperar que viesse daí algo ao menos bem produzido mas não foi isso que aconteceu pois "No Paraíso do Havaí" passava longe disso se tornando apenas uma tentativa mal feita de repetir todo aquele sucesso. Em tese realmente tudo não passava de uma má ideia pois no final das contas o coronel Parker e a Paramount apenas colocaram Elvis para imitar ele mesmo!
Tudo foi filmado praticamente de primeira, sem ensaio, sem cuidado, sem primor. Nessa época parece que Elvis estava mesmo em uma espécie de coma criativo, engolindo tudo o que lhe era enfiado goela abaixo. Sua incrível intuição artística parecia morta e enterrada e o astro havia se transformado em um mero boneco na mão de diretores, produtores e roteiristas! Mas as más notícias não parariam por aí. Se não bastasse o filme ser extremamente ruim e inconsistente o "Rei" ainda seria jogado em um lamaçal de músicas ruins. "Paradise" é sem sombra de dúvida uma das piores trilhas sonoras de sua carreira (se não for a pior!). A faixa título é muito ruim, com péssima letra (com um verso pra lá de estúpido: "Puxa! Como é bom estar no 50º Estado!")
E a situação só piora a partir daí pois a trilha sonora é uma ladeira abaixo, com canções de mal gosto (Scratch My Back), infantis e maçantes (Datin) constrangedoras (A Dogs Life) e mal produzidas (Stop Where You Are). Nem This Is My Heaven consegue manter a dignidade. A única e honrosa exceção no meio desse pântano de músicas ruins e baratas é mesmo a bela canção Sand Castles. E por incrível que pareça ela foi a única cortada do filme! Como pôde acontecer uma coisa dessas?! Realmente Paradise, Hawaiian Style é impressionante, pois até nisso eles se equivocaram. Não há muito o que comentar nesse momento opaco, depois dessa é melhor esquecer que nosso querido ídolo se envolveu em tamanho abacaxi, literalmente!
Elvis Presley - Paradise, Hawaiian Style (1966)
01. Paradise Hawaiian Style
02. Queenie Wahine's Papaya
03. Scratch My Back
04. Drums Of The Islands
05. Datin'
06. A Dog's Life
07. House Of Sand
08. Stop Where You Are
09. This Is My Heaven
10. Sand Castles
Elvis Presley - Paradise, Hawaiian Style (1966): Elvis Presley (vocal) / Scotty Moore (guitarra) / Barney Kessel (guitarra) / Charlie McCoy (guitarra) / Ray Siegel (baixo) / Keith Mitchell (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Hal Blaine (bateria) / Milton Holland (bateria) / Larry Muhoberac (piano) / Bernal Lewis (steel guitar) / Al Hendricksson (guitarra) / Howard Roberts (guitarra) / Victor Feldman: (bateria) / The Mello Men: Bill Lee, Max Smith, Bill Cole e Gene Merlino (vocais) / The Jordanaires: Gordon Stoker, Hoyt Hawkins, Neal Matthews e Ray Walker (vocais) / Gravado no Radio Recorders, Hollywood, California / Data de gravação: 26 e 27 de julho e 2,3 e 4 de agosto de 1965 / Produzido por Thorne Nogar / Data de lançamento: maio de 1966 / Melhor posição nas charts: #15 (USA) e #7 (UK).
Pablo Aluísio - Julho de 2005.
Elvis Presley - Frankie and Johnny (1966)
O primeiro filme de Elvis em 1966, Frankie and Johnny, prometia. Era a refilmagem de um clássico de 1934 estrelado por Helen Morgan e Chester Harris. Havia um novo diretor que nunca antes tinha trabalhado com Elvis, Frederick de Cordova, e um roteiro até interessante escrito por Alex Gattlieb, cujo enredo era baseado na famosa canção do século 19 composta originalmente com o título de Francoise et Jean. Além disso o filme ficou quase um ano em processo de edição e pós produção, o que trazia a esperança de que um produto caprichado sairia daí. O simples fato do filme ser produzido pela United Artists, ao invés da MGM, já era um ponto positivo naquela altura. Então o que deu errado? O fato de ter sido um filme estrelado por Elvis Presley provavelmente deve ter sido o primeiro problema. Depois que Elvis estrelou filmes com produções pobres como Harum Scarum e Kissin Cousins para a MGM, os estúdios não mais se importaram em caprichar nos filmes do cantor. Como a bilheteria era certa, e como os fãs de Elvis pareciam não se importar com a qualidade dos filmes estrelados por ele, os executivos se preocupavam mais em cortar custos e gastar o mínimo possível do que em melhorar os méritos artísticos da película. Isso é bem visível em Frankie and Johnny. A produção deixa muito a desejar, ainda mais quando se trata de um filme de época. Desde os cenários até as ambientações tudo deixa claro que se trata realmente de uma produção B do estúdio. Uma pena.
A trilha sonora não teve destino melhor. Sob a direção musical de Fred Karger (o mesmo produtor de Kissin Cousins e Harum Scarum) o material, que até tinha certo potencial, ficou apenas na promessa. Ao contrário das outras trilhas sonoras de Elvis, que já nasciam com músicas fracas, Frankie and Johnny, até mesmo pela música título, um standard da história da música mundial, poderia ter sido bem melhor aproveitada. Até mesmo o arranjo de metais, que foi tão bem utilizado em trilhas anteriores como King Creole, aqui se perdeu em uma produção sem grande inspiração. Ouvindo a trilha sonora nos dias de hoje percebemos nitidamente a falta que fez uma boa direção musical conduzindo os trabalhos, embora é bom salientar, nem todo o conteúdo do disco seja destituído de valor artístico. Um crítico inclusive se manifestou sobre Frankie and Johnny quando a trilha voltou ao mercado em 1994 na série Double Features: "Existem 5 preciosidades absolutas embutidas na trilha de Frankie and Johnny: a primeira é a faixa título, "Frankie And Johnny", abrasiva com seu som Dixieland. Rodado em New Orleans, é lamentável que as 12 canções deste filme não tenham absorvido mais a cena musical local. Elvis lamenta! Cada verso é construído com intensidade e nos seus escassos 2:23, as numerosas repetições ecoam uma magia mais ampla. Idem para a seguinte, "Come Along", 1:52 de puro prazer. Então, vem o desastre. Será "Petunia, The Gardener's Daughter" a pior música que Elvis já cantou? Provavelmente não, porque ela foi salva pelo balanço de New Orleans. "Chesay" é bem pior e "What Every Woman Lives For" não é apenas terrível, mas francamente insultuosa. Com melancólica misoginia, diz que a mulher é realmente boa se "for para dar seu amor a um homem". "Look Out Broadway" é igualmente ruim. Melosa e maliciosa chega a perguntar: "se ele lhe der um diamante, o que você dará a ele?" Perceba que a voz de Presley era um instrumento tão quente e expressivo, que escutá-la pode ser o jeito de se descobrir sobre como ele se sentia na época, e estas faixas, mesmo ruins como são, para um fanático por Elvis, são fascinantes."
E continua a análise: "Begginer's Luck" é a terceira gema. Lembrando trilhas sonoras melhores como G.I. Blues ou Blue Hawaii, esta terna balada tem fluidez. E algum estúpido decidiu fazer uma marcha, misturando "Down By The Riverside" com "When The Saints Go Marching In" — atirando Elvis numa horrível estrutura rítmica, salva no fim, quando muda para ragtime. "Shout It Out" é um exemplo, de como aqueles lacaios de Hollywood, tentaram substituir seu grito rebelde de rock' n' roll original, por uma batida pegajosa e sem valor, supervalorizando os efeitos percussivos, ainda que Elvis a cante corretamente. Acho que ele sabia, assim como nós, que sempre existirão aquelas poucas gemas, onde valerá a pena enfiar a cara, como na que se segue: "Hard Luck" é um blues pesado, no qual ele se entrega com uma paixão que não se ouve em qualquer lugar. Por fim a trilha de Frankie & Johnny termina numa levada 'para cima' em ritmo de ragtime."
Frankie and Johnny (1966)
01. Frankie And Johnny
02. Come Along
03. Petunia, The Gardeners Daughter
04. Chesay
05. What Every Woman Lives For
06. Look Out, Broadway
07. Beginner's Luck
08. Down By The Riverside/When The Saints Go Marching In
09. Shout It Out
10. Hard Luck
11. Please Don't Stop Loving Me
12. Everybody Come Aboard
Frankie and Johnny (1966): Vocais: Elvis Presley / Guitarra: Scotty Moore / Guitarra: Tiny Timbrell / Guitarra, Harmonica: Charlie McCoy / Baixo: Bob Moore / Bateria: Buddy Harman / Bateria: D.J. Fontana / Piano: Larry Muhoberac / Trumpete: George Worth / Trombone: Richard Noel / Saxophone: Gus Bivona / Tuba: John T. Johnson / Tuba: Robert Corwin / Backup Vocals : The Jordanaires (Gordon Stoker, Hoyt Hawkins, Neal Matthews e Ray Walker) / Backup Vocals: Eileen Wilson / Backup Vocals: Ray Walker / Backup Vocals: Sue Ann Langdon em Frankie and Johnny (versão do filme) / Direção Musical de Fred Karger / Gravado nos estúdios Radio Recorders, Hollywood / Data de Gravação: 12 a 15 e 19 de maio de 1965 / Melhor posição nas charts: # 20 (EUA) e # 11 (UK).
Pablo Aluísio - setembro de 2009.
sábado, 24 de janeiro de 2009
Elvis Presley - Harum Scarum (1965)
Muito provavelmente o mais baixo que Elvis chegou em sua carreira do cinema. Harum Scarum é um filme simplesmente horroroso! Péssima produção, roteiro de quinta categoria, atuações mambembes, tudo de muito mal gosto e feito sem a menor consideração com o espectador. Simplesmente constrangedor. O pior é saber que Elvis acreditou no projeto. Segundo relatos da ex-esposa Priscilla Presley, Elvis ficou empolgado antes das filmagens, pois pensou que seria sua grande chance como ator ao interpretar um papel no estilo do mito do cinema mudo, Rodolfo Valentino!!!
Provavelmente ele não tenha prestado bem a atenção com o que acontecia ao seu redor. Completamente mergulhado em leituras esotéricas e totalmente desinteressado em sua carreira, o Coronel havia assumido totalmente o controle da situação. Para Tom Parker tudo o que importava era o dinheiro e nada mais. Nesses períodos de torpor religioso, Elvis foi completamente manipulado pelo Coronel em seu projetos baratos, econômicos e ruins. Como entender uma figura ícone como Elvis fazendo uns filmes de nível Z como esse? Os produtores abraçaram a ideia de Parker e fizeram uma ode ao trash nos anos 60. Tudo é muito ruim nesse filme, Elvis está apático, o roteiro inexiste e o argumento é pavoroso. Uma tristeza.
A trilha sonora contou com a direção musical da mesma dupla responsável por outra bomba da carreira de Elvis: Kissin Cousins. Fred Karger e Gene Nelson provavelmente causaram mais danos à credibilidade artística de Elvis do que todos os demais produtores de todas as demais trilhas sonoras de Elvis nos anos 60. Aliados ao trio de compositores Giant - Baum - Kaye eles colocaram Elvis para interpretar algumas das músicas mais ridículas de toda a sua carreira.
Como a ordem da produção era economizar ao máximo o filme foi rodado nos antigos cenários do filme mudo Rei dos Reis de 1925 e o figurino foi todo reaproveitado de outro filme da época chamado Kismet (que chegou a ganhar até uma música própria na trilha de Harum Scarum). Para fechar com chave de ouro toda a ruindade da película, Harum Scarum estreou em grande parte dos cinemas americanos em sessão dupla com o pavoroso trash japonês, Gidrah, o Monstro de duas cabeças!
A trilha sonora chegou nas lojas no final de 1965 e até que não fez feio nas paradas, chegando ao Top 10. Obviamente a crítica especializada desceu a lenha no material, merecidamente aliás. Em plena era da Beatlemania e da invasão britânica, onde o mundo da música passava por uma revolução que não se via desde os anos 50, Elvis aparecia com um material totalmente sem importância como esse. Um fato que só podemos lamentar.
Harum Scarum (1965)
01. Harem Holiday
02. My Desert Serenade
03. Go East Young Man
04. Mirage
05. Kismet
06. Shake That Tambourine
07. Hey Little Girl
08. Golden Coins
09. So Close Yet So Far
10. Animal Instinct
11. Wisdom Of The Ages
Elvis Presley - Harum Scarum (1965): Vocais: Elvis Presley / Guitarra: Scotty Moore / Guitarra: Grady Martin / Guitarra: Charlie McCoy / Baixo: Henry Strzelecki / Bateria: D.J. Fontana / Bateria: Kenneth Buttrey / Piano: Floyd Cramer / Tambourine: Hoyt Hawkins / Congas: Gene Nelson / Flauta: Rufus Long / Oboe: Ralph Strobel / Backup Vocals: The Jordanaires (Gordon Stoker, Hoyt Hawkins, Neal Matthews e Ray Walker) / Direção Musical: Fred Karger e Gene Nelson / Gravado no RCA Studio B, Nashville / Data de Gravação: 24 a 26 de fevereiro de 1964 e 9 de março de 1965 / Data de lançamento: Novembro de 1965 / Melhor posição nas charts: # 8 (EUA) e # 11 (UK).
Pablo Aluísio - agosto de 2009.
Elvis Presley - FTD Out in Hollywood
Falar de Elvis em Hollywood é um assunto polêmico. Isso porque tendemos a cair nos extremos. O primeiro é representado pelos fanáticos fãs de Elvis que o achavam um grande ator e são capazes de escutar a trilha de "Paradise Hawaiian Style" trezentas vezes e, mesmo assim, achar todas as músicas boas, divertidas e clássicas. Essa corrente extremista é muito perigosa. São pessoas completamente desprovidas de senso crítico e os principais responsáveis pelo próprio enclausuramento de Elvis em Hollywood. Afinal, "Paradise"... só foi feito porque teve alguém que se deu ao trabalho de assistir a "Harum Scarum", não é mesmo? A outra corrente é igualmente perigosa. É representada por radicais de extrema direita, geralmente com algum conhecimento em cinema, seja ele real ou não. Detestam todos os filmes de Elvis da década de 60 e não encontram nenhuma música decente na trilha sonora.
Ambas as correntes são equivocadas e devem ser evitadas. Toda essa polêmica pode ser evitada utilizando-se de duas palavras mágicas: "bom senso". Iniciaremos nosso texto no ponto onde tudo começou. E esse lugar temporal é o ano de 1956. Elvis Presley estava sacudindo o mundo com uma música nova, revolucionária e alegre que varreu os quatro cantos do mundo e deu origem ao maior movimento de mudanças musicais já registrado. Sua repercussão se deu em todos os setores da sociedade, passando pelo vestuário, costumes, gírias, cinema e até a política. No auge de seu sucesso, com o mundo nas mãos, Elvis foi atrás de realizar o seu maior sonho: ser um grande ator. Não fazia muitos anos desde que ele, à época um pobre menino sulista, trabalhava de lanterninha nos cinemas locais, só para poder assistir aos filmes de graça, pois não tinha dinheiro para comprar a entrada. Agora, com 21 anos Elvis era o maior nome da música mundial e Hollywood continuava sendo a sua grande menina dos olhos. Com um visual e sex appeal arrebatador, Elvis logo conseguiu sua grande chance de estrear nas grandes telas com o filme "Love Me Tender" (Ama-me Com Ternura). A atuação de Elvis é claramente de um estreante, porém, surpreendentemente esforçada.
A princípio Elvis não queria misturar cinema com música, porém, Hollywood não pensava o mesmo, afinal, não fazia sentido fazer um filme com o cantor mais famoso do mundo sem fazê-lo cantar nenhuma música. O resultado foi quatro canções incluídas, dentre as quais a lendária "Love Me Tender". Mas aqui, em um filme simples, com atuações boas, e uma história razoável encontra-se um dos primeiros problemas dos filmes de Elvis: a plateia não queria saber o que Elvis fazia no filme, só queria vê-lo, de preferência cantando alguma coisa. Qualquer coisa. O hino americano, uma marchinha, ciranda cirandinha, qualquer coisa. Porém, a princípio isso não foi problema e os quatro primeiros filmes de Elvis são de uma qualidade muito boa, destacadamente "Jailhouse Rock" (O Prisioneiro do Rock) e "King Creole" (Balada Sangrenta). Qualquer crítico de cinema especializado que negar a boa atuação de Elvis nesses dois filmes deveria se aposentar imediatamente. Elvis faz papéis fortes de caras maus e durões, que estão dispostos a arriscar tudo para conseguirem o que querem. Além de roteiros fortes, um excelente elenco de apoio, atuação primorosa de Elvis, músicas simplesmente maravilhosas e sequências antológicas, os filmes de Elvis da década de 50 não só marcaram época, como também são considerados verdadeiros clássicos atualmente. Quando Elvis acabou as filmagens de "King Creole" duas coisas estavam bem claras: Elvis ainda tinha um grande caminho a percorrer e muito que desenvolver-se como ator.
O segundo fato notável era de que Elvis estava em franca expansão como ator. Provavelmente, mais 3 ou 4 filmes do nível de "King Creole" o teriam elevado à categoria de ator de primeiro escala. Isso nos leva à pergunta mais óbvia: Era Elvis um bom ator? Nunca saberemos. Ele teve o seu processo de desenvolvimento barrado no início da década de 60. Porém, uma coisa ninguém duvida: Elvis tinha potencial. 1958 marcou a ida de Elvis para o exército e talvez a maior guinada de sua carreira. Coincidentemente, no mesmo ano, Elvis perdeu sua mãe. Essa perda, juntamente com a instantânea retirada de Elvis de sua realidade dos holofotes do mundo, empreenderam mudanças nele. Em um show de 69 ele mesmo afirmou que a sensação que sentiu foi de que estava tudo acabado. Uma hora ele tinha tudo e na outra sua carreira artística simplesmente desapareceu. Quando Elvis voltou do exército ele voltou uma pessoa mais madura, mas ao mesmo tempo mais triste e principalmente desorientada. O próprio Elvis tomou consciência que tinha mudado. Consciência que seus fãs nunca tiveram. Não que isso fosse uma coisa ruim. Pelo contrário. As músicas iniciais de Elvis da década são ainda muito poderosas, clássicas e alegres. São uma espécie de continuação da década de 50, não tão cruas, mais lapidadas, porém, bem menos inocentes e mais contidas. Elvis já havia estado no limite e isso o trouxe problemas, por que ir lá de novo?! Elvis agora era mais controlado. Um bom moço, sem dúvida. Essa nova estratégia foi, é verdade, intencionada e planejada pelo Coronel Parker, mas será que Elvis queria mesmo ser aquele jovem da década de 50? O Elvis de 1960 queria ser um prolongamento do de 1958? Certamente não. Por isso Elvis tomou uma decisão radical: rompeu com os anos 50. Claro que esse rompimento tomou proporções ridículas na década de 70, mas teve seu início em 1960 quando Elvis voltou do exército. A década de 50, definitivamente a melhor de sua vida, agora lhe trazia lembranças de sua mãe e de uma época repleta de vitórias e alegrias.
Agora, depois de sua volta do exército, uma nova realidade surgiu. Mudanças também. E se tinha uma pessoa que era péssima em enfrentar mudanças essa pessoa era Elvis. Mudanças e pessoas. Essa fuga eterna de Elvis de conflitos, sejam eles artísticos ou pessoais, afundou seu casamento, arruinou preciosos anos de sua carreira e em última instância o levou à morte. E foi exatamente essa negação de nova realidade que fez Elvis fazer um filme ruim atrás do outro. O que nos leva ao início do problema: um filme chamado "G.I Blues" (Saudades de um Pracinha). Não me entendam mal. O filme não é ruim, porém, passa longe de ser bom, e sua qualidade comparada com seus antecessores é sofrível. Mas, surpreendentemente, sua trilha sonora chegou ao primeiro lugar nas paradas e lá ficou por dez semanas!!! Vejam, aqui está um filme regular, com algumas músicas boas e a maioria apenas mediana. O próprio Elvis não gostou do filme. E o resultado foi esplêndido. Parte do faturamento veio do fato dos fãs estarem há dois anos desejando material cinematográfico do cantor.
Provavelmente, se Elvis estrelasse um documentário sobre a vida do bicho preguiça, ele seria um sucesso. Conclusão tirada pelos lacaios de Hollywood e o raposa Parker: Elvis precisa aparecer em filmes leves. A lógica cinemtográfica de Elvis estabeleceria mais uma nova conclusão com a filmagem de "Flaming Star" (Estrela de Fogo). O filme é bem acima da média, com grandes atores e um excelente diretor, além de uma convincente atuação de Elvis. Um novo detalhe na indústria Presley surgiu: o filme conteria poucas canções. Na verdade apenas 4, o mesmo número de seu filme inicial "Love Me Tender". Porém, pela primeira vez em um filme de Elvis as canções baixaram muito o nível. Apenas "Summer Kisses, Winter Tears", que acabou sendo cortada, tem algum mérito. "Flaming Star" é muito sem sal e "Britches" e "A Cane and High Starched Collar", incluída no filme em uma seqüência totalmente desnecessária, são do nível de pérolas trash futuras como "He´s Your Uncle Not Your Dad". E o ritmo... Meu Deus que country capenga e de mau gosto. Aliás, country nada, é sem classificação essas duas porcarias, que são de longe, as primeiras músicas realmente péssimas da discografia de Elvis. "G.I Blues", com uma história meio boboca e muitas canções foi um sucesso financeiro e "Flaming Star", sem quase nenhuma música com boa atuação de Elvis e roteiro forte, apesar de ter agradado a críticos, foi um relativo fracasso.
Conclusão dois: Elvis teria que estrelar filmes leves sem grandes pretensões cinematográficas. Nada de metê-lo em filmes sérios e sem canções. Financeiramente não compensava. O filme seguinte de Elvis foi "Wild In The Country" (Coração Rebelde) onde foi praticamente boicotado pelo raposa Parker e os estúdios. O que poderia ter sido um ótimo filme tornou-se uma película confusa, com atuações estranhas por parte de todo o elenco. Foi a última vez que Elvis seria levado à sério em Hollywood. "Blue Hawaii" (Feitiço Havaiano) veio em seguida e sepultou de uma vez por todas as pretensões de Elvis em ser um grande ator. Ele passaria os sete anos seguintes, metido em filmes com dezenas de garotas, cenários deslumbrantes, roteiros capengas e muitas músicas ruins. Os anos 60 chegaram e com eles mudanças musicais profundas se operaram. Os Beatles e outros roubaram a cena e elevaram o rock à categoria de arte, de uma forma nunca imaginada. Mas Elvis se recolheu em seu canto e só retornaria com força total sob a orientação de Steven Binder em uma noite de junho de 1968.
Muito se especula de quem seja a culpa desse verdadeiro desastre na carreira de Elvis chamado Hollywood. Tem-se que culpar o Coronel, que nunca viu a música de Elvis como arte, por ter transformado a carreira de Elvis em um circo, em troca de alguns trocados. Os estúdios da época e seus chefões por terem destruído uma das mais promissoras carreiras cinematográficas que poderia ter existido. O público que pagou para ver "Blue Hawaii" e derivados, se deliciando em ver Elvis cantando para crianças pentelhas, garotas bonitas, animais e às vezes até para os próprios caras em quem batia, como ele mesmo enfatizou. E o próprio Elvis que nunca superou seu medo de confrontação pessoal, além de nunca aceitar o fato de que ele é quem deveria ter pulso em sua carreira. Sem contar que Elvis nunca entendeu que em Hollywood para conseguir bons papéis é preciso muito esforço e dedicação, além de uma certa dose de exigência.
A FTD fez um grande trabalho em garimpar o que há de menos doloroso nesses anos sombrios. Não que músicas boas não tenham sido feitas, porém, é fato que elas foram exceção. O CD não tem nenhuma canção realmente medíocre, apenas algumas não tão boas como "This Is My Heaven". Porém, aqui você vai encontrar verdadeiras pérolas perdidas, como "Lonely Man", "Puppet On A String" e "King Of The Whole Wide World". Claro, não é indicado para todo mundo, mas para aqueles que desejam entender mais um pouco do processo que levou um dos maiores artistas do século passado a sofrer tamanha humilhação durante tanto tempo. Talvez a resposta esteja naquele ditado: quem muito se abaixa mostra os fundos. Aqui estão as músicas do cd Out In Hollywood analisadas uma por uma:
01. MEXICO (take 7) - O CD tem início com essa musiquinha do filme "Fun in Acapulco" (O Seresteiro de Acapulco) de 1963. Por essa época a qualidade dos filmes iria começar a baixar e Elvis não iria fazer uma sessão decente até a gravação do excelente "How Great Thou Art" em 1966, uns três anos depois. 1963 marcou também como o primeiro ano de Elvis sem um primeiro lugar nas paradas, e o preparativo da invasão britânica que iria tomar forças de vendaval no ano seguinte. O filme em si não é dos piores, com uma ótima leading lady, a deliciosa bond girl Ursulla Andress, e uma cena antológica em que Elvis “pula” de um penhasco. O pula está entre aspas porque a cena, claro, foi feita por um dublê. Aliás, apesar de se passar teoricamente no México, Elvis nunca saiu dos EUA para filmar nada, o que gerou rumores de que Elvis era preconceituoso contra os latinos. Nada mais longe da verdade. Elvis mal sabia o que era um latino!!! O real motivo de ele não ter viajado foi, além de baratear o custo, o mesmo motivo que o levou a nunca se apresentar fora dos Estados Unidos: a situação ilegal em que seu empresário Coronel Tom “Raposa” Parker se encontrava, visto que ele era um imigrante holandês. A trilha sonora tem, em sua predominância, músicas imitando sons latinos. E eu enfatizo o "imitando". Canções como "The Bullfighter Was a Lady" soam tão artificiais como corante de framboesa. Aliás, será que no México existem touradas??? Hum... pensei que era na Espanha. Mas tudo bem, para todo bom americano latino é a mesma coisa, e esse grande lapso ficou bem exposto no filme. Mas, Elvis não teve culpa de nada disso. O descrédito fica com os escritores. A trilha tem bons momentos como a ótima "Bossa Nova Baby", medianas como "You Can´t Say No in Acapulco" e a desastrosa "There´s no Room to Rhumba in a Sports Car"!!! Acreditem esse é o título da música. "Mexico" fica no meio termo. É bem instrumentada e tem uma melodia agradável. O problema é que no filme ela é apresentada em um dueto com um moleque pentelho, o que a estraga severamente. Nesse take Elvis canta as partes do garoto, o que a torna bastante melhor. Na verdade, não querendo se arriscar em lançar um dueto tosco de Elvis, a gravadora retirou os vocais da criança, o que deixou a música na versão oficial péssima, com verdadeiros rombos em todo o seu decorrer. Essa versão é muito melhor. Agora convenhamos, a ideia de se colocar Elvis, o Rei do Rock, cantando sobre senhoritas com um pivete em uma bicicleta, em uma música que mistura o inglês com o espanhol não é das melhores.
02. CROSS MY HEART AND HOPE TO DIE (take 6) - Vou direto ao ponto: "Girl Happy" (Louco Por Garotas) é um dos meus filmes favoritos de Elvis. Calma, antes de criticar a minha pessoa deixe-me explicar. Sei que a trilha possui músicas fracas como "Wolf Call" e a horrenda "Fort Lauderdale Chamber of Commerce". Sei que a voz de Elvis não estava lá essas coisas nesse ano e sua paciência nas gravações dessa trilha pela primeira vez em toda sua carreira foi embora. Seu tédio é notável no filme e nas músicas. Também é de meu conhecimento que o filme é um "beach movie" dos mais bobos, inocentes e superficiais. E como esquecer das ridículas cenas de Elvis fingindo tocar baixo, fingindo estar tocando violão quando o som que sai é de uma guitarra, ou então quando ele está tomando sol com blusa de botão azul e uma calça preta e sapatos sociais, como se fosse para uma festa de gala?! Esse são alguns dos defeitos mais graves e toscos do filme. Mas não ligo. O filme é um senhor trash, porém, super simpático. O roteiro é divertido, possui cenas engraçadas (a parte em que Elvis se veste de mulher e ainda continua com seu topete é muito surreal e ridiculamente engraçada), tiradas hilárias e um clima tão alto astral que fica difícil não se tornar um idiota completamente sem senso crítico ao assistir o longa. Claro também que enquanto Elvis estava fazendo podreiras divertidas como essa a cena musical pegava fogo. Mas vamos aos fatos, "Girl Happy" passa a léguas da ruindade de "Harum Scarum" (Feriado no Harém), da apatia de "Clambake" (O Barco do Amor) ou do absurdo de "Kissin Cousins" (Com Caipira Não se Brinca). O filme é bom? De jeito nenhum, na verdade para quem não é fã de Elvis fica difícil engolir um longa tão bobinho e mal feito. Porém, para quem quer se divertir com besteiras sessentistas completamente fora da nossa realidade essa é uma boa pedida. "Cross My Heart and Hope to Die" vem desse filme. É uma música mediana que não incomoda, porém, fica empalidecida se comparada com clássicos do cantor. É um pop típico dos filmes de Elvis na época, com um ótimo riff de baixo. Esse take é quase igual ao master, com exceção de um erro de ritmo da banda no fim da música, que a acelera na hora errada. Tranquila, agradável e inofensiva, porém, com um leve toque sexy, "Cross My Heart" não se destaca na trilha, mas é uma boa pedida no mar de porcarias que Elvis estava cantando na época.
03. WILD IN THE COUNTRY (take 11) - Quando foi filmar "Wild In The Country" (Coração Rebelde), em novembro de 1960, Elvis estava em um excelente momento em sua carreira. "Are You Lonesome Tonight" iria logo entrar para as paradas e se tornar a terceira música de Elvis a alcançar o primeiro lugar no ano. "G.I Blues" (Saudades de um Pracinha) havia sido um sucesso estrondoso e "Flaming Star" (Estrela de Fogo) era um ótimo filme que deu a oportunidade para Elvis de mostrar seu talento como ator. E ele acabara de sair de uma triunfante sessão de gravação que produzira seu primeiro e excepcional álbum gospel "His Hand in Mine". Definitivamente, as coisas estavam indo bem. O roteiro original de "Wild In The Country" era bom e o filme não era para conter canções. Porém, alguém deu um jeito de inserir três músicas no filme: "Wild In The Country", a bela "In My Way" e a divertida "I Slipped I Stumbled I Fell". Apesar de não produzir nenhum hit, a trilha de "Wild In The Country" era uniformemente boa, bem intimista, talvez refletindo o filme e as canções nele postas não prejudicaram o resultado. O roteiro inicial era bem dramático, porém, o Coronel resolveu fazer algumas mudanças e suavizar a coisa ao máximo. Para completar ocorreu um grave problema com a cena final. O final era dramático com a personagem principal feminina, interpretada pela belíssima Hope Lange morrendo. Aqui entra outro problema do filme. Após um mostra inicial ocorreu uma reação negativa da plateia com a cena que teve que ser refilmada com Hope sobrevivendo. Resumindo: avacalharam um bom roteiro em potencial e o que era bom virou um dos mais confusos filmes de Elvis que não possuía clímax, com uma história estagnada e embaralhada, com vários bons personagens nunca desenvolvidos. A interpretação de Elvis está ok. Ele poderia ter dado um tom menos educado e mais sombrio ao personagem. Esse na verdade era o erro onde a Elvis Presley Industries estava começando a pecar. Tudo estava muito suave, muito família. O personagem de Elvis era bem mais complexo do que o que o filme mostra. "Wild In The Country" foi a última oportunidade dada a Elvis de provar que era um bom ator. Mas o Elvis falhou. O Coronel falhou. Os roteiristas falharam. E principalmente a platéia falhou, desprestigiando esse pequeno esforço cinematográfico e o preterindo no lugar de "Blue Hawaii", filme responsável pela nova prisão de Elvis Hollywood. Mas a trilha, como disse, é boa, sendo a canção tema, sem dúvida, o destaque. A leve guitarra elétrica tocada no dedilhado é lindíssima e a letra bastante singela. Uma pequena homenagem a raízes humildes, na verdade. O primeiro take dessa música é curioso, tendo seu arranjo bem mais complexo e Elvis tentando subir uma oitava acima, O resultado foi ruim e o arranjo pomposo foi abandonado. Elvis também se manteve na sua oitava. Esse take é bem próximo ao original com apenas algumas quase imperceptíveis mudanças na guitarra.
04. ADAM AND EVIL (take 16) - O ano de 1966 veio e com ele o ultimato do mundo da música de que as transformações ocorridas nos últimos anos não só haviam modificado tudo, como tinham vindo para ficar. E não por coincidência os anos de 1964 e 1965 foram abissais para Elvis em termos de queda da qualidade de material. A coisa iria piorar e muito. Percebendo as mudanças no mercado e vendo a queda nas vendas ter início, os produtores de Elvis tentaram fazer algumas mudanças no próximo filme do cantor. A começar pela trilha que deveria conter mais rocks, em vez de cânticos árabes, músicas dos anos 20 ou temas havaianos pra lá de bregas. Apesar de realmente ser um pouco superior a outras trilhas "Spinout" (Minhas Três Noivas) oscila entre o muito bom ("Am I Ready" e "I´ll Be Back"), o apenas mediano ("Stop Look And Listen") e o trash total (a horrorosa e mortífera "Beach Shack"). "Adam and Evil" fica no intermediário. Esse rock bastante peculiar segue a cartilha de tentar balançar a trilha de Elvis tentando reviver glórias passadas. A música em si não é ruim, tem um ótimo ritmo, uma boa pegada de bateria e uma letra curiosa. Mas é só. Não entra na categoria das melhores músicas de Elvis, apesar de passar longe de incomodar. O interessante sobre essa música é que ela foi a mais trabalhosa da sessão. O take aqui presente é o primeiro completo em muito, simplesmente porque Elvis não conseguia achar o tom certo na parte em que canta o verso “ but you´re the devil I don´t want to live without”. Ele mesmo comenta no estúdio essa ser a nota mais difícil de sua vida inteira!!! O CD "Spin in Spinout" mostra a crescente dificuldade de Elvis na música take após take. Até que enfim ele acerta na 16ª tentativa... que ainda não é o master que viria na tentativa de número vinte!!! Aqui os produtores da "Follow That Dream" botaram trechos de várias músicas cantaroladas por Elvis na sessão como "Flowers on the Wall" (presente no filme "Pulp Fiction"). O Coronel tentou promover o filme como o triunfal aniversário de 10 anos de Elvis no cinema, porém os próprios fãs, sabendo da necessidade de mudanças boicotaram a produção que se tornou o maior fracasso de bilheteria de Elvis em Hollywood. Uma pena, pois o filme não é dos piores. Esse boicote deveria ter ido para algo como "Kissin Cousins" ou "Paradise Hawaiian Style".
05. LONELY MAN (take 4) - Delicada, bela e melancólica são alguns dos adjetivos que podem ser empregados para essa belezura gravada para o filme "Wild In The Country" (Coração Rebelde). "Lonely Man" reflete bem toda a atmosfera intimista do filme e fala de um homem totalmente desiludido, extremamente machucado pela vida e não mais desejoso de viver. O homem da canção é posto como se fosse um andarilho que “vai de cidade em cidade procurando algo que não consegue encontrar”. A sensação de auto abandono e falta de esperança é extremamente latente durante toda a canção e culmina no final quando é revelado que o homem é o próprio narrador da música. Definitivamente, uma das mais melancólicas gravações da carreira de Elvis, melancolia esta acentuada por um estranho acordeão. Se você nunca percebeu nada disso que eu falei sobre a música, não se preocupe. A interpretação de Elvis é tão suave e singela, que todo esse sofrimento e sua real essência são bastante atenuados, ficando quase imperceptíveis. Ganhou uma versão ainda mais triste, só com o violão, porém, nunca lançada. Foi cortada do filme injustamente e lançada como single, lado B da ótima "I Fell So Bad", alcançando a razoável 32ª posição. Os fãs estranharam essa alien no mundo de Elvis da época.
06. THANKS TO THE ROLLING SEA (take 3) - Se você quiser procurar músicas com temas estranhos é só checar as trilhas de Elvis. Você verá música sobre animais ("A Dog´s Life", "Dominic"), temas árabes ("Golden Coins", "Mirage"), temas mexicanos ("Guadalajara" e "Vino Dinero Y Amor"), músicas para crianças ("Cotton Candy Land", "Confidence", "Five Sleepyhead") entre outras bizarrices. Essa música é quase um canto de idolatração ao mar!!! Ao mar!!! Mas vamos por partes, a canção tem um ótimo ritmo, Elvis está cantando muito bem, diga-se de passagem, e se eu fosse um pescador adoraria cantarolá-la em minhas pescarias matinais ou noturnas. Mas meu povo, vamos aos fatos, quem está cantando é Elvis Presley, o cara que praticamente inventou a música moderna. Quem em sua sã consciência iria fazer isso com um cantor de tal porte?! Como disse, a música não é de todo ruim, mas o tema é que me desagrada bastante. Foi gravada para o ridículo "Girls! Girls! Girls!" Em uma cena igualmente estúpida com Elvis pescando peixe e cantando essa baboseira para os seus amigos pescadores. Um desperdício.
07. WHERE DO YOU COME FROM (take 13) - A trilha de "Girls! Girls! Girls!" (Garotas, Garotas, Garotas) é uma montanha russa com absolutos clássicos ("Return to Sender"), músicas alegres e ritmadas (a ótima tema e a irônica "I Don´t Want to be Tied"), músicas com temas ridículos e de péssimo gosto ("Song of the Shrimp", "The Walls Have Ears") e bonitas baladas, como a ótima "Because of Love" e essa aqui. "Where do You Come From" é a típica canção mediana de Elvis. Possui uma melodia bonita, mas que ao mesmo tempo não consegue transmitir um pingo de sinceridade, parecendo muito forjada. Possui uma letra bonitinha, mas cuja simplicidade aqui não contribui em nada para a canção. Resumindo, música de laboratório, feita para preencher lugares vazios do álbum, mas que não chega a incomodar. Agora vejam vocês que entre tantas músicas legais da trilha como as acima citadas para fazer par com a excelente "Return to Sender", no single promocional, adivinhem qual a RCA escolheu? Dou um passe de 10 anos sem assistir "Kissin Cousins" para o ganhador! Ah, acertou quem falou "Where do You Come From". Fraquíssima, até para um lado B, a música conseguiu a ridícula 99ª posição nas paradas, a pior de Elvis, até então. Esse take é até melhor que o original com Elvis mais seguro com a canção.
08. KING OF THE WHOLE WIDE WORLD (take 3) - Gravada para o filme "Kid Galahad" (Talhado Para Campeão), "King Of The Whole Wide World" é uma daquelas músicas que faz você se orgulhar de ser fã de Elvis. Alegre, frenética, com uma letra simples, porém, extremamente pra cima, vocais de Elvis extremamente inspirados e a banda afinadíssima, "King Of The Whole Wide World" é um dos mais perfeitos exemplos das músicas ao estilo “levanta defunto” pelas quais Elvis sempre vai ser lembrado. A letra não poderia ser mais verdadeira, afirmando que quem é rico nunca se contenta com sua riqueza por maior que ela seja e quem é pobre sempre leva uma vida mais simples. Destaque absoluto para a voz de Elvis que lembra muito as loucas músicas dos anos 50 e para o excepcional Boots Randolph destruindo no sax, em um de seus melhores solos. Com certeza um das melhores músicas de toda a carreira de Elvis, e ainda um tesouro escondido. Talvez não tenha feito muito sucesso pela péssima promoção pessoal da RCA que a lançou em um EP, alcançando a apenas razoável 30ª posição, em 1962, quando Elvis estava começando a ter alguns de seus compactos passando despercebidos pela mídia. A única crítica vai para a ridícula cena em que ela é cantada no filme, com Elvis na traseira de um caminhão. Mas isso não a estragou. Teve uma versão um pouco menos ritmada tentada por mais de 30 takes. O take aqui apresentado é o antecessor do master da segunda versão, e só é diferente no solo de Boots Randolph, um pouco inseguro ainda, mas não menos genial. Para mostrar para fãs bobões dos Beatles, sem dúvida.
09. LITTLE EGYPT (take 21) - Se teve um ano que fez diferença na carreira de Elvis foi o ano de 1964. De forma negativa, infelizmente. A qualidade do material gravado diminuiu consideravelmente e os filmes de Elvis passaram a usar e abusar de sua fórmula. Para completar a América começava a pegar fogo com o início da Guerra do Vietnã e as consequências práticas do assassinato de Kennedy. Os protestos por mudanças sociais feito pelos negros e outras minorias se intensificou. A América começou a virar gente grande. No cenário musical é que a coisa deu uma reviravolta. A juventude americana, até então desamparada com o rock, se apegou a uma nova força musical que aportou nos EUA em fevereiro: os Beatles, que começaram a maior revolução musical desde Elvis, quebrando recorde por cima de recorde. A RCA entrou em verdadeiro desespero. Se as músicas de Elvis não mais chegavam ao número 1 em 1963, agora elas não entrariam nem no top 10. A gravadora apelou para uma política de quantidade, sem nenhum critério de qualidade ou ordem lógica, no que diz respeito aos singles. Tanto é que no ano de 1964, foram lançados singles com músicas de filmes de Elvis, restos dos anos 50 e singles promocionais do álbum "Elvis is Back" e "Pot Luck", sendo o primeiro de quatro anos antes!!! Alguns conseguiram chegar ao top 20, porém, músicas como "Kiss Me Quick" afundaram na 34ª posição e os lados B de Elvis passaram a ter dificuldades de entrar no HOT 100. As paradas musicais tiveram uma reviravolta muito violenta com os Beatles massacrando todos os seus oponentes. O que 1956 foi para Elvis, 1964 foi para os Beatles, em escalas bastante semelhantes. Os filmes de Elvis, ao contrário e não merecidamente, continuavam a lucrar. Na verdade foi em 64 que Elvis obteve seu maior êxito comercial nos cinemas, com o ótimo "Viva Las Vegas" (Amor à Toda Velocidade). Para piorar as coisas, naquele mesmo ano Elvis leu, com profunda chateação, uma notícia em um jornal afirmando que os seus filmes, de baixo custo e alta rentabilidade estavam patrocinado filmes de grande porte dos estúdios!!! Foi nesse clima caótico, em meio a mudanças musicais que Elvis entrou em março de 1964 pra filmar "Rostabout" (O Carrossel de Emoções). O filme em si é bem legal e a trilha é junto com a de Viva Las Vegas a melhor da década de 60. Surpreendentemente, livre de chatices (com exceção da horrorosa "Carny Town" e umas duas outras musiquinhas fracas) o álbum possuía boas baladas como a lindíssima "Big Love, Big Heartache" e "It´s a Wonderful World" (única música de Elvis que chegou perto de ser indicada ao Oscar), divertidos rocks como a agitada "Hard Knocks" e a otimista "There´s a Brand New Day On the Horizon", além da diferente e ótima "One Track Heart". Na Inglaterra, já completamente tomada pela beatlemania, a trilha alcançou a baixa, para a época, 12ª posição. Porém, nos EUA a trilha surpreendeu e alcançou o primeiro lugar em pleno domínio dos Beatles!!! O último primeiro lugar de um álbum de Elvis até 1973 quanto voltaria ao topo com "Aloha From Hawaii". "Little Egypt" é outra grande canção desse filme. Cortesia da dupla dinâmica Leiber / Stoller, que escreveram grandes clássicos do rock para Elvis na década de 50. A canção é acima da média para uma trilha de Elvis e conta a história verídica de uma dançarina bastante famosa do século retrasado. Acontece que uma outra dançarina com homônima tentou processar Elvis por estar usando o seu nome, porém, ela perdeu a causa. Elvis, apesar de involuntariamente ter rompido com a dupla de compositores gravaria algumas de suas músicas no decorrer de sua carreira como essa, tendo sido "Bossa Nova Baby" a que se deu melhor, ao ser, em 1963, um top 10 americano. Bem ritmada, com uma ótima letra, "Little Egypt" merecia um lançamento em single que nunca ocorreu, devido ao sucesso da trilha!!! Vai entender a RCA! Obteve uma explosiva mini versão para o especial de 1968. Esse take é bem diferente do oficial, mais compassado e um pouco mais rápido.
10. WONDERFUL WORLD (take 7) - O ano de 1968 viria a ser um dos mais marcantes da carreira de Elvis e oficializaria sua volta à cena musical. Porém, o ano começou meio que no desespero, com a indústria Elvis Presley no fundo dos fundos. Lançamentos superiores como "Guitar Man" e "Big Boos Man" mostraram que nem músicas boas estavam se dando bem nas paradas. As últimas sessões em Nashville na década provaram ser um fracasso, com Elvis completando apenas 2 músicas, em vez de o álbum pretendido. "Stay Away Joe" (Joe é Muito Vivo) provaria ser um grande fracasso de bilheteria e a trilha de "Speedway" (O Bacana do Volante) naufragaria em ambos os lados do atlântico. Se artisticamente as coisas iam de mal a pior, pessoalmente Elvis estava muito bem. Casado no ano anterior, Elvis se tornou pai em fevereiro pela primeira vez. Foi nesse contexto misto que Elvis entrou no set de seu novo filme "Live a Little, Love a Little" (Viva Um Pouquinho, Ame um Pouquinho) em março de 1968. Particularmente acho o filme muito estranho. Não diria que ele é de todo ruim, pois foi o filme que claramente rompeu com a fórmula de filmes de Elvis nos anos 60, cujo último representante foi "Speedway" (O Bacana do Volante). Seu antecessor, "Stay Away Joe" (Joe é Muito Vivo) havia sido uma clara mudança na carreira cinematográfica de Elvis. Por pior que seja, temos que lhe dar crédito por mostrar algo diferente, como Elvis galinhando o tempo todo no filme, ao contrário do galante romântico dos anteriores que por mais garotas que pegasse sempre era comportado. O sexo está bem implícito e o clima por mais country que seja, tem um ar de anos 60 sujo. "Live a Little, Love a Little" consolida essa tendência, e é de longe um dos filmes mais adultos de Elvis, onde ele xinga, transa com a sua parceira (fato que não acontecia antes) e onde o filme inteiro Elvis exala um ar maduro e adulto, nunca visto em sua carreira. Era a atmosfera do especial de 1968 pairando no ar. Fora que Elvis estava mais bonitão e mais em forma do que nunca. Porém, o potencial do filme é destruído por um roteiro fraco e extremamente bizarro e surreal, com passagens bem confusas. Mas o forte do filme é sua trilha sonora. Apenas 4 canções foram incluídas e todas de nível muito bom. É o único filme de Elvis da década de 60 que possui uma trilha 100%. "Wonderful World" é a mais fraquinha delas, porém não deixa nada a desejar. Uma espécie de prima pobre de "What a Wonderful World", essa canção clama por uma observação mais acurada de nossa parte, para chegarmos à conclusão de que vivemos em um mundo maravilhoso. Com uma bonita letra e uma melodia extremamente desenvolta, a canção é beneficiada de vocais inspirados de Elvis que no ano de 68 parecia transformar em ouro tudo que tocava. Porém, "What a Wonderful World" era inocente demais para sua época, os amargos e violentos anos 60, e talvez por esse motivo tenha caído no esquecimento. O take aqui apresentado é muito similar ao original. Um curioso momento do CD.
11. THIS IS MY HEAVEN (take 4) - Parece que o encontro de Elvis com os Beatles em 27 de agosto de 1965 não lhe gerou muita fonte de inspiração. Do contrário ele não teria entrado no set de filmagem dois dias depois para afundar sua carreira em níveis assombrosos ao atuar no PÉÉÉÉSSIMO "Paradise Hawaiian Style". Enfatizei o "péssimo", pois além do filme ser muito ruim, me recuso a acreditar que algum ser humano que se preze neste planeta se digne a ouvir esse material e o ache pelo menos atrativo. Com exceção de "Sand Castles", a trilha é pura música trash, uma atrás da outra. Ao contrário de outras trilhas que possuem duas ou três músicas interessantes, esse disco é um desperdício total e definitivamente Elvis nunca esteve tão longe da Sun Records como aqui. O revolucionário da década de 50 que 10 anos antes cantava propostas sensuais de sexo rápido como "Baby Let´s Play House", agora era obrigado a cantar sobre uma vendedora de mamão! Acima do peso, totalmente no piloto automático e contando com um dos roteiros mais capengas e chulos de todos os tempos, lá se foi o antes rei do rock gravar músicas sobre cachorros e criancinhas que querem namorar em "Datin". Muitos críticos costumam dizer que fora "Sand Castles", "This is My Heaven" é a outra música boa da trilha. Discordo totalmente, essa pseudo-balada possui um ritmo insuportavelmente arrastado que não chega a um clímax, é um meio termo entre música havaiana e pop absurdo. O take aqui apresentado é igualmente ruim. Para ser esquecida e reesquecida!!!
12. SPINOUT (take 2) - "Spinout" é uma música interessante. Não pelas suas qualidades, que não são muitas, mas por ser a típica música mediana de Elvis. Sabe aquelas músicas que você acaba de escutar e não se lembra dela, nem do ritmo, nem da letra? Mas ao mesmo tempo também não diz que ela é ruim? Pois é. "Spinout" é assim. Impossível de ser criticada ferozmente, mas também completamente impossibilitada de ser elogiada. Música tema do maior fracasso de Elvis no cinema, a canção tem um ritmo até interessante, porém, que não se desenvolve. A letra é até razoável, porém, também não é lá essas coisas. Foi erroneamente lançada como lado A (!) do único single que representou a trilha, mesmo o filme possuindo excelentes canções como a bombástica "I´ll Be Back" ou a linda "Am I Ready". A posição nas paradas? Adivinhem! Dou um disco original de "Paradise Hawaiian Style" para quem acertar! Claro foi também mediana, mal atingindo o top 40, na......quadragésima posição!!!
13. ALL THAT I AM (take 2) - A trilha de "Spinout" (Minhas Três Noivas) é surpreendentemente livre de músicas ruins. Bom, ou quase. A terrível "Beach Shack" está aí para nos provar o contrário. Mas, a maioria das outras canções é acima da média da época. "All that I Am" é uma baladinha com um estilo meio bossa nova bem interessante. Não figura entre as melhores de Elvis, mas com certeza cai bem em uma ouvidinha esporádica. Possui uma ótima introdução de violão e um ritmo bem agradável. Curiosidade: foi a primeira música de Elvis a contar com o apoio de um violino. Cortesia de Felton Jarvis, que estreava como produtor de Elvis. Foi um grande sucesso na Europa e na Inglaterra onde foi lançada como lado A, sabiamente. Nos EUA a canção ficou com a mixuruca 41ª posição e ainda teve o desprestígio de ser o lado B de "Spinout". Vale a pena ser descoberta.
14. WE´LL BE TOGETHER (take 10) - Explorar a carreira de Elvis em Hollywood vai trazê-lo várias alegrias. Porém, muitas tristezas também. E, algumas coisas inusitadas. Por exemplo, essa simples canção, com Elvis cantando um versinho em espanhol. A música é ok. Não incomoda muito e tem uma melodia bem graciosa, além de um simpático solo de bandolim. Porém, é só. Com um arranjo muito meloso e completamente descaracterizado da maioria das músicas de Elvis, porém não das que ele estava gravando na época, a canção não chega a empolgar e soa meio brega por vezes. É originária do fraquíssimo "Girls! Girls! Girls!" Esse take acaba com Elvis dizendo com a sua característica voz de palhaço: “quase!” Realmente, a versão apresentada aqui é muito boa. Ainda vou além, esse poderia muito bem se o master. Passará despercebida na primeira ouvida.
15. FRANKIE AND JOHNNY (take 1) - Se existe um ano que merece ficar no esquecimento na carreira de Elvis esse é o ano de 1965. Para comprovar esse fato, basta lembrar que "Paradise Hawaiian Style" e "Harum Scarum" são ambas desse período. Elvis, nesse ano, atingiu o auge de sua hibernação musical, não gravando nada além de trilha bobonas. Enquanto isso, a mini saia, a Guerra do Vietnã e a consolidação da invasão britânica aconteciam. Sem mencionar a revolução nas letras das músicas causada por um sujeito chamado Bob Dylan. Mas Elvis permanecia cego perante todas essas mudanças que ocorriam. "Não enfrentar os problemas e fingir que eles não existem" - esse era o lema de Elvis. É desse ano também o filme Frankie And Johhny (Entre a Loira e a Ruiva). Superior ao seu antecessor e ao seu sucessor, o filme não é lá essas coisas, mas passas longe de ser um dos piores. A trilha sonora é bem peculiar com a maioria das músicas usando arranjos dos anos 1920, seguindo a ambientação da película. Agora imaginem vocês, em meados de 1966, quando foi lançado, com a revolução cultural batendo na porta, o quão ridículo e ultrapassado a trilha desse filme deve ter sido considerada. O resultado se fez nas paradas, onde ela alcançou ainda a honrosa 20ª posição, a pior de um álbum de Elvis na década. A trilha em si, apesar de conter momentos péssimos, como a horrenda "Chesay" ou a mortificante "Look Out Brodway", não é das piores. Na verdade algumas músicas se sobressaem como o excepcional blues "Hard Luck", a absurdamente bela "Begginer´s Luck" e a inocente e animada "Shout it Out". A música título é boa e conta a história do filme em menos de 3 minutos. A história é aparentemente inspirada em um fato real ocorrido em 1899 no Missouri. Bem ritmada e com excelente letra, "Frankie And Johnny" não faz feio. Porém, ela é vítima de suas próprias origens. Sendo uma música antiga e com uma melodia bastante próxima às músicas de cabaret, a canção pareceu datada mesmo à sua época de lançamento, com um incomodo trombone como introdução. Na verdade a música é toda orquestrada. A RCA não pensou assim e a lançou como single alcançando a razoável 25ª posição. O take aqui apresentado é o primeiro e tem algumas diferenças em relação ao master. A voz de Elvis ainda está insegura durante toda a música e quase some na parte final, devido a problemas técnicos.
16. I NEED SOMEBODY TO LEAN ON (take 8) - Todos nós sabemos como Elvis era bom de baladas. Basta nos lembrarmos de seu vozeirão em clássicos absolutos como "My Way" ou "Bridge Over Troubled Water". Porém, Elvis também conseguia cantar outro tipo de balada. Aquele tipo bem calmo, quase sussurrando. "Are you Lonosome Tonight" é o maior exemplo. Pois bem, para a trilha do ótimo "Viva Las Vegas" (Amor à Toda Velocidade) Elvis exercitou novamente seu dom de baladeiro com essa canção lindíssima. Simples, com uma suave guitarra e um piano melancólico, a música consegue puxar tanto para o blues como para o jazz, sendo única na carreira de Elvis. Calmamente cantando, quase sussurrando a triste letra, Elvis poucas vezes soou mais sincero. Cortesia dos ótimos Doc Pomus e Mort Shuman que nesse filme contribuíram com suas duas últimas grandes canções, sendo a outra a louca e ultra clássica "Viva Las Vegas". "I Need Somebody to Lean On" é uma senhora balada e uma que poucos conseguiriam cantar. O master original possuía uma pequena diferença de equalização que fazia a voz de Elvis soar como se estivesse distante do microfone. Esse take apresentado corrige o problema. Sentimos cada suspiro de Elvis o que faz com que a música se torne ainda mais linda. Tão bom quanto o master, esse take é ótimo e a música uma das melhores do CD.
17. THE MEANEST GIRL IN TOWN (take 9) - Na carreira de Elvis existem algumas categorias de músicas curiosas. Por exemplo, existem aquelas músicas que possuem letra capenga e ritmo artificial, ou seja, são ruins de doer. Porém, mesmo assim, Elvis entrega uma performance tão incrivelmente inspirada que toda a ruindade da canção fica disfarçada. Como exemplo, citemos a horrorosa "If I´m a Fool" ou a fraquinha "Padre". Em outros casos, a canção é boa, porém, a banda ou Elvis simplesmente não estava inspirada e o resultado é uma canção com potencial, cujo resultado final fica além do esperado. É o caso de "Raised On Rock" e dessa canção do filme "Girl Happy" (Louco Por Garotas). Com um ótimo ritmo agitado e dançante e uma letra legal, "The Meanest Girl in Town" é estragada pela banda que, com exceção do ótimo solo de sax do sempre perfeito Boots Randolph, está no piloto automático. A guitarra está muito fraquinha, a bateria inexistente e o resto da instrumentação está tão apagada da gravação que difícil analisá-los. E a performance de Elvis é triste e desempolgada, além de sua voz não estar nem 50% do seu normal. Falta aquele feeling na música, aquela pegada. Esse take é melhor que o master, por possuir um solo mais inspirado de sax. A banda parece aparecer um pouco mais. Mas nada que se destaque. Uma ótima canção que foi desperdiçada, sem dúvida.
18. NIGHT LIFE (take 3) - "Viva Las Vegas" (Amor à Toda Velocidade) não é só o melhor filme de Elvis da década de 60. É também o mais alegre, descompromissado e melhor dirigido. Some a isso uma co-estrela da altura de Ann Margret, um tórrido caso de romance fora das telas e você terá um filme deliciosamente divertido. E para completar a trilha ainda é a melhor da década também. Claro que algumas porcarias como "Do The Vega" foram escritas para o filme, mas felizmente não foram lançadas e pouco são lembradas quando se fala em "Viva Las Vegas". Com clássicos absolutos como a música título e "What I´d Say", baladas de alto nível ("Today Tomorrow and Forever" e "I Need Somebody To Lean On"), rocks agitados e alegres ("C´mon Everybody" e "If You Think I Don´t Need You"), a trilha é realmente excelente. Porém, nem tudo que foi produzido foi aproveitado. "Night Life" foi uma das músicas descartadas. Uma espécie de alter ego de classe baixa de "Viva Las Vegas" (as letras são muito parecidas), "Night Life" possúi uma ótima letra e uma melodia bem suja, cortesia do irregular trio Giant, Baum e Kaye que aqui entregam um trabalho de bom nível, porém que não conseguiu acompanhar o patamar da trilha. Nesse take Elvis claramente erra a letra e ao fim é possível ouvi-lo falando com o produtor sobre isso. Uma canção boa, porém, que fica perdida em meio a trabalhos superiores.
19. PUPPET ON A STRING (take 7) - Essa bela e delicada balada é odiada por alguns fãs. O motivo disso não sei, pois a acho linda e extremamente bem cantada por Elvis, que impõe aquela doçura na voz necessária para não deixar a música piegas. Com um ritmo que lembra uma canção infantil "Puppet On a String" é uma música classicamente romântica, mas tem algo diferente nela. E o que, sempre me perguntei. Ao assistir ao filme entendi. Sem querer Elvis meio que incorporou o personagem Russel ao cantá-la. Explico-me. No filme, Russel é um bom vivant, mulherengo e um solteiro convicto, sempre atrás de um rabo de saia. Quando conhece a personagem de Shelley Fabares, uma menina boazinha, mas com um corpo e rosto deslumbrante, apesar de sua pouca idade, Russel fica enlouquecido e completamente apaixonado, exatamente por Valerie, personagem de Shelley, ser diferente de todas as mulheres com quem ele se relacionava, maduras, sexies e maliciosas. Quem é homem entende o nosso apego a essas menininhas inocentes e frágeis que aparecem em nossas vidas. Isso acontece com o personagem de Elvis (você nunca pensou que leria uma análise psicológica de um personagem de um filme de Elvis na década de 60, não é mesmo?). E o momento em que ele canta a música para Valerie, é exatamente quando ele está mais vulnerável e fragilizado. O que nos leva o assunto da música, que fala de um sujeito idêntico ao do personagem de Elvis no filme, surpreendentemente apaixonado por uma garota e totalmente entregue a ela, porém de uma forma até pueril. Dessa vez os escritores da Hill & Range, Sid Tepper e Roy C. Bennet, acertaram em cheio e produziram um número em total consonância com o filme, mas que não perde nada ao ser executada fora dele. O público da época a acolheu bem, quando lançada como single, alcançando o 14º lugar. Porém, ela foi logo depois esquecida por Elvis e pelo grande público. Uma pena. Nesse take, Elvis ainda está bem inseguro na canção, fugindo ligeiramente do tempo. Um típico alternate take.
20. HEY LITTLE GIRL (take 1 e 2) - Sempre gostei bastante das músicas de Joy Byers. Com uma leveza inocente e um ritmo, em sua maioria alucinante, suas músicas podiam ser animados rocks como a excelente "C'mon Everybody" ou "Hard Knocks", passando por tenras baladas como "Please Don't Stop Lovin' Me". Além disso, ele é responsável por uma das melhores e menos aproveitadas músicas da carreira de Elvis, a maliciosa "Let Yourself Go". Raríssimas músicas desse autor são verdadeiramente ruins. Nessa categoria, na verdade só me recordo do lixo tóxico, chamado "Hey Hey Hey". Joy deve ter tomado um ácido muito ruim ou coisa parecida para escrever tamanha porcaria. Mas a maior parte do seu trabalho é bom. Existem, contudo, duas músicas razoáveis, que não incomodam, mas também não fazem história: a insossa "She's a Machine" e esta de "Harum Scarum", "Hey Little Girl". Aliás, diga-se de passagem que a 'única música decente da trilha desse “filme” é de Joy, a evocativa "So Close Yet So Far", onde Elvis tem uma interpretação primorosa. O resto da trilha é horrível. "Hey Little Girl" possui ótimo ritmo, uma das características das músicas de Joy, porém tem uma letra fraquíssima, que se não incomoda, deixando a desejar. Possui rima artificial e um solo de guitarra que envergonharia até o guitarrista do Roberto Carlos. Porém, a introdução de piano tem uma pegada legal e o vocal de Elvis no master está bom. Esses dois takes são bem diferentes do original, devido a entonação de Elvis. Prefiro a usada no master mais forte e vigorosa, dando alguma vida a essa música um pouco apagada, mas que passa longe de ser das piores.
21. EDGE OF REALITY (take 6) - Apesar de ter começado de forma similar a outros anteriores, com Elvis enfrentando problemas em conseguir material de qualidade e encarando uma decaída nunca antes vista em sua carreira em termos de popularidade, 1968 teve um Q a mais. Começando pela vida pessoal de Elvis que foi fortemente alterada, de uma forma positiva, pelo nascimento de sua filha. Marido e agora pai, Elvis estava no auge de sua beleza e forma física aos 33 anos. As costeletas estavam de volta e a organização Elvis Presley finalmente começou a entender que os anos 60 haviam chegado ao fim e que era inevitável fugir deles. O reflexo disso se deu nos próprios filmes, que se não melhoraram a qualidade, pelo menos, passaram a sofrer influências psicodélicas da época. "Change of Habit" (Ele e as Três Noviças) é o maior exemplo. As últimas trilhas melhoraram o nível. E os próprios compositores que antes só escreviam bobagens começaram a se adaptar aos novos tempos. É o caso do trio Giant, Baum e Kaye que foram autores de algumas das piores músicas do século passado. Porém, no fim dos anos 60, a qualidade de seu trabalho foi lançada a níveis extraordinários, como mostra essa canção aqui apresentada do filme "Live a Little Love a Little". "Edge of Reality" é uma música complexa que fala da loucura de um amor arrebatador. Com uma letra não literal, um ritmo denso e inusitado, uma orquestra afinadíssima e Elvis no auge dos vocais, a música se destaca não só na filmografia de Elvis, como também na sua própria carreira, constituindo-se um excelente exemplo de evolução musical com toques nítidos do psicodelismo. Esse take aqui apresentado é quase a cópia do original, o que não diminui a ótima experiência de ouvi-la. Nota dez.
22. BABY I DON'T CARE (take 6) - Única música dos anos 50 presente no CD, "Baby I Don´t Care" é um clássico absoluto do rock dos anos 50, cortesia dos igualmente bons Leiber e Stoller. Gravada em 1957, quando Elvis estava botando fogo na hipócrita América, para o filme "Jailhouse Rock" (O Prisioneiro do Rock) outro clássico absoluto, essa canção foi ofuscada pelo sucesso de da música título. Criminosamente não foi lançada como single, talvez por falta de tempo e abundância de material de qualidade. Possui ótimo ritmo e uma letra bem alegre. O destaque vai para o baixo, tocado pelo próprio Elvis, pela única vez em sua carreira!!! O que ocorreu foi que na sessão de gravação, Bill Black, não acostumado com o baixo elétrico, não estava conseguindo fazer a introdução. Irritado Bill jogou o baixo no chão e se retirou. Elvis, surpreendentemente, em vez de se irritar, apanhou o baixo e o tocou durante a canção inteira. Portanto, o baixo que você escuta no original é de Elvis! Por causa disso, Elvis teve que colocar sua voz posteriormente, na gravação de estúdio. O take apresentado aqui é o do master, porém, só a voz de Elvis, sem o acompanhamento musical. Uma maneira curiosa de encerrar o CD, com uma grande canção.
Recomendo esse CD para todos os amantes de Elvis em Hollywood e para aqueles que querem conhecer algumas gemas ocasionais de sua discografia e algumas podreiras bem desnecessárias. Mas, Elvis em Hollywood é assim, uma montanha russa com curvas que lhe fazem ter vontade de vomitar e outras que lhe dão uma injeção de adrenalina.
Pablo Aluísio e Victor Alves.
Ambas as correntes são equivocadas e devem ser evitadas. Toda essa polêmica pode ser evitada utilizando-se de duas palavras mágicas: "bom senso". Iniciaremos nosso texto no ponto onde tudo começou. E esse lugar temporal é o ano de 1956. Elvis Presley estava sacudindo o mundo com uma música nova, revolucionária e alegre que varreu os quatro cantos do mundo e deu origem ao maior movimento de mudanças musicais já registrado. Sua repercussão se deu em todos os setores da sociedade, passando pelo vestuário, costumes, gírias, cinema e até a política. No auge de seu sucesso, com o mundo nas mãos, Elvis foi atrás de realizar o seu maior sonho: ser um grande ator. Não fazia muitos anos desde que ele, à época um pobre menino sulista, trabalhava de lanterninha nos cinemas locais, só para poder assistir aos filmes de graça, pois não tinha dinheiro para comprar a entrada. Agora, com 21 anos Elvis era o maior nome da música mundial e Hollywood continuava sendo a sua grande menina dos olhos. Com um visual e sex appeal arrebatador, Elvis logo conseguiu sua grande chance de estrear nas grandes telas com o filme "Love Me Tender" (Ama-me Com Ternura). A atuação de Elvis é claramente de um estreante, porém, surpreendentemente esforçada.
A princípio Elvis não queria misturar cinema com música, porém, Hollywood não pensava o mesmo, afinal, não fazia sentido fazer um filme com o cantor mais famoso do mundo sem fazê-lo cantar nenhuma música. O resultado foi quatro canções incluídas, dentre as quais a lendária "Love Me Tender". Mas aqui, em um filme simples, com atuações boas, e uma história razoável encontra-se um dos primeiros problemas dos filmes de Elvis: a plateia não queria saber o que Elvis fazia no filme, só queria vê-lo, de preferência cantando alguma coisa. Qualquer coisa. O hino americano, uma marchinha, ciranda cirandinha, qualquer coisa. Porém, a princípio isso não foi problema e os quatro primeiros filmes de Elvis são de uma qualidade muito boa, destacadamente "Jailhouse Rock" (O Prisioneiro do Rock) e "King Creole" (Balada Sangrenta). Qualquer crítico de cinema especializado que negar a boa atuação de Elvis nesses dois filmes deveria se aposentar imediatamente. Elvis faz papéis fortes de caras maus e durões, que estão dispostos a arriscar tudo para conseguirem o que querem. Além de roteiros fortes, um excelente elenco de apoio, atuação primorosa de Elvis, músicas simplesmente maravilhosas e sequências antológicas, os filmes de Elvis da década de 50 não só marcaram época, como também são considerados verdadeiros clássicos atualmente. Quando Elvis acabou as filmagens de "King Creole" duas coisas estavam bem claras: Elvis ainda tinha um grande caminho a percorrer e muito que desenvolver-se como ator.
O segundo fato notável era de que Elvis estava em franca expansão como ator. Provavelmente, mais 3 ou 4 filmes do nível de "King Creole" o teriam elevado à categoria de ator de primeiro escala. Isso nos leva à pergunta mais óbvia: Era Elvis um bom ator? Nunca saberemos. Ele teve o seu processo de desenvolvimento barrado no início da década de 60. Porém, uma coisa ninguém duvida: Elvis tinha potencial. 1958 marcou a ida de Elvis para o exército e talvez a maior guinada de sua carreira. Coincidentemente, no mesmo ano, Elvis perdeu sua mãe. Essa perda, juntamente com a instantânea retirada de Elvis de sua realidade dos holofotes do mundo, empreenderam mudanças nele. Em um show de 69 ele mesmo afirmou que a sensação que sentiu foi de que estava tudo acabado. Uma hora ele tinha tudo e na outra sua carreira artística simplesmente desapareceu. Quando Elvis voltou do exército ele voltou uma pessoa mais madura, mas ao mesmo tempo mais triste e principalmente desorientada. O próprio Elvis tomou consciência que tinha mudado. Consciência que seus fãs nunca tiveram. Não que isso fosse uma coisa ruim. Pelo contrário. As músicas iniciais de Elvis da década são ainda muito poderosas, clássicas e alegres. São uma espécie de continuação da década de 50, não tão cruas, mais lapidadas, porém, bem menos inocentes e mais contidas. Elvis já havia estado no limite e isso o trouxe problemas, por que ir lá de novo?! Elvis agora era mais controlado. Um bom moço, sem dúvida. Essa nova estratégia foi, é verdade, intencionada e planejada pelo Coronel Parker, mas será que Elvis queria mesmo ser aquele jovem da década de 50? O Elvis de 1960 queria ser um prolongamento do de 1958? Certamente não. Por isso Elvis tomou uma decisão radical: rompeu com os anos 50. Claro que esse rompimento tomou proporções ridículas na década de 70, mas teve seu início em 1960 quando Elvis voltou do exército. A década de 50, definitivamente a melhor de sua vida, agora lhe trazia lembranças de sua mãe e de uma época repleta de vitórias e alegrias.
Agora, depois de sua volta do exército, uma nova realidade surgiu. Mudanças também. E se tinha uma pessoa que era péssima em enfrentar mudanças essa pessoa era Elvis. Mudanças e pessoas. Essa fuga eterna de Elvis de conflitos, sejam eles artísticos ou pessoais, afundou seu casamento, arruinou preciosos anos de sua carreira e em última instância o levou à morte. E foi exatamente essa negação de nova realidade que fez Elvis fazer um filme ruim atrás do outro. O que nos leva ao início do problema: um filme chamado "G.I Blues" (Saudades de um Pracinha). Não me entendam mal. O filme não é ruim, porém, passa longe de ser bom, e sua qualidade comparada com seus antecessores é sofrível. Mas, surpreendentemente, sua trilha sonora chegou ao primeiro lugar nas paradas e lá ficou por dez semanas!!! Vejam, aqui está um filme regular, com algumas músicas boas e a maioria apenas mediana. O próprio Elvis não gostou do filme. E o resultado foi esplêndido. Parte do faturamento veio do fato dos fãs estarem há dois anos desejando material cinematográfico do cantor.
Provavelmente, se Elvis estrelasse um documentário sobre a vida do bicho preguiça, ele seria um sucesso. Conclusão tirada pelos lacaios de Hollywood e o raposa Parker: Elvis precisa aparecer em filmes leves. A lógica cinemtográfica de Elvis estabeleceria mais uma nova conclusão com a filmagem de "Flaming Star" (Estrela de Fogo). O filme é bem acima da média, com grandes atores e um excelente diretor, além de uma convincente atuação de Elvis. Um novo detalhe na indústria Presley surgiu: o filme conteria poucas canções. Na verdade apenas 4, o mesmo número de seu filme inicial "Love Me Tender". Porém, pela primeira vez em um filme de Elvis as canções baixaram muito o nível. Apenas "Summer Kisses, Winter Tears", que acabou sendo cortada, tem algum mérito. "Flaming Star" é muito sem sal e "Britches" e "A Cane and High Starched Collar", incluída no filme em uma seqüência totalmente desnecessária, são do nível de pérolas trash futuras como "He´s Your Uncle Not Your Dad". E o ritmo... Meu Deus que country capenga e de mau gosto. Aliás, country nada, é sem classificação essas duas porcarias, que são de longe, as primeiras músicas realmente péssimas da discografia de Elvis. "G.I Blues", com uma história meio boboca e muitas canções foi um sucesso financeiro e "Flaming Star", sem quase nenhuma música com boa atuação de Elvis e roteiro forte, apesar de ter agradado a críticos, foi um relativo fracasso.
Conclusão dois: Elvis teria que estrelar filmes leves sem grandes pretensões cinematográficas. Nada de metê-lo em filmes sérios e sem canções. Financeiramente não compensava. O filme seguinte de Elvis foi "Wild In The Country" (Coração Rebelde) onde foi praticamente boicotado pelo raposa Parker e os estúdios. O que poderia ter sido um ótimo filme tornou-se uma película confusa, com atuações estranhas por parte de todo o elenco. Foi a última vez que Elvis seria levado à sério em Hollywood. "Blue Hawaii" (Feitiço Havaiano) veio em seguida e sepultou de uma vez por todas as pretensões de Elvis em ser um grande ator. Ele passaria os sete anos seguintes, metido em filmes com dezenas de garotas, cenários deslumbrantes, roteiros capengas e muitas músicas ruins. Os anos 60 chegaram e com eles mudanças musicais profundas se operaram. Os Beatles e outros roubaram a cena e elevaram o rock à categoria de arte, de uma forma nunca imaginada. Mas Elvis se recolheu em seu canto e só retornaria com força total sob a orientação de Steven Binder em uma noite de junho de 1968.
Muito se especula de quem seja a culpa desse verdadeiro desastre na carreira de Elvis chamado Hollywood. Tem-se que culpar o Coronel, que nunca viu a música de Elvis como arte, por ter transformado a carreira de Elvis em um circo, em troca de alguns trocados. Os estúdios da época e seus chefões por terem destruído uma das mais promissoras carreiras cinematográficas que poderia ter existido. O público que pagou para ver "Blue Hawaii" e derivados, se deliciando em ver Elvis cantando para crianças pentelhas, garotas bonitas, animais e às vezes até para os próprios caras em quem batia, como ele mesmo enfatizou. E o próprio Elvis que nunca superou seu medo de confrontação pessoal, além de nunca aceitar o fato de que ele é quem deveria ter pulso em sua carreira. Sem contar que Elvis nunca entendeu que em Hollywood para conseguir bons papéis é preciso muito esforço e dedicação, além de uma certa dose de exigência.
A FTD fez um grande trabalho em garimpar o que há de menos doloroso nesses anos sombrios. Não que músicas boas não tenham sido feitas, porém, é fato que elas foram exceção. O CD não tem nenhuma canção realmente medíocre, apenas algumas não tão boas como "This Is My Heaven". Porém, aqui você vai encontrar verdadeiras pérolas perdidas, como "Lonely Man", "Puppet On A String" e "King Of The Whole Wide World". Claro, não é indicado para todo mundo, mas para aqueles que desejam entender mais um pouco do processo que levou um dos maiores artistas do século passado a sofrer tamanha humilhação durante tanto tempo. Talvez a resposta esteja naquele ditado: quem muito se abaixa mostra os fundos. Aqui estão as músicas do cd Out In Hollywood analisadas uma por uma:
01. MEXICO (take 7) - O CD tem início com essa musiquinha do filme "Fun in Acapulco" (O Seresteiro de Acapulco) de 1963. Por essa época a qualidade dos filmes iria começar a baixar e Elvis não iria fazer uma sessão decente até a gravação do excelente "How Great Thou Art" em 1966, uns três anos depois. 1963 marcou também como o primeiro ano de Elvis sem um primeiro lugar nas paradas, e o preparativo da invasão britânica que iria tomar forças de vendaval no ano seguinte. O filme em si não é dos piores, com uma ótima leading lady, a deliciosa bond girl Ursulla Andress, e uma cena antológica em que Elvis “pula” de um penhasco. O pula está entre aspas porque a cena, claro, foi feita por um dublê. Aliás, apesar de se passar teoricamente no México, Elvis nunca saiu dos EUA para filmar nada, o que gerou rumores de que Elvis era preconceituoso contra os latinos. Nada mais longe da verdade. Elvis mal sabia o que era um latino!!! O real motivo de ele não ter viajado foi, além de baratear o custo, o mesmo motivo que o levou a nunca se apresentar fora dos Estados Unidos: a situação ilegal em que seu empresário Coronel Tom “Raposa” Parker se encontrava, visto que ele era um imigrante holandês. A trilha sonora tem, em sua predominância, músicas imitando sons latinos. E eu enfatizo o "imitando". Canções como "The Bullfighter Was a Lady" soam tão artificiais como corante de framboesa. Aliás, será que no México existem touradas??? Hum... pensei que era na Espanha. Mas tudo bem, para todo bom americano latino é a mesma coisa, e esse grande lapso ficou bem exposto no filme. Mas, Elvis não teve culpa de nada disso. O descrédito fica com os escritores. A trilha tem bons momentos como a ótima "Bossa Nova Baby", medianas como "You Can´t Say No in Acapulco" e a desastrosa "There´s no Room to Rhumba in a Sports Car"!!! Acreditem esse é o título da música. "Mexico" fica no meio termo. É bem instrumentada e tem uma melodia agradável. O problema é que no filme ela é apresentada em um dueto com um moleque pentelho, o que a estraga severamente. Nesse take Elvis canta as partes do garoto, o que a torna bastante melhor. Na verdade, não querendo se arriscar em lançar um dueto tosco de Elvis, a gravadora retirou os vocais da criança, o que deixou a música na versão oficial péssima, com verdadeiros rombos em todo o seu decorrer. Essa versão é muito melhor. Agora convenhamos, a ideia de se colocar Elvis, o Rei do Rock, cantando sobre senhoritas com um pivete em uma bicicleta, em uma música que mistura o inglês com o espanhol não é das melhores.
02. CROSS MY HEART AND HOPE TO DIE (take 6) - Vou direto ao ponto: "Girl Happy" (Louco Por Garotas) é um dos meus filmes favoritos de Elvis. Calma, antes de criticar a minha pessoa deixe-me explicar. Sei que a trilha possui músicas fracas como "Wolf Call" e a horrenda "Fort Lauderdale Chamber of Commerce". Sei que a voz de Elvis não estava lá essas coisas nesse ano e sua paciência nas gravações dessa trilha pela primeira vez em toda sua carreira foi embora. Seu tédio é notável no filme e nas músicas. Também é de meu conhecimento que o filme é um "beach movie" dos mais bobos, inocentes e superficiais. E como esquecer das ridículas cenas de Elvis fingindo tocar baixo, fingindo estar tocando violão quando o som que sai é de uma guitarra, ou então quando ele está tomando sol com blusa de botão azul e uma calça preta e sapatos sociais, como se fosse para uma festa de gala?! Esse são alguns dos defeitos mais graves e toscos do filme. Mas não ligo. O filme é um senhor trash, porém, super simpático. O roteiro é divertido, possui cenas engraçadas (a parte em que Elvis se veste de mulher e ainda continua com seu topete é muito surreal e ridiculamente engraçada), tiradas hilárias e um clima tão alto astral que fica difícil não se tornar um idiota completamente sem senso crítico ao assistir o longa. Claro também que enquanto Elvis estava fazendo podreiras divertidas como essa a cena musical pegava fogo. Mas vamos aos fatos, "Girl Happy" passa a léguas da ruindade de "Harum Scarum" (Feriado no Harém), da apatia de "Clambake" (O Barco do Amor) ou do absurdo de "Kissin Cousins" (Com Caipira Não se Brinca). O filme é bom? De jeito nenhum, na verdade para quem não é fã de Elvis fica difícil engolir um longa tão bobinho e mal feito. Porém, para quem quer se divertir com besteiras sessentistas completamente fora da nossa realidade essa é uma boa pedida. "Cross My Heart and Hope to Die" vem desse filme. É uma música mediana que não incomoda, porém, fica empalidecida se comparada com clássicos do cantor. É um pop típico dos filmes de Elvis na época, com um ótimo riff de baixo. Esse take é quase igual ao master, com exceção de um erro de ritmo da banda no fim da música, que a acelera na hora errada. Tranquila, agradável e inofensiva, porém, com um leve toque sexy, "Cross My Heart" não se destaca na trilha, mas é uma boa pedida no mar de porcarias que Elvis estava cantando na época.
03. WILD IN THE COUNTRY (take 11) - Quando foi filmar "Wild In The Country" (Coração Rebelde), em novembro de 1960, Elvis estava em um excelente momento em sua carreira. "Are You Lonesome Tonight" iria logo entrar para as paradas e se tornar a terceira música de Elvis a alcançar o primeiro lugar no ano. "G.I Blues" (Saudades de um Pracinha) havia sido um sucesso estrondoso e "Flaming Star" (Estrela de Fogo) era um ótimo filme que deu a oportunidade para Elvis de mostrar seu talento como ator. E ele acabara de sair de uma triunfante sessão de gravação que produzira seu primeiro e excepcional álbum gospel "His Hand in Mine". Definitivamente, as coisas estavam indo bem. O roteiro original de "Wild In The Country" era bom e o filme não era para conter canções. Porém, alguém deu um jeito de inserir três músicas no filme: "Wild In The Country", a bela "In My Way" e a divertida "I Slipped I Stumbled I Fell". Apesar de não produzir nenhum hit, a trilha de "Wild In The Country" era uniformemente boa, bem intimista, talvez refletindo o filme e as canções nele postas não prejudicaram o resultado. O roteiro inicial era bem dramático, porém, o Coronel resolveu fazer algumas mudanças e suavizar a coisa ao máximo. Para completar ocorreu um grave problema com a cena final. O final era dramático com a personagem principal feminina, interpretada pela belíssima Hope Lange morrendo. Aqui entra outro problema do filme. Após um mostra inicial ocorreu uma reação negativa da plateia com a cena que teve que ser refilmada com Hope sobrevivendo. Resumindo: avacalharam um bom roteiro em potencial e o que era bom virou um dos mais confusos filmes de Elvis que não possuía clímax, com uma história estagnada e embaralhada, com vários bons personagens nunca desenvolvidos. A interpretação de Elvis está ok. Ele poderia ter dado um tom menos educado e mais sombrio ao personagem. Esse na verdade era o erro onde a Elvis Presley Industries estava começando a pecar. Tudo estava muito suave, muito família. O personagem de Elvis era bem mais complexo do que o que o filme mostra. "Wild In The Country" foi a última oportunidade dada a Elvis de provar que era um bom ator. Mas o Elvis falhou. O Coronel falhou. Os roteiristas falharam. E principalmente a platéia falhou, desprestigiando esse pequeno esforço cinematográfico e o preterindo no lugar de "Blue Hawaii", filme responsável pela nova prisão de Elvis Hollywood. Mas a trilha, como disse, é boa, sendo a canção tema, sem dúvida, o destaque. A leve guitarra elétrica tocada no dedilhado é lindíssima e a letra bastante singela. Uma pequena homenagem a raízes humildes, na verdade. O primeiro take dessa música é curioso, tendo seu arranjo bem mais complexo e Elvis tentando subir uma oitava acima, O resultado foi ruim e o arranjo pomposo foi abandonado. Elvis também se manteve na sua oitava. Esse take é bem próximo ao original com apenas algumas quase imperceptíveis mudanças na guitarra.
04. ADAM AND EVIL (take 16) - O ano de 1966 veio e com ele o ultimato do mundo da música de que as transformações ocorridas nos últimos anos não só haviam modificado tudo, como tinham vindo para ficar. E não por coincidência os anos de 1964 e 1965 foram abissais para Elvis em termos de queda da qualidade de material. A coisa iria piorar e muito. Percebendo as mudanças no mercado e vendo a queda nas vendas ter início, os produtores de Elvis tentaram fazer algumas mudanças no próximo filme do cantor. A começar pela trilha que deveria conter mais rocks, em vez de cânticos árabes, músicas dos anos 20 ou temas havaianos pra lá de bregas. Apesar de realmente ser um pouco superior a outras trilhas "Spinout" (Minhas Três Noivas) oscila entre o muito bom ("Am I Ready" e "I´ll Be Back"), o apenas mediano ("Stop Look And Listen") e o trash total (a horrorosa e mortífera "Beach Shack"). "Adam and Evil" fica no intermediário. Esse rock bastante peculiar segue a cartilha de tentar balançar a trilha de Elvis tentando reviver glórias passadas. A música em si não é ruim, tem um ótimo ritmo, uma boa pegada de bateria e uma letra curiosa. Mas é só. Não entra na categoria das melhores músicas de Elvis, apesar de passar longe de incomodar. O interessante sobre essa música é que ela foi a mais trabalhosa da sessão. O take aqui presente é o primeiro completo em muito, simplesmente porque Elvis não conseguia achar o tom certo na parte em que canta o verso “ but you´re the devil I don´t want to live without”. Ele mesmo comenta no estúdio essa ser a nota mais difícil de sua vida inteira!!! O CD "Spin in Spinout" mostra a crescente dificuldade de Elvis na música take após take. Até que enfim ele acerta na 16ª tentativa... que ainda não é o master que viria na tentativa de número vinte!!! Aqui os produtores da "Follow That Dream" botaram trechos de várias músicas cantaroladas por Elvis na sessão como "Flowers on the Wall" (presente no filme "Pulp Fiction"). O Coronel tentou promover o filme como o triunfal aniversário de 10 anos de Elvis no cinema, porém os próprios fãs, sabendo da necessidade de mudanças boicotaram a produção que se tornou o maior fracasso de bilheteria de Elvis em Hollywood. Uma pena, pois o filme não é dos piores. Esse boicote deveria ter ido para algo como "Kissin Cousins" ou "Paradise Hawaiian Style".
05. LONELY MAN (take 4) - Delicada, bela e melancólica são alguns dos adjetivos que podem ser empregados para essa belezura gravada para o filme "Wild In The Country" (Coração Rebelde). "Lonely Man" reflete bem toda a atmosfera intimista do filme e fala de um homem totalmente desiludido, extremamente machucado pela vida e não mais desejoso de viver. O homem da canção é posto como se fosse um andarilho que “vai de cidade em cidade procurando algo que não consegue encontrar”. A sensação de auto abandono e falta de esperança é extremamente latente durante toda a canção e culmina no final quando é revelado que o homem é o próprio narrador da música. Definitivamente, uma das mais melancólicas gravações da carreira de Elvis, melancolia esta acentuada por um estranho acordeão. Se você nunca percebeu nada disso que eu falei sobre a música, não se preocupe. A interpretação de Elvis é tão suave e singela, que todo esse sofrimento e sua real essência são bastante atenuados, ficando quase imperceptíveis. Ganhou uma versão ainda mais triste, só com o violão, porém, nunca lançada. Foi cortada do filme injustamente e lançada como single, lado B da ótima "I Fell So Bad", alcançando a razoável 32ª posição. Os fãs estranharam essa alien no mundo de Elvis da época.
06. THANKS TO THE ROLLING SEA (take 3) - Se você quiser procurar músicas com temas estranhos é só checar as trilhas de Elvis. Você verá música sobre animais ("A Dog´s Life", "Dominic"), temas árabes ("Golden Coins", "Mirage"), temas mexicanos ("Guadalajara" e "Vino Dinero Y Amor"), músicas para crianças ("Cotton Candy Land", "Confidence", "Five Sleepyhead") entre outras bizarrices. Essa música é quase um canto de idolatração ao mar!!! Ao mar!!! Mas vamos por partes, a canção tem um ótimo ritmo, Elvis está cantando muito bem, diga-se de passagem, e se eu fosse um pescador adoraria cantarolá-la em minhas pescarias matinais ou noturnas. Mas meu povo, vamos aos fatos, quem está cantando é Elvis Presley, o cara que praticamente inventou a música moderna. Quem em sua sã consciência iria fazer isso com um cantor de tal porte?! Como disse, a música não é de todo ruim, mas o tema é que me desagrada bastante. Foi gravada para o ridículo "Girls! Girls! Girls!" Em uma cena igualmente estúpida com Elvis pescando peixe e cantando essa baboseira para os seus amigos pescadores. Um desperdício.
07. WHERE DO YOU COME FROM (take 13) - A trilha de "Girls! Girls! Girls!" (Garotas, Garotas, Garotas) é uma montanha russa com absolutos clássicos ("Return to Sender"), músicas alegres e ritmadas (a ótima tema e a irônica "I Don´t Want to be Tied"), músicas com temas ridículos e de péssimo gosto ("Song of the Shrimp", "The Walls Have Ears") e bonitas baladas, como a ótima "Because of Love" e essa aqui. "Where do You Come From" é a típica canção mediana de Elvis. Possui uma melodia bonita, mas que ao mesmo tempo não consegue transmitir um pingo de sinceridade, parecendo muito forjada. Possui uma letra bonitinha, mas cuja simplicidade aqui não contribui em nada para a canção. Resumindo, música de laboratório, feita para preencher lugares vazios do álbum, mas que não chega a incomodar. Agora vejam vocês que entre tantas músicas legais da trilha como as acima citadas para fazer par com a excelente "Return to Sender", no single promocional, adivinhem qual a RCA escolheu? Dou um passe de 10 anos sem assistir "Kissin Cousins" para o ganhador! Ah, acertou quem falou "Where do You Come From". Fraquíssima, até para um lado B, a música conseguiu a ridícula 99ª posição nas paradas, a pior de Elvis, até então. Esse take é até melhor que o original com Elvis mais seguro com a canção.
08. KING OF THE WHOLE WIDE WORLD (take 3) - Gravada para o filme "Kid Galahad" (Talhado Para Campeão), "King Of The Whole Wide World" é uma daquelas músicas que faz você se orgulhar de ser fã de Elvis. Alegre, frenética, com uma letra simples, porém, extremamente pra cima, vocais de Elvis extremamente inspirados e a banda afinadíssima, "King Of The Whole Wide World" é um dos mais perfeitos exemplos das músicas ao estilo “levanta defunto” pelas quais Elvis sempre vai ser lembrado. A letra não poderia ser mais verdadeira, afirmando que quem é rico nunca se contenta com sua riqueza por maior que ela seja e quem é pobre sempre leva uma vida mais simples. Destaque absoluto para a voz de Elvis que lembra muito as loucas músicas dos anos 50 e para o excepcional Boots Randolph destruindo no sax, em um de seus melhores solos. Com certeza um das melhores músicas de toda a carreira de Elvis, e ainda um tesouro escondido. Talvez não tenha feito muito sucesso pela péssima promoção pessoal da RCA que a lançou em um EP, alcançando a apenas razoável 30ª posição, em 1962, quando Elvis estava começando a ter alguns de seus compactos passando despercebidos pela mídia. A única crítica vai para a ridícula cena em que ela é cantada no filme, com Elvis na traseira de um caminhão. Mas isso não a estragou. Teve uma versão um pouco menos ritmada tentada por mais de 30 takes. O take aqui apresentado é o antecessor do master da segunda versão, e só é diferente no solo de Boots Randolph, um pouco inseguro ainda, mas não menos genial. Para mostrar para fãs bobões dos Beatles, sem dúvida.
09. LITTLE EGYPT (take 21) - Se teve um ano que fez diferença na carreira de Elvis foi o ano de 1964. De forma negativa, infelizmente. A qualidade do material gravado diminuiu consideravelmente e os filmes de Elvis passaram a usar e abusar de sua fórmula. Para completar a América começava a pegar fogo com o início da Guerra do Vietnã e as consequências práticas do assassinato de Kennedy. Os protestos por mudanças sociais feito pelos negros e outras minorias se intensificou. A América começou a virar gente grande. No cenário musical é que a coisa deu uma reviravolta. A juventude americana, até então desamparada com o rock, se apegou a uma nova força musical que aportou nos EUA em fevereiro: os Beatles, que começaram a maior revolução musical desde Elvis, quebrando recorde por cima de recorde. A RCA entrou em verdadeiro desespero. Se as músicas de Elvis não mais chegavam ao número 1 em 1963, agora elas não entrariam nem no top 10. A gravadora apelou para uma política de quantidade, sem nenhum critério de qualidade ou ordem lógica, no que diz respeito aos singles. Tanto é que no ano de 1964, foram lançados singles com músicas de filmes de Elvis, restos dos anos 50 e singles promocionais do álbum "Elvis is Back" e "Pot Luck", sendo o primeiro de quatro anos antes!!! Alguns conseguiram chegar ao top 20, porém, músicas como "Kiss Me Quick" afundaram na 34ª posição e os lados B de Elvis passaram a ter dificuldades de entrar no HOT 100. As paradas musicais tiveram uma reviravolta muito violenta com os Beatles massacrando todos os seus oponentes. O que 1956 foi para Elvis, 1964 foi para os Beatles, em escalas bastante semelhantes. Os filmes de Elvis, ao contrário e não merecidamente, continuavam a lucrar. Na verdade foi em 64 que Elvis obteve seu maior êxito comercial nos cinemas, com o ótimo "Viva Las Vegas" (Amor à Toda Velocidade). Para piorar as coisas, naquele mesmo ano Elvis leu, com profunda chateação, uma notícia em um jornal afirmando que os seus filmes, de baixo custo e alta rentabilidade estavam patrocinado filmes de grande porte dos estúdios!!! Foi nesse clima caótico, em meio a mudanças musicais que Elvis entrou em março de 1964 pra filmar "Rostabout" (O Carrossel de Emoções). O filme em si é bem legal e a trilha é junto com a de Viva Las Vegas a melhor da década de 60. Surpreendentemente, livre de chatices (com exceção da horrorosa "Carny Town" e umas duas outras musiquinhas fracas) o álbum possuía boas baladas como a lindíssima "Big Love, Big Heartache" e "It´s a Wonderful World" (única música de Elvis que chegou perto de ser indicada ao Oscar), divertidos rocks como a agitada "Hard Knocks" e a otimista "There´s a Brand New Day On the Horizon", além da diferente e ótima "One Track Heart". Na Inglaterra, já completamente tomada pela beatlemania, a trilha alcançou a baixa, para a época, 12ª posição. Porém, nos EUA a trilha surpreendeu e alcançou o primeiro lugar em pleno domínio dos Beatles!!! O último primeiro lugar de um álbum de Elvis até 1973 quanto voltaria ao topo com "Aloha From Hawaii". "Little Egypt" é outra grande canção desse filme. Cortesia da dupla dinâmica Leiber / Stoller, que escreveram grandes clássicos do rock para Elvis na década de 50. A canção é acima da média para uma trilha de Elvis e conta a história verídica de uma dançarina bastante famosa do século retrasado. Acontece que uma outra dançarina com homônima tentou processar Elvis por estar usando o seu nome, porém, ela perdeu a causa. Elvis, apesar de involuntariamente ter rompido com a dupla de compositores gravaria algumas de suas músicas no decorrer de sua carreira como essa, tendo sido "Bossa Nova Baby" a que se deu melhor, ao ser, em 1963, um top 10 americano. Bem ritmada, com uma ótima letra, "Little Egypt" merecia um lançamento em single que nunca ocorreu, devido ao sucesso da trilha!!! Vai entender a RCA! Obteve uma explosiva mini versão para o especial de 1968. Esse take é bem diferente do oficial, mais compassado e um pouco mais rápido.
10. WONDERFUL WORLD (take 7) - O ano de 1968 viria a ser um dos mais marcantes da carreira de Elvis e oficializaria sua volta à cena musical. Porém, o ano começou meio que no desespero, com a indústria Elvis Presley no fundo dos fundos. Lançamentos superiores como "Guitar Man" e "Big Boos Man" mostraram que nem músicas boas estavam se dando bem nas paradas. As últimas sessões em Nashville na década provaram ser um fracasso, com Elvis completando apenas 2 músicas, em vez de o álbum pretendido. "Stay Away Joe" (Joe é Muito Vivo) provaria ser um grande fracasso de bilheteria e a trilha de "Speedway" (O Bacana do Volante) naufragaria em ambos os lados do atlântico. Se artisticamente as coisas iam de mal a pior, pessoalmente Elvis estava muito bem. Casado no ano anterior, Elvis se tornou pai em fevereiro pela primeira vez. Foi nesse contexto misto que Elvis entrou no set de seu novo filme "Live a Little, Love a Little" (Viva Um Pouquinho, Ame um Pouquinho) em março de 1968. Particularmente acho o filme muito estranho. Não diria que ele é de todo ruim, pois foi o filme que claramente rompeu com a fórmula de filmes de Elvis nos anos 60, cujo último representante foi "Speedway" (O Bacana do Volante). Seu antecessor, "Stay Away Joe" (Joe é Muito Vivo) havia sido uma clara mudança na carreira cinematográfica de Elvis. Por pior que seja, temos que lhe dar crédito por mostrar algo diferente, como Elvis galinhando o tempo todo no filme, ao contrário do galante romântico dos anteriores que por mais garotas que pegasse sempre era comportado. O sexo está bem implícito e o clima por mais country que seja, tem um ar de anos 60 sujo. "Live a Little, Love a Little" consolida essa tendência, e é de longe um dos filmes mais adultos de Elvis, onde ele xinga, transa com a sua parceira (fato que não acontecia antes) e onde o filme inteiro Elvis exala um ar maduro e adulto, nunca visto em sua carreira. Era a atmosfera do especial de 1968 pairando no ar. Fora que Elvis estava mais bonitão e mais em forma do que nunca. Porém, o potencial do filme é destruído por um roteiro fraco e extremamente bizarro e surreal, com passagens bem confusas. Mas o forte do filme é sua trilha sonora. Apenas 4 canções foram incluídas e todas de nível muito bom. É o único filme de Elvis da década de 60 que possui uma trilha 100%. "Wonderful World" é a mais fraquinha delas, porém não deixa nada a desejar. Uma espécie de prima pobre de "What a Wonderful World", essa canção clama por uma observação mais acurada de nossa parte, para chegarmos à conclusão de que vivemos em um mundo maravilhoso. Com uma bonita letra e uma melodia extremamente desenvolta, a canção é beneficiada de vocais inspirados de Elvis que no ano de 68 parecia transformar em ouro tudo que tocava. Porém, "What a Wonderful World" era inocente demais para sua época, os amargos e violentos anos 60, e talvez por esse motivo tenha caído no esquecimento. O take aqui apresentado é muito similar ao original. Um curioso momento do CD.
11. THIS IS MY HEAVEN (take 4) - Parece que o encontro de Elvis com os Beatles em 27 de agosto de 1965 não lhe gerou muita fonte de inspiração. Do contrário ele não teria entrado no set de filmagem dois dias depois para afundar sua carreira em níveis assombrosos ao atuar no PÉÉÉÉSSIMO "Paradise Hawaiian Style". Enfatizei o "péssimo", pois além do filme ser muito ruim, me recuso a acreditar que algum ser humano que se preze neste planeta se digne a ouvir esse material e o ache pelo menos atrativo. Com exceção de "Sand Castles", a trilha é pura música trash, uma atrás da outra. Ao contrário de outras trilhas que possuem duas ou três músicas interessantes, esse disco é um desperdício total e definitivamente Elvis nunca esteve tão longe da Sun Records como aqui. O revolucionário da década de 50 que 10 anos antes cantava propostas sensuais de sexo rápido como "Baby Let´s Play House", agora era obrigado a cantar sobre uma vendedora de mamão! Acima do peso, totalmente no piloto automático e contando com um dos roteiros mais capengas e chulos de todos os tempos, lá se foi o antes rei do rock gravar músicas sobre cachorros e criancinhas que querem namorar em "Datin". Muitos críticos costumam dizer que fora "Sand Castles", "This is My Heaven" é a outra música boa da trilha. Discordo totalmente, essa pseudo-balada possui um ritmo insuportavelmente arrastado que não chega a um clímax, é um meio termo entre música havaiana e pop absurdo. O take aqui apresentado é igualmente ruim. Para ser esquecida e reesquecida!!!
12. SPINOUT (take 2) - "Spinout" é uma música interessante. Não pelas suas qualidades, que não são muitas, mas por ser a típica música mediana de Elvis. Sabe aquelas músicas que você acaba de escutar e não se lembra dela, nem do ritmo, nem da letra? Mas ao mesmo tempo também não diz que ela é ruim? Pois é. "Spinout" é assim. Impossível de ser criticada ferozmente, mas também completamente impossibilitada de ser elogiada. Música tema do maior fracasso de Elvis no cinema, a canção tem um ritmo até interessante, porém, que não se desenvolve. A letra é até razoável, porém, também não é lá essas coisas. Foi erroneamente lançada como lado A (!) do único single que representou a trilha, mesmo o filme possuindo excelentes canções como a bombástica "I´ll Be Back" ou a linda "Am I Ready". A posição nas paradas? Adivinhem! Dou um disco original de "Paradise Hawaiian Style" para quem acertar! Claro foi também mediana, mal atingindo o top 40, na......quadragésima posição!!!
13. ALL THAT I AM (take 2) - A trilha de "Spinout" (Minhas Três Noivas) é surpreendentemente livre de músicas ruins. Bom, ou quase. A terrível "Beach Shack" está aí para nos provar o contrário. Mas, a maioria das outras canções é acima da média da época. "All that I Am" é uma baladinha com um estilo meio bossa nova bem interessante. Não figura entre as melhores de Elvis, mas com certeza cai bem em uma ouvidinha esporádica. Possui uma ótima introdução de violão e um ritmo bem agradável. Curiosidade: foi a primeira música de Elvis a contar com o apoio de um violino. Cortesia de Felton Jarvis, que estreava como produtor de Elvis. Foi um grande sucesso na Europa e na Inglaterra onde foi lançada como lado A, sabiamente. Nos EUA a canção ficou com a mixuruca 41ª posição e ainda teve o desprestígio de ser o lado B de "Spinout". Vale a pena ser descoberta.
14. WE´LL BE TOGETHER (take 10) - Explorar a carreira de Elvis em Hollywood vai trazê-lo várias alegrias. Porém, muitas tristezas também. E, algumas coisas inusitadas. Por exemplo, essa simples canção, com Elvis cantando um versinho em espanhol. A música é ok. Não incomoda muito e tem uma melodia bem graciosa, além de um simpático solo de bandolim. Porém, é só. Com um arranjo muito meloso e completamente descaracterizado da maioria das músicas de Elvis, porém não das que ele estava gravando na época, a canção não chega a empolgar e soa meio brega por vezes. É originária do fraquíssimo "Girls! Girls! Girls!" Esse take acaba com Elvis dizendo com a sua característica voz de palhaço: “quase!” Realmente, a versão apresentada aqui é muito boa. Ainda vou além, esse poderia muito bem se o master. Passará despercebida na primeira ouvida.
15. FRANKIE AND JOHNNY (take 1) - Se existe um ano que merece ficar no esquecimento na carreira de Elvis esse é o ano de 1965. Para comprovar esse fato, basta lembrar que "Paradise Hawaiian Style" e "Harum Scarum" são ambas desse período. Elvis, nesse ano, atingiu o auge de sua hibernação musical, não gravando nada além de trilha bobonas. Enquanto isso, a mini saia, a Guerra do Vietnã e a consolidação da invasão britânica aconteciam. Sem mencionar a revolução nas letras das músicas causada por um sujeito chamado Bob Dylan. Mas Elvis permanecia cego perante todas essas mudanças que ocorriam. "Não enfrentar os problemas e fingir que eles não existem" - esse era o lema de Elvis. É desse ano também o filme Frankie And Johhny (Entre a Loira e a Ruiva). Superior ao seu antecessor e ao seu sucessor, o filme não é lá essas coisas, mas passas longe de ser um dos piores. A trilha sonora é bem peculiar com a maioria das músicas usando arranjos dos anos 1920, seguindo a ambientação da película. Agora imaginem vocês, em meados de 1966, quando foi lançado, com a revolução cultural batendo na porta, o quão ridículo e ultrapassado a trilha desse filme deve ter sido considerada. O resultado se fez nas paradas, onde ela alcançou ainda a honrosa 20ª posição, a pior de um álbum de Elvis na década. A trilha em si, apesar de conter momentos péssimos, como a horrenda "Chesay" ou a mortificante "Look Out Brodway", não é das piores. Na verdade algumas músicas se sobressaem como o excepcional blues "Hard Luck", a absurdamente bela "Begginer´s Luck" e a inocente e animada "Shout it Out". A música título é boa e conta a história do filme em menos de 3 minutos. A história é aparentemente inspirada em um fato real ocorrido em 1899 no Missouri. Bem ritmada e com excelente letra, "Frankie And Johnny" não faz feio. Porém, ela é vítima de suas próprias origens. Sendo uma música antiga e com uma melodia bastante próxima às músicas de cabaret, a canção pareceu datada mesmo à sua época de lançamento, com um incomodo trombone como introdução. Na verdade a música é toda orquestrada. A RCA não pensou assim e a lançou como single alcançando a razoável 25ª posição. O take aqui apresentado é o primeiro e tem algumas diferenças em relação ao master. A voz de Elvis ainda está insegura durante toda a música e quase some na parte final, devido a problemas técnicos.
16. I NEED SOMEBODY TO LEAN ON (take 8) - Todos nós sabemos como Elvis era bom de baladas. Basta nos lembrarmos de seu vozeirão em clássicos absolutos como "My Way" ou "Bridge Over Troubled Water". Porém, Elvis também conseguia cantar outro tipo de balada. Aquele tipo bem calmo, quase sussurrando. "Are you Lonosome Tonight" é o maior exemplo. Pois bem, para a trilha do ótimo "Viva Las Vegas" (Amor à Toda Velocidade) Elvis exercitou novamente seu dom de baladeiro com essa canção lindíssima. Simples, com uma suave guitarra e um piano melancólico, a música consegue puxar tanto para o blues como para o jazz, sendo única na carreira de Elvis. Calmamente cantando, quase sussurrando a triste letra, Elvis poucas vezes soou mais sincero. Cortesia dos ótimos Doc Pomus e Mort Shuman que nesse filme contribuíram com suas duas últimas grandes canções, sendo a outra a louca e ultra clássica "Viva Las Vegas". "I Need Somebody to Lean On" é uma senhora balada e uma que poucos conseguiriam cantar. O master original possuía uma pequena diferença de equalização que fazia a voz de Elvis soar como se estivesse distante do microfone. Esse take apresentado corrige o problema. Sentimos cada suspiro de Elvis o que faz com que a música se torne ainda mais linda. Tão bom quanto o master, esse take é ótimo e a música uma das melhores do CD.
17. THE MEANEST GIRL IN TOWN (take 9) - Na carreira de Elvis existem algumas categorias de músicas curiosas. Por exemplo, existem aquelas músicas que possuem letra capenga e ritmo artificial, ou seja, são ruins de doer. Porém, mesmo assim, Elvis entrega uma performance tão incrivelmente inspirada que toda a ruindade da canção fica disfarçada. Como exemplo, citemos a horrorosa "If I´m a Fool" ou a fraquinha "Padre". Em outros casos, a canção é boa, porém, a banda ou Elvis simplesmente não estava inspirada e o resultado é uma canção com potencial, cujo resultado final fica além do esperado. É o caso de "Raised On Rock" e dessa canção do filme "Girl Happy" (Louco Por Garotas). Com um ótimo ritmo agitado e dançante e uma letra legal, "The Meanest Girl in Town" é estragada pela banda que, com exceção do ótimo solo de sax do sempre perfeito Boots Randolph, está no piloto automático. A guitarra está muito fraquinha, a bateria inexistente e o resto da instrumentação está tão apagada da gravação que difícil analisá-los. E a performance de Elvis é triste e desempolgada, além de sua voz não estar nem 50% do seu normal. Falta aquele feeling na música, aquela pegada. Esse take é melhor que o master, por possuir um solo mais inspirado de sax. A banda parece aparecer um pouco mais. Mas nada que se destaque. Uma ótima canção que foi desperdiçada, sem dúvida.
18. NIGHT LIFE (take 3) - "Viva Las Vegas" (Amor à Toda Velocidade) não é só o melhor filme de Elvis da década de 60. É também o mais alegre, descompromissado e melhor dirigido. Some a isso uma co-estrela da altura de Ann Margret, um tórrido caso de romance fora das telas e você terá um filme deliciosamente divertido. E para completar a trilha ainda é a melhor da década também. Claro que algumas porcarias como "Do The Vega" foram escritas para o filme, mas felizmente não foram lançadas e pouco são lembradas quando se fala em "Viva Las Vegas". Com clássicos absolutos como a música título e "What I´d Say", baladas de alto nível ("Today Tomorrow and Forever" e "I Need Somebody To Lean On"), rocks agitados e alegres ("C´mon Everybody" e "If You Think I Don´t Need You"), a trilha é realmente excelente. Porém, nem tudo que foi produzido foi aproveitado. "Night Life" foi uma das músicas descartadas. Uma espécie de alter ego de classe baixa de "Viva Las Vegas" (as letras são muito parecidas), "Night Life" possúi uma ótima letra e uma melodia bem suja, cortesia do irregular trio Giant, Baum e Kaye que aqui entregam um trabalho de bom nível, porém que não conseguiu acompanhar o patamar da trilha. Nesse take Elvis claramente erra a letra e ao fim é possível ouvi-lo falando com o produtor sobre isso. Uma canção boa, porém, que fica perdida em meio a trabalhos superiores.
19. PUPPET ON A STRING (take 7) - Essa bela e delicada balada é odiada por alguns fãs. O motivo disso não sei, pois a acho linda e extremamente bem cantada por Elvis, que impõe aquela doçura na voz necessária para não deixar a música piegas. Com um ritmo que lembra uma canção infantil "Puppet On a String" é uma música classicamente romântica, mas tem algo diferente nela. E o que, sempre me perguntei. Ao assistir ao filme entendi. Sem querer Elvis meio que incorporou o personagem Russel ao cantá-la. Explico-me. No filme, Russel é um bom vivant, mulherengo e um solteiro convicto, sempre atrás de um rabo de saia. Quando conhece a personagem de Shelley Fabares, uma menina boazinha, mas com um corpo e rosto deslumbrante, apesar de sua pouca idade, Russel fica enlouquecido e completamente apaixonado, exatamente por Valerie, personagem de Shelley, ser diferente de todas as mulheres com quem ele se relacionava, maduras, sexies e maliciosas. Quem é homem entende o nosso apego a essas menininhas inocentes e frágeis que aparecem em nossas vidas. Isso acontece com o personagem de Elvis (você nunca pensou que leria uma análise psicológica de um personagem de um filme de Elvis na década de 60, não é mesmo?). E o momento em que ele canta a música para Valerie, é exatamente quando ele está mais vulnerável e fragilizado. O que nos leva o assunto da música, que fala de um sujeito idêntico ao do personagem de Elvis no filme, surpreendentemente apaixonado por uma garota e totalmente entregue a ela, porém de uma forma até pueril. Dessa vez os escritores da Hill & Range, Sid Tepper e Roy C. Bennet, acertaram em cheio e produziram um número em total consonância com o filme, mas que não perde nada ao ser executada fora dele. O público da época a acolheu bem, quando lançada como single, alcançando o 14º lugar. Porém, ela foi logo depois esquecida por Elvis e pelo grande público. Uma pena. Nesse take, Elvis ainda está bem inseguro na canção, fugindo ligeiramente do tempo. Um típico alternate take.
20. HEY LITTLE GIRL (take 1 e 2) - Sempre gostei bastante das músicas de Joy Byers. Com uma leveza inocente e um ritmo, em sua maioria alucinante, suas músicas podiam ser animados rocks como a excelente "C'mon Everybody" ou "Hard Knocks", passando por tenras baladas como "Please Don't Stop Lovin' Me". Além disso, ele é responsável por uma das melhores e menos aproveitadas músicas da carreira de Elvis, a maliciosa "Let Yourself Go". Raríssimas músicas desse autor são verdadeiramente ruins. Nessa categoria, na verdade só me recordo do lixo tóxico, chamado "Hey Hey Hey". Joy deve ter tomado um ácido muito ruim ou coisa parecida para escrever tamanha porcaria. Mas a maior parte do seu trabalho é bom. Existem, contudo, duas músicas razoáveis, que não incomodam, mas também não fazem história: a insossa "She's a Machine" e esta de "Harum Scarum", "Hey Little Girl". Aliás, diga-se de passagem que a 'única música decente da trilha desse “filme” é de Joy, a evocativa "So Close Yet So Far", onde Elvis tem uma interpretação primorosa. O resto da trilha é horrível. "Hey Little Girl" possui ótimo ritmo, uma das características das músicas de Joy, porém tem uma letra fraquíssima, que se não incomoda, deixando a desejar. Possui rima artificial e um solo de guitarra que envergonharia até o guitarrista do Roberto Carlos. Porém, a introdução de piano tem uma pegada legal e o vocal de Elvis no master está bom. Esses dois takes são bem diferentes do original, devido a entonação de Elvis. Prefiro a usada no master mais forte e vigorosa, dando alguma vida a essa música um pouco apagada, mas que passa longe de ser das piores.
21. EDGE OF REALITY (take 6) - Apesar de ter começado de forma similar a outros anteriores, com Elvis enfrentando problemas em conseguir material de qualidade e encarando uma decaída nunca antes vista em sua carreira em termos de popularidade, 1968 teve um Q a mais. Começando pela vida pessoal de Elvis que foi fortemente alterada, de uma forma positiva, pelo nascimento de sua filha. Marido e agora pai, Elvis estava no auge de sua beleza e forma física aos 33 anos. As costeletas estavam de volta e a organização Elvis Presley finalmente começou a entender que os anos 60 haviam chegado ao fim e que era inevitável fugir deles. O reflexo disso se deu nos próprios filmes, que se não melhoraram a qualidade, pelo menos, passaram a sofrer influências psicodélicas da época. "Change of Habit" (Ele e as Três Noviças) é o maior exemplo. As últimas trilhas melhoraram o nível. E os próprios compositores que antes só escreviam bobagens começaram a se adaptar aos novos tempos. É o caso do trio Giant, Baum e Kaye que foram autores de algumas das piores músicas do século passado. Porém, no fim dos anos 60, a qualidade de seu trabalho foi lançada a níveis extraordinários, como mostra essa canção aqui apresentada do filme "Live a Little Love a Little". "Edge of Reality" é uma música complexa que fala da loucura de um amor arrebatador. Com uma letra não literal, um ritmo denso e inusitado, uma orquestra afinadíssima e Elvis no auge dos vocais, a música se destaca não só na filmografia de Elvis, como também na sua própria carreira, constituindo-se um excelente exemplo de evolução musical com toques nítidos do psicodelismo. Esse take aqui apresentado é quase a cópia do original, o que não diminui a ótima experiência de ouvi-la. Nota dez.
22. BABY I DON'T CARE (take 6) - Única música dos anos 50 presente no CD, "Baby I Don´t Care" é um clássico absoluto do rock dos anos 50, cortesia dos igualmente bons Leiber e Stoller. Gravada em 1957, quando Elvis estava botando fogo na hipócrita América, para o filme "Jailhouse Rock" (O Prisioneiro do Rock) outro clássico absoluto, essa canção foi ofuscada pelo sucesso de da música título. Criminosamente não foi lançada como single, talvez por falta de tempo e abundância de material de qualidade. Possui ótimo ritmo e uma letra bem alegre. O destaque vai para o baixo, tocado pelo próprio Elvis, pela única vez em sua carreira!!! O que ocorreu foi que na sessão de gravação, Bill Black, não acostumado com o baixo elétrico, não estava conseguindo fazer a introdução. Irritado Bill jogou o baixo no chão e se retirou. Elvis, surpreendentemente, em vez de se irritar, apanhou o baixo e o tocou durante a canção inteira. Portanto, o baixo que você escuta no original é de Elvis! Por causa disso, Elvis teve que colocar sua voz posteriormente, na gravação de estúdio. O take apresentado aqui é o do master, porém, só a voz de Elvis, sem o acompanhamento musical. Uma maneira curiosa de encerrar o CD, com uma grande canção.
Recomendo esse CD para todos os amantes de Elvis em Hollywood e para aqueles que querem conhecer algumas gemas ocasionais de sua discografia e algumas podreiras bem desnecessárias. Mas, Elvis em Hollywood é assim, uma montanha russa com curvas que lhe fazem ter vontade de vomitar e outras que lhe dão uma injeção de adrenalina.
Pablo Aluísio e Victor Alves.
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Elvis Presley - Tickle Me (1965)
Junho de 1965, "Tickle Me" (O cavaleiro romântico) é lançado nos cinemas. Esse filme de Elvis foi produzido pela pequena produtora Allied Artists, que estava à beira da falência. O Coronel determinou que o filme teria uma produção modesta e por isso não poupou economias, chegando a utilizar o próprio ônibus de Elvis em algumas cenas e dispensando a gravação de uma trilha sonora própria. Todas as músicas foram pinçadas de outros discos de Elvis e que já havia sido lançadas antes: "(It's a) Long Lonely Highway", "It Feels So Right", "(Such An) Easy Question", "Dirty Dirty Feeling", "Put the Blame on Me", "I'm Yours", "Night Rider", "I Feel That I've Known You Forever" e "Slowly But Surely".
Além disso o filme foi rodado em uma semana, Elvis usou suas próprias roupas dispensando figurinos caros, os caras da máfia de Memphis fizeram a figuração e a equipe técnica se reduziu ao menor número possível de pessoas. Tudo para economizar no orçamento. Mesmo com a produção precária e a falta de recursos, Tickle Me conseguiu uma proeza inacreditável, se tornando o oitavo filme de maior bilheteria da carreira de Elvis! Ninguém entendeu nada. Como isso aconteceu? Como o mais B de todos os filmes de Elvis alcançou tamanha popularidade, deixando para trás até mesmo clássicos de Elvis como "King Creole"? Isso aconteceu principalmente pela estratégia de lançamento da Allied Artists e do Coronel Parker. Ao invés de lançar o filme no circuito comercial das grandes cidades, o Coronel resolveu apostar nas cidades do interior dos EUA e cinemas Drive In espalhados pelas pequenas cidadezinhas. Assim "Tickle-me" acabou ficando em cartaz durante muito tempo nesses locais, o que resultou numa ótima bilheteria final. Às vezes ele ficava mais de seis meses em cartaz nos cinemas de minúsculas cidades perdidas no meio do deserto, por exemplo. Ou Então era repassado inúmeras vezes em Drive Ins de beira de estrada. Nesse esquema o filme acabou ficando em cartaz durante mais de dois anos! E foi assim que a Allied escapou da falência, o Coronel recuperou seu dinheiro fácil, e Elvis ficou em exposição quase permanente em inúmeros cinemas poeira país afora. No final todos ficaram contentes e o Coronel demonstrou mais uma vez como ganhar muito dinheiro sem gastar um tostão furado!
I Feel That I've Know You Forever (Doc Pomus / Alan Jefreys ) - Canção do disco "Pot Luck With Elvis". Mais uma composição de Pomus, aqui sem a parceria de Schuman. É mais uma balada romântica que não decepciona, tendo um ótimo acompanhamento e desenvolvimento. Em 1965 ela foi relançada na trilha do filme "Tickle Me" (O Cavaleiro Romântico, 1965), o filme de Elvis que não contava com trilha própria, sendo a mesma uma coleção aleatória de canções de Elvis de períodos distintos de sua carreira.
Slowly But Surely (Weisman/Wayne) - Música que foi gravada em maio de 1963 em Nashville. Esta sessão de gravação foi reunida anos depois no CD "The Lost Album" que reuniu pela primeira vez estas canções que foram dispersadas ao longo da carreira de Elvis em vários discos e singles. Em 1963 esta música fez parte da trilha sonora do filme "Fun In Acapulco" (O seresteiro de Acapulco, no Brasil) como Bonus Song. Mas isso não impediu o coronel Parker de novamente utilizá-la na cara de pau em "Tickle Me". Tudo com o objetivo de economizar o máximo possível, coisas de Tom Parker...
Night Rider (Doc Pomus / Mort Schuman) - Outra que foi retirada do disco "Pot Luck With Elvis". É talvez o momento mais fraco do LP em questão, nada acrescenta na carreira de Elvis mas também não chega a aborrecer. No final das contas é apenas uma música mediana.
Put Blame On Me (Wise / Twoney / Blagman) - Canção retirada do disco "Something For Everybody" de 1961. A música é ótima, mas está fora de contexto. "Tickle Me", filme dirigido por Norman Taurog, sem sombra de dúvida é um dos piores filmes de Elvis nos anos sessenta, em que não se teve nem ao menos a preocupação de se gravar um trilha sonora. Lamentável. Todas as músicas de sua trilha já tinham sido lançadas antes. Houve sem dúvida má fé do Coronel que em sua filosofia de vender a mesma coisa duas vezes exagerou dessa vez. A canção, por sua vez, possui sem dúvida, enorme qualidade.
Dirty, Dirty Feeling (J.Leiber / M.Stoller) - Sempre que se cita Leiber e Stoller deve-se deixar claro que eles foram os mais importantes compositores da carreira de Elvis Presley. Aqui eles comparecem na trilha sonora com uma canção menor, que na realidade foi lançada inicialmente no ótimo disco "Elvis Is Back!" em 1960. Tem bom ritmo e desenvolvimento, mas não é uma das melhores de sua carreira. Fica na média.
It Feels So Right (Fred Wise / Ben Weisman) - Boa canção que acompanha o alto nível artístico do disco "Elvis Is Back!", onde foi originalmente lançada. Esta também foi ainda aproveitada e lançada depois num single em 1965 como Lado B do single "Easy Question", esta do estiloso disco "Pot Luck". A discografia de Elvis nos anos sessenta apresenta estas "curiosidades históricas" que ninguém sabe ao certo como explicar! O single foi na realidade lançado para promover o filme fake "Tickle-Me".
Easy Question (Otis Blackwell / Winfield Scott) - Composição de Otis Blackwell, autor de "Don't be Cruel" e "All Shook Up". Ela foi gravada no dia 18 de março de 1962 em Nashville. Em Junho de 1965 "Easy Question" foi relançada como single junto com "It Feels so Right" no Lado B. Outra que foi reutilizada em "Tickle Me".
I'm Yours (Don Robetson / Hal Blair) - Don Robertson foi o melhor compositor romântico da carreira de Elvis nos anos 60. Aqui fica registrada uma vocalização bem ao gosto do cantor, sendo o estilo bem próximo do Gospel. Esta canção foi também relançada como single em 1965 junto com "(It's A) Long, Lonely Highway", esta última gravada em Nashville em 1963 e que chegou a ser lançada também como bonus song na trilha sonora do filme "Kissin Cousins" (com caipira não se brinca, 1964).
(It's A) Long, Lonely Highway (Pomus / Schuman) - Como já escrito antes, essa música já havia sido utilizada (ou seria desperdiçada?) como bonus song na trilha sonora do filme "Com caipira não se brinca" (Kissin Cousins, 1964). Uma bela faixa, sem dúvida, que não poderia ter sido jogada de um lado para o outro dentro da discografia de Elvis, deveria isso sim ter sido parte do disco originalmente planejado em 1963 pela RCA e que foi arquivado (o hoje famoso "The Lost Album"). Ao invés disso essas ótimas canções foram totalmente jogadas fora, inclusive em relação a esse filme. Assistir a Tickle me nos leva ao seguinte questionamento: Por que Elvis Presley, um dos grandes talentos musicais da história, passou pelo vexame de atuar em filmes tão ruins como esse? Essa sem dúvida é uma pergunta que não quer calar...
Elvis Presley - Tickle Me (1965): Músicas do disco Elvis Is Back!: Elvis Presley (voz, violão e guitarra) / Scotty Moore (guitarra) / Bob Moore (baixo) / Hank Garland (baixo elétrico) / D.J.Fontana (bateria) / Buddy Harman (bateria) / Floyd Cramer (piano) / Boots Randolph (sax) / Charlie Hodge (vocais) / The Jordanaires (vocais) / Produzido por Elvis Presley, Steve Sholes e Chet Atkins / Arranjado por Steve Sholes e Chet Atkins / Gravado no RCA's Studio B, Nashville / Data de Gravação: 20 e 21 de março e 3 e 4 de abril de 1960. Músicas do disco Pot Luck!: Elvis Presley (voz e violão) / The Jordanaires (vocais) / Millie Kirkham (vocais) / Scotty Moore (guitarra) / Harold Bladley (guitarra) / Grady Martin (guitarra) / Hank Garland (guitarra) / Neal Matthews (guitarra) / Jerry Kennedy (guitarra) / Bob Moore (baixo) / D.J Fontana (bateria) / Buddy Harmon (bateria) / Floyd Cramer (piano e orgão) / Boots Randolph (sax) / Produzido por Steve Sholes / Arranjado por Steve Sholes e Elvis Presley / Gravado no RCA's Studios B / Data de Gravação: 25 e 26 de junho de 1961 e 18 e 19 de março de 1962 Slowly But Surely e It's Long Lonely Highway: Elvis Presley (vocal) / Scotty Moore (guitarra) / Bob Moore (baixo) / Harold Bradley (guitarra) / Grady Martin (guitarra) / Jerry Kennedy (guitarra) / D.J.Fontana (bateria) / Buddy Harman (bateria) / Floyd Cramer (piano) / Boots Randolph (sax) / The Jordanaires (vocais) / Millie Kirkham (vocais) / Produzido por Steve Sholes e Chet Atkins / Arranjado por Steve Sholes e Chet Atkins / Gravado no RCA's Studio B, Nashville / Data de Gravação: 26 a 28 de maio de 1963 e 12 de janeiro de 1964. EP Tickle Me: Data de lançamento: junho de 1965 / Melhor posição nas charts: #70 (USA) e # - (UK).
Pablo Aluísio - Julho de 2005.
Além disso o filme foi rodado em uma semana, Elvis usou suas próprias roupas dispensando figurinos caros, os caras da máfia de Memphis fizeram a figuração e a equipe técnica se reduziu ao menor número possível de pessoas. Tudo para economizar no orçamento. Mesmo com a produção precária e a falta de recursos, Tickle Me conseguiu uma proeza inacreditável, se tornando o oitavo filme de maior bilheteria da carreira de Elvis! Ninguém entendeu nada. Como isso aconteceu? Como o mais B de todos os filmes de Elvis alcançou tamanha popularidade, deixando para trás até mesmo clássicos de Elvis como "King Creole"? Isso aconteceu principalmente pela estratégia de lançamento da Allied Artists e do Coronel Parker. Ao invés de lançar o filme no circuito comercial das grandes cidades, o Coronel resolveu apostar nas cidades do interior dos EUA e cinemas Drive In espalhados pelas pequenas cidadezinhas. Assim "Tickle-me" acabou ficando em cartaz durante muito tempo nesses locais, o que resultou numa ótima bilheteria final. Às vezes ele ficava mais de seis meses em cartaz nos cinemas de minúsculas cidades perdidas no meio do deserto, por exemplo. Ou Então era repassado inúmeras vezes em Drive Ins de beira de estrada. Nesse esquema o filme acabou ficando em cartaz durante mais de dois anos! E foi assim que a Allied escapou da falência, o Coronel recuperou seu dinheiro fácil, e Elvis ficou em exposição quase permanente em inúmeros cinemas poeira país afora. No final todos ficaram contentes e o Coronel demonstrou mais uma vez como ganhar muito dinheiro sem gastar um tostão furado!
I Feel That I've Know You Forever (Doc Pomus / Alan Jefreys ) - Canção do disco "Pot Luck With Elvis". Mais uma composição de Pomus, aqui sem a parceria de Schuman. É mais uma balada romântica que não decepciona, tendo um ótimo acompanhamento e desenvolvimento. Em 1965 ela foi relançada na trilha do filme "Tickle Me" (O Cavaleiro Romântico, 1965), o filme de Elvis que não contava com trilha própria, sendo a mesma uma coleção aleatória de canções de Elvis de períodos distintos de sua carreira.
Slowly But Surely (Weisman/Wayne) - Música que foi gravada em maio de 1963 em Nashville. Esta sessão de gravação foi reunida anos depois no CD "The Lost Album" que reuniu pela primeira vez estas canções que foram dispersadas ao longo da carreira de Elvis em vários discos e singles. Em 1963 esta música fez parte da trilha sonora do filme "Fun In Acapulco" (O seresteiro de Acapulco, no Brasil) como Bonus Song. Mas isso não impediu o coronel Parker de novamente utilizá-la na cara de pau em "Tickle Me". Tudo com o objetivo de economizar o máximo possível, coisas de Tom Parker...
Night Rider (Doc Pomus / Mort Schuman) - Outra que foi retirada do disco "Pot Luck With Elvis". É talvez o momento mais fraco do LP em questão, nada acrescenta na carreira de Elvis mas também não chega a aborrecer. No final das contas é apenas uma música mediana.
Put Blame On Me (Wise / Twoney / Blagman) - Canção retirada do disco "Something For Everybody" de 1961. A música é ótima, mas está fora de contexto. "Tickle Me", filme dirigido por Norman Taurog, sem sombra de dúvida é um dos piores filmes de Elvis nos anos sessenta, em que não se teve nem ao menos a preocupação de se gravar um trilha sonora. Lamentável. Todas as músicas de sua trilha já tinham sido lançadas antes. Houve sem dúvida má fé do Coronel que em sua filosofia de vender a mesma coisa duas vezes exagerou dessa vez. A canção, por sua vez, possui sem dúvida, enorme qualidade.
Dirty, Dirty Feeling (J.Leiber / M.Stoller) - Sempre que se cita Leiber e Stoller deve-se deixar claro que eles foram os mais importantes compositores da carreira de Elvis Presley. Aqui eles comparecem na trilha sonora com uma canção menor, que na realidade foi lançada inicialmente no ótimo disco "Elvis Is Back!" em 1960. Tem bom ritmo e desenvolvimento, mas não é uma das melhores de sua carreira. Fica na média.
It Feels So Right (Fred Wise / Ben Weisman) - Boa canção que acompanha o alto nível artístico do disco "Elvis Is Back!", onde foi originalmente lançada. Esta também foi ainda aproveitada e lançada depois num single em 1965 como Lado B do single "Easy Question", esta do estiloso disco "Pot Luck". A discografia de Elvis nos anos sessenta apresenta estas "curiosidades históricas" que ninguém sabe ao certo como explicar! O single foi na realidade lançado para promover o filme fake "Tickle-Me".
Easy Question (Otis Blackwell / Winfield Scott) - Composição de Otis Blackwell, autor de "Don't be Cruel" e "All Shook Up". Ela foi gravada no dia 18 de março de 1962 em Nashville. Em Junho de 1965 "Easy Question" foi relançada como single junto com "It Feels so Right" no Lado B. Outra que foi reutilizada em "Tickle Me".
I'm Yours (Don Robetson / Hal Blair) - Don Robertson foi o melhor compositor romântico da carreira de Elvis nos anos 60. Aqui fica registrada uma vocalização bem ao gosto do cantor, sendo o estilo bem próximo do Gospel. Esta canção foi também relançada como single em 1965 junto com "(It's A) Long, Lonely Highway", esta última gravada em Nashville em 1963 e que chegou a ser lançada também como bonus song na trilha sonora do filme "Kissin Cousins" (com caipira não se brinca, 1964).
(It's A) Long, Lonely Highway (Pomus / Schuman) - Como já escrito antes, essa música já havia sido utilizada (ou seria desperdiçada?) como bonus song na trilha sonora do filme "Com caipira não se brinca" (Kissin Cousins, 1964). Uma bela faixa, sem dúvida, que não poderia ter sido jogada de um lado para o outro dentro da discografia de Elvis, deveria isso sim ter sido parte do disco originalmente planejado em 1963 pela RCA e que foi arquivado (o hoje famoso "The Lost Album"). Ao invés disso essas ótimas canções foram totalmente jogadas fora, inclusive em relação a esse filme. Assistir a Tickle me nos leva ao seguinte questionamento: Por que Elvis Presley, um dos grandes talentos musicais da história, passou pelo vexame de atuar em filmes tão ruins como esse? Essa sem dúvida é uma pergunta que não quer calar...
Elvis Presley - Tickle Me (1965): Músicas do disco Elvis Is Back!: Elvis Presley (voz, violão e guitarra) / Scotty Moore (guitarra) / Bob Moore (baixo) / Hank Garland (baixo elétrico) / D.J.Fontana (bateria) / Buddy Harman (bateria) / Floyd Cramer (piano) / Boots Randolph (sax) / Charlie Hodge (vocais) / The Jordanaires (vocais) / Produzido por Elvis Presley, Steve Sholes e Chet Atkins / Arranjado por Steve Sholes e Chet Atkins / Gravado no RCA's Studio B, Nashville / Data de Gravação: 20 e 21 de março e 3 e 4 de abril de 1960. Músicas do disco Pot Luck!: Elvis Presley (voz e violão) / The Jordanaires (vocais) / Millie Kirkham (vocais) / Scotty Moore (guitarra) / Harold Bladley (guitarra) / Grady Martin (guitarra) / Hank Garland (guitarra) / Neal Matthews (guitarra) / Jerry Kennedy (guitarra) / Bob Moore (baixo) / D.J Fontana (bateria) / Buddy Harmon (bateria) / Floyd Cramer (piano e orgão) / Boots Randolph (sax) / Produzido por Steve Sholes / Arranjado por Steve Sholes e Elvis Presley / Gravado no RCA's Studios B / Data de Gravação: 25 e 26 de junho de 1961 e 18 e 19 de março de 1962 Slowly But Surely e It's Long Lonely Highway: Elvis Presley (vocal) / Scotty Moore (guitarra) / Bob Moore (baixo) / Harold Bradley (guitarra) / Grady Martin (guitarra) / Jerry Kennedy (guitarra) / D.J.Fontana (bateria) / Buddy Harman (bateria) / Floyd Cramer (piano) / Boots Randolph (sax) / The Jordanaires (vocais) / Millie Kirkham (vocais) / Produzido por Steve Sholes e Chet Atkins / Arranjado por Steve Sholes e Chet Atkins / Gravado no RCA's Studio B, Nashville / Data de Gravação: 26 a 28 de maio de 1963 e 12 de janeiro de 1964. EP Tickle Me: Data de lançamento: junho de 1965 / Melhor posição nas charts: #70 (USA) e # - (UK).
Pablo Aluísio - Julho de 2005.
Elvis, Tickle Me e o Monstro do Pântano!
O Coronel Parker nunca perdeu dinheiro na sua vida. O velho farejava dinheiro a distância. Então quando os donos da quase falida Allied Artists o procuraram em 1965 para Elvis fazer um filme na produtora o Coronel enxergou verdinhas no horizonte. Como a Allied estava vulnerável o Coronel viu que podia avançar na jugular dela e aceitou a oferta, tomando o controle total da produção desse filme. O Coronel já tinha se tocado que se Elvis gravava um disco em dois dias podia muito bem fazer um filme em uma semana. Então ele ficou com a responsabilidade de produzir o filme, investiu dinheiro do próprio bolso mas também negociou um contrato atípico que traria muito dinheiro para ele e Elvis.
O Coronel e Elvis abririam mão do cachê e ficariam com 70 % do total das bilheterias. Como a Allied não tinha condições financeiras mesmo de contratar Elvis, aceitaram o acordo. No fundo mal compreenderam eles no que estavam se metendo, pois não sabiam, mas tinham acabado de vender a alma ao diabo, ou melhor, ao Coronel Parker. Fazer o filme era fácil, nem precisava gravar uma trilha, essa era uma bronca safada para o Coronel. Ele tiraria de letra.
O filme desde o começo foi feito visando atender a demanda de um tipo especifico de público. O público dos cafundós do Judas, do fim do mundo, das mais esquecidas cidades do interior do Estados Unidos. Lá mesmo onde o vento faz a curva e onde o Judas perdeu as botas. O Coronel era um homem rodado, ele sabia que os Red Necks tinham dinheiro para gastar, mas não tinham acesso a muitos tipos de diversão. Era esse público endinheirado, mas matuto, que o Coronel queria pegar. Ele conhecia bem esse tipo de gente, desde os tempos do circo quando ele percorreu a maioria dessas cidades fantasmas esquecidas por Deus.
Parker não dava ponto sem nó e foi assim que Tickle Me foi feito. Outro público que o Coronel queria atingir era os frequentadores de Drive Ins. Os jovens de hoje não sabem direito o que eram esses cinemas para carros. Nos anos 50 e 60 eles eram os verdadeiros motéis da moçada. Era o lugar para levar a namorada e dar uns amassos nela, assistindo às obras primas trash do período. Os filmes que passavam nesses locais eram fitinhas de terror baratas e bastardas, feitas no tapa tentando levantar uma graninha extra. Eram filmes com monstros, tipo aquele do pântano, mas tinham também os atômicos, os vampiros banguelas, as múmias com sérias restrições orçamentárias e claro, o mitológico monster trash nipônico Godzilla, enfim o diabo de ruindade, classe Z mesmo.
Como sou fã de trash lamento não ter vivido nesse tempo. Certamente teria me divertido muito e de quebra teria tirado umas casquinhas com as minas de meias soquete. Tenho que admitir que sou meio mau caráter mesmo, fazer o quê? Tenho que aceitar minha natureza cafajeste, mas enfim, voltemos ao pântano. Ninguém ia a um Drive In para assistir um filme, o negócio era dar uns pegas nas minas menos bidus. (essa gíria da época é hilária) Então o Coronel viu que o filme tinha que Ter um caubói (para os caipirões se identificarem) e umas cenas fuleiras de terror (pois era nesses momentos que as meninas se assustavam e os caras aproveitavam para consolá-las, sacou?). Então em Tickle Me não poderia faltar esses tipos de coisas. O Coronel Barriga estava mais do que certo.
Parker economizou em tudo e gastou meros 45 mil dólares para fazer o filme. Esse dinheiro hoje não dá nem para pagar um técnico de terceira para um filme de segunda. Mas Parker não queria nem saber, ele queria era ganhar dinheiro. E então Tickle Me começou sua carreira, lá mesmo, nos cafundós do Judas. O filme foi um sucesso da caipirolândia. E os Drive Ins agradeceram, até mesmo porque era mais fácil para um cara da época convencer a namorada para ir em um desses bueiros quando passava um filme de Elvis do que quando passava "Os surfistas nazistas", "O Monstro do foguete atômico" ou "Godzilla arrasa Tóquio".
Sacou a lógica de Parker? Em pouco tempo o filme já tinha feito mais de 3.3 milhões de dólares nas bilheterias e grande parte desse dinheiro foi direto para o bolso de Elvis e do Coronel. Foi um dos filmes de maior sucesso de Elvis e o Coronel encheu a pança de dólares. Esse Coronel era pior do que o Monstro do Pântano mesmo!!! Ahh, antes que me esqueça, a Allied sobreviveu à falência, mas nunca mais quis conversa com Tom Parker, hehehehe!
Pablo Aluísio e Erick Steve - Julho de 2005.
O Coronel e Elvis abririam mão do cachê e ficariam com 70 % do total das bilheterias. Como a Allied não tinha condições financeiras mesmo de contratar Elvis, aceitaram o acordo. No fundo mal compreenderam eles no que estavam se metendo, pois não sabiam, mas tinham acabado de vender a alma ao diabo, ou melhor, ao Coronel Parker. Fazer o filme era fácil, nem precisava gravar uma trilha, essa era uma bronca safada para o Coronel. Ele tiraria de letra.
O filme desde o começo foi feito visando atender a demanda de um tipo especifico de público. O público dos cafundós do Judas, do fim do mundo, das mais esquecidas cidades do interior do Estados Unidos. Lá mesmo onde o vento faz a curva e onde o Judas perdeu as botas. O Coronel era um homem rodado, ele sabia que os Red Necks tinham dinheiro para gastar, mas não tinham acesso a muitos tipos de diversão. Era esse público endinheirado, mas matuto, que o Coronel queria pegar. Ele conhecia bem esse tipo de gente, desde os tempos do circo quando ele percorreu a maioria dessas cidades fantasmas esquecidas por Deus.
Parker não dava ponto sem nó e foi assim que Tickle Me foi feito. Outro público que o Coronel queria atingir era os frequentadores de Drive Ins. Os jovens de hoje não sabem direito o que eram esses cinemas para carros. Nos anos 50 e 60 eles eram os verdadeiros motéis da moçada. Era o lugar para levar a namorada e dar uns amassos nela, assistindo às obras primas trash do período. Os filmes que passavam nesses locais eram fitinhas de terror baratas e bastardas, feitas no tapa tentando levantar uma graninha extra. Eram filmes com monstros, tipo aquele do pântano, mas tinham também os atômicos, os vampiros banguelas, as múmias com sérias restrições orçamentárias e claro, o mitológico monster trash nipônico Godzilla, enfim o diabo de ruindade, classe Z mesmo.
Como sou fã de trash lamento não ter vivido nesse tempo. Certamente teria me divertido muito e de quebra teria tirado umas casquinhas com as minas de meias soquete. Tenho que admitir que sou meio mau caráter mesmo, fazer o quê? Tenho que aceitar minha natureza cafajeste, mas enfim, voltemos ao pântano. Ninguém ia a um Drive In para assistir um filme, o negócio era dar uns pegas nas minas menos bidus. (essa gíria da época é hilária) Então o Coronel viu que o filme tinha que Ter um caubói (para os caipirões se identificarem) e umas cenas fuleiras de terror (pois era nesses momentos que as meninas se assustavam e os caras aproveitavam para consolá-las, sacou?). Então em Tickle Me não poderia faltar esses tipos de coisas. O Coronel Barriga estava mais do que certo.
Parker economizou em tudo e gastou meros 45 mil dólares para fazer o filme. Esse dinheiro hoje não dá nem para pagar um técnico de terceira para um filme de segunda. Mas Parker não queria nem saber, ele queria era ganhar dinheiro. E então Tickle Me começou sua carreira, lá mesmo, nos cafundós do Judas. O filme foi um sucesso da caipirolândia. E os Drive Ins agradeceram, até mesmo porque era mais fácil para um cara da época convencer a namorada para ir em um desses bueiros quando passava um filme de Elvis do que quando passava "Os surfistas nazistas", "O Monstro do foguete atômico" ou "Godzilla arrasa Tóquio".
Sacou a lógica de Parker? Em pouco tempo o filme já tinha feito mais de 3.3 milhões de dólares nas bilheterias e grande parte desse dinheiro foi direto para o bolso de Elvis e do Coronel. Foi um dos filmes de maior sucesso de Elvis e o Coronel encheu a pança de dólares. Esse Coronel era pior do que o Monstro do Pântano mesmo!!! Ahh, antes que me esqueça, a Allied sobreviveu à falência, mas nunca mais quis conversa com Tom Parker, hehehehe!
Pablo Aluísio e Erick Steve - Julho de 2005.
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
Elvis Presley - Elvis For Everyone (1965)
Parte das músicas foram retiradas das sessões que foram realizadas para a composição de um disco de Elvis que jamais foi lançado. Ao longo dos anos esse disco acabou sendo batizado de "The Lost Album", o disco perdido de Elvis. Curioso mesmo é acompanhar como todas essas faixas foram sendo espalhadas em diversos discos diferentes da carreira de Elvis em épocas diversas e sem nenhum critério de classificação. Além das faixas da Sun e do The Lost Album, "Elvis for Everyone" trazia ainda algumas músicas de filmes de Elvis que não havia sido lançadas antes, canções de filmes como "Follow That Dream", "Flaming Star" e "Wild in The Country". Por fim o disco ainda contou com a coordenação do produtor Chet Atkins que tentou de alguma forma colocar a bagunça em ordem. O disco "Elvis For Everyone" foi lançado em agosto de 1965 e chegou ao top 10 da parada americana e ao oitavo lugar entre os mais vendidos na Inglaterra. Apesar de seu bom êxito nas paradas internacionais os fãs brasileiros ficaram a ver navios na época pois o disco não foi lançado no Brasil, só chegando nas lojas em 1982 como parte do pacote "Pure Gold" da RCA, que relançou vários discos da carreira de Elvis Presley. Antes tarde do que nunca
Your Cheatin Heart (Hank Williams) - Clássico da música country gravada por Elvis pouco antes de ir servir o exército americano na Alemanha. Curiosa homenagem de Elvis a Hank Williams, considerado um dos pais do country and western daquele país. Elvis inclusive deixou um pouco seu aspecto criativo de lado e resolveu seguir um arranjo mais conservador. Nunca havia sido lançada antes na carreira do Rei do Rock.
Finders Keepers, Losers Weepers - (Dory Jone / Ollie Jones) - Música que foi gravada nas sessões do The Lost Album. Este disco deveria ter sido lançado, pois as músicas gravadas estão entre as melhores de Elvis nos anos 60. Entre as gravações do The Lost Album estão: "Devil in Disguise", "Please Don't Drag That String Around", "Long Lonely Highway" e a própria "Memphis, Tennessee". Isso sem dúvida demonstra como foram produtivas essas sessões.
In My Way - (F. Wise / B. Weisman) - Essa canção é do filme "Wild In The Country" (coração rebelde, no Brasil). O filme foi uma tentativa de Elvis em melhorar seus papéis no cinema. Como o roteiro do filme foi por demais intimista, as músicas acabaram indo pelo mesmo caminho. Aqui Elvis duela solitariamente com um violão, sem acompanhamento nenhum. A voz de Elvis está especialmente bela nessa canção, que é muito curta, com pouco mais de 1 minuto e 20 segundos. A canção é triste e serena. Ponto positivo para a voz de Elvis, que aqui se destaca.
Tomorrow Night (S. Coslow / W. Gross) - A história dessa canção é bem interessante. Elvis a gravou na Sun Records e foi arquivada. Quase dez anos depois Chet Atkins resolveu fazer um arranjo totalmente novo sobre o antigo acompanhamento dos Blue Moon Boys. As participações de Scotty Moore e Bill Black foram colocadas em segundo plano, só preservando mesmo o vocal original de Elvis. Depois Atkins resolveu chamar um grupo de músicos e praticamente regravou um novo arranjo. Sem dúvida o resultado ficou muito bom mas não agradou muito aos fãs mais puristas que sempre preferiram a versão original, que foi lançada finalmente em CD na coleção "The King of Rock'n'Roll". Vale pela curiosidade de conhecer uma versão alternativa que só foi lançada nesse disco.
Memphis, Tennessee (Chuck Berry) - Faixa retirada das sessões do "The Lost Album". Muito bem arranjada e executada por Elvis e banda. Sem dúvida essa canção não poderia passar em branco na sua carreira, não só por sua importância na história do Rock como também pelo fato de ter o nome de sua querida cidade. Elvis e Chet Atkins deram um tratamento de luxo e à altura desse clássico moderno de Chuck Berry. Aliás Elvis sempre se deu muito bem com músicas compostas por Chuck Berry. Essa não foge à regra, sendo um grande momento da carreira de Elvis e que deve ser conhecido por todos.
For The Milionth and The Last Time (R. Bennett / S. Tepper) - Um dos momentos mais agradáveis do disco que, apesar do arranjo tradicional e sem novidades, prende a atenção do ouvinte e o envolve no belo balanço. Curiosamente essa canção quase foi completamente esquecida pelos produtores de Elvis, apesar de sua indiscutível qualidade. Felizmente o LP "Elvis for Everyone" a salvou do esquecimento e a colocou abrindo o antigo lado B do disco em vinil. Boa performance de Elvis em momento quase perdido.
Summer Kisses, Winters Tears (Wise / Weisman / Loyd) - Música do filme "Flaming Star" (estrela de fogo, 1960)". Essa trilha contava ainda com as seguintes canções: "Flaming Star", "Britches" e "A Cane and A Starched Collar", esta última aliás, a única cantada por Elvis no filme. Apesar das 4 músicas, a RCA preferiu não lançar um compacto duplo com as mesmas, e ao invés disso, lançou outro EP em fevereiro de 1961 chamado "Elvis by Request - Flaming Star". Apesar do nome só trazia duas canções de estrela de fogo: "Flaming Star" e "Summer Kisses, Winter Tears", sendo o lado B ocupado por dois medalhões da carreira de Elvis: "It's Now or Never" e "Are You Lonesome Tonight?". Por que a RCA não lançou a trilha completa nesse compacto? Provavelmente os executivos da gravadora não colocavam muita fé nessas canções e temiam uma má posição nas charts. Se essa foi a intenção o tiro saiu pela culatra, pois o EP não atingiu o Top 10, ficando apenas na 14ª posição. Teria sido melhor mesmo lançar a trilha sonora completa do filme, o que traria mais organização dentro da bagunçada discografia de Elvis por essa época.
Forget Me Never (F. Wise / B. Weisman) - Outra música do filme "Wild In The Country" que conta apenas com Elvis e violão. Essas músicas desse filme pouco acrescentam à carreira de Elvis. Apesar de extremamente profissional Elvis não queria que esse filme tivesse canções, pois sua intenção era apenas desenvolver seu lado de ator dramático. Quando soube que teria que gravar uma trilha para o filme Elvis ficou visivelmente desapontado. Por isso houve uma certa má vontade de sua parte, mas nada que chegue a prejudicar a música em si. Como afirmei antes, o lado profissional de Elvis nessas ocasiões falava mais alto. Mesmo contrariado ele tentaria dar o melhor de si. O que não ajudou mesmo foi o próprio material à sua disposição, que era apenas razoável. No final é apenas um momento mediano e esquecível do disco.
Sound Advice (Giant / Baum / Kaye) - Elvis e violão. Essa é uma canção que fez parte da trilha sonora de "Follow That Dream" (Em cada sonho um amor, no Brasil). Curiosamente ela jamais havia sido lançada antes, nem mesmo no EP da trilha do filme. Essa é apenas outra faixa de filmes de Elvis que fizeram parte desse disco, como por exemplo: "Santa Lucia" (de Viva Las Vegas), "In My Way" e "Forget Me Never" (de Wild In The Country) e "Summer Kisses, Winter Tears" (de Flaming Star).
Santa Lucia (arranjado por Elvis Presley) - Música italiana arranjada por Elvis para o filme "Viva Las Vegas", que curiosamente foi lançado na Inglaterra com o título de "Love in Las Vegas". O compacto duplo com quatro canções deste filme foi lançado em maio de 1964 e contava com as seguintes músicas: "If You Think I Don't Need You", "I Need Somebody To Lean On", "C'Mon Everybody" e "Today, Tomorrow and Forever". Mais uma fusão entre Elvis Presley e música da antiga bota, que mostra mais uma vez a admiração do cantor pelos trovadores da velha guarda, como seu ídolo de infância Mario Lanza.
I Meet Her Today (Don Robertson / H. Blair) - Linda música. Bem gravada, com ótimo vocal de apoio e melodia extremamente bem escrita. Don Robertson acerta em cheio nesse momento ímpar de Elvis. Se tivesse sido lançada nos anos 50 teria se tornado um dos maiores clássicos do repertório do Rei. Porém, infelizmente, foi outra canção de Elvis que não foi bem aproveitada por seus agentes. Daria um excelente single na época, mas foi totalmente colocada de lado, de forma extremamente injusta aliás. Deve ser conhecida e redescoberta pela nova geração de fãs, pois é um dos momentos mais belos do lado romântico de Elvis Presley. Nota Dez com louvores! Excelente momento em todos os aspectos. Vale o disco inteiro, sem dúvida.
When It Rains, It Really Pours (W.R. Emerson) - Para lançar o material desse LP, o produtor Chet Atkins revirou os arquivos empoeirados da gravadora RCA Victor em busca de material inédito de Elvis. Uma das maiores preciosidades encontradas por ele foi essa canção gravada ainda na época da Sun Records. Registrada em uma sessão obscura em agosto ou outubro de 1955, contando apenas com os Blue Moon Boys (Elvis, Scotty e Bill) e o baterista Johnny Bernero, a canção foi completamente esquecida por quase dez anos, ficando arquivada nos porões da gravadora RCA em Nova Iorque! É um Blues visceral, que mostra o total entrosamento de Elvis e banda. Aqui Elvis dá uma canja como pianista e mostra como sua voz era poderosa e adaptável a qualquer estilo musical. Sem dúvida é um precioso registro de Elvis aos 20 anos. Apesar da pouca idade o Rei do Rock já mostrava toda a potencialidade de seu poderio vocal. Essa primeira versão da Sun Records não foi considerada apta para o mercado pelos produtores da RCA. A master original havia se perdido e tudo o que sobrava era apenas um take, o de número 3. Essa primeira versão só seria lançada no mercado em 1983 no disco "Elvis, a Legendary Performer vol.04". Mas Chet Atkins não ficaria de mãos vazias, pois ele lançaria nesse disco a outra versão mais recente, gravada em fevereiro de 1957. Apesar de ter sido gravada na RCA Victor, também estava esquecida e abandonada. Outra música imperdível e essencial que fecha o disco com chave de ouro.
Elvis Presley - Elvis For Everyone (1965): Sun Records: Elvis Presley (voz, violão e piano) / Scotty Moore (guitarra) / Bill Black (baixo) / Jimmie Lott (bateria) / Johnny Bernero (bateria) / Produção: Sam Phillips / Arranjado por Sam Philips, Scotty Moore e Elvis Presley / Gravado no estúdio Sun Records, Avenida Union, 706, Memphis, Tennessee / Data de Gravação: agosto ou outubro de 1955. When It Rains, It Really Pours, versão de 1957: Elvis Presley (voz e violão) / Scotty Moore (guitarra) / Bill Black (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Dudley Brooks (piano) / Produzido por Steve Sholes / Arranjado por Steve Sholes e Elvis Presley / Gravado no Radio Recorders, Hollywood / Data de Gravação: 23 e 24 de fevereiro de 1957. The Lost Album: Elvis Presley (vocal) / Scotty Moore (guitarra) / Bob Moore (baixo) / Harold Bradley (guitarra) / Grady Martin (guitarra) / Jerry Kennedy (guitarra) / D.J.Fontana (bateria) / Buddy Harman (bateria) / Floyd Cramer (piano) / Boots Randolph (sax) / The Jordanaires (vocais) / Millie Kirkham (vocais) / Produzido por Steve Sholes e Chet Atkins / Arranjado por Steve Sholes e Chet Atkins / Gravado no RCA's Studio B, Nashville / Data de Gravação: 26 a 28 de maio de 1963 e 12 de janeiro de 1964. For The Milionth and The Last Time - I Meet Her Today : Elvis Presley (vocal) / Scotty Moore (guitarra) / Bob Moore (baixo) / Jerry Kennedy (guitarra) / D.J.Fontana (bateria) / Buddy Harman (bateria) / Floyd Cramer (piano) / Boots Randolph (sax) / The Jordanaires (vocais) / Millie Kirkham (vocais) / Produzido por Chet Atkins e Elvis Presley / Gravado no RCA's Studio B, Nashville / Data de Gravação: 15 e 16 de outubro de 1961. Santa Lucia: Elvis Presley (vocal) / Scotty Moore (guitarra) / Tiny Timbrell (guitarra) / Billy Strange (guitarra) / D.J Fontana (bateria) / Artie Cane (piano) / Calvin Jackson (piano) / Ray Siegel (baixo) / The Jordanaires (vocais) / Carole Lombard Quartet (vocais) / Produzido por Chet Atkins e George Stoll / Arranjado por Chet Atkins, Elvis Presley e George Stoll / Gravado nos estúdios Radio Recorders, Hollywood / Data de Gravação: 07 e 09 de julho de 1963 Forget Me Never - In My Way: Elvis Presley (vocal) / Scotty Moore (violão) / Hilmer J. "Tiny" Timbrell (guitarra) / Michael "Meyer" Rubin (baixo) / D.J Fontana (bateria) / Dudley Brooks (piano / The Jordanaires (vocais) / Produzido por Urban Thielmann / Gravado no Radio Recorders, Hollywood, California / Data de gravação: 7 e 8 de novembro de 1960 Sound Advice: Elvis Presley (vocal) / Scotty Moore (violão) / Bob Moore (baixo) / Neal Matthews (guitarra) / Hank Garland (guitarra) / Murrey "Buddy" Harman (bateria) / Floyd Cramer (piano) / Produzido por Hans Salter / Gravado no RCA Studio B, Nashville, Tennessee / Data da gravação: 2 de julho de 1962 Summer Kisses, Winter Tears: Elvis Presley (vocal) / Howard Roberts (guitarra) / Hilmer J. "Tiny" Timbrell (guitarra) / Michael "Meyer" Rubin (baixo) / Bernie Mattinson (bateria) / James Haskell (acordeon) / Dudley Brooks (piano) / The Jordanaires (vocais) / Produzido por Urban Thielmann / Gravado no Radio Recorders, Hollywood, California / Data de gravação: 8 de agosto de 1960. / Lançado em agosto de 1965 / Melhor posição nas charts: #10 (EUA) e #8 (UK)
Pablo Aluísio - Dezembro de 2004 / Abril de 2005.